domingo, 26 de dezembro de 2010

Dresden, Hiroxima, Nagasaki

Dresden

Ao analisar a natural pulsão agressiva do ser humano em sua condição tecnológica atual onde o distanciamento proporcionado pelas armas mais avançadas criadas pelo homem impede um julgamento consciente do ato, o prêmio Nobel Konrad Lorenz explica através das teorias da agressão animal os bombardeios sobre alvos civis na II Guerra: “Nenhum homem mentalmente normal iria jamais caçar coelhos se tivesse que matá-los com os dentes e com as unhas, ou seja sentindo plenamente, emocionalmente, o que fazia”. 

“O mesmo princípio se aplica, em medida ainda maior, ao emprego de armas modernas controladas a distancia. Aquele que aperta o botão disparador está perfeitamente protegido das conseqüências de seu ato, e não pode vê-las nem ouvi-las por mais imaginação que tenha. Por isso pode cometê-lo impunemente. Só assim pode explicar-se que homens cabalmente bons e incapazes de dar uma bofetada em uma criança malcriada que mereça a punição, tenham sido capazes de apertar o botão que lançava bombas voadoras sobre cidades onde centenas de crianças amáveis receberam uma horrível morte entre as chamas. O fato de que foram bons e normais pais de família os que fizeram tal coisa é tão terrivelmente inexplicável como qualquer outra barbaridade bélica”.

“Em fevereiro de 1945, Dresden, na Alemanha, foi destruída e, com ela mais de cem mil seres humanos. Eu estava lá. Não são muitos os que sabem como os Estados Unidos pegaram pesado”. Relata Kurt Vonnegut, um dos maiores escritores norte americanos da nossa época que foi prisioneiro de guerra dos nazistas e testemunha ocular do bombardeio aliado na indefesa Dresden. 

Ele e mais um grupo de 150 prisioneiros de guerra foram forçados a trabalhar em Dresden, cidade que tinha escapado dos pesados bombardeios aéreos até então. Não era a cidade considerada um alvo militar pela inexistência de fábricas de armas e possuir hospitais, cervejarias, fábricas de enlatados e serviços do gênero. Desde o início do conflito os hospitais eram sua principal atividade. Todos os dias trens lotados de feridos chegavam do leste e oeste ao tranqüilo santuário. Ao longe dava para escutar o ruído abafado dos bombardeios da noite.

Milhares de refugiados vinham numa lastimável correnteza humana das ruínas de Berlim, Leipzig, Breslau, Munique inundando a cidade e aumentando sua população ao dobro em busca de um refúgio do apocalipse que se avizinhava.

Não havia guerra lá, segundo o escritor, pois os aviões passavam e as sirenes tocavam, mas sempre de passagem, para atingir outros alvos mais importantes. Os alarmes eram um momento de alívio para os trabalhadores, que tinham oportunidade de ter uma chance de “jogar conversa fora” nos abrigos. Esses locais eram adegas e porões improvisados onde eram colocados bancos e sacos de areia que bloqueavam as janelas. Havia alguns bunkers mais adequados no centro da cidade, onde estavam localizados os prédios administrativos, mas nada parecido com o que existia em Berlim por exemplo. Dresden simplesmente não acreditava que devia se preparar para um ataque.

“A cidade era sem dúvida uma das mais encantadoras do mundo. Tinha ruas largas, cheias de árvores frondosas. Era pontilhada por inúmeros parques e estátuas. Tinha igrejas antigas maravilhosas, bibliotecas, museus, teatros, galerias de arte, cervejarias ao ar livre, um zoológico e uma renomada universidade”, conta Vonnegut.

“À sombra da suástica, esses símbolos da dignidade e da esperança da humanidade estavam em suspenso, eram monumentos à verdade. Tesouro acumulado em centenas de anos. Dresden fala eloqüentemente daquelas coisas excelentes da civilização européia para com as quais nossas dívidas são profundas. Eu era um prisioneiro faminto, sujo e cheio de ódio por nossos captores, mas amei aquela cidade e vi a maravilha abençoada do seu passado e a rica promessa do seu futuro”.

Em fevereiro de 1945 a cidade foi reduzida a escombros calcinados, destruída por toneladas de bombas convencionais que mataram em uma noite mais pessoas que todos os raides aéreos nazistas sobre Londres. A artilharia aérea insuficiente disparou uma dezena de tiros contra os atacantes. 

“Alemão bom é alemão morto: mais de cem mil homens, mulheres e crianças do mal (os homens saudáveis estavam no front) para sempre purificados dos seus pecados contra a humanidade”.

Os prisioneiros aliados passaram a noite do bombardeio num frigorífico subterrâneo de um matadouro. Tiveram sorte, pois era o melhor abrigo da cidade. Primeiro as explosões esparsas periféricas, depois a aproximação e o estrondo ensurdecedor das explosões sobre a cabeça, depois mais uma vez foram se afastando para longe. A cidade foi varrida de um lado a outro. Um “bombardeio de saturação”, chamavam os militares. Eles continuavam vindo em ondas, sem trégua, sem possibilidade de rendição.

“Nossa pequena prisão queimou totalmente. Devíamos ser evacuados até um campo remoto ocupado pelos prisioneiros sul africanos. Nossos guardas eram um bando melancólico, milicianos idosos e veteranos deficientes. A maioria deles era de moradores de Dresden que tinham amigos e parentes em alguma parte do holocausto. Um cabo, que perdera um olho depois de dois anos no front russo, soube antes de marcharmos que sua mulher e seus dois filhos e os pais haviam sido mortos. Ele tinha um cigarro. E o dividiu comigo”.



O calor era tão intenso em meio aos incêndios que mesmo no frio do dia que amanhecia os homens suavam. O dia que deveria estar claro e limpo estava possuído por uma nuvem opaca e espessa que impedia a passagem da luz e transformava o meio dia em crepúsculo. Uma procissão desolada de pessoas feridas, com os rostos enegrecidos, sujos de lágrimas, carregando corpos sem vida fechava o caminho da estrada. Reuniram-se como podiam nas campinas enquanto alguns poucos atendentes da Cruz Vermelha tentavam prestar algum socorro às vitimas.


“Instalados junto aos sul africanos ficamos uma semana sem trabalho. Ao fim desse período, as comunicações com os quartéis generais foram restabelecidas, e recebemos ordens de caminhar por onze quilômetros até o ponto mais crítico da região. Nada no distrito tinha escapado da fúria. Uma cidade de cascas de edifícios entalhadas, estátuas estilhaçadas e árvores derrubadas. Todos os veículos estavam parados, retorcidos e queimados, abandonados para enferrujar ou apodrecer no caminho da força ensandecida. Os únicos sons além dos nossos próprios eram os de argamassa caindo e o eco que produziam”.

“Para o trabalho de ‘resgate’, fomos divididos em pequenas equipes sob o comando de um guarda cada uma. Nossa mórbida missão era procurar corpos. Aquele dia foi uma caçada profícua, assim como os muitos que os seguiram. Começamos em pequena escala – uma perna aqui, um braço ali e um bebê de vez em quando - , mas encontramos um veio principal antes do meio dia. Atalhamos através de uma parede de um porão onde encontramos uma pilha malcheirosa de mais de cem seres humanos. As chamas devem ter varrido o local antes de a queda do prédio ter lacrado as saídas, porque a carne dos que estavam lá tinha a textura de ameixas secas. Nosso trabalho, explicaram-nos, era ingressar nas ruínas e trazer os restos para fora. Estimulados por abusos verbais agressivos e guturais, afundamos no trabalho. E foi exatamente o que fizemos, já que o piso estava coberto por um repugnante caldo formado pela água que saía dos canos estourados e por vísceras. As vítimas que não morreram imediatamente tentaram fugir por uma estreita saída de emergência. De qualquer maneira havia vários corpos espremidos na passagem. O líder do grupo havia conseguido chegar até a metade da escada antes de ser enterrado até o pescoço por tijolos e argamassa. Creio que tinha mais ou menos quinze anos de idade”.


“O abrigo que descrevi e inúmeros outros como esse que encontramos estavam cheios delas (mulheres e crianças)”.

“Eu teria dado a vida para salvar Dresden para as próximas gerações do mundo. É como todos deveriam se sentir a respeito de todas as cidades da Terra”

Kurt Vonnegut – “Armagedom em Retrospecto”.

Conta o autor que o objetivo do raide aéreo era destruir as linhas ferroviárias do inimigo, entretanto alvos a cinco quilômetros das vias férreas foram incompreensivelmente atingidos pelas bombas. No dia seguinte em menos de 48 horas ao bombardeio os operários alemães rapidamente refizeram os caminhos de trilhos que tinham sido danificados e o entroncamento ferroviário estava mais uma vez funcionando perfeitamente. Enquanto isso o flagelo da destruição tomava conta de uma cidade paralisada e em estado de choque. O bombardeio valeu por um campo de concentração inteiro dos nazistas em termos de crime hediondo de guerra. Os arianos independentemente de que lado combatem tem o sentido histórico do genocídio vingativo como forma ideal de sujeitar populações através do terror paralisante.




Eram 8:15 horas da manhã do dia 6 de Agosto de 1945 e os habitantes de Hiroshima estavam tranquilamente a começar o seu dia...

O piloto norte americano viu com prazer e espanto, antes de regressar à base, um cogumelo de chamas que se ergueu no céu.





Hiroshima - John Hersey

Harold Ross, o lendário fundador da revista "The New Yorker" encomendou a John Hersey, seu colaborador, uma matéria sobre o que significava uma cidade ser atingida por um artefato atômico. Um ano antes, Hiroxima, uma graciosa cidade em formato de leque situada em seis ilhas formadas pelos braços do rio Ota tinha sido aniquilada, com metade de sua população morta depois da passagem de um único bombardeiro norte americano. Em instantes os dez quilometros quadrados de sua área urbana foram tranformados em destroços e pilhas de cadáveres calcinados. Poucos sobreviveram para salvar os milhares de civis feridos. Eles contaram suas histórias: 

"Praticamente ninguém em Hiroxima se lembra de ter escutado qualquer barulho produzido pela bomba. Entretanto um pescador que estava em uma sampana, no mar interior, perto de Tsuzu, viu o clarão e ouviu uma tremenda explosão; ele se encontrava a quase 32  quilômetros da cidade".

"A sra. Nakamura observava o vizinho (que demolia a própria casa   para evitar a propagação de incêndios nos bairros em caso de bombardeio) quando um clarão de um branco intenso, que nunca tinha visto até então, iluminou todas as coisas. Ela não se importou com o que estaria acontecendo com o vizinho; o instinto materno a direcionou para sua prole. No entanto, mal deu um passo (encontrava-se a 1215 metros do centro da explosão), alguma coisa a levantou e a fez voar até o cômodo contíguo, em meio a partes de sua casa"

"O dr. Sasaki tinha apenas 25 anos e acabara de se formar na Faculdade Japonesa do Leste de Medicina, em Tsingtao, na China. Era bastante idealista e se angustiava com a precariedade dos serviços médicos na cidade de sua mãe. Por sua conta e sem a  devida licença passara a visitar alguns doentes de Mukaihara à noite, depois de cumprir seu expediente de oito horas e de viajar por quatro horas. No trem resolveu não atuar mais em Mukaihara, pois achava impossível obter a licença, já que as autoridades declarariam esse trabalho incompatível com seus deveres no hospital da Cruz Vermelha".

"Chegando a Hiroxima, tomou o bonde imediatamente. (Mais tarde calculou que, se tivesse viajado no horário de costume e se tivesse esperado o bonde por alguns minutos, como acontecia com freqüência, estaria perto do centro no momento da explosão e certamente teria morrido.) Às sete e quarenta entrou no hospital e se apresentou ao cirurgião-chefe. Pouco depois foi a um quarto do primeiro andar e tirou sangue do braço de um homem para realizar um teste Wassermann. O laboratório que continha as incubadoras para o teste se situava no terceiro andar. Encontrava-se a um passo de uma janela aberta quando o clarão da bomba se refletiu no corredor como um gigantesco flash fotográfico. Agachou-se rapidamente, apoiando-se no joelho, e, como só um japonês diria, falou para si mesmo: 'Sasaki, gambare!Coragem!' Então a explosão sacudiu o prédio (a 1485 metros do marco zero). Os óculos do médico voaram longe; o frasco de sangue se espatifou contra a parede; as sandálias saíram-lhe dos pés..."

"O dr. Sasaki gritou o nome do cirurgião-chefe, correu para sua sala e o encontrou todo retalhado pelos cacos de vidro. Uma terrível confusão se instalara no hospital: pesadas divisórias e tetos despencaram sobre numerosos doentes, camas viraram, janelas se espatifaram e cortaram diversas pessoas; havia sangue nas paredes e no chão, instrumentos esparramados por todo o lado, vários pacientes correndo e gritando, e muitos mortos. (Um médico que trabalhava no laboratório do terceiro andar havia morrido; o homem que o dr. Sasaki havia acabado de deixar, e que momentos antes estava apavorado com a sífilis, também tinha morrido.) O dr. Sasaki constatou que era o único médico do hospital que nada sofrera".

"Acreditando que o inimigo atingira apenas o edifício onde se encontrava, o jovem cirurgião se muniu de ataduras e começou a enfaixar os ferimentos dos que se achavam no interior do hospital; lá fora, por toda a Hiroxima, cidadãos mutilados e moribundos dirigiam-se tropegamente para o hospital da Cruz Vermelha, dando início a uma invasão que faria o dr. Sasaki esquecer seu pesadelo particular durante muito tempo."

"...logo após a explosão, com seus consultórios e hospitais destruídos, seu equipamento disperso, seus próprios corpos incapacitados em diferentes graus, explica por que tantos feridos não receberam cuidados e por que morreram tantos cidadãos que podiam ter sido salvos. Dos 150 médicos existentes em Hiroxima, 65 estavam mortos e os restantes se encontravam, na maioria, feridos. Das 1780 enfermeiras, 1654 estavam igualmente mortas ou impossibilitadas de agir. No hospital da Cruz Vermelha, o maior da cidade, apenas seis médicos de uma equipe de trinta, e dez enfermeiras, dentre mais de duzentas, tinham condições de trabalhar". 

"Numa cidade de 245 mil habitantes, cerca de 100 mil haviam morrido ou iriam morrer em breve; outros 100 mil estavam feridos. Pelo menos 10 mil feridos se arrastaram até o melhor hospital de Hiroxima, que não tinha condição de abrigá-los, pois contava com apenas seiscentos leitos e todos já estavam ocupados. A multidão que se aglomerava no interior do hospital gritava e chorava para o dr. Sasaki - 'Sensei!Doutor!' -, enquanto os que apresentavam ferimentos de menor importância o puxavam pela manga e lhe suplicavam que acudisse os feridos mais graves. Agarrado ali e acolá pelos pés, perplexo com o número de vítimas, zonzo com tanta carne exposta, o dr. Sasaki perdeu todo o senso profissional e parou de agir como cirurgião habilidoso e homem solidário; tornou-se um autômato, limpando, engessando e enfaixando mecanicamente".

"A noite estava quente, e o calor parecia mais intenso por causa dos incêndios, porém uma das meninas que os religiosos resgataram se queixou de frio. O padre Kleinsorge a cobriu com sua túnica. Com várias parte do corpo em carne viva - consequência de enormes queimaduras produzidas pela radiação térmica da explosão -, a menina ficara horas dentro do rio, com sua irmã mais velha, e a água salgada do Kyo seguramente lhe causara uma dor excruciante. Ela se pôs a tremer e novamente se queixou de frio. O padre Kleinsorge pediu um cobertor emprestado e a agasalhou, porém ela tiritava cada vez mais. 'Estou com muito frio', disse. De repente parou de tremer e morreu".

"Uns vinte homens e mulheres estavam no banco de areia (onde haviam se abrigado dos incêndios que tomaram a cidade ). O sr. Tanimoto aproximou-se (com uma embarcação) e os convidou a embarcar. Eles não se mexeram: estavam fracos demais para se levantar. O pastor estendeu os braços e tentou puxar uma mulher pelas mãos, porém a pele se desprendeu como uma luva. Profundamente abalado, o sr. Tanimoto teve de se sentar por um instante, ao fim do qual entrou na água e, embora fosse um homem miúdo, carregou vários feridos para a chalana. Todos estavam nus e tinham as costas e o peito pegajosos, frios e úmidos. O reverendo se lembrou das queimaduras que tinha visto durante o dia: amarelas a princípio, depois vermelhas e intumescidas, com a pele solta, e, à noite, supuradas e fétidas. Com a montante da maré a haste de bambu se tornara curva demais, e ele teve que usá-la como remo na maior parte da travessia. Chegando ao lado oposto, carregou os corpos viscosos ribanceira acima. E repetia para si mesmo, sem cessar: 'São seres humanos'. Precisou fazer três viagens para transportá-los até a barranca. Então resolveu descansar no parque".

"No dia 7 de agosto a rádio japonesa transmitiu, pela primeira vez, um sucinto comunicado que pouquíssimas (ou nenhuma) das pessoas interessadas - os sobreviventes da explosão - puderam ouvir: 'Hiroshima sofreu danos consideráveis, em função de um ataque de alguns B-29. Acredita-se que se utilizou um novo tipo de bomba. Investigam-se os detalhes'. Tampouco é provável que algum sobrevivente tenha escutado uma retransmissão em ondas curtas de um extraordinário pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, que identificou a nova bomba como atômica: 'Era mais potente que 20 mil toneladas de TNT. Tinha um poder explosivo 2 mil vezes maior que o da Grand Slam britânica, a maior bomba já utilizada na guerra'. As vítimas que tinham condições de se preocupar com o que acontecera imaginaram a causa da catástrofe em termos mais primitivos e infantis - gasolina lançada de um avião, talvez, ou gás combustível, ou um bando de incendiários, ou obra de paraquedistas. Ainda que soubessem a verdade, a maioria estava atarefada demais, cansada demais ou ferida demais para se importar com o fato de que tinham sido objeto da primeira grande experiência  com o emprego de energia atômica que (como apregoavam as vozes em ondas curtas) só os Estados Unidos, com seu know how industrial e sua disposição de arriscar 2 bilhões de dólares num importante jogo de guerra, poderiam ter realizado".


OS HOMENS BOMBA 

O primeiro grande desafio do Projeto Manhattan foi justamente produzir urânio enriquecido em grande quantidade para sustentar uma reação em cadeia, numa época em que o urânio-235 (U-235) era muito difícil de extrair. Suas pesquisas amparavam-se em avanços em série, conquistados nos anos anteriores, nos estudos do núcleo do átomo e do poder de sua fissão. Neil Bohr descobrira que o isótopo U-235 era um bom combustível nuclear devido a sua característica instável e poderia sustentar uma reação em cadeia. Já Glenn Seaborg descobrira que o isótopo plutônio-239 (P-239) também poderia ser usado em um armamento nuclear.O segundo grande obstáculo era sustentar uma reação em cadeia, que dá à bomba atômica sua força. 

Ao longo de seis anos, de 1939 a 1945, cerca de US$ 2 bilhões foram gastos e quase 150 pessoas participaram do programa, criando meios de enriquecer o urânio. O Projeto Manhattam resultou em três bombas atômicas: Gadget, uma bomba de teste feita de plutônio; "Little Boy", a bomba de urânio que devastou Hiroshima; e "Fat Man", a bomba de plutônio que destruiu Nagasaki. 

Presidente Harry Truman - Coube a ele, como presidente dos Estados Unidos, a decisão sobre o lançamento das duas bombas sobre o Japão. Era um defensor da solução nuclear. Assumiu a presidência em 1945, com a morte do presidente Roosevelt. 

Julius Oppenheimer - Com apenas 38 anos, este físico, considerado um dos mais brilhantes de seu tempo, comandou o Projeto Manhattan, que reuniu uma centena de cientistas. 

Coronel Paul Warfield Tibbets - Comandou a tripulação de 12 oficiais do B-29 Enola Gay, o bombardeiro de onde foi despejada a Little Boy, a primeira bomba atômica em área povoada. Era um veterano de bombardeios na Europa. O nome Enola Gay foi uma homenagem à mãe dele.

Numa entrevista após a guerra, o General Eisenhower, que mais tarde viria a ser presidente dos EUA, disse a um jornalista:

- (...) os japoneses estavam prontos para se renderem e não era necessário atacá-los com aquela coisa terrível.

O Almirante William D. Leahy, chefe do grupo de trabalho de Truman, escreveu:

- Na minha opinião o uso desta arma bárbara em Hiroshima e Nagasaki não ajudou em nada na nossa guerra contra o Japão. Os japoneses já estavam vencidos e prontos a se renderem ... Sinto que sendo os primeiros a usá-la, nós adoptamos o mesmo código de ética dos bárbaros na Idade Média (...) As guerras não podem ser ganhas destruindo mulheres e crianças...