tag:blogger.com,1999:blog-48357066243992259342024-03-05T01:48:53.764-08:00Odisseia AntropofágicaA civilização não é a multiplicação indefinida das necessidades do homem mas sim sua limitação deliberada visando permitir a todos o essencial à raça humana (Mahatma Ghandi)Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.comBlogger33125tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-12735541805331970922022-03-11T07:38:00.015-08:002022-08-05T10:58:56.919-07:00A Guerra no Futuro - O Holocausto Final<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-large;"><br /></span></div><span style="font-size: large;"><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os sitiados na cidade estão protegidos em trincheiras e bunkers numa rede infindável que cerca a urbe por todos os lados e atravessa ruas e vielas. Os defensores aguardam um ataque iminente alertado pelas antenas de radar que ainda restam após os sucessivos ataques aéreos e de mísseis da primeira onda, toda a infraestrutura da cidade transformou-se em ruínas fumegantes. O nível elevado de radioatividade medido recentemente indica o uso de munição de artilharia enriquecida por uranio, arma tática que foi usada pela primeira vez no séc. XX na Guerra do Iraque dos EUA. A água ainda disponível está contaminada e escassa. O racionamento dos recursos leva os sitiados a situações extremas, há um mercado negro macabro de corpos. Nas trincheiras a expectativa do ataque gera nervosismo e aumenta a tensão dos defensores. Alguns rezam. Outros olham seus celulares, a rede funciona só em alguns pontos que restaram na cidade e sofrem manutenção constante, alguns mandam mensagens de despedida ou recitam testamentos. As sirenes entoam por fim seu canto maligno de dor e morte que se avizinha. Ao longe, pequenos pontos escuros vão tomando uma tonalidade metálica, uma forma crescente amorfa ao refletirem suas blindagens nos últimos raios de sol do dia que declina. São drones militares, milhares deles, de todos os tamanhos, o silvo da artilharia começa, descem granadas e foguetes sobre os defensores que respondem com barreiras de fogo cerrado de lançadores antitanque portáteis com mira laser. Explosões ao longe depois de alguns segundos de espera até os projéteis atingirem seu destino. Um grito de hurra percorre as fileiras e mais uma cortina de granadas propulsadas é enviada em direção ao inimigo. A resposta é imediata. Misseis de cruzeiro, duas ogivas termobáricas de meio quiloton lançadas de navio a milhas de distancia atingem seu alvo com precisão, caem sobre as defesas da urbe causando baixas e duas grandes crateras no solo. Todos os sinais eletrônicos cessam imediatamente com a onda eletromagnética produzida pelas explosões. Nenhum dispositivo eletrônico funciona mais. Abre-se uma brecha na defesa. Onde antes haviam homens nada resta, nem mesmo os vestígios das ruínas antes calcinadas, foi tudo pulverizado ao redor do ponto de impacto pelo calor intenso. Duas nuvens de fumaça no formato de cogumelos sobem ao ar depois da liberação do calor da explosão que dissolveu tudo a volta. Os poucos feridos sobreviventes em estado de sofrimento intenso, com seus órgãos internos colapsados e dissolvidos pelo deslocamento de ar das explosões são mortos a tiros para que não mais sofram. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os drones de transporte de tropas aos poucos vão aterrisando no campo de batalha. De dentro do seus bojos metálicos, milimetricamente instaladas, saem, abrem suas pernas e se articulam as bestas. Se alinham em formação de combate com suas armas acopladas nos dorsos blindados. São drones de assalto terrestre inteligentes, com quatro patas articuladas, que atingem velocidade considerável no ataque e possuem o mesmo equilíbrio das extintas panteras. Junto a eles seguem os guardiões, homens instalados por biotecnologia dentro de exoesqueletos de titânio. Muitos deles são veteranos incapacitados de outras guerras, aleijados, sem algum membro, e que escolheram este destino como forma de voltar a ativa e ganhar com isto algum dinheiro num mundo sem nenhuma oportunidade. Acompanham de longe suas bestas, dirigidas por controle remoto por soldados analistas confinados a milhas de distancia em algum lugar seguro. Os monitores dos analistas e manipuladores tem toda a visão do campo de batalha a volta, inclusive câmeras dotadas de visão noturna e infravermelho, para detectar o calor dos seres humanos escondidos em algum bunker. Satélites no espaço controlam todos os movimentos no terreno e até embaixo dele. O avanço dos atacantes é veloz, enquanto o que sobrou das defesas da urbe tenta fechar a brecha deixada pelas duas explosões, numa contra ofensiva desesperada, com ataques suicidas contra as bestas que se aproximam céleres das linhas de defesa. Os autômatos cospem tiros das suas metralhadoras giratórias acopladas no dorso e lançam granadas de seus lançadores nas laterais. A concentração do fogo de artilharia dos drones inimigos que sobrevoam a batalha obrigam aos defensores o recuo numa luta desesperada. Drones caça dos sitiados são lançados e tentam derrubar as naves atacantes, mas sua central de controle é logo descoberta e destruída, com precisão total, por uma bomba termobárica antibunker de 1 quiloton lançada de um bombardeiro em alta altitude. A posição da central dos defensores foi detectada por um satélite espião estratosférico que esquadrinhou a localização do fraco sinal emitido. Ao cair a bomba, todo oxigênio existente na sala subterrânea e nos tuneis próximos é sugado matando todos imediatamente. O controle aéreo é por fim conquistado pelos atacantes. Só resta para os defensores recuar para seus tuneis de defesa onde as maquinas tem mobilidade limitada. Os guardiões penetram nos túneis com seus drones localizadores na vanguarda. Para destruir a blindagem do exoesqueleto ou causar algum dano, só com um disparo de um lança granada. Dotados de visão noturna, têm seu sinais vitais controlados por monitoramento a distancia de uma central que permite a visão de outras cameras acopladas nas couraças, uma visão de 360 graus, sendo quase impossível serem flanqueados ou surpreendidos pela retaguarda . Neuro receptores ligados a transdutores levam os comandos para seus poderosos membros e criam uma simbiose perfeita entre homem e máquina, de forma completa e integral transformam estes infantes encouraçados numa só unidade de combate coesa e mortal. Um de seus membros artificiais é um poderoso fuzil de assalto com munição de alto calibre e capacidade para cortar um homem ao meio. Uma besta segue na frente, como batedor, com armamento leve, enquanto pela retaguarda drones voam seguindo os sinais vitais do guardião enquanto garantem sua proteção. O avanço só é contido quando algum homem bomba tenta se aproximar do guardião. As máquinas com precisão detectam e destroem seus alvos antes que as explosões possam causar algum dano aos atacantes. O recuo para as áreas centrais da cidade ocorre enquanto os soldados sobreviventes tentam um ultimo esforço desesperado para conter a arremetida do avanço inimigo. Casa a casa lutam em desespero homens e mulheres armados de fuzis de assalto, lança granadas, espingardas de caça de repetição, coquetéis molotov, e explosivo plástico para confeccionar os coletes dos mártires. Os heróis que serão lembrados pela cidade, se alguém depois sobreviver.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os refugiados que tinham condições abandonaram a cidade há tempos, mas os mais pobres tiveram que se contentar em refugiar-se nos túneis do metro e subterrâneos dos prédios destruídos na primeira onda. O bombardeio aéreo silencia, a multidão escuta os disparos de artilharia cada vez mais próximos das forças de terra. Uma besta assoma pelo túnel e encara a multidão aterrorizada comprimida na estação e sem saída. Disparos de armas leves são ouvidos. Um homem bomba tenta se aproximar da máquina com seu acionador na mão mas tem sua cabeça e corpo dilacerado pelos disparos certeiros do robot causando uma grande explosão que atinge os civis. Do outro lado do mundo gritos de prazer são ouvidos na sala de controle. Ainda hoje será servido coquetéis e churrasco na beira da piscina, mais tarde, por terem cumprido sua cota. Precisam completar logo a operação de limpeza para finalizar seu turno e ir gozar a vida. Esta guerra não é apenas de conquista de territórios. Com recursos naturais cada vez mais limitados, as grandes corporações decidiram reduzir a população mundial. Os estados nacionais há muito são figuras simbólicas e seus políticos marionetes do poder econômico global e da tecnologia. Nesta era que encontra-se na próxima esquina do nosso tempo de agora, a automação ocupa todas as posições de trabalho e o desemprego é uma ameaça de instabilidade social constante, com rebeliões das populações, saques crescentes e surgimento de facções do crime organizado, cada vez mais fortes, uma ameaça constante contra os grandes detentores do capital, uma ínfima, mas poderosa, casta da raça humana. Por suspeitarem da ambição de seus generais, tinham deixado a guerra ser comandada por uma inteligencia artificial de ultima geração que deliberava como alto comando. Os dados foram analisados em profundidade pela memória quântica, com acesso à informação e controle cibernético sobre bilhões de pessoas no mundo todo, joia da tecnologia mais avançada da humanidade, sob exclusivo domínio do poder dominante. Não há duvida. Para garantir que a humanidade não seja extinta, conforme seus interesses, para que os poderosos possam manter seus santuários seguros e conservar suas riquezas longe do caos crescente, era necessário e urgente matar dois terços da humanidade, que se conta agora em muitos bilhões. O extermínio é vaticinado pelos terabytes, premeditado e planejado. Foi descartado o uso de armas nucleares para evitar um maior impacto num ambiente em franca deterioração. Várias causas para conflitos são fomentadas pelos meios de comunicação em todo o planeta. Comunidades inteiras sofrem ao serem demonizadas pelos donos dos meios de comunicação e seus algoritmos. Religiões e ideologias são perseguidas, seus seguidores aprisionados em campos de extermínio, lideres populares são assassinados ou presos com falsas acusações por juízes corruptos em calabouços de terror e tortura, armas de combate são facilitadas a preços módicos e distribuídas para as multidões sem esperança. Em algum momento as comunidades sobreviventes percebem seu derradeiro destino, de alguma forma devem resistir, a qualquer custo, fortificam suas urbes decadentes. Uma a uma as cidades com milhões de pessoas são paulatinamente destruídas em combates sangrentos, de forma metódica e mortal. Populações são extintas. Genocídio.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Máquinas penetram em todas as defesas da cidade dilacerando os corpos dos civis que buscam em terror onde se esconder. Através dos esgotos tentam romper as linhas inimigas e alguns tentam fugir para longe daquele inferno. Uma pequena multidão se acotovela pelos caminhos sinuosos e fétidos que se ramificam pelo subsolo da cidade. Alguns vão armados, mas a maioria são mulheres, velhos e crianças que não podem ainda entrar em combate. Não há choros, silêncio absoluto na multidão, mães sufocam seus bebes em terror, temem ser detectados pelos sensíveis sensores auditivos das bestas que infestam os tuneis.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No centro da cidade, na ultima linha de defesa ocorre ainda alguma resistência. Os defensores resistem como podem, sem munições de artilharia. O cerco aos poucos se fecha. Na praça central, o ultimo reduto, silencia o fogo, todos os defensores mortos. Não tiveram chance alguma e nunca pretenderam a rendição. Os guardiões se aproximam das barricadas, as bestas formam uma perímetro de defesa. O guardião chefe olha curioso para um veículo intacto e em bom estado, um caminhão tanque que tinha passado despercebido do controle aéreo, escondido completamente por sacos de areia e camuflagem. O guardião, parte humano, afasta de um só golpe as camuflagens e sacos que protegem o veículo com a super força de seus membros de aço e nota algo estranho. Um som baixo, um leve zunido que parte do depósito onde deveria estar contido algum liquido. A explosão do artefato nuclear artesanal, construído com esforço pelos técnicos da cidade, a liberação da energia explosiva tem seu epicentro na praça. Varre os autômatos dos atacantes, e dissolve a blindagem das armaduras dos guardiões de forma mortal. Um grande cogumelo de fumaça e cinzas toma conta de todo o centro da cidade, agora sem vida e abandonado. Os poucos sobreviventes, que escapam pelos esgotos se escondem, onde podem, fogem para as regiões montanhosas mais próximas, longe do controle aéreo inimigo, não existem mais cidades para se refugiar, sobrevivem para poder lutar mais outro dia amanhã...</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">* Todas as tecnologias de guerra expostas ou já existem e foram utilizadas em conflitos urbanos recentemente ou estão em fase final de desenvolvimento. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Fontes: Youtube </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/PfghN4YPMbo" width="320" youtube-src-id="PfghN4YPMbo"></iframe></div></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/25YjskRig7s" width="320" youtube-src-id="25YjskRig7s"></iframe></div><br /><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/98K37o8kzKU" width="320" youtube-src-id="98K37o8kzKU"></iframe></div><br /><div style="text-align: center;"><br /></div> Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-63654557023752250902020-10-23T14:18:00.005-07:002021-10-03T14:01:23.462-07:00Nosso Destino - O Ser Onívoro (Sobre Nietzsche e De La Boétie)<p> </p><p><br /></p><br /><br /><span style="font-size: medium;">O economista Yanis Yaroufakis, ex-ministro da Economia da Grécia, teve uma rara conversa com Julian Assange, o fundador do Wikileaks sobre economia e geopolítica. Rara porque Assange se encontra hoje num presídio de segurança máxima em Londres e só pode usar o telefone de vez em quando. Ontem, foi um desses dias e ele escolheu Varoufakis para falar sobre a crise atual.<br /><br />Formalmente, Assange está preso por violação da fiança, e todas as evidências contribuem para a interpretação de que, na verdade, é um preso político.<br /><br />Assange aguarda o julgamento sobre o pedido de extradição dos Estados Unidos, onde querem condená-lo à prisão perpétua, por ter divulgado informações de interesse público, através do Wikileaks. Está preso, portanto, por exercer a liberdade de expressão.<br /><br />Apesar da perseguição, Assange continua lúcido. Depois de ouvir o relato de Varoufakis sobre a economia nestes tempos de coronavírus, ele concluiu que líderes de extrema direita, como Donald Trump, podem se beneficiar.<br /><br />“Isso beneficiará Trump, que sabe como alimentar a raiva das multidões em relação às elites educadas da classe média alta”, disse.<br /><br />Yaroufakis, integrante do DiEM25 (movimento progressista pan-europeu para democratizar a Europa antes que esta desintegre) concordou. O ex-ministro da economia da Grécia vê o mundo parecido com o da década de 1920, quando houve a ascensão de Mussolini na Itália e Hitler na Alemanha.<br /><br />Outro ponto importante na conversa dos dois: o valor de mercado das empresas continua alto, apesar da baixa demanda mundial em razão da pandemia. O mundo das corporações e do mercado de capitais está descolado da realidade. Entenda por que com a leitura do texto publicado no blog pessoal de Yaroufakis:<br /><br />Assange me ligou agora há pouco, às 14h22, horário de Londres, para ser mais preciso. Da prisão de segurança máxima de Belmarsh, é claro. Esta não é a primeira vez, mas, como vocês podem imaginar, toda vez que ouço a voz dele, sinto-me honrado e comovido por ele telefonar, quando tem poucas e espaçadas oportunidades de fazer ligações.<br /><br />“Queria uma perspectiva sobre os desenvolvimentos mundiais por aí – não tenho nada aqui”, disse ele. O que, claro, me colocou um fardo considerável para articular pensamentos sobre o destino do capitalismo durante essa pandemia e as repercussões de tudo isso sobre política, geopolítica, etc. Essa tarefa se tornava mais difícil, tendo em mente que, a qualquer momento, as autoridades penitenciárias interromperiam nossa discussão.<br /><br />Numa tentativa frágil de pintar um quadro para ele num cenário mais amplo possível, compartilhei com Assange meu pensamento principal das últimas semanas:<br /><br />Nunca antes o mundo do capital (isto é, os mercados financeiros, que incluem os mercados de ações) esteve tão dissociado do mundo das pessoas reais, das coisas reais – da economia real.<br /><br />Observamos que enquanto o PIB, a renda pessoal, os salários, as receitas da empresa, as pequenas e grandes empresas, estão colapsando, o mercado de ações permanece relativamente incólume. No outro dia, a Hertz declarou falência. Quando uma empresa faz isso, seu preço das ações chega a zero. Mas não desta vez. Agora, a Hertz está prestes a emitir US $ 1 bilhão em novas ações. Por que alguém compraria ações de uma empresa oficialmente falida? A resposta é: porque os bancos centrais imprimem cadeias de montanhas de dinheiro que dão quase que de graça aos financiadores para comprarem qualquer pedaço de lixo flutuando na bolsa de valores.<br /><br />“Zumbificação completa das corporações”, é como eu coloco isso para ele. Assange comentou que isso prova que governos e bancos centrais podem manter as corporações à tona mesmo quando não vendem praticamente nada no mercado. Eu concordei. Mas também apontei um grande enigma que o capitalismo enfrenta pela primeira vez: a impressão de dinheiro do Banco Central mantém os preços dos ativos muito altos, enquanto o preço das “coisas” e os salários caem. Essa desconexão pode continuar crescendo. Mas, enquanto a Hertz, a British Airways etc. podem sobreviver dessa maneira, eles não têm na verdade motivos para demitir metade da força de trabalho e cortar os salários da outra metade. Isso cria mais deflação/depressão na economia real. O que significa que os Bancos Centrais precisam imprimir cada vez mais e mais para manter os ativos e os preços das ações altos. Em algum momento, as massas se rebelarão e os governos estarão sob pressão para desviar alguma renda para eles, mas isso esvaziará os preços dos ativos. Mas aí, como esses ativos são usados pelas empresas como garantia para todos os empréstimos que eles tomam para permanecer à tona, eles acabaram por perder o acesso à liquidez. Uma sequência de falhas corporativas começará em circunstâncias de estagnação. “Não acho que o capitalismo possa sobreviver facilmente, pelo menos não sem grandes conflitos sociais e geopolíticos a esse enigma”, foi minha conclusão.<br /><br />Assange pensou nisso por um momento e me perguntou: “Qual a importância do consumo para o capitalismo? Que porcentagem do PIB está em jogo se o consumo não se recuperar? As empresas precisam de trabalhadores ou clientes? ” Eu respondi que isso já chegou a um ponto que poderia fazer com que esse enigma se concretizasse. Sim, os Bancos Centrais e os robôs podem manter as empresas sem clientes ou trabalhadores. Mas os robôs não podem comprar as coisas que produzem. Portanto, este não é um equilíbrio estável. As perdas na renda das pessoas vão acelerar, gerando um descontentamento crucial.<br /><br />Assange então disse algo como: “isso beneficiará Trump, que sabe como alimentar a raiva das multidões em relação às elites educadas da classe média alta.” Concordei, dizendo que o DiEM25 vem alertando desde 2016 que o socialismo para a oligarquia e austeridade para o resto, no final, alimenta a extrema direita racista. Que estamos experimentando novamente o que aconteceu na década de 1920 na Itália com a ascensão de Mussolini.<br /><br />Assange concordou inteiramente e disse: “sim, tal como naquele momento como uma aliança entre as pessoas ricas e a classe trabalhadora descontente está se formando”. Ele então acrescentou que a maioria dos prisioneiros e oficiais da prisão de Belmarsh apóia… Trump. Nesse ponto, a conexão foi cortada. Nossa conversa durou 10 minutos . Era mais substantivo e, é claro, mais comovente do que qualquer conversa que eu tive há algum tempo.<br /><br />(Fonte:<a href="https://www.blogger.com/#">https://autonomialiteraria.com.br/o-que-acontecera-com-o-capitalismo-apos-a-pandemia-uma-rara-conversa-entre-julian-assange-e-yanis-yaroufakis/?fbclid=IwAR39lbfrx8NMBuiD8fXUPnGMDHTgtnQ1zet0EhCoOvcdiA98hvAAYyqQxIc</a>)<br /><br />Depois de dez anos pesquisando a condição humana e observando a evolução dos acontecimentos mundiais recentes podemos fazer uma análise um tanto pessimista do andamento da humanidade nos primeiros anos do séc. XXI. e apesar dos grandes avanços tecnológicos ou mesmo por causa deles antevemos um futuro crítico como espécie dominante do planeta. Contra o conceito humanista do marxismo se contrapôs novamente uma nova construção ideológica conservadora trazida como vanguardista de darwinismo social. Verdadeira profecia auto imposta da Lei do Eterno Retorno, de ciclos repetitivos da história. Em meio a uma pandemia a humanidade ainda prioriza a exploração da mais valia, da substituição da mão de obra humana pela automação dos meios de produção. O mundo gesta um novo conflito de dimensões mundiais fomentado pelo complexo industrial militar. Grandes recursos que poderiam garantir a bem aventurança dos povos estão sendo desviados para a produção de armamentos e produtos correlatos. A Rede Mundial de Computadores por exemplo originou-se da necessidade dos EUA controlarem seus recursos militares espalhados no planeta e hoje atende grande parte do mundo ocidental, sempre apresentada como produto da democracia, baluarte da livre expressão do indivíduo dentro da aldeia global virtual. Entretanto e apesar do sucesso das comunicações humanas em termos globais o indivíduo comum não tornou-se mais sábio. Pelo contrário, o processo de massificação instaurou-se com a pasteurização da informação e sua difusão pela rede mundial identificada como indústria cultural para um público cada vez menos exigente de conteúdo e com sentido crítico atrofiado pelas más condições de educação e cada vez mais deslumbrado pela forma. As distopias vislumbradas no começo do século passado por Huxley e Orwell começam a ter algum sentido profético pelos grandes avanços do controle cibernético da sociedade atual e a pequena evolução moral e social do homem comum perante os novos desafios civilizacionais que surgem nos grandes centros urbanos. Vivemos uma verdadeira guerra na periferia das megacidades. A explosão demográfica fenomenal e o êxodo urbano condenam grande parte da população mundial a conviver em areas cada vez mais exíguas e em condições de saneamento cada vez mais precárias principalmente nos centros do Hemisfério Sul. Caminhamos de muitas formas para futuros conflitos regionais e talvez um grande conflito mundial entre as grandes potências na busca incessante pelo espaço vital e por recursos naturais cada vez mais disputados pelo capitalismo para manter a unidade de suas conquistas de terras, e gentes. Esta é a nossa atual realidade. Multidões são tangidas para as fábricas e prestadoras de serviço numa Pandemia enquanto os meios de comunicação estatal alardeiam que é preciso ter coragem e fazer seguir o povo em coletivos lotados, verdadeiros navios negreiros, enquanto a classe dominante se esconde em seus santuários devidamente higienizados e seguros. Nunca uma epidemia conseguiu expor tão claramente para o homem comum a disparidade, o paradoxo social de onde habita e como ele, o individuo, é desconsiderado pelos donos dos meios de produção. Vivendo em um verdadeiro sistema antropofágico, mecanismo cruel e sem piedade, em plena pandemia, mesmo assim milhões vão sendo colocados no desemprego sobrevivendo dos sistemas sociais com menos de cento e cinquenta dólares por mês, ou até em pior condição, sem recurso algum, em plena recessão econômica mundial. Estamos em termos humanos sentados num paiol de pólvora prestes a explodir, num verdadeiro matadouro urbano, onde o indivíduo percebe suas liberdades individuais serem sequestradas e reprimidas a cada dia, torna-se o homem comum refém do sistema enquanto o caos se instaura. No Ocidente grupos armados surgem nas periferias para disputar com o estado suas atribuições. O capital assumiu uma nova roupagem com mercenários usando máscaras e fuzis automáticos, grupos armados cometendo assassinatos programados contra a população inocente para extorquir dinheiro e/ou implantar um regime de terror baseado na violência para obter poder politico. O confronto urbano se torna cada vez mais provável. Vivemos hoje a grande crise de falta de liquidez do mercado global. O mercado de ações está completamente descolado da realidade. Grandes quantidades de recursos financeiros estão sendo transferidos dos estados para os respectivos sistemas bancários e corporações enquanto os sistemas previdenciários e de saúde são desmontados por políticas liberais adotadas a revelia das populações. Enquanto isto os pequenos e médios negócios estão sendo tragados pelo redemoinho da crise em direção a insolvência. Este castelo de cartas está prestes a ruir e quem pagará mais uma vez a conta final será o homem comum. Ao longe, no Oriente Próximo, em lugares onde a humanidade deu seus primeiros passos em direção à civilização, cidades milenares até pouco tempo atrás prósperas estão em ruínas destruídas por bombas inteligentes e fogo de artilharia. Muros impedem o ir e vir de numerosos grupos étnicos. As grandes potências jogam seu xadrez mortal. O meio urbano é o próximo campo de batalha. A necropolítica deixa de ser tema de ficção científica de filmes classe B e passa a compor as políticas sociais de nações que se acreditam cristãs. As pseudo elites buscam santuários para fugir da guerra. Assim faziam os romanos antes da crise que determinou o fim da pax romana.<br /><br />Da Guerra - <br /><br />A guerra como ritual antropofágico velado sincretizou-se como ação política dos Estados para impor seus respectivos interesses econômicos desde o final do século. A profissionalização das forças de repressão tornou obsoleto o cidadão soldado pela necessária especialização na arte de matar. Vivemos novamente a época dos mercenários da guerra que sempre foi lucrativa atividade econômica. Mesmo a segurança das cidades foram entregues a profissionais pagos pelo estado para terceirizar a aplicação da violência necessária e conter as crescentes multidões de desempregados e minorias étnicas. Somente o setor da segurança interna possui um mercado bilionário no mundo todo. A tecnologia dá saltos gigantescos nesta área de controle social e repressão das massas. Entretanto a crescente concentração demográfica de áreas pobres super povoadas aumenta cada vez mais a demanda por dispositivos mais letais que possam ser utilizados no meio urbano. Já se considera normal o uso de artilharia aérea em áreas urbanas pobres superpovoadas como se tratasse de um território inimigo. <br /><br />Enquanto isto uma casta privilegiada de administradores de corporações e governos pretende ficar protegida em algum santuário murado e cheio de câmeras. Nietzsche está sendo relido nestes condomínios fechados e entendido pelo seu viés mais polêmico. A verdade que parecia cristalina no pós guerra em busca de um novo caminho para a humanidade perdeu-se na queda da URSS e nas sucessivas derrotas de governos populares na África e América do Sul vencidos por assassinatos seletivos e golpes de estado fomentados e perpetrados por fantoches controlados pelas grandes potências em especial os EUA e seus satélites europeus. O fascismo que parecia ter sido vencido está mimetizado na paisagem capitalista e ressurge com toda força para justificar uma nova era sem direitos para o cidadão comum. Quando há uma ameaça real de socialização dos meios de produção, o fascismo pós-moderno galvaniza contra ele o ressentimento das classes médias mais baixas através da indústria cultural controlada pela classe dominante.<br /><br />Gengis Khan, o comandante dos mongóis que assolou e conquistou grande parte da Ásia, e criou um dos maiores impérios do mundo costumava exaltar seus guerreiros com as qualidades inerentes aos cavaleiros nômades: aterrorizar e matar seus inimigos, roubar seus cavalos e possuir as mulheres dos mortos. Todos os povos de cavaleiros oriundos das estepes tinham mentalidade semelhante como sabemos desde a época dos Citas, Medas e Persas relatados por Heródoto. Foi o sedentarismo que, em termos, aplacou sua conduta beligerante de carácter antropofágico. A necessidade de pastorear os povos conquistados, conseguir de seus escravos o fruto do trabalho dos campos para forragear as montarias de que necessitavam e alimentar seus rebanhos sem permitir custosas rebeliões decorrentes do desespero de quem não tem nada a perder amainou seus costumes sangrentos oriundos da pré-história. Os mongóis foram a ultima horda que assolou parte da Europa e dominou por gerações boa parte da Ásia, o Indo e a China impondo seus valores de dominação baseado em suas crenças religiosas de supremacismo e antropofagia primeva. São o exemplo da ideologia vigente entre seus antecessores que invadiram a Europa em levas sucessivas desde priscas eras. Destes dominadores surgiram as castas dominantes e dinastias reais que até hoje ocupam os tronos de países do Velho Mundo. A ideia de classes foi orientada neste sentido, como evolução do conceito de castas, e influenciou o pensamento das republicas e seus parlamentos de notáveis criados em seu bojo existentes até os dias de hoje.<br /><br />O nazifascismo apropriou-se destes símbolos de forma desmedida. Já o positivismo de Comte se apropriava da ideia de estratificação social que possui tradição escravista. A guerra é um de seus seu subprodutos. Um grande ritual antropofágico onde reis e presidentes imolam seus povos de forma ordenada e metódica. <br /><br />Para os que detêm o poder seus comandados são apenas comida. <br /><br /><br /><br />Nietzsche -<br /><br />"O homem é uma corda esticada entre o animal e o super homem": disse Nietzsche em uma passagem de "Assim falou Zaratrusta". O arquétipo perfeito do "animal loiro, de ascendência nobre, alta estatura, vigoroso, inteligente, amante das artes, mas também sensual, violento, infiel, travesso, cruel, dotado de uma moral de senhorio frente a uma moral de escravos" que o autor identifica como sendo as mesmas ideias humanistas dos cristãos. Nietzsche é inimigo do humanismo de massas, deplora a "verde alegria de pastar da multidão". A luta, conforme seu critério, o fundamento da vida, na qual o vigoroso e saudável sempre triunfa sem piedade alguma sobre o débil. O importante para Nietzsche não é a conservação da vida individual, mas sua exaltação e superação. Segundo Nietzsche, não está em jogo "a maior felicidade possível do maior número possível", o que importa é que o homem nobre procura sua obra, não a felicidade; somente deve poder suportar sofrer mais que os outros. O homem nobre assim será cruel, sacrificará seus companheiros, será disciplinado, praticará a violência e será sagaz na guerra. Acreditava no ressurgimento de uma elite masculina, uma "besta de caça" (Raubtier=Predador) cuja vontade não tenha sido domada pelo efeito feminizante da moral cristã e burguesa. O super homem não pode tolerar o povo comum. Ele é feliz ao sobrepujar aqueles que vivem das falsas esperanças do cristianismo que Nietzsche considerava uma religião de escravos. Os valores da sociedade teriam sido inventados pelos fracos para que pudessem criminalizar os atos dos mais fortes. Se os fracos não conseguem se elevar ao nível dos que estão acima, podem tentar ao menos traze-los para baixo, para colocá-los no mesmo nível. Eles praticam assim o ressentimento do ordinário sobre o extraordinário. <br /><br />Do culto persa de Zoroastro, Nietzsche tomou o dogma do "Eterno Retorno de todas as coisas". Pretendia um ciclo contínuo onde os eventos são repetidos em função da finitude dos seus elementos inclusive aquilo que é ruim e o homem deve suportar toda a repetição. Ao homem só resta o amor ao destino. A sublime finalidade é a própria vida e sua superação. <br /><br />Este pensador polêmico e muitas vezes contraditório, por muitos estudiosos é considerado muito mais um poeta que um filósofo, reflexo do pensamento do seu tempo. Entretanto uma leitura apurada de seus escritos notamos que ele tentou a síntese do pensamento clássico, dos povos nômades que vieram do Leste, uma idealização romantizada do cavaleiro nômade, dos povos de origem ariana que sujeitaram os moradores mais antigos da península européia em tempo remoto. Ao tentar destruir os dogmas judaico cristãos vigentes na época recorreu ao passado clássico com uma visão romântica, proto-fascista, supremacista, comum a de muitos intelectuais do fim do século XIX. <br /><br /><br />De La Boétie -<br /><br />Segundo Jared Diamond, renomado antropólogo, em sua obra "O Terceiro Chimpanzé" os estudos feitos em décadas recentes documentam mortes provocadas de diversas espécies animais, mas certamente não de todas. O massacre de um individuo ou de um bando vizinho pode ser benéfico para o animal se com isso ele puder se apossar do território, dos alimentos ou das fêmeas do vizinho. Mas os ataques também envolvem certo risco para o atacante. Muitas espécies animais não tem meios para matar seus pares e, dentre as espécies que os têm, algumas se contêm. Uma análise de custo e beneficio do assassinato parece extremamente repugnante, mas ela nos ajuda a entender por que o assassinato só é preponderante em algumas espécies animais.<br /><br />Nas espécies não sociais, os assassinatos são necessariamente de um individuo por outro. Contudo, nas espécies sociais carnívoras, como leões, hienas e formigas, o assassinato pode adquirir a forma de ataques coordenados de membros de um bando contra membros do bando vizinho, quer dizer, massacres ou "guerras". Sua forma varia conforme a espécie. Os machos podem poupar as fêmeas e cruzar com elas, matar os filhotes e expulsar (macacos langures) ou até matar (leões) os machos vizinhos; machos e fêmeas podem ser mortos (lobos). Por exemplo, Hans Kruuk relata a luta entre duas alcatéias de hienas na cratera Ngorongoro, da Tanzania:<br /><br />"Aproximadamente uma dúzia de hienas...atacou um dos machos e mordeu-o onde pôde - especialmente barriga, pés e orelhas. A vitima foi completamente coberta pelos agressores, que passaram cerca de dez minutos atacando-a...o macho foi literalmente destroçado, e mais tarde, quando examinei os ferimentos de perto, parecia que suas orelhas, seus pés e testículos haviam sido arrancados, ele estava paralisado por uma lesão da espinha, tinha grandes feridas nas patas traseiras e na barriga e hemorragias subcutâneas por toda a parte."<br /><br />Prossegue Jared Diamond: Para compreender nossas origens genocidas, é particularmente interessante analisar o comportamento de dois de nossos parentes mais próximos: o gorila e o chimpanzé comum. Algumas décadas atrás, qualquer biólogo pressumia que nossa habilidade para manejar ferramentas e fazer planos em grupo fazia de nós mais assassinos que os primatas antropoides - se é que estes podiam ser assassinos. No entanto, descobertas recentes sugerem que um gorila ou um chimpanzé comum tem tanta chance de ser morto como qualquer humano comum. Entre os gorilas, por exemplo, os machos lutam entre si pelo domínio do harém de fêmeas, e o ganhador pode matar os filhotes do perdedor e o pai. Essas lutas são a principal causa de mortes de filhotes e adultos machos entre os gorilas. Ao longo da vida, a mãe gorila tipica perde ao menos um filhote pelas mãos de machos infanticidas. Assim, 38% das mortes de filhotes de gorilas se deve ao infanticídio. Já relatamos em outro capitulo da Odisseia Antropofágica como os chimpanzés comuns se organizam e fazem suas guerras por território e rapto de fêmeas conforme relatos de Jane Goodall na observação destes antropoides. Não é por acaso que este também seja o tema recorrente na história da humanidade sempre presente nos contos e romances.<br /><br /><br />ver também:<a href="https://www.blogger.com/#"> https://odisseiaantropofagica.blogspot.com/2015/09/ser-onivoro-ii-cultura-de-massa-e-o.html</a><br /><br /><br />Étienne De La Boétie em seu clássico Discurso sobre a Servidão Volutária remete aos animais para descrever como podemos aceitar ser dominados contra todos os instintos da natureza: <br /><br />"Quando os homens não se fingem de surdos, as próprias bestas, valha-me Deus!, gritam-lhe: Viva a Liberdade! Muitas delas morrem assim que são capturadas: como um peixe que padece fora d'agua, entregam-se à escuridão e não têm mais desejo de sobreviver à perda de sua liberdade natural. Se os animais tivessem entre si alguma preeminência, fariam destas bestas a sua nobreza. Os outros, dos maiores aos menores, quando capturados, resistem com unhas, chifres, bicos e patas que evidenciam o quanto estimam aquilo que perdem; e, uma vez confinados, manifestam tão explicitamente a consciência de seu infortúnio que fica claro que estão desfalecendo em vez de viver, que dão continuidade a vida mais para lamentar a felicidade perdida que para contentar-se em servir: Quer dizer do elefante que, tendo se defendido com todas as forças e não vendo mais saída, prestes a ser capturado, crava o maxilar e quebra as próprias presas nas árvores senão que seu grande desejo de permanecer livre como está inunda-lhe a mente e incita-o a negociar com os caçadores na esperança de que possa continuar livre em troca de suas presas e de que, ao ceder seu marfim, possa pagar esse resgate por sua liberdade? Apascentamos o cavalo desde que nasce para acostumá-lo para acostumá-lo a servir; e, por mais que o acariciemos, quando está sendo domado ele morde o freio, escoiceia contra a espora, como que para mostrar à natureza e declarar, ao menos dessa forma, que serve não por vontade própria, mas por imposição nossa.<br /><br /><br />(...)Pois bem, se todos os seres sencientes rapidamente constatam o mal da sujeição e a necessidade da liberdade, e se nem as bestas, mesmo sendo criadas a serviço dos homens, conseguem se acostumar a servir sem manifestar desejo oposto, que terrível desencontro foi esse que tanto desnaturou o homem, o único realmente nascido para viver em liberdade, e o fez perder a lembrança de seu estado original e o desejo de resgatá-lo?<br /><br /><br />Etienne de La Boétie em 1549,soube expressar a questão da forma mais grave. Por sua natureza, o homem é livre; e o exemplo dos animais que preferem morrer a ser subjugados deveria fortificá-lo nesta disposição; pela linguagem, ele entra em amizade e em sociedade com outros homens; essa sociedade deveria lhe bastar. Mas ele se deixa sempre invadir pela dominação.<br /><br /><br />Para compreender essa submissão, é preciso evocar a dominação do mais forte? Por que centenas de milhares, de milhões de indivíduos se rebaixam a ponto de receber ordens de uma só pessoa? Será correto evocar o interesse? Que interesse pode haver em se deixar saquear, espoliar e subjugar? Será que se impõe uma razão superior? Mas que razão, quando é evidente que as ordens decorrem do capricho do soberano e, no caso da imensa maioria, são prejudiciais a ela? Por qualquer ângulo que se tome a questão, ela ainda continua em certa medida sem resposta.<br /><br />O Fascismo -<br /><br />Muitos sugerem que Nietzsche foi uma das inspirações do fascismo, mas é bem mais provável que tenham sido os fascistas que tenham incorporado suas ideias bem como a de outros filósofos em voga na época como Spengler e Heidegger que em parte justificavam sua ideologia. Portanto vale ressaltar brevemente alguns pontos da doutrina fascista:<br /><br />- O fascismo foi uma revolta contra a razão: a vontade e a ação se justificavam pelos próprios fins.<br /><br />- A Obediência era devida a uma lei superior: uma vontade objetiva.<br /><br />- O dever, a autoridade e a disciplina substituíam a felicidade e a liberdade.<br /><br />- O Estado era da mais alta importância e dirigia o sistema econômico.<br /><br />- Todas as classes econômicas deveriam se harmonizar pelo bem da unidade do Estado..<br /><br />- Apelava-se a emoção para liberar a energia das pessoas.<br /><br />- O Parlamento e o Judiciário não eram independentes: suas funções eram subordinadas pelo ramo executivo do governo.<br /><br />- A forma ideal de organização era a disciplina militar.<br /><br />- A nação era creditada com o dom do instinto que lhe permitia selecionar um lider e segui-lo.<br /><br />- O principio politico central era "o lider" e abaixo dele "uma serie ascendente de personalidades".<br /> <br />-A "pureza étnica" era estimulada.<br /><br />(Fonte: História Concisa da Filosofia de Sócrates a Derrida - Derek Jonhston - Ed. Rosari - 1° ed. - 2008 - pág. 133)<br /><br />Dizem alguns estudiosos que Nietzsche por certo não iria concordar com todos estes paradigmas. Ele era antes de tudo um individualista. Suas ideias entretanto foram adotadas com paixão pela elite dominante européia que via nelas o respaldo filosófico para suas ações supremacistas globais. Principalmente nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial. Com certeza nem o filósofo acreditaria na repercussão de sua obra entre os intelectuais com crenças chauvinistas e autoritárias das épocas posteriores. Mesmo hoje vemos nas redes uma adoração crescente por suas alegorias e máximas entre as novas gerações como exemplo de vanguardismo quando seu ideário era baseado no que de mais primitivo herdamos da cultura européia. A vocação antropofágica do ser humano.<br /><br />Sobre o fascismo podemos dizer que possui seu próprio processo dinâmico e muitas facetas, principalmente de ordem econômica que transcendem uma definição prosaica da ideologia. Elencar o Estado total na lista poderia induzir a confusão entre fascismos e socialismos; Estado racial, se não implicasse uma assimilação abusiva da Itália mussoliniana com a Alemanha de Hitler; Estado-Povo, se esta tradução do alemão volklisch não privilegiasse apenas um termo (povo) em detrimento do outro (raça), quando precisamente o sentido da palavra os funde. Sendo o termo mais apropriado o Estado-Força, embora todo Estado funcione em maior ou menor medida com a coerção, mas o nazismo, os fascismos e as doutrinas contra-revolucionárias que os precederam de forma sangrenta na Ásia e nas Américas tem em comum uma luta por um Estado forte, que não possa ser limitado pelo direito, com o apoio ou não de potências externas, sem nem mesmo apresentar a desculpa ou o pretexto de uma futura auto extinção.<br /><br />Isso não anula que ocorram entrecruzamentos entre o poder politico e o poder econômico pseudo liberal, nem que qualquer classificação intelectual tenha por objetivo tomar partido. Mussolini começou sua carreira como socialista revolucionário e não precisou de nenhuma ruptura radical para chegar ao fascismo. Como é verdade também que Maurras, célebre direitista na França do início do séc. XX, por suas nostalgias, liga-se mais a Chateaubriand do que a Hitler. A história da humanidade nos convida a uma pluralidade de associações; onde o que menos importa é o jogo das filiações, mas a revelação dos seus efeitos reais produzidos por esta ou aquela ideologia ao ser colocada na prática. Charles Maurras não atraiu ninguém para o liberalismo democrático; ao contrário, ele não foi estranho a aceitação do nazismo como boa parte das elites politicas, econômicas e intelectuais francesas que simpatizavam e apoiavam a ideologia por questões de poder.<br /><br />O mesmo vem ocorrendo hoje em relação as ideologias mais novas. Muitas se acreditam libertárias e de vanguarda quando na verdade possuem em sua estrutura e finalidade uma vocação supremacista e sectária natural da classe burguesa.<br /> <br />Mesmo que Nietzsche não tenha imaginado os horrores subsequentes das duas guerras mundiais foi o pensador que recriou o mitema do "Super Homem" (Uberman) transformador do mundo além do pecado e da culpa numa Europa ainda barbara que queria purgar seus sentimentos de culpa cristãos advindos do pecado do imperialismo numa grande hecatombe humana.<br /><br /><br />Nosso Destino - <br /><br />Predadores fenomenais atingimos todas as latitudes do planeta. Invadimos os últimos santuários da Natureza com nossa voracidade de seres onívoros reduzindo o planeta e contaminando recursos vitais limitados em função da exploração de riquezas de curta permanência. As grandes corporações fazem seu trabalho de domesticação do individuo através da assimilação tecnológica como já ocorreu com outros povos do passado hoje extintos. A Aldeia Global de Macluhan transformou-se em realidade tecnológica palpável e terrível. Do papel de protagonistas da evolução passamos para a fase do protagonismo tecnológico onde hardware, programas, sistemas e inteligencia artificial evoluem em ritmo exponencial. Já existe toda uma classe escrava de aplicativos em rede. Dependem destes sistemas artificiais para obter seu ganho. A uberização do trabalho segue crescente em todos os campos profissionais. As conquistas sociais do século XX estão sendo esquecidas pelas novas gerações. Nem mesmo a uberização do trabalho está livre de sofrer um processo de automação crescente que dispense o operador. Não é difícil imaginar ao estudar a história humana que nenhuma liberdade é duradoura se não for conquistada custe o que custar.<br /> <br />Os conflitos mundiais recentes foram estimulados pelo Complexo Industrial Militar que saiu vitorioso após o fim da Segunda Guerra e tomou de assalto o poder e a democracia mundial. O conflito artificial é imposto para manter o poder destas corporações que coincidentemente ou não também são diretamente responsáveis pelo impacto ambiental negativo da presença humana no planeta. Eles elegem seus governantes títeres dando uma falsa noção de liberdade ao individuo cada vez mais controlado pela mídia e pela Industria Cultural.<br /><br />Vivemos a antessala da distopia e agora já grande parte da humanidade em função das mudanças climáticas e pelos conflitos de baixa intensidade difundidos pelos interesses armamentistas do capital, cada vez mais graves, perdem seus lares e verdadeiros navios negreiros atravessam espontaneamente oceanos em busca de trabalho e prosperidade.<br /> <br />Agora uma pandemia assola o planeta e põe a vista a desumanidade do sistema capitalista e suas contradições. Uma nova grande guerra se avizinha para gaudio dos poderosos.<br /> <br />As esquerdas do mundo vivem um grande desencanto com a Luta Armada. Foram cooptados e assimilados pelas tecnologias de informação e pelo sistema eleitoral em busca de uma falsa institucionalização. Asim fica fácil profetizar que como segue o processo histórico humano logo não teremos outra alternativa de defesa contra o processo de exclusão crescente. O mundo que surge no horizonte tangido pelo capital significa o retorno dos valores dos bárbaros das estepes e a escravidão perpétua para o ser humano comum tangido para os grandes centros urbanos, verdadeiros matadouros longe de nosso habitat natural que está sendo paulativamente esvaziado e destruído.<br /><br />Noam Chomsky, renomado linguista e pensador, em sua obra Internacionalismo ou Extinção nos adverte que os perigos de um grande conflito nuclear irromper são maiores que na época da Guerra Fria, bem como de um grande colapso do meio ambiente. Ele está longe de ser pessimista. Todos os anos, um grupo de especialistas, sob a tutela de cientistas atômicos, atualizam o Relógio do Juízo Final*, estabelecido em 1947, no início da Era Nuclear, em que a meia-noite significa o desastre definitivo para todos. Em 2014 eles deslocaram os ponteiros do relógio para três minutos mais perto da meia-noite, onde permanecem até então.<br /><br />* O último ajuste nos ponteiros aconteceu em janeiro deste ano, logo após a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Na ocasião, o relógio foi adiantado em meio minuto. Atualmente, seus ponteiros marcam dois minutos e meio para meia-noite, horário previsto para o fim do mundo.<br /><br /><br />A história nos ensina sobre a servidão forçada que só pode existir uma guerra justa. Aquela em que povos oprimidos matam seus opressores. Como tão bem declamou Nina Simone - "Se não somos livres somos todos assassinos em potencial."<br /><br />Agora não importa vislumbrar uma vitória ficticiosa ao fim da batalha mas a necessidade de luta contínua, custe o que custar, contra a perda crescente dos direitos individuais e de trabalho em um mundo cada vez mais superlotado. Urge sobreviver. Que nossa emoção sobreviva ao final. <br /><br /><br /><a href="https://www.blogger.com/#"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6cT_Q-FPBNgQKGbSvPc-6gZU9H6jnwwrh11PALdFlw66aeVKM5dBPjTDnJEwT8vU2QXtZtEXbyfKTZ4IgypKEfCWk5WqxloyGA3xyxlmeoiPIlu4WmDoLln7eP5kMBZjL94F7NnP-Vck/s320/o-relogio-do-fim-do-mundo-foi-adiantado-30-segundos-5eb94b5ff249e.jpg" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br />Bibliografia: <br /><br /><br />1) Filosofia em Cinco Lições - Roger Pol Droit - Ed. Nova Fronteira - 2011. <br /><br />2) História Concisa da Filosofia de Sócrates a Derrida - Derek Johnston - 2008 - 1° Ed.<br /><br />3) De Lao -Tse a Sartre - Gerhard Kropp - Compania General Fabril Editora -Buenos Aires - 1960.<br /><br />4) Discurso sobre a Servidão Voluntária - Étienne De La Boétie - Edipro - 2017 - 1° Ed.<br /><br />5) Internacionalismo ou Extinção - Noam Chomsky - Editora Planeta do Brasil - 2020.<br /> <br /><br /><br />Este ensaio é dedicado aos meus filhos e netos e para as futuras gerações como chama ardente. </span>Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-41722775306589407072016-09-24T13:23:00.001-07:002018-06-24T06:21:57.595-07:00O Sacrifício de Reis<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><i><span style="color: #134f5c;"><span style="font-size: 14pt;">"Em todas as civilizações, até o presente momento, os </span></span><span style="color: #134f5c; font-family: inherit , serif;"><span style="font-size: 18.6667px;">sacrifícios</span></span><span style="color: #134f5c;"><span style="font-size: 14pt;"> humanos têm sido praticados sob a forma de guerras e, desde a invenção da aviação, as vitimas das operações militares não se restringem aos soldados mortos em batalhas e à população civil das cidades assoladas pela tormenta da guerra. Entretanto, muitos dos povos que exultam com a guerra ficam, ilogicamente, chocados com o </span><span style="font-size: 18.6667px;">sacrifício</span><span style="font-size: 14pt;"> de civis em tempo de paz, quer sejam as vitimas servos de um rei, destinados a acompanhá-lo ao mundo inferior dos mortos, quer sejam os filhos primogênitos de um devoto que tem esperança, em virtude de ter oferecido este supremo </span><span style="font-size: 18.6667px;">sacrifício</span><span style="font-size: 14pt;">, de forçar um deus a responder favoravelmente as suas preces. Parece não haver evidência nenhuma dessas formas não militares de sacrificio humano no Egito Faraônico, e o massacre dos servos do rei morto parece ter sido abandonado na Suméria, após a Primeira Dinastia de Ur. No Velho Mundo, no último </span><span style="font-size: 18.6667px;">milênio</span><span style="font-size: 14pt;"> a.C., a prática de queimar vivas as crianças parece ter sido peculiar à Síria e sua colônias ultramarinas. O rei Mesha de Moab sacrificou um filho quando sua capital estava sendo sitiada por uma coalizão inimiga em +ou- 850 a.C.. O rei Acab de Judá, em </span><span style="font-size: 18.6667px;">circunstâncias semelhantes em +ou- 735 a.C., sacrificou seu filho a Javé, queimando-o vivo, e assim fez também um dos seus sucessores, Manassés, que reinou de 687 a 642 a.C. aproximadamente." (A Humanidade e a Mãe Terra - Um História Narrativa do Mundo - Arnold J. Toynbee - Ed. Zahar - 1976 - 2° Ed. - pág. 171 )</span></span></i></b><br />
<b><i><span style="color: #134f5c;"><span style="font-size: 18.6667px;"><br /></span></span></i></b>
<b><i><span style="color: #134f5c;"><span style="font-size: 18.6667px;">"Os mais cínicos chegaram a dizer que o homem moderno, na realidade, representa o longamente buscado 'elo perdido', que ele, de fato, é o 'elo perdido' entre o macaco e o verdadeiro homem" ( Introdução à Antropologia - Ashley Montagu - Ed. Cultrix -1972)</span></span></i></b><br />
<b><i><span style="color: #134f5c;"><span style="font-size: 14pt;"><br /></span></span></i></b>
<b><i><span style="color: #134f5c;"><span style="font-size: 14pt;"><span style="font-size: 14pt;">Este texto foi escrito em 2010 quando iniciei os ensaios que deram origem a "</span><span style="font-size: 18.6667px;">Odisseia</span><span style="font-size: 14pt;"> Antropofágica" e estava inserido no material inicial denominado "Ser Onívoro". Resolvi destacar o presente texto do corpo inicial da introdução para auxilio daqueles que acharam-no muito extenso e portanto deixaram de </span><span style="font-size: 18.6667px;">lê</span><span style="font-size: 14pt;">-lo até o final. Acrescentei alguns novos dados e corrigi alguns erros de ortografia e sintaxe para dar melhor compreensão ao conjunto. Ele entretanto faz parte inseparável da obra e do nexo dinâmico que pretendi desde o início com esta série de comentários à luz dos maiores antropólogos, psicólogos e sociólogos do mundo </span><span style="font-size: 18.6667px;">contemporâneo e seus estudos em relação à condição humana, sua violência, seu sectarismo, sua sociabilidade seletiva, condicionada aos seus aspectos alimentares enquanto ser onívoro e portanto antropófago e como isso condiciona a forma como a humanidade, travestida de sua cultura particular, observa e explora ainda hoje o mundo ao redor, cria cultos e ideologias próprias para velar sua verdadeira condição animal. Acredito que ao fazermos esta catarse coletiva poderemos talvez em algum futuro distante alcançar uma verdadeira evolução.</span><span style="font-size: 14pt;"> </span></span></span></i></b><br />
<b><i><span style="color: #134f5c;"><span style="font-size: 14pt;"><span style="font-size: 14pt;"><br /></span></span></span></i></b>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv_5UmNibja6BECnBYGeIK_OKYaGZh4tpI_cn90A9MNm-z-03w4JTCzmZdpL5UgRGuLY4n1UKwW9zNPeLU7YoiUVWKJjeMaWiSAnpZVn-YayP-37cAtQZoPbH37nxhFYXXkVq6BXyhiFM/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv_5UmNibja6BECnBYGeIK_OKYaGZh4tpI_cn90A9MNm-z-03w4JTCzmZdpL5UgRGuLY4n1UKwW9zNPeLU7YoiUVWKJjeMaWiSAnpZVn-YayP-37cAtQZoPbH37nxhFYXXkVq6BXyhiFM/s400/images.jpg" width="221" /></a></div>
<br />
<b><i><span style="color: #134f5c;"><span style="font-size: 14pt;"><span style="font-size: 14pt;"><br /></span></span></span></i></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Com o desenvolvimento dos</span></b><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> estudos da mitologia, sua exegese conheceu nova fase de conhecimento.
Pensou-se em surpreender o nascimento dos mitos no presente e sob nossos olhos.
A pesquisa voltou-se para as sociedades que conservaram sua identidade
mitológica e que ainda produzem mitos todos os dias. Assim nasceu o “método
comparativo” nas mãos de Mannhardt e Frazer. Ele repousa sobre o postulado de
que as ações do espírito humano são idênticas, seja qual for a civilização,
seja qual for o grupo étnico. Pensando assim mitos dos polinésios ou dos bantos
africanos podem explicar um mito grego ou romano. Tais mitos sempre serviram de
resposta às exigências profundas do pensamento humano sobre as crenças na
imortalidade e a negação da morte, segundo Frazer questões recorrentes
essenciais ao pensamento humano.</span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Na sua
obra "As Máscaras de Deus", Joseph Campbell define o plano onde atua
o mito: "...<span class="apple-converted-space"><i> </i></span><i>vale
a pena recordar o axioma, porque a mitologia foi </i></span><i><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">historicamente</span></i><i><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> a
mãe das artes e, no entanto, como tantas mães mitológicas, igualmente a
filha nascida de si mesma. A mitologia não é inventada racionalmente; a
mitologia não pode ser entendida racionalmente. As interpretações teológicas a
tornam ridícula. A crítica literária a reduz a metáfora. Entretanto, uma
abordagem nova e muito promissora se abre quando é vista à luz da psicologia
biológica como uma função do sistema nervoso humano, exatamente homóloga aos
estímulos sinais inatos e aprendidos, que libertam e dirigem as energias da
natureza - das quais nosso próprio cérebro é apenas a flor mais fascinante</span></i><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">".</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><br />
Há também evidências de um parentesco genérico, por difusão, entre vários povos
que habitaram o Oriente Próximo e a Europa e seus cultos clássicos de
mistérios, não apenas com o complexo mítico egípcio do deus ressuscitado Osíris
e o </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">mesopotâmico
Tammuz, mas também em conformidade com os mitos e
ritos primitivos, com raízes no neolítico e na Idade do Bronze,
amplamente difundidos do sacrifício do jovem ou da jovem donzela
imolada, ou, mais vividamente do jovem casal numa cerimonia sacramental de amor
e morte, cuja carne era consumida em comunhão canibal, simbolizando o mistério
daquele Ser além da dualidade, de algum modo partilhado no interior de cada um
de nós. A mesma ideia é expressa mitologicamente na versão indiana da Criação
sobre o dilaceramento da criatura primordial, o Si-próprio, que, após
expandir-se, criou por divisão o homem e a mulher e assim formando todas as
criaturas acabou tornando-se esse mundo. </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">No antigo
Egito entre toda a profusão de deidades adoradas pelo seu povo está como um rei
o deus Osíris, herói civilizador primordial das mais remota antiguidade,
de seu trono assegurou paz e riqueza e segundo contam os historiadores acabou
com a antropofagia como prática ritual entre os egípcios. Conforme o mito, seu
malvado irmão Set, ou Tifón lhe assassinou usando falsa estratagema, por
inveja, e dividiu seu corpo em quatorze pedaços. Sua irmã e esposa Ísis saiu em
busca das partes de seu amado esposo e recolheu-os um a um e erigiu para cada
parte majestosa tumba. Seu filho Hórus, quando maior, vingou seu pai, e
mediante magia sagrada lhe devolveu a vida. Osíris passou então a reinar no
Mundo dos Mortos.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Como
Adonis, Action, Hipólito, Dioniso Zagreu e Orfeu, é um herói que sofre, um
herói pranteado que ressuscita, seu mito envolve um antigo ritual antropofágico
que foi </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">transformado
em sacrifício de um touro sagrado, cortado em quatorze pedaços e
comido em comunhão pelos fiéis, e posteriormente substituído por outro novilho
sagrado como símbolo do seu renascimento. Os gregos se surpreendiam com a
semelhança, a analogia da lenda de Osíris com a de Dioniso Zagreu, o novilho<span class="apple-converted-space"> </span></span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">devorado pelos titãs, que
Zeus faz renascer para a vida. Como Osíris foi habitar o mundo dos mortos onde
os acolhia e auxiliava-os em sua purificação. Por difusão esses cultos
atravessaram fronteiras imensas, mantidas através da tradição oral de povos
pré-históricos, que marcharam até os confins da terra com seus ritos e lendas.
Da mesma forma o ritual órfico deu um sentido místico a esses sofrimentos e a
essa ressurreição. </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Para os
povos “primitivos” a morte é sempre um acidente evitável, resultante de uma
“força maléfica” externa que se infiltra no corpo do individuo e corrompe o
ser. Em função desta crença ritos foram criados com a finalidade de desenvolver
e conservar as forças vitais e inibir as forças antagônicas, muitos deles de
evocação antropofágica. Um exemplo deste pensamento invocado por Frazer é uma
antiga prática latina: existia em Nemi, perto de Roma, uma floresta consagrada
a Diana. O sacerdote deste santuário natural tinha o nome de Rei da Floresta e
a tradição permitia a qualquer um que chegasse até lá, o matasse e assumisse
seu lugar. Para Frazer, o Rei da Floresta personificava Júpiter, “divindade do
carvalho e do trovão”, e se alguém o matava evitava assim a decrepitude do Rei
decorrente de sua velhice, a decadência de sua energia vital, que poderia
comprometer a vitalidade da própria natureza. De predador a presa ambos
garantiam a sucessão periódica de um novo sacerdote mais jovem desde que este tivesse
condição real de enfrentar e vencer o oponente mais velho para assim manter o
equilíbrio do movimento do universo, pois caso tal não ocorresse seria um
perigo para todos. Em sua obra, aos poucos, Frazer demonstra que este ou aquele
relato lendário sobre sacrifícios humanos falam dos costumes dos antigos (por
exemplo o esquartejamento do rei Licurgo por ordem do deus Dionisio ou então o
castigo de Astidamia, cortada aos pedaços, que foi desmembrada e teve suas
partes espalhadas pela cidade de Iolco) ou mesmo remonta às suas origens
antropofágicas, como nos mitemas de Tiestes e de Pelóps, que conservam ainda
hoje as lembranças de práticas bem reais. Todas as lendas de crianças que foram
abandonadas possuem semelhantes na América e África, onde o primogênito é
sempre marcado com uma condenação. Se ele viver comprometerá o poder do pai,
sobretudo se ele for o chefe, sendo um perigo real à existência de toda a
tribo. Este é o núcleo de muitos mitemas, práticas de sangue do passado que
foram registradas cujo conteúdo se perdeu e se transformou com o tempo. Só a
tradição ancestral justificava para os antigos os sangrentos procedimentos de
infanticídio que aos poucos eram ritualizados pelos sacerdotes e se
transformavam em culto alegórico para sobreviver hoje como lembrança coletiva.
Édipo ilustra bem como pensavam os antigos, quando o adivinho vaticinou para
seu pai, o rei Laio, que um dia iria ser assassinado pelo próprio filho, e o
soberano de Tebas intentou matar o recém nascido, o fracasso do seu crime anos
após resultaria na morte do Rei pelas mãos do filho e na calamidade que se
abateu sobre seu reino. Da mesma forma explica Frazer são os mitos sobre Frixo
e Hele, onde é recorrente o enredo sobre sacrifícios de primogênitos das
famílias reais, conforme conta a lenda: a fome se abatia sobre uma região da
Tessália e só terminaria com o sacrifício dos dois irmãos, filhos do rei
Atamas. As duas crianças conseguem se salvar graças ao carneiro, o “velocino de
ouro”. Mais tarde, acometido pela loucura, Atamas mata Learco, seu filho de
outro casamento, enquanto sua mulher, Melicerta, mata seu segundo filho se
precipitando nas ondas do mar. Segundo o relato na Tessália era vetado ao
primogênito, sob pena de morte, de ingressar no “Pritaneu”, palácio onde
ocorriam os banquetes dos magistrados e se hospedavam os visitantes ilustres.
Todas estas evidencias históricas reunidas nas lendas reafirmam a tradição de
como pesava uma ameaça sobre os filhos mais velhos e que naquele cantão existia
de fato um rito sacrificatório que pode ser observado em várias outras
civilizações. Na Grécia não houve exceção, os mesmos processos antropofágicos
foram deflagrados semelhantes ao dos demais povos de sua época, seguindo como
se poderia esperar o mesmo padrão humano de outras culturas próximas e
distantes.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Entre os semitas encontramos costumes semelhantes associados à
sucessão real. Camos ou Chemos (Kemoch = o subjugador) era adorado pelos
moabitas, povo que habitava a parte oriental do Mar Morto e que vivia em
constante guerra com os hebreus pelo domínio destes territórios. Certa vez, o
rei de Moab, sitiado na cidade de Quir Jaraset, se viu numa situação tão
crítica que ante a iminente derrota, imolou seu filho primogênito, que segundo
a bíblia, iria reinar depois dele, sobre a muralha em honra a Camos, causando
consternação e horror aos atacantes que retornaram para sua terra. (II Reis
III, 27) Até o reinado de Salomão este deus era adorado livremente em Jerusalém
(I Reis XI,7)</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">O
sacrifício dos primeiros filhos masculinos era prática corrente entre os
antigos cananeus; os fenícios mantiveram esses costumes até épocas avançadas da
antiguidade. Refere Filon que a prática religiosa era costume em ocasiões de
grande calamidade pública; sacrificavam-se as crianças mais queridas para
afastar as desgraças; nos tempos mais amenos </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">substituía</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">-se a
vítima humana por um animal; nas fundações dos templos sacrificavam-se vítimas
humanas, como se verifica no templo de Tânita, em Cartago e nas escavações de
Kafer-Djarra, velho sítio cananeu.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><br /></span>
</b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEGzXewaV7FrqfYVygtzxea48QDjBY3nLOgHQXPoQnbecFHS6ENqnSle-H-roajf9HBN3fYCcq4IQ26AXAb-EQGUPusccIcQBaA632scpxrqk7YugrsysSuDZUBLiCZZ4YYaaiPM9kMEk/s1600/isaac.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEGzXewaV7FrqfYVygtzxea48QDjBY3nLOgHQXPoQnbecFHS6ENqnSle-H-roajf9HBN3fYCcq4IQ26AXAb-EQGUPusccIcQBaA632scpxrqk7YugrsysSuDZUBLiCZZ4YYaaiPM9kMEk/s400/isaac.jpg" width="297" /></b></span></a></div>
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 14.0pt;"><br /></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Refere Diodoro
que após a vitória dos cartagineses sobre Agátocles (307 a.C.), os prisioneiros
vencidos foram imolados no altar dos deuses; é ainda ele quem nos revela a
imolação de dois meninos na Sicília, provavelmente quando na ilha foi
introduzido o culto de Moloch (512 a. C) . O deus era representado como um
homem com cabeça de touro, divindade também adorada pelos amonitas e moabitas.
Era identificado com o Baal semita e com Cronos entre os gregos. Pensa-se que o
famoso touro de Faláris era uma representação desse ídolo, com o qual o
Minotauro das lendas gregas tem afinidade.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">O touro, criação de Faláris, tirano de
Agrigento, cidade da Sicília, no séc VI a. C., era uma esfinge de bronze oca na
forma de um touro mugindo, com duas aberturas, no dorso e na parte frontal
localizada na boca. No interior havia um canal desenvolvido semelhante à
válvula móvel do instrumento musical trompete, que ligava da boca ao interior
do Touro. Após colocar a vítima a ser punida ou imolada na esfinge, era então
fechada a entrada colocando-se sobre uma fogueira. À medida que a temperatura
aumentava no interior do Touro, o ar ficava escasso, e o executado procuraria
meios para respirar, recorrendo ao orifício na extremidade do canal. Os gritos
exaustivos do executado saíam pela boca do Touro, fazendo parecer que a esfinge
estava viva. Até o séc. III d. C. , assegura-nos Tertuliano, se cometiam, em
segredo, sacrifícios humanos na Sicília. </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">A seguinte
lenda talmúdica relacionada ao costume do </span></b><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">infanticídio</span></b><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> remete
ao oferecimento de Abraão para imolação à Javé de seu filho Isaac e mostra
como pensavam esses povos em relação ao sacrifício do primogênito: “E
eu”, exclamou o patriarca, “juro que não descerei do altar antes que me tenhas
atendido: Quando me ordenaste que não sacrificasse meu filho Isaac, violaste de
novo a palavra que disseste: ‘É de Isaac que sairá a tua posteridade’. Mas eu
me calei. Se, porém, meus descendentes um dia procederem contra Ti e Tu
quiseres castigá-los por causa disso, lembra-te de que Tu não estás inocente, e
perdoa-lhes”. “Vamos então”, respondeu o Senhor, “eis ali um carneiro na sebe,
preso pelos chifres; oferece-o em sacrifício, em lugar de teu filho Isaac. E se
teus descendentes um dia pecarem e Eu me sentar no dia do ano novo para
julgá-los, então eles devem tocar uma corneta de chifre de carneiro para que eu
me lembre de tuas palavras e faça prevalecer a misericórdia sobre a justiça”.
(Fromer e Schnitzer, Legenden aus dem Talmud, 1922, pág 34s)<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Nesta
época, na Mesopotâmia, os eclipses do Sol e da Lua eram considerados
extremamente perigosos para os reis, e prediziam muitas vezes sua morte. A
astrologia estava já suficientemente avançada e as previsões dos astrólogos
eram bastante precisas sobre os movimentos dos astros. Se Jupiter era visível,
o rei estava a salvo; se um eclipse escurecia a parte superior da Lua, o
soberano de Amurru ou do Oeste morreria; se escurecia um dos quadrantes
inferiores, era o destino do rei Assírio que estava em perigo. No entanto o
monarca podia recorrer a um estratagema para enganar os deuses, colocando no
trono um substituto, para transferir os maus augúrios para esta pessoa, que era
assassinado cem dias após o eclipse e enterrado com honras de rei. Os hititas,
povos invasores de origem ariana, influenciados pelos costumes da Mesopotâmia
tinham ritual semelhante.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Na Babilônia e na Pérsia
ocorria a festa chamada dos sacaea, quando era organizada uma procissão em
triunfo com um condenado investido de rei. Os papeis entre escravos e senhores
eram então invertidos, os últimos servindo os primeiros numa
subversão total da ordem regada a farta bebida e comida. Ao final das
festividades o rei substituto era despojado das ricas vestes, açoitado,
enforcado ou crucificado para o restabelecimento do equilíbrio universal.
A origem do folguedo macabro está relacionada às festas equinociais, de
passagem do ano, realizadas em Março, período que marca o fim da
trajetória solar no firmamento, onde o sacrificado era o próprio simulacro do
soberano e sua figura se assemelhava ao rei momo das atuais festas
carnavalescas na Europa e América do Sul, personagem que reina hoje
soberano durante a folia popular sem o trágico desenlace final. As saturnálias
romanas, que ocorriam em Dezembro, foram influenciadas
diretamente por esses ritos primevos orientais e também tinham
significado semelhante de subversão da ordem estabelecida. Essas festividades
atravessaram os séculos resistindo ao assédio do catolicismo e sobrevivem
até hoje corrompidas do seu significado sagrado. </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Em nossa
cultura só conhecemos os grandes traços da religião gaulesa e germânica sob o
disfarce da mitologia clássica ou através do relato de alguns poucos autores
clássicos gregos ou latinos cujas obras </span></b><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">sobreviveram
aos tempos de obscurantismo da Inquisição. Mesmo no estudo dos deuses latinos,
hoje busca-se despojá-los da roupagem helênica, para descobrir por trás dos
traços gregos a verdadeira face da entidade primitiva indo ariana ou etrusca
que se esconde nesse sincretismo sagrado adotado pelos antigos.</span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">Desta
forma </span><span style="font-size: 18.6667px;">Ifigênia</span><span style="font-size: 14pt;">, imolada pelos gregos em Aulis para propiciar bons ventos às
naus na guerra de </span><span style="font-size: 18.6667px;">Troia</span><span style="font-size: 14pt;"> como tema recorrente do principio feminino muito
cultuado pelos gregos antes da Idade das Trevas, será novamente cultuado em
tradições folclóricas ou culturais em outras regiões da Grécia e até mesmo em
Roma: ora em </span><span style="font-size: 18.6667px;">Táurida</span><span style="font-size: 14pt;"> ora no Peloponeso onde seu culto se confunde com os ritos
selvagens da </span><span style="font-size: 18.6667px;">Ártemis</span><span style="font-size: 14pt;"> espartana e por fim no Lácio, na floresta de Nemi onde ela
é a sacerdotisa de Diana protetora das florestas. Como esta relação entre as
divindades gregas e latinas ocorreu ainda é assunto de controvérsia entre os
estudiosos. Alguns imaginam que os mitos gregos se tornaram preponderantes em
relação aos latinos naturalmente associando </span><span style="font-size: 18.6667px;">Troia</span><span style="font-size: 14pt;"> a sua origem em função da
força e identidade com o mito helênico, outros imaginam uma origem mais
distante quando os primeiros guerreiros arianos desembocaram na península
européia e com seu furor trouxeram suas antigas lendas e cultos que depois
puderam ser sincretizados entre os povos que habitavam o mediterrâneo. É
possível que ambas as hipóteses sejam verdadeiras.</span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Originados na região do Cáucaso, Ásia Oriental, os indo-arianos
empreenderam uma série de invasões; um grupo de tribos espalhou-se por toda a
Índia, Irã, Turquia, Oriente Próximo e Europa. Estas invasões começaram no
segundo milênio a.C. Entre seus descendentes incluem-se os gregos, os romanos,
os teutões. Todos estes grupos nômades de origem indo arianas eram sociedades
compostas de castas de guerreiros e magos com complicados sistemas de crença e
portadores de tecnologias bélicas, na época, inovadoras, que lhes garantiram
uma supremacia inicial na conquista de grandes áreas territoriais do mundo
antigo. Esses pastores se transformaram nas classes dominantes dos povos que
dominaram e mantem até hoje sua supremacia. A antiga palavra védica para<i> </i>guerra,<span class="apple-converted-space"> </span><i>gavisti</i>, significa "desejo
por vacas" e nessa época as vacas dos pastores árias eram abatidas,
usava-se o couro e consumia-se o leite e a carne. Posteriormente sofreram
grande influência dos autóctones, assimilaram as crenças dos dominados
onde realizaram suas conquistas para melhor governar as classes
inferiores mais numerosas de trabalhadores braçais. Mas de onde surgiram
esses povos?</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="297" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQlOFTAnxLfsng0lZL_cZmUAieg-nU5INVYg6Nc0PR5zFLguysB6vY8eBPYPl9Z2y3GWadyH4M-hmggHfrrnFZFquu5IldwoS39UGEIG9r9rEej1iQhxH4xAdRy-TXTS0wNEeYqu1NZEw/s640/cemiterio+tarim.jpg" width="640" /></b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQlOFTAnxLfsng0lZL_cZmUAieg-nU5INVYg6Nc0PR5zFLguysB6vY8eBPYPl9Z2y3GWadyH4M-hmggHfrrnFZFquu5IldwoS39UGEIG9r9rEej1iQhxH4xAdRy-TXTS0wNEeYqu1NZEw/s1600/cemiterio+tarim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"></span></a></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 14.0pt;">Recentemente
foi redescoberto no meio de um deserto aterrorizante no norte do Tibete um
extraordinário cemitério ancestral por uma equipe de arqueólogos chineses. Os
ocupantes morreram quase quatro mil anos atrás, mas seus corpos foram bem
preservados pelo ar seco do deserto. O sítio arqueológico fica em território
hoje pertencente à província de Xinjiang, noroeste da China, mas os restos
encontrados são de pessoas com traços europeus, cabelos castanhos e narizes
longos.<o:p></o:p></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Embora
sepultados em um dos maiores desertos do mundo, os corpos foram enterrados em
barcos posicionados de cabeça para baixo. Em lugar do convencional simbolismo
que consagre esperanças pias na mercê de um deus quanto a eles, o cemitério
exibe uma vigorosa floresta de símbolos fálicos, que era símbolo comum de culto
entre os antigo, arquétipo do potencial de geração universal adorado por todas
as civilizações do planeta.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">O povo há muito desaparecido ainda não tem nome, porque sua
origem e identidade ainda não foram conhecidas. Mas estão surgindo muitas
pistas sobre sua origem, modo de vida e até mesmo sobre o idioma que falavam.
Os sepulcros, conhecidos como Pequeno Cemitério Fluvial Número 5, ficam perto
do leito seco de um rio na bacia de Tarim, região cercada por inóspitas cadeias
de montanhas. A maior parte da bacia é ocupada pelo deserto de Taklimakan, uma
terra tão árida que os viajantes da Estrada da Seda sempre optaram por
contorná-lo ao norte ou ao sul.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><br /></span>
</b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8Z7pBxBpj2aDbqmB13CfozFxaqav4IHlYCFyCoXiSNCHO9y7MGq3-JIoCjnw2F1pID-HeU2rCONLD_1uF2xSWe-uKVC30SAIfttrIYOAvoBjqihekNVfXtVnJvP_1e2cRNvrDamkeJRM/s1600/cemiterio+tarim+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8Z7pBxBpj2aDbqmB13CfozFxaqav4IHlYCFyCoXiSNCHO9y7MGq3-JIoCjnw2F1pID-HeU2rCONLD_1uF2xSWe-uKVC30SAIfttrIYOAvoBjqihekNVfXtVnJvP_1e2cRNvrDamkeJRM/s400/cemiterio+tarim+2.jpg" width="323" /></b></span></a></div>
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 14.0pt;"><br /></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Nos tempos modernos, a região foi ocupada pelos uigures, uma
etnia de fala turca, e nos últimos 50 anos também recebeu migrantes da etnia
chinesa dominante, os han. Grande número de antigas múmias - na verdade
cadáveres ressecados- foram localizadas nas areias, e se tornaram mais um
objeto de disputa entre os uigures e os han, as duas etnias que disputam os
territórios da região.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
</span></b><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">As cerca de 200 múmias encontradas têm aparência distintamente
ocidental, e os uigures, mesmo que só tenham chegado à região no século 10, as
alegam como prova de que a província sempre pertenceu a eles. Algumas das
múmias, entre as quais uma mulher bem preservada conhecida como "a beldade
de Loulan", foram analisadas por Li Jin, conhecido geneticista da
Universidade Fudan que afirmou em 2008 que o ADN continha marcadores que
apontavam para origens no leste ou até mesmo no sul da Ásia.<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 14.0pt;">As múmias
do cemitério são as mais antigas já encontradas na bacia de Tarim. Testes de
carbono conduzidos pela Universidade de Pequim dataram as mais antigas delas de
3.980 anos atrás. Uma equipe de geneticistas chineses analisou o DNA das
múmias.<o:p></o:p></span></b><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><br /></span>
</b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHXcVsOnljVPkKqHYrTJwrTDOK7T5oA6nsBEM5sWd9kbQ9kjlO_FS1nP52c7ThusnWJmWYs5WwRX391XCzEN8bT_GUetZRWpH7OQcFZ9KkrdDMwnLCCjRG98K7hvSTGZr1Q_UM9tE95-s/s1600/mumia+tarim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><img border="0" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHXcVsOnljVPkKqHYrTJwrTDOK7T5oA6nsBEM5sWd9kbQ9kjlO_FS1nP52c7ThusnWJmWYs5WwRX391XCzEN8bT_GUetZRWpH7OQcFZ9KkrdDMwnLCCjRG98K7hvSTGZr1Q_UM9tE95-s/s400/mumia+tarim.jpg" width="400" /></b></span></a></div>
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 14.0pt;"><br /></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><br /></span>
<span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">A despeito
das tensões políticas quanto à origem das múmias, os pesquisadores chineses
afirmaram em relatório publicado pela revista científica BMC Biology que o povo
tinha origens mistas, com marcadores genéticos europeus e siberianos, e que
provavelmente tenha vindo de fora da China.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Todos os
homens que foram analisados portavam um cromossomo Y hoje mais comumente
encontrado no leste da Europa, centro da Ásia e Sibéria, mas raramente na
China. O DNA mitocôndrico, que é transmitido pela linhagem feminina, consistia
de uma linhagem da Sibéria e duas comuns na Europa. Já que tanto o cromossomo Y
quanto as linhagens de DNA mitocôndrico são antigas, assim os pesquisadores
chineses concluíram que as populações europeia e siberiana provavelmente já
haviam começado a se combinar antes de chegar à bacia de Tarim, por volta de
quatro mil anos atrás.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><br /></span>
</b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxH0JWC6uwsWIbl37tS-1OZw_d6r7cFPkEc3U28cU-daAD0svrMIfib_XmLmpx4t6Y6j51VHyOhsGaV3ZDxkAUFyeoFB7mfRa-jsMPPEegvFk3dTy7iwRWWc7sCU0wue64uf0Uc9OmIp0/s1600/mumia+tarim+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxH0JWC6uwsWIbl37tS-1OZw_d6r7cFPkEc3U28cU-daAD0svrMIfib_XmLmpx4t6Y6j51VHyOhsGaV3ZDxkAUFyeoFB7mfRa-jsMPPEegvFk3dTy7iwRWWc7sCU0wue64uf0Uc9OmIp0/s400/mumia+tarim+2.jpg" width="307" /></b></span></a></div>
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 14.0pt;"><br /></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">O
cemitério foi descoberto em 1934 pelo arqueólogo sueco Folke Bergman, mas
passou 66 anos ignorado até que uma expedição chinesa voltou a localizá-lo,
usando o GPS. Os arqueólogos começaram a escavar o sítio entre 2003 e 2005.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Enquanto
os arqueólogos chineses escavavam as cinco camadas de túmulos, encontraram
cerca de 200 estacas, cada qual com quatro metros de altura. Muitas tinham
lâminas lisas, pintadas de vermelho e negro, como os remos de alguma grande
galera que tivesse naufragado por sob as ondas de areia.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">E por sob
as estacas existiam de fato barcos, de cascos revestidos de couro animal e
posicionados de cabeça para baixo. Os corpos que os barcos abrigavam ainda
vestiam as roupas com que foram sepultados - toucas de feltro com penas
enfeitando as abas, muito parecidas com chapéus montanheses do Tirol. As múmias
portavam grandes mantos de lã com borlas, e botas de couro. Vestigios da Idade
do Bronze, suas vestimentas intimas, as roupas de baixo eram tangas sumárias
para os homens e saias feitas de fios soltos para as mulheres.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Dentro de
cada barco usado como caixão haviam oferendas de sepultamento, entre as quais
cestos de palha muito bem trançados, máscaras rituais entalhadas e ramos de
efedra, uma erva que pode ter sido usada em rituais ou como medicamento.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Nos
caixões femininos, os pesquisadores encontraram um ou mais falos de madeira em
tamanho natural, postados sobre ou ao lado dos corpos. Ao observar de novo o
formato das estacas de quatro metros que se estendiam da proa dos barcos
femininos, os arqueólogos chegaram à conclusão de que se tratava de gigantescos
símbolos fálicos.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Os barcos
dos homens todos estavam sob estacas em estilo remo. Mas na verdade não era
essa sua função, concluíram os arqueólogos chineses: as peças no topo das
estacas eram uma representação simbólica de vulvas femininas, o complemento dos
símbolos encontrados nos barcos das mulheres. "O cemitério todo estava
decorado com símbolos sexuais explícitos" A "obsessão com a
procriação" em um terreno inóspito refletia a importância que a comunidade
atribuía à fertilidade dizem os estudiosos.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">A evidente
veneração das pessoas sepultadas no local pela procriação pode indicar que
estavam interessadas tanto nos prazeres quanto na utilidade do sexo, se levar
em conta que os dois são difíceis de separar. Mas parecia haver respeito
especial pela fertilidade, porque muitas mulheres estavam enterradas em caixões
duplos, com oferendas especiais de sepultamento.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">Dada a
vida em um ambiente hostil, a mortalidade infantil deve ter sido muito grande,
e também a necessidade de procriar, especialmente devido à situação isolada em
que viviam. Outro possível risco para a fertilidade poderia ter surgido caso a
população praticasse procriação </span><span style="font-size: 18.6667px;">consanguínea</span><span style="font-size: 14pt;">, pois na Idade do Bronze este
comportamento ainda não tinha sido firmado como interdito. As mulheres capazes
de gerar crianças e garantir sua sobrevivência até a idade adulta devem ter
sido especialmente reverenciadas pois o culto à Grande Mãe sempre foi tema
recorrente entre os povos antigos, principalmente em grupos tribais em declínio
ou com baixa densidade populacional.</span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Diversos
dos itens identificados no cemitério se assemelham a artefatos ou costumes
familiares na Europa. Barcos para sepultamento eram comuns entre os vikings.
Saias de fios e símbolos fálicos também foram localizados em locais de
sepultamento da era do bronze no norte da Europa.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">Não há
assentamentos populacionais conhecidos perto do cemitério, e portanto é
provável que as pessoas vivessem a alguma distância e chegassem ao cemitério de
barco. Não foram encontradas ferramentas para trabalho em madeira no local, o
que sustenta a </span><span style="font-size: 18.6667px;">ideia</span><span style="font-size: 14pt;"> de que as estacas tenham sido entalhadas em outro lugar.</span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">A Bacia de
Tarim já era bastante árida quanto os moradores responsáveis pelo cemitério
chegaram, quatro mil anos atrás. Eles provavelmente viveram lutando arduamente
para sobreviver até que os lagos e rios dos quais dependiam por fim secaram,
por volta do ano 400 d.C.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">Sepultamentos
acompanhados por objetos como chapéus de feltro e cestos de palha eram comuns
na região até dois mil anos atrás.Não se sabe que idioma os moradores da região
falavam, mas acredita-se que possa ter sido o tocariano, ramo </span><span style="font-size: 18.6667px;">linguístico</span><span style="font-size: 14pt;"> da
família dos idiomas indo-arianos. Manuscritos em tocariano foram localizados na
bacia do Tarim, onde o idioma era falado entre os anos 500 e 900 d. C.</span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">A despeito
de sua presença no leste, o tocariano parece mais aparentado aos idiomas
"centum" da Europa que aos idiomas "satem" da Índia e Irã.
A divisão se baseia nas palavra usadas para centena em latim (centum) e
sânscrito (satam).</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Os
moradores da região já estavam presentes dois mil anos antes das primeiras
provas quanto ao uso do tocariano, mas existe uma clara continuidade de
cultura, comprovada</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Os nazistas, no auge de seu poder no séc. XX, investiram grandes
somas para que arqueólogos descobrissem suas origens milenares no seio da Ásia.
Quem sabe o vale do Tarim abriga o arcano desse povo indo-ariano que fugindo
das condições adversas de mudança do seu meio ambiente primitivo, que naturalmente
ou por exploração indevida transformou-se em local inabitável e acabou
obrigando seus residentes em plena Era do Bronze a empreender suas campanhas de
guerra total aos povos vizinhos espalhando suas hordas guerreiras pela Europa e
Ásia? Serão desses povos, que cultuavam: as potencias telúricas, os costumes
antropofágicos e a desinibição para o cometimento de genocídios e conflitos
etnocidas, depois tão comuns na Europa, a herança primordial da guerra total?</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Tácito em sua obra “A Germânia” descreve o hábito dos Teutões,
povo de comprovada origem indo-ariana: <i>“ VII - Elegem os reis pela nobreza e os
capitães pelo valor. Mas o poder dos reis não é absoluto; e os capitães, se são
ousados e ilustres e os primeiros na luta, governam mais pelo exemplo que dão
do seu valor e pela admiração que provocam do que pela autoridade do cargo. A
ninguém é permitido ralhar, prender ou açoitar senão aos sacerdotes, e não como
castigo, ou por ordem do capitão, mas como o mandasse o deus que, segundo eles,
assiste aos que pelejam. E por este motivo levam para os combates certas
imagens e insígnias que tiram dos bosques sagrados. No entanto o que
principalmente os incita a ser valentes e esforçados é não constituírem os
batalhões e companhias de pessoas ao acaso, mas da família e parentela, e terem
perto aqueles que lhe são mais queridos, para que possam ouvir o alarido das
mulheres e os gritos dos filhos. Estas são as suas mais santas testemunhas, os
seus melhores panegiristas. Mostram as feridas às mães e às mulheres que não
tem pavor de as contar nem de chupá-las. “Antes, durante a batalha, elas levam
exortações e mantimentos aos que pelejam”.</i></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
</span><i><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">“VIII – Conta a tradição que, por vezes, as mulheres conseguiram
restaurar batalhas quase perdidas, fazendo voltar os exércitos já em fuga, aos
quais, expondo-se ao perigo, fizeram ver a escravidão eminente, a qual muito
mais temem por amor às esposas. Desta forma se pode ter muito mais confiança
nas cidades que por reféns dão algumas donzelas nobres. Supõem que existe nas
mulheres alguma coisa de santo e providente, e por isso não deixam de as
consultar nem de ouvir seus conselhos. Vimos como, no tempo do Divo Vespasiano,
Veleda foi por muitos considerada como divindade. E já em épocas anteriores
prestaram culto a Aurinia e a muitas outras, não por mera adulação ou porque
lhes quisessem prestar honras de deusas, mas porque as tinham como tais”.</span></i><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
</span><i><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">“IX – Adoram Mercúrio sobre todos os deuses, e em certos dias
tem por santo sacrificar-lhe algumas vítimas humanas, para aplacá-lo. À Hércules
e à Marte fazem com o mesmo fim sacrifícios de animais. (...) Entendem que não
é próprio da majestade dos deuses tê-los encerrados entre paredes ou
representá-los em figuras humanas. Consagram-lhes muitas selvas e bosques, e
dos nomes dos deuses apelidam os lugares mais secretos que somente olham com
veneração”.</span></i><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
<!--[endif]--></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Os teutões
e celtas praticavam com freqüência sacrifícios humanos dedicados aos seus
deuses florestais para garantir o sucesso de seus empreendimentos e das suas
colheitas. Sua origem asiática marca seus costumes e deidades que possuíam
origem ancestral comum, mas denominações diferentes alteradas pelo tempo entre
as sucessivas migrações.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-family: inherit;"><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Conforme os comentários de Julio
Cesar em sua obra sobre as guerras na gália, observou no druidismo celta a
semelhança comum de suas crenças com as de gregos e romanos e traçou um
sincretismo, nem sempre correto, entre seus deuses e os dos gauleses. Seus deuses
podiam ser identificados com Mercúrio (Lugus), Apolo (Grannos), Marte (Camulos)
e Minerva (Dea Brigantia). Nas grandes festas que realizavam os celtas
ofereciam sacrifícios humanos, para o qual construíam enormes ídolos de vime
onde encerravam as vítimas e depois ateavam fogo.</span></span><span class="apple-converted-space"><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> </span></span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">As vítimas
eram imoladas em honra de Taranis, seu deus do trovão. Para honrar Tutatis, o
deus da guerra também associado como "deus da cidade", um ser humano
era então afogado em um barril de água. </span><span style="color: #134f5c;"><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Noutras ocasiões as vítimas eram estripadas ou apunhaladas pelas
costas para que os druidas pudessem predizer o futuro pelo estado das entranhas
fumegantes ou pela posição dos membros quando deixassem de estrebuchar. </span></span><span style="color: #134f5c;"><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Na Notre Dame em Paris foi
descoberto em seu altar uma pedra gravada com um touro e três garças imagem
associada a Tarvos Trigaranus e a imagem de Esus, um deus lenhador protetor das
vinhas, associado pelos romanos a Vulcano e a Júpiter. Dizem que era nesse
local que os gauleses praticavam seus cultos e posteriormente os romanos
construíram um templo dedicado a </span></span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Júpiter</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">, antes de ser construída a famosa
catedral. Mencionado por Lucano (60d.C.) como um deus tribal exigia por seu
culto </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">sacrifícios sangrentos.
Seu nome, Esus, está associado ao deus latino Herus que significa "dono"
ou "senhor" e aos deuses indo-arianos denominados Asuras.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Após a vitória de uma batalha dispunham
os sobreviventes conforme seus costumes. Os prisioneiros mais moços e mais
belos eram imolados ao seu deus. Os outros eram atados em árvores e serviam de
alvos para as lanças e machadas. Conta-se que comiam a carne e bebiam o sangue
das crianças mais gordas aprisionadas do inimigo, e as mulheres eram violadas
mesmo quando estavam já agonizantes pelos vencedores. </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Os sacrifícios humanos podiam
ter três motivações. O dom humano era oferecido em troca do dom divino. Neste
caso, a vítima, sempre voluntária era honrada com o mesmo título que o
guerreiro que perde a vida para defender a Pátria, isto é, consagrado como
herói. Se o sacrifício atingia criminosos ou prisioneiros de guerra,
o pensamento era outro. As vítimas concentravam sobre sí além da mancha do
crime ou da derrota em batalha, todas as faltas da tribo que os fez
prisioneiros, da mesma forma como os judeus utilizavam o bode expiatório para
purificar seus pecados. Ou se sacrificava uma vida pela outra como nos conta
Julio Cesar.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Em um manuscrito cristão, o
Dindschenchas consta que sacrifícios humanos eram realizados ao pé
do ídolo de ouro de Cromm Cruaich adorado na Irlanda, que tinha ao
seu redor 12 ídolos de pedra:<span class="apple-converted-space"> </span><i>"É
a ele que eram oferecidos os primogênitos de cada ninhada e os rebentos de cada
clã". </i><span class="apple-converted-space"> </span>
</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">Uma
proibição singular entre os gauleses, que pertence com certeza aos seus </span><span style="font-size: 18.6667px;">tabus</span><span style="font-size: 14pt;"> de alternância de poder e majestade, proibia ao filho aproximar-se armado de
seu pai; pois resultava que eram criados por </span><span style="font-size: 18.6667px;">famílias</span><span style="font-size: 14pt;"> estranhas ou pelos </span></span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">druidas</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">, costume
ancestral que ainda perdurou muito tempo na Irlanda, e que sobreviveu em sua
essência na prática européia do internato.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Como
faziam os construtores em toda a Ásia, por crença costumavam enterrar uma
vítima nos alicerces de uma muralha para garantir sua fortaleza, costume que
perdurou até mesmo depois da catequese cristão e é mencionada como prática
devocional de santos que se ofereciam </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">espontaneamente</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> para
serem enterrados, e assim tornar sacro o solo onde se pretendia construir
o monatério. A alma do voluntário, segundo o relato, seguia diretamente
para habitar o </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">paraíso</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Os celtas
na época de Roma seguiam para a batalha cantando seus cânticos de guerra
completamente nus, precipitando-se contra as legiões romanas para terror dos
inimigos. A existência do<span class="apple-converted-space"> </span><i>"culto
da cabeça cortada"<span class="apple-converted-space"> </span></i>ao
longo de toda a Idade do Ferro, torna clara a raiz antropofágica de suas
crenças trazidas dos confins da Ásia pelos seus antepassados e mantida na sua
cultura e formação na Europa. Os guerreiros punham as cabeças dos seus inimigos
recém decepadas atadas aos carros ao fim da batalha e levavam seus troféus para
suas habitações onde as penduravam nas traves como demonstração de sua fúria e
poder. No sul da França era comum encontrar em nichos esculpidos nos </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">monólitos</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">, </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">crânios</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> humanos.
Cabeças humanas adornavam a entrada de suas vilas e aldeias e os portões dos
fortes nas colinas. </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">Quase dois
séculos antes de Cristo </span><span style="font-size: 18.6667px;">Possidônio</span><span style="font-size: 14pt;">, um viajante grego, não sem espanto relatou
que os gauleses guardavam a cabeça de seus inimigos célebres num cofre depois
de a ter feito macerar em óleo de cedro, a fim de exibi-la com orgulho aos seus
visitantes embevecidos. Outros as fixavam, como ornamentos sagrados nas paredes
de suas casas. Posteriormente esse costume foi confirmado nas escavações
arqueológicas realizadas no interior da Irlanda do pórtico de um templo celta
onde estavam cavados nichos contendo </span></span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">crânios pregados na pedra com uma óbvia intenção
cerimonial. Descobertas análogas nas redondezas em imagens de cabeças
representadas em baixo relevo com impressionante realismo. Os ossários bretões
onde se superpunham as caixinhas onde se guardavam os crânios das pessoas que
se pretendia perpetuar parecem uma evolução desse costume. Em ambas as
tradições podemos perceber os resquícios do endocanibalismo e do exocanibalismo
nas crenças do "culto a cabeça" de parentes e inimigos. Essas
manifestações culturais permaneceram vivas até o distante séc. XII, mesmo após
a introdução do cristianismo entre os povos que ocuparam a Europa. </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">
</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">O rei
irlandês Aed, vitorioso sobre os daneses em 864, como seus antepassados fizeram
nas estepes </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">longínquas</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> da
Ásia, amontou as cabeças cortadas dos vencidos numa piramide. Quatro séculos
depois, Dermod, rei do Leinster, tendo sido despojado do trono por felonia,
chamou os normandos para se vingar e os ajudou a vencer seus compatriotas.
Depois seus homens cortaram 200 cabeças, que depuseram aos seus pés. Então ele
entoou um canto de triunfo.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Na pérsia
estabeleceram estas tribos de origem asiática seus costumes trazidos das
estepes e criaram seu império baseado nestes valores nômades, estabelecendo uma
das primeiras crenças monoteístas baseadas na eterna luta entre o bem e o mal,
da qual seu povo e seus mandatários tinham parte importante na disputa cósmica,
e deviam promover a vitória do bem através de suas guerras de conquista que
viria impor sua autoridade em boa parte do mundo antigo. Sacerdotes e
guerreiros ocupavam as castas superiores e ditavam como deveria ser regulada a
sociedade de então. Seu monarca acumulava a função de guerreiro e sumo
sacerdote impondo seu poder adquirido por inspiração da deidade. Ao fim da
história humana, no final dos tempos, seus reis imaginavam estar destinados a
lutar lado a lado com o Salvador Celestial Aúra-Masda e compartilhar com a
deidade do triunfo do bem sobre o mal.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">A partir
do séc. XII a.C. novos povos do Oriente de origem </span><span style="font-size: 18.6667px;">indo-ariana</span><span style="font-size: 14pt;"> se abateram sobre a Europa vindos da Ásia numa grande migração e foram
expulsando os celtas e outros povos autóctones que habitavam a Europa da época. Com o
nome de Dórios, invadiram e destruíram muitas cidades estado miceanas na Grécia
levando toda a região a um período de trevas que se arrastou por
aproximadamente 300 anos e finalmente aos poucos se aliaram aos nativos para
fundar a cultura da Grécia Clássica. Conquistaram em seus primórdios a
península itálica e fundaram Roma. Influenciaram como dominadores a cultura e
religião dos povos autóctones relegando à segundo plano o culto à Grande Mãe e
introduzindo seus deuses masculinos que passaram a ocupar um lugar predominante
e machista no panteão e nos cultos dos povos dominados. As mulheres que até
então detinham razoável liberdade em sociedades onde a descendência era
matrilinear tiveram seus direitos reduzidos e eliminados nas sociedades
patrilineares comuns entre os indo arianos. Suas levas incessantes de
emigrações originadas na Ásia até o séc. VI d.C. foram determinantes na
derrocada posterior do Império Romano do Ocidente, estabelecendo suas
comunidades nas regiões que deram origem as modernas nações européias. Os
vikings, terríveis guerreiros de origem teutônica desceram o Volga e criaram na
atual Rússia seu reino, enquanto os anglos saxões expulsavam os celtas
romanizados das ilhas britânicas para a Cornualha e Gales. Mais tarde seus
descendentes, normandos, franceses, holandeses e alemães iriam definir através
de suas políticas coloniais a situação geopolítica do planeta com sua ideologia
dicotômica, seus exércitos e suas guerras de dominação, impondo de uma vez a
cultura dominante do planeta.</span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Entre as
divindades femininas representadas pelos Teutões que estavam vinculadas diretamente
a guerra eram as Valquírias as principais, pois era delas a incumbência de
levar para o Valhala os guerreiros nobres mortos em batalha e acolhe-los com
hidromel o que lhes dava a imortalidade e eram elas que decidiam a sorte dos
combates segundo as vontades de Odin. Eram representadas como mulheres nobres
montadas em corcéis e armadas com lanças. Nas tradições mais antigas são
gigantas temíveis que aparecem em sonhos como presságio de morte iminente,
derramam sangue sobre a terra e devoram homens na batalha, podem cavalgar lobos
e ter a companhia de aves de rapina. Aparecem com freqüência rodeadas de
corvos, animais que se alimentam de cadáveres nos campo de batalha da europa.
Apresentam também o aspecto de protetoras dos lares, protegem os jovens
príncipes, lhes dão nome e espada, são suas esposas sobrenaturais, lhes ensinam
as tradições bélicas, lhes protegem na guerra e os recebem no tumulo quando
morrem. Seus nomes significam batalha, a única maneira de o homem ascender ao
paraíso é através do combate, só perdendo a vida com a espada na mão poderá
usufruir dos cuidados destas guerreiras no Valhala.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Como as
moiras na mitologia Greco-romana, as Nornas decidem a sorte dos seres humanos e
dos deuses. Visitavam as cortes dos reis para traçar o destino dos príncipes
recém nascidos, sendo associadas ao fluxo do destino, ao rio que corre abaixo
da Árvore do Mundo, fonte do conhecimento secreto. Em alguns casos são as
Nornas mencionadas como três e outros são um grupo maior de divindades. Esta
árvore cosmogonica chamada Yggdrasdill possui três raízes. Uma estende-se em
direção à nascente mais alta, denominada Urdur, onde os Ases reúnem-se em
conselho e onde as Nornas, enquanto fixam a duração da vida dos homens, vertem
água que vem da nascente sobre a Árvore, a fim de lhe garantir seiva e verdor
sem fim. A segunda raiz estende-se na direção da terra dos gigantes do Frost;
sob ela nasce a fonte de Mimir, o primeiro homem e rei dos mortos; nessa fonte
residem todo o conhecimento e toda a sabedoria. O próprio Odin para poder beber
de suas águas, deveu deixar como penhor um de seus olhos. Quanto à terceira
raiz, ela desce até o Nifleim, o Hades escandinavo, onde é constantemente ruída
por um dragão. No mais alto ramo do tronco empoleira-se uma águia, enquanto
outros animais habitam os ramos mais baixos. Finalmente, Odin segundo a
mitologia nórdica passou nove noites sob sua sombra antes de descobrir as
runas, ato que faz lembrar a grande meditação do Bhuda sob a figueira sagrada.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Outro
culto de divindades femininas difundido era propiciado para as Dises, depois
convertido como culto às Valquírias e Nornas, que exigiam sacrifícios humanos
em Upsala. Acredita-se que este culto ocorria no outono, no começo do ano novo,
coincidindo com a festividade aos grandes deuses tradicionais das várias
tribos.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Seu herói principal é Sigurd,
personagem principal do conto popular de cavalaria cantado pelos menestréis na
Islandia, Escandinávia e Germania, que derrota a serpente Fafnir
usando esperto ardil, com sua espada encantada Gram, numa versão tardia
cristianizada do próprio Odin. O monstro Fafnir, um ser encantado,
antigo príncipe transformado em serpente pelo uso do anel do poder e da
maldade, ainda moribundo lembra o herói que o ouro que lhe pertence
é maldito e sina de morte violenta para quem o possue. Seu irmão, o
covarde e traidor Regin, rei que desde o início havia
incitado Sigurd a cumprir sua promessa de destruir o monstro e saquear sua
fortuna, ao perceber sua morte sai do esconderijo retira-lhe para fora o
coração e bebe-lhe o sangue. Pede uma graça ao herói, que ele prepare uma
fogueira para assar o coração do próprio irmão, pois tinha a intenção de
comê-lo. Sigurd assim o fez e ao espumar a carne no espeto ele passou
o dedo e levou à boca para verificar se já estava pronta. Imediatamente ao
beber do sangue, fonte da eterna sabedoria, percebeu que ele próprio
deveria comer o coração da fera. Pica-paus que piavam num arbusto ao lado
tornaram-se inteligíveis pelo herói que ao absorver a essência do
monstro atingiu um novo nível de conhecimento. Dizia um:- Lá está deitado
Regin e quer trair esse que lhe tem confiança (como atraiçou o irmão Fafnir)
Então outro falou: - Sigurd deve decepar-lhe a cabeça, e assim, será
sózinho senhor de todo aquele ouro. E ainda outro recitou: </span></strong><strong><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Ele deve cavalgar até a caverna de
Fafnir para apanhar todo o ouro que ali está. E outro ainda lembrou:
-Sigurd não será tão sagaz como imagino se deseja poupá-lo depois de ter matado
o irmão dele. Então outro falou: - Ele tomaria a melhor decisão matando-o e
possuindo sózinho o tesouro. Concordando Sigurd falou: - Não vou ter a desdita
de ser morto por Regin, mas, antes os dois irmãos terão o mesmo destino. E
assim empunha a espada Gram e corta fora a cabeça de Regin. E, depois, comendo
um pedaço do coração da serpente e guardando o resto sai sem
demora em busca do seu espólio de batalha escondido na cave do
monstro.</span></strong></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">De forma
análoga, nas lutas infindáveis de sucessão entre parentes próximos, o mito
do parricídio é recorrente aos povos indo-arianos, e muitos registros
ficaram gravados em suas lendas cosmogônicas. Segundo a mitologia dos
Gregos, por exemplo, Cronos cortou fora o pênis do próprio pai, Uranus,
enquanto ele dormia com sua mulher, Gaia a Terra, que sozinha o havia gerado, e
lançou-o para o céu. Sua mãe secretamente resolve libertar os filhos ( Ela é a
Natureza e, como tal, não pode impedir os fenômenos da natureza de seguirem seu
curso ). Cronos, o tempo, indomável filho de Gaia e Uranus, revoltado contra o
pai, por esse fecundar incessantemente a mãe e pela devastação constante
promovida pelos filhos deste no planeta comete esta imolação. Sua arma é uma
foice, que a própria terra havia afiado para cometer o ato. A foice simboliza a
morte, mas é seu reino que finda dando lugar a nova era de Cronos e ao
inexorável caminho da evolução. A foice é também símbolo de renascimento, como
instrumento da colheita, uma nova esperança que renasce. Ao cair na Terra o
sangue de Uranus ainda mais uma vez a fecunda. Seu pênis caiu no mar ao largo
de Chipre, segundo o mito, onde a espuma que levantou deu nascimento a
Afrodite.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><br /></span>
</b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJRbDAKy5N0yDTDtdPsfzCksnDNsSQvIvkvKdaOmSm716IDl3zVkZ4WdJ036HaXYJWrf6J5v_sjWoDwGfOTsA1LUn5xsp0XNv2A7p5HUJcnqGhffiIPFdVcgYBnyXEZJD4QaaJg-UkWJc/s1600/DSC02622.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJRbDAKy5N0yDTDtdPsfzCksnDNsSQvIvkvKdaOmSm716IDl3zVkZ4WdJ036HaXYJWrf6J5v_sjWoDwGfOTsA1LUn5xsp0XNv2A7p5HUJcnqGhffiIPFdVcgYBnyXEZJD4QaaJg-UkWJc/s400/DSC02622.JPG" width="400" /></b></span></a></div>
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 14.0pt;"><br /></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Cronos,
deus primordial, a fome devoradora da vida, devorou todos os filhos de Rhea
(Cibele), sua mulher e irmã, que ambos haviam concebido. Por fim quando
nasceu o sexto filho, Zeus, Rhea enganou-o dando-lhe uma pedra para engolir em
lugar da criança. Zeus então deu a Cronos um emético, fazendo-o vomitar pedra e
filhos, que ainda estavam vivos, e, com a ajuda dos Titãs lhe fez guerra.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">A queda de
Cronos possui mais de um sentido. Seu reinado se assemelha a fase
pré-consciente da humanidade e representa o desejo insaciável de evolução.
Nesse período que simboliza o surgimento da estrutura social, a vida não
compreende ainda a si mesma e se assemelha a um caldeirão confuso de elementos
diferentes da existência como a conhecemos. Zeus então nesse mitema ordena
o universo definitivamente. Ele é o principio divino da espiritualidade, a nova
ordem que surge. Destronando o próprio pai, Zeus estabelecerá na Terra a base
das relações entre todos os seus elementos. Nem monstros, nem gigantes, nem
cegos como os primeiros filhos de Gaia, os deuses Olímpicos representam
miticamente, o surgimento do Homo Sapiens e seu domínio sobre o planeta, na
evolução das espécies. Isto é: um ser senciente, falante, bípede e criador
feito a semelhança de suas divindades antropomorfas.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">O triunfo de Zeus representa para os filósofos clássicos a
vitória da Ordem e da Razão sobre os instintos e as emoções desenfreadas e na
verdade é o marco do pátrio poder. É ele quem “abre aos homens os caminhos da
razão” e ensina-lhes que o verdadeiro conhecimento só é obtido a partir da dor.
É o supremo magistrado de onde emana toda a justiça universal premiando os
esforços honestos e punindo as impiedades. Sua imagem é uma projeção de povos
que sofreram com os desmandos e as guerras de uma longa era de trevas que durou
aproximadamente três séculos, quando ficaram a mercê de inimigos estrangeiros e
mergulhados na guerra civil sofrendo fome e escravidão. No período posterior
sua imagem adquiriu contornos próprios de restabelecimento dos valores da
civilização dominante que foram novamente retomados após os anos de
sobrevivência destas comunidades em condições precárias e subumanas. São os
mitemas reflexos exatos deste período, o que restou de antigos relatos
transmitidos oralmente pelos mais velhos em volta de fogueiras onde uma antiga
civilização, chamada micenica, quase havia retornado à pré-história. Era o que
restou de sua cultura após até mesmo o esquecimento de sua escrita nativa.
Homero e Hesíodo, trezentos anos após a Idade das Trevas já no renascimento da
hélade buscaram registrar os cantos que os pastores recitavam para seus pares
nas noites incertas onde se reuniam para afugentar o medo que a existência
fugaz lhes impunha.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">A pedra
que havia sido engolida por Cronos caiu em Delfos e foi então cuidada pelos
homens, coberta de lã, passou a ser usada para influir nos fenômenos da
natureza e propiciar chuvas tão necessárias para as colheitas. Sua origem
natural deve ser um meteorito e foi confundida com um raio pelos antigos, pois
sua queda em um céu limpo deve ter gerado um estrondo assustador. Assim Delfos
foi considerado pelos antigos povos mediterrâneos o centro do mundo, a pedra
com formato fálico denominada Omphalos demarcava o umbigo do mundo, Era em seus
primórdios templo dedicado a Gaia, e o culto da serpente píton que ocupou por
bom tempo o santuário antes de ele ser dedicado ao viril Apolo que expulsou a
serpente, deus trazido pelo invasor.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Os reis
estrangeiros, invasores, trouxeram seus costumes bárbaros, e impuseram seus
deuses masculinos, criando sociedades “civilizadas” onde o convívio entre os
homens afeitos às constantes guerras suplantava o convívio heterossexual, já
que a mulher ficava sujeita a vida de geratriz e ou concubina do guerreiro em
eterna campanha militar. A sucessão patrilinear implantada pelos invasores
indo-arianos levava a uma constante pressão familiar entre o monarca e seus
sucessores ávidos pelo poder. O rei quando perdia seu poder era então
sacrificado quando percebiam nele acessos de impotência, ou quando as
intempéries punham em dúvida seus poderes mágicos para garantir o sucesso das
colheitas. Por isso matavam-no. </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Este é o
sacrifício que o rei Minos se recusou a fazer quando reteve o touro recebido de
Poseidon e recusou seu </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">sacrifício</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">. Na Grécia a duração do reinado
dependia de uma avaliação que ocorria de oito em oito anos. Sem ocorrer em uma
avaliação precipitada, afirma Campbell em sua obra: "O Herói de Mil
Faces", que o tributo de sete moças e sete rapazes, que os atenienses eram
obrigados a enviar à Creta a cada oito anos tinha alguma relação com a
manutenção do poder real por outro ciclo semelhante. O sacrifício do touro que
devia ser consagrado ao deus, mas foi poupado pelo rei implicava a igual
imolação do soberano segundo o padrão herdado. Mas ele ofereceu como
substitutos da oferenda os jovens e as virgens atenienses. Querem os estudiosos
que nesses rituais onde o minotauro era representado como um homem robusto com
cabeça de touro, suas vítimas eram devoradas em uma cerimonia antropofágica
entre a corte e seus sacerdotes. Essas práticas de substituição parecem ter-se
generalizado aos poucos em todo o mundo antigo, perto do final do grande
periodo dos primeiros estados hieráticos, no decorrer do terceiro e segundo
milênio antes de Cristo.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Na casa de
Atamas como já vimos o filho mais velho de cada geração da linhagem não podia
entrar no salão de banquetes sob pena de ser sacrificado, embora todos eles sem
exceção assim o tenham feito. Isto leva a crer que o mistério do culto ao Urso
esteja relacionado a Cronos e ligado com o rito da sucessão real. Pois conta-se
que Cronos foi o único deus que viveu desveladamente entre os homens. Isso
talvez signifique que ele era um daqueles reis “sagrados” que executam seu
predecessor, adquirem seu título casando com a rainha viúva e morrem
violentamente ao fim do reinado.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Da Idade
das Trevas grega ecoam os mitos de devoramento. Em particular um fala do
personagem Licaón que serviu em uma bandeja à Zeus seu próprio neto, Arkas,
filho do deus com Calisto, princesa da Arcádia e foi punido pela ousadia com a
metamorfose em lobo, de onde provem seu nome. Nesta época inocentes animais
eram sacrificados nos redis, por puro divertimento do rei e de seus cinqüenta
descendentes que cometiam todos os tipos de barbaridades no reino. Sem
cometerem falta alguma, camponeses e escravos eram espancados até a morte. Para
coroar suas tenebrosas atividades o rei e seus príncipes serviam macabros
banquetes onde crianças despedaçadas eram servidas. Na versão de Ovidio em
“Metamorfoses”, fala Júpiter sobre a iniqüidade dos homens antes do dilúvio e
menciona Licaón como exemplo do mal: “Cheguei às terras e à morada nada
hospitaleira do tirano da Arcádia, quando à tarde, o crepúsculo traz a noite.
Anunciei aos suplicantes por sinais misteriosos que chegara um deus, e o vulgo
começou a orar. Licáon a principio riu desta respeitosa devoção, e disse após:
“Verificarei se este suposto deus não é um mortal e de maneira bem clara. “A
verdade tornar-se-á patente”. Preparava-se para matar-me desprevenido, quando o
sono me dominasse: assim quer experimentar a verdade. Não se contentou com
isso; os molossos, povo que lhe devia sujeição haviam lhe mandado reféns; passa
um deles a fio de espada, depois divide seus membros ainda palpitantes, amolece
uma parte em água fervendo e leva a outra ao fogo para assá-la. No mesmo
momento que esses despojos são servidos, lanço uma chama ultriz contra o dono
da casa e aos penates dignos dele, e faço desmoronar sua morada. Ele próprio
foge, aterrorizado, e ulula refugiado no silencio dos campos; em vão se esforça
para recuperar a fala; dele próprio a raiva acorre à sua boca, e seu gosto
habitual pelo morticínio se volta com os animais, e também agora se deleita com
o sangue. “As vestes se transformam em pelos, em patas os braços; faz-se lobo,
mas guarda vestígios da antiga forma; a mesma cor grisalha, a mesma fúria na
cara, o mesmo brilho nos olhos, a mesma imagem da ferocidade”. Assim foram
punidos o rei e seus descendentes. Esta com certeza é uma das histórias mais
antigas sobre o Lobisomem, homem que por herança ou feitiçaria era transformado
em lobo a cada sexta-feira de lua cheia, que aterrorizava a imaginação dos aldeões
na Idade Média e continua imagem viva na cinematografia contemporânea. Não
podemos esquecer o tom moral da narrativa sobre a questão antropofágica como
tabu proibido pelo Deus, uma das razões para o Dilúvio com que o deus pretendeu
castigar a humanidade, e causa da metamorfose que transforma o humano em seu
arquétipo mais bestial.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Arcas
sobreviveu ao episódio, seus pedaços foram reunidos novamente pelo deus e foi
lhe devolvida a vida. Segundo se conta foi ele quem ensinou os povos do
Peloponeso a fiar a lã, cultivar o trigo e assar o pão, sendo um rei
divinizado. Muito tempo mais tarde já adulto caçava na floresta quando veio a
encontrar a mãe, a ninfa Calisto que tinha sido violada por Zeus, e foi
transformada em ursa pelo ciúme de Hera a esposa divina. Pensando tratar-se de
uma boa presa ele a perseguiu até o santuário de Zeus no monte Licaón. Era lei
que aquele que penetrasse no recinto sagrado fosse morto e que a ninguém era
lícito lançar uma sombra dentro dele. Em conformidade com o acontecido Zeus
compadecido pela tragédia enviou Calisto e Arcas para os céus como as
constelações da Ursa Maior e a estrela Arcturus.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Estes reis
sagrados e suas </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">dinastias</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">,
transformados em mitos do passado nas sagas heróicas, eram na maioria das vezes
lembranças mantidas pela tradição oral sobre os guerreiros invasores que haviam
se transformado na elite dominante e mantinham seu poder temporal sobre os
vencidos. Seu poder em princípio devia ser dividido entre dois mandatários de
mesma estirpe nobre, metade do ano governava um e na outra metade governava o
rival, e este período foi sendo ampliado para um ano inteiro e por fim o rei
mandava sacrificar os próprios filhos a fim de prolongar seu mandato para
quatro e até oito anos, já que a descendência era matrilinear e a progenitora
pertencente a outro clã diferente do rei. Este costume é uma das explicações
dos mitos de Licaón e Cronos, que engoliam os próprios filhos para manterem sua
condição de macho alfa dominador e evitarem ou postergarem o próprio
sacrifício. Assim também fez Tântalo ao servir o próprio filho, Pelops, aos
deuses e foi castigado com o eterno suplício da fome e sede eterna nas
profundezas do Tártaro. Ou no mito de Tideu que arrebatado no combate do campo
de batalha e mortalmente ferido perdeu sua condição de herói e sua imortalidade
alcançada pelas armas ao ser flagrado por Atenas comendo o cérebro de seu
inimigo Melanipo cuja cabeça foi decepada por Anfiarau, o adivinho, que teve a
repulsa da deusa como afirmação do tabu contra o canibalismo e o respectivo
castigo. A própria deusa em seu nascimento segundo narra Hesíodo foi gerada de
uma relação teofágica: Zeus engoliu Métis, a deusa da inteligência, quando esta
se encontrava grávida, e Atenas veio ao mundo do </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">crânio</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> de
seu pai, destacando o caráter arcaico, "selvagem", do tema do
devoramento.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Despedaçado
pelo pai, Pelops foi servido como iguaria aos deuses, pois Tântalo queria
experimentar os poderes dos deuses. Todos eles logo perceberam o que lhes era
servido, menos Demeter que, desesperada com o rapto da filha, distraída comeu
uma espádua do menino. Os deuses, segundo o mito, reconstituíram o menino e
fizeram-no voltar à vida, e na espádua devorada, colocaram uma de marfim. De
seu nome originou-se o nome da região grega chamada Peloponeso.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Atreo e
Tiestes, filhos de Pelops e netos de Tântalo, disputaram o trono de Argos.
Quando Atreo impediu que seu irmão assumisse o trono. Tiestes seduziu Aérope,
esposa do irmão reinante. Por vingança, ao tomar conhecimento da traição, Atreo
convidou Tiestes para um banquete onde serviu os filhos do irmão. Os
descendentes de Atreo foram Agamenon e Menelau, os Atridas responsáveis diretos
na guerra contra Tróia. Suas esposas, Helena e Climenestra foram conhecidas
como adúlteras famosas. Egisto, um dos filhos de Tiestes que sobreviveu à
chacina, enquanto o Atrida lutava em Tróia seduziu e foi cúmplice de
Cliemenestra na morte de seu primo Agamenon, quando este retornou vitorioso de
Tróia. A vingança e a antropofagia era o moto dos relacionamentos entre os
soberanos em constante conflito de relações. Comportamento similar ao de outros
povos guerreiros conhecidos no mundo todo.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">A Ilíada obra com raízes nos primórdios
da Idade das Trevas atribuída a Homero conta que, durante a guerra de </span><span style="font-size: 18.6667px;">Troia</span><span style="font-size: 14pt;">,
Aquiles enfurecido sacrificou 12 troianos sobre a pira funerária de seu querido
parente e companheiro de armas, Pátroclo, e Aristómenes ofereceu 300 vítimas à
Zeus.</span><br />
<br /><span style="font-size: 14pt;">
Conta o mito sobre o nascimento de Dioniso Zagreu que quando a grande deusa
Démeter chegou à Sicília vinda de Creta, com sua filha Perséfone, que ela tinha
concebido de Zeus de forma ilícita, descobriu uma caverna perto da fonte de
Kyane, onde escondeu a jovem, colocando para protegê-la as duas serpentes que
eram normalmente atreladas à carruagem da donzela. De seu esconderijo Perséfone
começou a trançar um grande manto de lã que deveria ter estampado um belo
desenho do Universo, enquanto sua mãe Deméter tramava que o pai dela, Zeus,
descobrisse sua presença. O deus aproximou-se de sua filha na forma de uma
serpente e do intercurso entre os dois ela concebeu um filho dele, Dioniso, que
foi parido e alimentado na caverna. Os brinquedos do menino eram uma bola, um
pião, dados, algumas maçãs de ouro, um pouco de lã e um zunidor. Mas também
foi-lhe dado um espelho e. enquanto se admirava encantado, pelas suas costas,
aproximaram-se furtivamente dois titãs enviados pela deusa Hera, a eterna
esposa ciumenta de Zeus, que vieram para matá-lo. Eles estavam pintados com
argila branca ou greda como faziam os antigos nos rituais. Aproveitando a
distração do menino, partiram-no em sete pedaços, ferveram as porções em um
caldeirão apoiado sobre um tripé e as assaram em sete espetos. Quando haviam
acabado de imolar o seu divino sacrifício, menos o coração que fora resgatado
antes pela deusa Atena, tudo havia sido devorado. Zeus, atraído pelo odor de
carne assada, entrou na caverna e, ao perceber o acontecido, fulminou com um
raio os dois monstros canibais. A deusa Atena, compadecida, entregou o coração
do menino ao pai, que segundo uma versão do milagre, engoliu o orgão vital, e
deu a luz ao próprio filho assim renascido. Os titãs eram seres divinos de uma
geração anterior aos deuses Olímpicos. Eles eram filhos do Céu e da Terra, e de
dois deles, Cronos e Réia surgiram os deuses. Eles são uma reminiscência dos
deuses e mitos de uma religião anterior ao do panteão Olímpico e os episódios
nos quais aparecem têm com </span><span style="font-size: 18.6667px;">frequência</span><span style="font-size: 14pt;"> características primitivas dos antigos
rituais antropofágicos similares aos encontrados nas Américas e na Austrália e
remontam ao passado pré-histórico de migrações desses povos.</span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 14.0pt;">Sobre esse mitema Jung comenta em sua
obra "Psicologia e Alquimia":<span class="apple-converted-space"> </span><i>"Foi
preciso que um Nietzsche viesse desnudar em toda a sua fragilidade a concepção
ginasiana que o homem europeu nutria em relação à Antiguidade! Sabe-se o quanto
Dioniso significou para ele! Devemos levar a sério o que o filósofo alemão disse
a respeito do deus - e mais ainda: tudo o que lhe aconteceu. Sem dúvida alguma,
no estágio preliminar de sua doença fatal, já previra que a lúgubre sorte de
Zagreu lhe estava destinada. Dioniso significa o abismo da diluição passional,
onde toda a singularidade humana se dissolve na divindade da alma animalesca
primordial. Trata-se de uma experiência ao mesmo tempo abençoada e terrível. A
humanidade, protegida pela cultura, acredita ter escapado dessa experiência,
até o momento que se desencadeia uma nova orgia de sangue, provocando o espanto
dos 'bem pensantes' que não tardam a acusar o capitalismo, o armamentismo, os
judeus e os maçons (texto escrito na primavera de 1935)</i></span></b><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><i> </i></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">Apropriar-se
das virtudes do herói através de sua carne era por tabela absorver as
qualidades do deus de quem acreditavam provir seus atributos. As bacanais
gregas, festividade de origem asiática, em honra a </span><span style="font-size: 18.6667px;">Dionisio</span><span style="font-size: 14pt;">, à época das
vindimas, levavam os comparsas a devorar as carnes
de animais cruas; cabritos, touros, pavões-reais em rituais
sangrentos que no seu início eram com certeza realizados com vítimas
humanas desmembradas que personificavam Dioniso.</span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">Nos ritos
totêmicos comuns a esses povos em sua </span><span style="font-size: 18.6667px;">gênesis</span><span style="font-size: 14pt;"> primitiva, posteriormente
esquecida em seu sentido com o passar dos tempos, devem se levar em conta
dois elementos constantes: o disfarce no deus e a posse de seu nome sagrado.
Como o objetivo do </span></span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">sacrifício</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;"> deve
ser divinizar seus participantes que buscam parecer-se ao deus, eles se
apropriam de seu nome e utilizam as peles dos animais que lhe são sagrados como
uma memória tribal do clã quando o deus era a personificação pura do animal
símbolo. Assim, por exemplo, as mulheres atenienses que celebravam o culto de </span><span style="font-size: 18.6667px;">Ártemis</span><span style="font-size: 14pt;"> Ursa, se vestiam com peles de urso e se davam o nome da divindade; as </span><span style="font-size: 18.6667px;">Mênades</span><span style="font-size: 14pt;">, que sacrificavam o gamo Penteu, se adornavam com as peles desse
animal. Até nos cultos posteriores se sabe que os fiéis do culto à Baco tomavam
o nome de</span><span class="apple-converted-space" style="font-size: 14pt;"> </span><i style="font-size: 14pt;">Bacoi.</i><span class="apple-converted-space" style="font-size: 14pt;"> </span><span style="font-size: 14pt;"> </span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Praticando
este rito omofágico, isto é, alimentar-se de carne crua, os gregos acreditavam
unir-se ao deus em comunhão, participar de sua personalidade. Como os
Tupinambás, ao comerem pedaços do prisioneiro-herói, manifestavam os mesmos
desejos de incorporação dos seus poderes heróicos, assimilando as forças divinas
da valentia do adversário. Similares costumes tinham os povos euro-asiáticos,
em seus rituais mais antigos e pouco conhecidos que, hoje se imagina, foram
difundidos por milhares de anos de peregrinações na face da terra para os
quatro quadrantes pelos caçadores coletores. Porém, é sabido que, o devoramento
dos animais por esses povos, nas festas do vinho, nada mais era, que uma fase
mais adiantada desses ritos, pois, anteriormente, na Idade das Trevas grega,
nada, com certeza, incorporava melhor ao deus que um homem e nas primeiras
orgias deste gênero, trazidas pelos invasores e assimiladas pelas péssimas
condições de vida de uma cultura moribunda, as vitimas deveriam ser
humanas. </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Assim
também faziam os povos polinésios, quando ofereciam sacrifícios aos seus
deuses, entregavam-se por vezes a antropofagia, prática conhecida das
populações insulares do Pacífico, como já vimos anteriormente.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Os
cronistas destacaram, nas cenas de omofagia, o importante papel das mulheres,
seu furor e voracidade num ritual de antropofagia velada. Nas cerimônias
mencionadas, as mulheres se exacerbavam através de frenética participação nas
orgias que representavam em suas culturas agrárias e pastoris, a morte e a
ressurreição dos deuses. Conta a mitologia sobre o rei Penteu que governava
sobre Tebas e quis proibir o culto à Dioniso para moralizar o comportamento do
povo contra a vontade das suas mulheres que dedicavam atenção total ao ritos
dedicados ao deus. O deus levou-as ao seu refúgio nas montanhas e fazendo-as
beber e dançar freneticamente, por vingança, pensando em ajustar contas com as
irmãs de sua mãe, enlouquece as mulheres e embota seu raciocínio, nelas
incutindo profundo ódio ao rei. Assim quando ele mais uma vez se apresenta e
tenta restaurar a ordem perante a multidão inebriada, as mulheres, inclusive
sua mãe Agave, caem-lhe em cima e despedaçam-no a dentadas acreditando que ele
fosse um leão. Sua própria mãe arranca-lhe a cabeça e leva-a para a cidade. Ao
voltarem a si, diz o mito, foram tomadas de horror pelo ato criminoso.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-family: inherit , serif;"><span style="font-size: 18.6667px;">Dionisio</span></span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> manteve as </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">características
das divindades pré-históricas que chegaram até os tempos históricos. Suas
raízes são, segundo Heródoto, na Trácia onde era denominado Sabázios, nome que
denuncia suas origens nas remotas paragens asiáticas de onde esse povo emigrou.
Seu culto extático retinha a herança arcaica: ritos que compreendiam
as máscaras </span><span style="font-size: 18.6667px;">teromorfas</span><span style="font-size: 14pt;">, os símbolos fálicos da falofórias,</span><span class="apple-converted-space" style="font-size: 14pt;"> </span><i style="font-size: 14pt;">o sparagmós (o despedaçamento
da carne), a mania,<span class="apple-converted-space"> </span></i><span style="font-size: 14pt;">a
omofagia, a antropofagia</span><i style="font-size: 14pt;"> e o enthousiasmos<span class="apple-converted-space"> </span></i><span style="font-size: 14pt;">que é a identificação com o deus.</span><span class="apple-converted-space" style="font-size: 14pt;"><i> </i></span><span style="font-size: 14pt;">Assim sua penetração na cultura
grega como um resíduo da pré-história, originado nas planícies da Ásia,
adquirindo total representação e uma vez integrado na história espiritual dos
gregos, não parou de evoluir em novos valores religiosos na hélade.</span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">No mito
relacionado a outro herói grego, Orfeu, após suas aventuras no Hades para
salvar Eurídice do seu destino funesto e vagar pela Trácia consternado pela
perda da amada, enfim perde a vida nas mãos das Bacantes que inebriadas e
apaixonadas perdidamente pelo herói, tentam seduzi-lo e ao não conseguir seu
intento, enraivecidas perseguem-no pela floresta e quando conseguem apanhá-lo
estraçalham suas carnes. Como herói civilizador foi atribuído ao seu reinado
afastar os Trácios da antropofagia e ensinar-lhes as artes úteis. Era um antigo
deus da grécia setentrional, cuja morte violenta e ressurreição constituíam os
artigos da fé de um milenar culto místico. Este culto teve um êxito
extraordinário em todo o mundo grego e na Itália meridional e serviu de </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">inspirarão</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> para
Pitágoras e Platão que tentaram explicar seus mistérios à luz do conhecimento
da época.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">O orfismo
ensinava uma doutrina de pecado original. A alma estava encerrada no corpo
físico como uma tumba ou prisão como castigo divino de uma antiga falta
cometida pela humanidade, pelos titãs, antepassados dos homens, que haviam
matado e devorado o jovem </span><span style="font-size: 18.6667px;">Dionisio</span><span style="font-size: 14pt;"> Zagreu de forma traiçoeira.</span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><span style="font-size: 14pt;">Na Trácia,
o deus urso era denominado </span><span style="font-size: 18.6667px;">Zalmoxis</span><span style="font-size: 14pt;">, e os trácios, povos de origem ariana que
dizem possuíam olhos azuis e cabelos ruivos, enviavam-lhe um mensageiro de
quatro em quatro anos atirando um homem para o ar e aparando-o nas pontas de
suas lanças. Segundo Hérodoto, que chamava de bárbaros seus costumes, os
Trácios Apsintios adoravam seu deus da guerra, Plistore, representado por eles
sob a forma de uma espada, e assim como os Citas costumavam sacrificar a
centésima parte de seus prisioneiros degolando-os num vaso para embeber as
espadas no sangue dos mesmos. A este povo guerreiro e beberrão são atribuídos
os cultos mais antigos à Dionisos e Orfeu.</span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Os
Cilícios também rendiam ao seu deus da guerra um culto igualmente bárbaro.
Dependuravam a vítima, homem ou animal, numa árvore e ao afastarem-se a uma
determinada distancia, matavam-na a golpes de dardo.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt;"><br />
<!--[endif]--></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Antes de Salamina,
em 480 a.C., quando os gregos venceram os persas na memorável batalha marítima,
os atenienses, para propiciar a vitória nas armas executaram sacrifícios
humanos combinando o ritual repugnante com uma barbaridade selvagem, contam os
historiadores da época. Plutarco afirma em sua obras "Vidas
Paralelas" que Temístocles mandou sacrificar três cativos ao deus Dioniso
para favorecer o combate aos gregos, a conselho do adivinho Eufrantides.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Não é de surpreender que o historiador
Tito Livio afirmasse que Aníbal, o grande general cartaginês tenha feito seus
soldados comer carne humana para incrementar sua ferocidade no combate contra
os romanos. Cartago tinha então uma estátua de bronze de Moloch, de tamanho
colossal, destinada a receber o sacrifício de vidas humanas, preferencialmente
crianças. Assírios, fenícios, filisteus, hebreus e cananeus por séculos haviam
lhe prestado homenagem em seus respectivos países.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">A era do
culto a Cronos, época obscura trezentos anos anterior aos acontecimentos de
Salamina, é comumente caracterizada principalmente pelo matriarcado, pelas
práticas canibais e pelo incesto. As razões para o canibalismo vão desde
incorporar as virtudes do morto comendo-o numa comunhão plena, com as devidas
ritualizações, até a fome extrema em condições adversas pelo caos reinante ao
final da era do bronze com as constantes invasões ou mesmo o gosto adquirido
pela carne humana ou ainda o desejo de vingança ancestral pela competição no
meio como faziam os Tupis e Astecas das Américas. Este comportamento tabu com o
passar das gerações foram amalgamados na tradição e transmissão oral e
sacralizados pelos antigos através da idéia de punição dos deuses para mitigar
sua culpa e regular sua sociedade e as evidencias disso encontram-se nos
conteúdos desses mitos que chegaram até nós.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Como cultura belicista permanece até
hoje no inconsciente coletivo dos povos de origem européia, está presente em
seus mitos e tradições mais caras, são costumes que se refletem de forma
marcante nos acontecimentos históricos recentes da Europa, que através da ideia
do conflito permanente lançou as bases de uma civilização ocidental hierárquica
e competitiva e influenciou sucessivamente os pensamentos imperialista,
mercantilista e posteriormente o capitalista, </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">evolução
natural do processo antropofágico transformando canibalização em exploração de
recursos naturais e de mão de obra cativa e barata. Seus </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">sacrifícios</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> se
perpetuaram nas milhares de vítimas que sucumbiram nas muitas guerras
coloniais, religiosas e ideológicas que cobriram de sangue o continente europeu
em </span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">êxtases</span><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"> patrióticos
compulsivos, com reflexos diretos até hoje. </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Dizem
habitualmente que como Osíris, reis divinizados que ocuparam grandes cargos ou
que foram valentes heróis, voltam após a morte, ressuscitam quando mais uma vez
suas façanhas heróicas forem necessárias para proteger seu povo. O rei Arthur
das fábulas celtas é um destes casos. Seu nome significa “urso” em gaélico e
como tal não está morto, mas adormecido em sua morada na ilha de Avalon, assim
como Cronos na ilha de Ogygia no mar de Cronos, no Ocidente, onde o sol se
esconde.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><br /></span>
</b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5ZmebQFZXMMDNzE-7l4HcojWvTSQGq-etodp0rxc4SVRW3k5AhnnNm4qOeuYfvu9OxFfmhPl7_864GPbWeAOCotNp9kIKLLk7Nn9uD5cMmWrjHA-yfkEQAjwhdc_86wX_3V2x-xHqxyg/s1600/ramsesbig.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><img border="0" height="312" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5ZmebQFZXMMDNzE-7l4HcojWvTSQGq-etodp0rxc4SVRW3k5AhnnNm4qOeuYfvu9OxFfmhPl7_864GPbWeAOCotNp9kIKLLk7Nn9uD5cMmWrjHA-yfkEQAjwhdc_86wX_3V2x-xHqxyg/s400/ramsesbig.jpg" width="400" /></b></span></a></div>
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 14.0pt;"><br /></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Os
primeiros guerreiros anglos saxões também acreditavam em um rei de origem divina
semelhante à de seus ancestrais da Pérsia e da Índia. Em seu sistema de crenças
seu soberano possuía poderes criativos e força destruidora acumulando as
funções de guerreiro e sumo sacerdote. Eles consideravam seu líder descendente
direto de Wotan ou Odin o mais alto deus do panteão teutônico. Wotan podia ser
sábio e bondoso, mas tinha também uma face feroz e militarista, lembrando
muitas outras deidades conhecidas das culturas indo arianas e semitas. A
comunhão de seu rei com as forças divinas é que garantia a prosperidade e a
segurança de seu reino. Vivia o rei em comunhão mística com seus deuses e com
as forças da natureza. Chamava sua força divina de “Luck” (Fortuna). Aonde
fosse sua Fortuna ia seu reino.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Nos
primórdios de sua civilização quando o rei perdia sua Fortuna, era então
sacrificado, e um novo homem, abençoado pela Fortuna e da mesma estirpe sagrada
era eleito pelos pares. Após a morte sacrificial o rei se transformava em deus.
Na esfera sagrada além tumulo ele continuava a zelar pelo seu povo e emitir
oráculos através dos seus descendentes.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">No antigo Egito, o próprio Faraó foi
instado a suicidar-se para assegurar a marcha regular do cosmo, crença similar
à dos Astecas e Maias para realizar seus sacrifícios humanos. Lá uma jovem
virgem era periodicamente jogada no rio Nilo e afogada para garantir suas
cheias e consequentemente a fartura das colheitas.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">No Tibet a
realeza sagrada foi instaurada no séc. VI d.C.. Os monges budistas entronizavam
o rei numa religião que misturava o animismo primitivo cultuado pelo povo e as
crenças no Buda. Ele era denominado DharmaRaja, a personificação do divino no
terreno. Sua posição era simbólica, seus ministros cuidavam da organização
administrativa e militar do reino, enquanto os sacerdotes cuidavam das necessidades
religiosas dos crentes. Sua vida era de um ascetismo monástico, intocado dos
assuntos mundanos e do contato com o sexo oposto. Caso não cumprisse esse ideal
e sua conduta deixasse a desejar a seca poderia prejudicar o plantio e a
desgraça cairia sobre o reino.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Novos
vasos mortais eram preparados para a sucessão do “iluminado” e quando seu
predecessor alcançava os treze anos de idade o monarca era sacrificado. Assim o
mundo voltava a ficar imaculado como havia sido ao sair das mãos dos deuses. Após
sua morte o antigo monarca virava um espírito ancestral divino e ocupava o vaso
do predecessor vivendo na pessoa do novo rei. Todos os reis tibetanos ficavam
unos com o primeiro rei mitológico ancestral que na pré-história descera da luz
para instaurar o Dharma (a lei) no plano físico.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Assim
também era considerado o imperador da China, sua pessoa física e espiritual
representava o centro do universo. Como Filho do Céu ele governava por mandato
dos Céus. Seu palácio tentava duplicar o plano da Criação e a disposição
interna dos templos e acomodações representava o Cosmos. Seu poder se estendia
em radial além do tempo e do espaço profanos. Do outro lado das fronteiras do
reino só existia o caos e a morte.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Na
montanha sagrada o imperador era sacrificado cerimonialmente através de um
substituto e renascia. Assim todo o universo voltava a condição original e
regenerado restituía o poder do imperador para cumprir seu mandato divino e
seguir as ordens do Céu. Sua missão era derrotar as forças do caos e ampliar as
fronteiras do mundo ordenado. Dentro de suas fronteiras promover a abundancia,
a fecundidade, a paz entre seus súditos. Com seu mandato divino manifestava com
propriedade por igual compaixão ou ira como reflexo direto da ordem cósmica ora
benevolente ou violenta. Dentro do ideal taoísta seguido na tradição chinesa se
o interior do imperador estava em harmonia seu reino seria reflexo direto desta
diretriz no mundo exterior.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 14.0pt;">Nas
tradições de grupos étnicos distintos podemos encontrar o arquétipo do velho
rei imolado em sacrifício, rito diretamente associado aos costumes ancestrais
antropofágicos destes povos que como fazem outros primatas superiores ao
perceber que o macho alfa já não consegue exercer sua liderança botando em
risco a segurança do bando, é desafiado por um jovem reprodutor no auge do
vigor físico que disputa o controle das fêmeas e caso este vença mata ou mais
comumente afasta do bando o derrotado que vira pária e fica a mercê da natureza
hostil sem a proteção dos seus.<o:p></o:p></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">O reflexo
destes costumes relacionados com a busca da sobrevivência do bando fez com que
algumas culturas tivessem um tratamento particularmente impiedoso com os
idosos. Entre os esquimós e em algumas vilas afastadas do Japão onde a fome é
uma ameaça constante nos períodos onde as temperaturas baixas e o tempo
inclemente prejudicam a obtenção de alimentos é costume deixá-los a própria
sorte ao tempo, pois seu sustento e sua incapacidade de auxiliar na coleta de
alimentos os tornam um peso para a comunidade que deve dispor dos mais velhos
para a sobrevivência dos mais novos. Uma visão mais piedosa não passaria na
cabeça destes povos, a vida inclemente molda seus comportamentos. No caso
especifico dos esquimós acreditam propiciar alimento ao predador com a carne do
idoso e com isto garantir uma caça em boas condições para os seus. Reflexo de
uma idéia antropofágica antiga que foi moldada ao seu sistema de crenças
particulares levando em conta o meio ambiente hostil.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Outro tipo
de antropofagia muito difundido nas culturas humanas conhecidas é a absorção
dos parentes falecidos num ritual totêmico que visa a ritualização da morte. Os
yanomanis quando perdem um ente querido usam seus ossos torrados e triturados
para fazer uma beberagem que tomam em honra do morto em sinal de respeito pela
sua memória e assimilação de sua essência vital. Entre os católicos no ato
simbólico de consagração do pão e vinho na missa ocorre ritual semelhante de
forma simbólica quando bebemos o sangue e comemos a carne do Cristo.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Assim
enquanto no exocanibalismo se manifestava no ato recorrente da vingança contra
os inimigos que compartilhavam dos mesmos valores de cultura e etnia de origem
ancestral comum mas de tribos diversas quando então reafirmavam sua ferocidade
guerreira. Estes povos guerreiros acreditavam neste ato estar possuídos do
espírito do jaguar que os levavam a despedaçar e devorar suas presas, os
inimigos mortos em combate ou feitos prisioneiros</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Já no
endocanibalismo existia uma motivação respeitosa: quando se reduziam a pó os
ossos de um morto e misturavam ao caulim, a cerveja de mandioca, que bebiam os
familiares do defunto, pois acreditavam que os ossos continham a essência vital
do espírito da pessoa que se perpetuaria nos vivos seus parentes que haviam
consumido a beberagem sagrada</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">"Tudo o que é morto torna-se
pai" Relata Campbell sobre os mitos de iniciação na Melanésia: "Daí
vem a veneração , em comunidades de caçadores de cabeça (na Nova Guiné, por
exemplo) das cabeças trazidas para casa depois de expedições de vingança. Daí
vem a irresistível compulsão de fazer guerras: o impulso de destruir o pai
transforma-se continuamente em violência pública". Os velhos
homens da comunidade ou da raça imediatas se protegem dos filhos em
crescimento, e de sua delinquência, por meio da magia psicológica de suas
cerimônias totêmicas. Eles representam o pai ogro (deus canibal) quando
"raptam" os meninos de suas mães e nos ritos de passagem
abrem incisões nos braços onde já existem cicatrizes de antigos rituais e
oferecem seu sangue aos jovens quando então revelam-se igualmente a mãe
nutridora. Estabelece-se então o equilíbrio dos opostos, o novo
paraíso. Mas este não incluí as outras tribos, ou as raças inimigas
tradicionais, onde a agressão é sistematicamente projetada. Assim todo o
conteúdo pai-mãe "bom" é projetado para dentro da comunidade familiar
e o conteúdo "mau" projetado para fora, além da tribo, para sua
vizinhança imediata.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">E continua Campbell: "É frequente
que os homens que deram o sangue desmaiem e fiquem em estado de coma durante
uma hora ou mais em consequência da exaustão. "Anteriormente",
escreve um observador, "esse sangue bebido cerimonialmente pelos noviços
era obtido de um homem, morto com esse propósito, sendo comidas também as
porções do seu corpo". "Nesse caso chegamos tão próximos de uma
representação ritual do assassinato e devoração do pai primal quando poderíamos
chegar".</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">E assim os cultos totêmicos, tribais,
raciais e agressivamente messiânicos promovem em seus ritos o divórcio entre o
desejo (o amor) e o ódio, numa solução parcial. Neles o ego é ampliado, e
assim, em vez de pensar apenas em si o individuo torna-se dedicado a sua
sociedade como um todo. O resto do mundo, isto é, toda a humanidade é deixada
de fora da sua esfera de empatia e comprometimento pessoal, pois está fora da
esfera do seu deus ou sistema de crenças. É nessa etapa do divórcio entre o
amor e o ódio que o individuo compactua com as violências sectárias e antropofágicas
que a história tão bem registra. Em vez de abrandar o próprio coração com a
sujeição do ego, o fanático tenta abrandar o mundo. As leis da Cidade de Deus
só servem para seu grupo, tribo, nação, igreja, classe, ao passo que o fogo de
uma perpétua guerra santa é mantido aceso, enquanto sua boa
consciência lhe garante estar em um serviço piedoso contra todos os povos
"não-circuncisos", "bárbaros","nativos",
"primitivos", ou outros que venham a ocupar a posição de vizinhos.
</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">No Japão,
o sucesso de sua sociedade agrícola, e sua conseqüente expansão militar contra
povos mais fracos determinou um grande culto à morte de seus chefes e
monarcas que com suas conquistas se tornaram poderosos. Gastavam verdadeiras
fortunas na construção de grandes mausoléus para depositar seus restos mortais.
Essas obras exigiram milhares de escravos e artífices. O poder se afirmava na
pompa do túmulo. Mas a despesa mais significativa não foi sempre a da vida
humana sacrificada? Os chefes de clã não gostavam de jazer a sós na terra
úmida. Para sua glória deviam seguir acompanhados para o outro mundo. Na morte
de uma autoridade – deviam seus parentes segui-lo; eles eram estrangulados e
enterrados para lhe servirem de escolta. Os sacrifícios humanos propiciados aos
deuses do mar, do solo, do rio, das chuvas que só eram reclamados
esporadicamente, tinham assim se tornado regulares por ocasião da morte de um
poderoso senhor. Muitas das antigas civilizações conheceram estes mesmos
costumes: para servir e honrar os senhores no outro mundo imolava-se os seus
servidores. Há cinco mil anos, em Ur na Caldéia, as vítimas desciam ao túmulo
real e alí tomavam veneno. Heródoto relata que, entre os Citas, enterravam-se
da mesma forma, as concubinas do rei junto com seu senhor. Na Índia, o costume
denominado satí, que significa “mulher fiel”, a viúva é imolada na fogueira
funerária junto ao esposo defunto, e só foi coibido no século XIX pelas
autoridades inglesas, mas ainda hoje persiste de forma ilegal no interior.
Entre os manchús são relatados sacrifícios pela morte de um príncipe até o
século XVII. Costume desaprovado por Confúncio muito tempo antes.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><br /></span>
</b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEim0GnSNSxf1xX-zVXi-9SsqapIyMzPSqTKFmiekiF15_DF494RR8qVB81XwkhJof4oYT9WwDAXcaZr5NX5D3NyoecZGNK5kIbwed1ev8QJjGMYeWxpW7MKw5MU9jX8KfIFq0MTREk27Ww/s1600/DSC03177.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEim0GnSNSxf1xX-zVXi-9SsqapIyMzPSqTKFmiekiF15_DF494RR8qVB81XwkhJof4oYT9WwDAXcaZr5NX5D3NyoecZGNK5kIbwed1ev8QJjGMYeWxpW7MKw5MU9jX8KfIFq0MTREk27Ww/s400/DSC03177.JPG" width="300" /></b></span></a></div>
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 14.0pt;"><br /></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span>
<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;">Com o
arrefecimento desses hábitos de sangue foram criados os simulacros, estátuas de
pessoas e animais que passaram a ser enterrados junto aos nobres defuntos, como
símbolo do antigo hábito funerário. Entretanto os sentimentos que uniam o
senhor e seus vassalos poderiam ser tão intensos a ponto que a existência
depois da da morte deste pareceria vã e intolerável. Neste entendimento o
vassalo não poderia servir numa só vida a mais de um senhor. O apego de homem
para homem muitas vezes forjado na vida de companheirismo militar, nos combates
e campanhas intermináveis no Japão aprovava o ritual de acompanhamento ao morto
denominado “junshi”, quando o soldado seguia na morte seu senhor. Este costume
não é restrito aos nipônicos. Julio Cesar já assinalava este costume entre os
gauleses que prometiam seguir seu chefe na morte, eles se comprometiam a não
sobreviver a ele. O “junshi”, chamado “oibara” quando ocorre o suicídio por
incisão no ventre, é uma instituição japonesa, mas os sentimentos que motivam o
ato são encontrados em todas as partes: em Crônicas I, versículo X, o escudeiro
do rei Saul lança-se sobre sua espada ao saber da morte de seu senhor. Eros,
servidor de Antonio, tornou-lhe a morte mais fácil, nos conta Plutarco,
matando-se diante de seus olhos. Por ocasião da morte de Othon, muitos de seus
soldados seguiram com ele, matando-se para demonstrar sua “grande afeição” nos
conta Tácito. Na China era construído um arco de triunfo para celebrar o
suicídio da viúva, considerado suprema glória. Essas homenagens só foram
proibidas na China no ano de 1729 por um edito imperial</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></b></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #134f5c; font-size: 14.0pt;"><br /></span>
</b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNPuWfHi8N9oaMAjAB5vQxrztAkgMdIofM0fGjWZMlnzEfh_h6M0HJyCba-Bj_97KGxMUJro0fH6gR_jwQ5tPUuEK9ru7gGXgncmZ78wCLsSJfelCn_nBaSc1AxLmnI4AOYT62qut0QEo/s1600/800px-Xian_guerreros_terracota_detalle.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNPuWfHi8N9oaMAjAB5vQxrztAkgMdIofM0fGjWZMlnzEfh_h6M0HJyCba-Bj_97KGxMUJro0fH6gR_jwQ5tPUuEK9ru7gGXgncmZ78wCLsSJfelCn_nBaSc1AxLmnI4AOYT62qut0QEo/s400/800px-Xian_guerreros_terracota_detalle.JPG" width="400" /></b></span></a></div>
<b><span style="color: #134f5c; font-family: "inherit" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><br /></span></b></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-21428613517229186802016-07-04T06:08:00.001-07:002017-04-30T06:57:10.375-07:00A Hora da Luta - Do direito de Morrer e de Matar<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div align="center" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbbPcYo4c0s0es6TdKqnssx_dTqqL1tN2p1cR8uJEsv9JCj5TsEjDGkFMT7vE03ITqYteDExuzouJAuFSAGN5wNHfg-CXn6N8LAg_4KK-zvnYuRHFBto0qwUQWA1WRxU_8JuJwmCXrZoY/s1600/09_thumb15.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="292" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbbPcYo4c0s0es6TdKqnssx_dTqqL1tN2p1cR8uJEsv9JCj5TsEjDGkFMT7vE03ITqYteDExuzouJAuFSAGN5wNHfg-CXn6N8LAg_4KK-zvnYuRHFBto0qwUQWA1WRxU_8JuJwmCXrZoY/s400/09_thumb15.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;"><b><i><span style="font-size: 13.5pt;">“Caso a humanidade tivesse utilizado o principio da não
violência na Segunda Guerra Mundial, não seríamos senão um imenso rebanho
domesticado por um senhor, e toda dignidade humana teria radicalmente deixado
de existir, assim o próprio sentido da integridade humana não teria mais valor.</span></i></b><i><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></i></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;"><b><i><span style="font-size: 13.5pt;">A integridade humana se aplica à integridade física,
corporal, já que a integridade moral só é violada se o seu detentor o permitir.
Nem ameaças, nem as piores torturas podem triunfar contra a integridade moral.</span></i></b><i><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></i></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><i><span style="color: #660000;"><span style="font-size: 13.5pt;">A dignidade humana, que não pode ser aumentada nem pela
força, nem pelo poder, nem pela riqueza, ao contrário, está acima do plano
físico, e não pode ser diminuída nem pela miséria, nem pelo sofrimento, nem
pela morte. Àquele que a despreza na pessoa do seu próximo é que a perde; a não
ser que a vítima voluntariamente aceite sua queda, e assim sendo torna-se
cúmplice do agressor.” (</span><span style="font-size: 18px;">Odisseia</span><span style="font-size: 13.5pt;"> Antropofágica – Assassinos, Kamikazes e Homens
Bomba)<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><span style="font-size: 13.5pt;">Quando inclui e comentei pela
primeira vez no blog </span><span style="font-size: 18px;">Odisseia</span><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="font-size: 13.5pt;"> Antropofágica o texto acima, que não é de minha
autoria, pois foi compilado de fonte diversa de origem agora esquecida, tinha absoluta certeza que a maioria
das pessoas poderiam concordar com este axioma sobre o verdadeiro sentido da
liberdade. As expectativas políticas na América do Sul na época eram otimistas, de
relativa euforia, com o sucesso dos governos populares eleitos e suas
políticas de “inclusão social” no estilo social democrata para populações que historicamente sempre tinham sido tangidas para onde interessava a classe dominante e mantidas marginalizadas como mão de obra
barata nos campos e nos centros urbanos, por gerações, em regime de absoluta
miséria pós-escravista, pelos seus antigos captores, os homens brancos conquistadores vindos
da Europa, e seus descendentes mestiços, que se inscreveram pela força como
classe dominante nos países onde vieram habitar. Na época a via politica pacifica parecia que iria prevalecer e o bom senso estimulava uma maior integração da sociedade, com a </span><span style="font-size: 18px;">ascensão crescente de milhões</span><span style="font-size: 13.5pt;"> das classes mais pobres para uma classe média ainda incipiente e voltada para a aquisição de bens de consumo não duráveis.<o:p></o:p></span></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Muito mais que um
texto panfletário político, ou uma incitação à violência contra os poderosos, o
presente ensaio pretende uma análise histórica sobre o direito de morrer e de
matar, a tradição vigente, e suas consequentes possibilidades à luz da filosofia humana, sem contudo
tratar da questão metafísica da morte, assunto que já discorri em outros
ensaios. Como afirmou Montaigne sobre a glória duvidosa do ato final:<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">“Quem considera mal empregada a morte que não traz
celebridade, acaba obscurecendo a vida e deixa fugir-lhe numerosas e justas
oportunidades de se aventurar. Ora, tudo o que é justo comporta sempre
ilustração suficiente, o testemunho da consciência já constituindo por si
glória bastante: ‘nossa glória está no testemunho de nossa consciência’²”.<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 10pt;"><span style="color: #660000;">2-São Paulo <o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">A Morte Voluntária –<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Entretanto o morrer e
o matar na civilização ocidental compreendem um imenso tabu, mesmo sendo ambas
as situações realidades comuns da vida biológica e, apesar dos mitemas da
religião da maioria professar e prometer uma compensadora vida além da morte
para crentes e pecadores arrependidos, mesmo para os que tem
fé tornou-se óbvio, um lugar comum, ninguém querer apressar em sã consciência a
própria morte para tentar comprovar o dogma sem ser considerado estar sofrendo de alguma patologia mental grave.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Na sua origem, as
escolas filosóficas da Antiguidade grega estavam divididas: os cínicos e os
estóicos admitiam a legitimidade do suicídio, mas os pitagóricos, os platônicos
e os peripatéticos o condenavam, esboçando os argumentos que serviriam a Santo
Agostinho para consolidar a proibição radical que o cristianismo, através dos
séculos, soube até a atualidade manter.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;"><b><i><span style="font-size: 13.5pt;">“Jupiter não conseguia ver nada mais belo no mundo que o
suicídio de Catão”</span></i></b><b><span style="font-size: 13.5pt;">, declara Sêneca. Seus parentes, amigos, filhos
adivinharam suas intenções e, durante o jantar sumiram com sua espada que
ficava pendurada à cabeceira do leito, como conta Plutarco. Catão não sabia se
devia reclamá-la com energia e assim revelar sua intenção, ou se não seria
melhor simular indiferença e enganar aqueles que o cercavam com desvelo
fingindo não ter ainda decidido cometer o ato final. Apesar da pureza de sua
intenção e da firmeza de objetivo, até o último momento ele tem que empregar a
astúcia e a violência, sendo obrigado a combater aqueles que queriam salvá-lo
de sua decisão. Em função de sua motivação, chega a espancar os criados, a
descompor os filhos, a discutir com os amigos. No fim da discussão devolvem-lhe
a espada: <i>“Agora eu me pertenço”, </i>diz
ele. Estende-se sobre o leito e retoma a leitura do <i>Fédon, </i>pois é com Platão que ele quer ocupar os últimos momentos de
seu pensamento. Adormece, depois acorda e retoma o livro, e adormece mais uma
vez.<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">“Os passarinhos já começavam a cantar e sentiu outra vez
um sono leve; mas nesse momento voltou Butas, que lhe disse não haver barulho
nenhum no porto. Catão mandou então que fosse embora e que fechasse a porta ao
sair; caiu sobre a cama como para dormir o que restava ainda da noite, mas
assim que Butas virou as costas desembainhou a espada e desferiu um golpe
abaixo do estômago: todavia, por causa da inflamação que tinha na mão não pode
dar um golpe com força bastante para que viesse a morrer imediatamente;
aproximando-se do fim, caiu da cama e fez um barulho ao cair, porque derrubou
uma mesa de forma geométrica que estava perto da cama, e assim seus criados,
que ouviram o barulho, soltaram gritos incontinenti; imediatamente seu filho e
seus amigos entraram no quarto e o encontraram todo sujo de sangue, embora
ainda estivesse vivo e os olhasse. Ficaram tão sufocados pela dor, que não
souberam de início o que dizer nem o que fazer; mas o médico, aproximando-se,
quis tentar repor as tripas, que não tinham sido rompidas, e fechar a ferida;
mas quando ele voltou a si do desmaio, empurrou o médico e, arrebentando as
tripas com as próprias mãos, abriu ainda mais a ferida, tanto que na mesma hora
entregou o espírito.” </span></span></i></b><br />
<b><i><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><br /></span></span></i></b>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh23aGCg8NqxghZ56FJnbZXavUOs4jELtlj23L0UulOFbsf3QtHFZz-bi6a68563nyhaYsTgzG_mwvousAeaZOyAPHp7UCzJ9Nq-QAMwDQDrwLEoIC46F-xo-POYwFQu3XIzmPi1mimNgo/s1600/Cato-o-Jovem.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh23aGCg8NqxghZ56FJnbZXavUOs4jELtlj23L0UulOFbsf3QtHFZz-bi6a68563nyhaYsTgzG_mwvousAeaZOyAPHp7UCzJ9Nq-QAMwDQDrwLEoIC46F-xo-POYwFQu3XIzmPi1mimNgo/s400/Cato-o-Jovem.png" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #660000;">Catão</span></b><br />
<div style="text-align: center;">
<b><span style="color: #660000;"><b style="font-size: 12.8px; text-align: justify;"><i><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"> </span></span></i></b></span></b><b style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; text-align: justify;"> </b></div>
</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><br /></span></span></b><b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><span style="font-size: 13.5pt;">O processo da exaltação de seu </span><span style="font-size: 18px;">sacrifício</span><span style="font-size: 13.5pt;"> teve início nos momentos seguintes de sua morte. A notícia de seu </span><span style="font-size: 18px;">suicídio</span><span style="font-size: 13.5pt;"> espalhou-se pela cidade que estava prestes a cair nas mãos de César. O povo de Útica, cidade do norte da África onde Catão havia buscado refúgio junto aos seus pares e familiares, onde por duas vezes salvou sua população nativa do massacre, reuniu-se em frente à sua casa, juntamente com os romanos remanescentes. O exército de César aproximava-se célere, porém, sem se deixarem intimidar, deram a ele um funeral de honra. O corpo de Catão foi esplendidamente vestido, como jamais ele teria se vestido em vida e levado em procissão até a beira mar, onde foi enterrado. Quando César chegou para aceitar a rendição da cidade, exclamou: "Ó Catão, eu invejo sua morte, e </span><span style="font-size: 18px;">você</span><span style="font-size: 13.5pt;"> me invejou por saber que eu pouparia sua vida." É provável que César tenha percebido, como Catão, que a submissão deste teria sido uma derrota abjeta e que sua misericórdia teria sido a mais cruel e prazerosa das vitórias contra quem era a correção personificada do antigo regime. Mas Catão lhe havia escapado. Como Sêneca declarou: "Todo o mundo se prostrou ante o poder de César, porém Catão foi capaz de escapar: com uma única mão ele abriu caminho para a liberdade."</span></span></span></b><br />
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></span></span></b>
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><span style="font-size: 13.5pt;">Morto, Catão continuou a criar tantos problemas para César como em vida. Um cartaz pintado onde se via Catão arrancando as próprias entranhas "como um animal selvagem" foi carregado no triunfo que César celebrou ao retornar a Roma. O efeito daquela imagem horrenda foi o oposto do desejado: ao invés de exultar com a morte do mais inflexível opositor de César, a multidão gemia e lamuriava-se à sua passagem. Bruto escreveu e publicou um elogio póstumo a Catão. O mesmo fez Cícero, demonstrando um grau de coragem política que lhe era incomum. César encomendou a seu leal historiador Hírtio um texto em resposta àqueles, no qual as virtudes de Catão eram depreciadas e suas falhas catalogadas. Texto que se perdeu. A controvérsia literária que se estabeleceu sobre a reputação de um homem morto mascarava um debate mais perigoso sobre o poder de seu inimigo vivo: César acreditava absolutamente necessário à própria segurança de seu poder que Catão fosse desacreditado. Insatisfeito com o texto de Hírtio, ele mesmo escreveu seu Anti-Catão, um folhetim tão terrivelmente virulento que sabotou seu próprio objetivo. As alegações que ele continha eram absolutamente exageradas. Catão era acusado de ganância financeira e de desonestidade, de depravação sexual e de preguiça. César escreveu também que Catão havia peneirado as cinzas da pira funerária do próprio irmão em busca de ouro; que ia embriagado para o tribunal; que tinha uma relação incestuosa com a irmã Servília (acusação esta que atingia sua própria reputação, pois Servília era, na verdade, amante de César). Ninguém acreditou. Cícero achou que o folheto servia para realçar a reputação póstuma de Catão, por tornar manifesto o ódio e o temor que ele inspirava em seu opositor.</span></span></span></b><br />
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></span></span></b>
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><span style="font-size: 13.5pt;">Catão com seu martírio havia iniciado a oposição a César, que atingiu sua finalidade mortal nos Idos de Março, e foi levada a termo nas mãos de Bruto e outros senadores. César foi morto, porém sua dinastia sobreviveu e floresceu. Mas a efígie de Catão passou a representar para os romanos o simbolo da oposição contra a tirania dos monarcas. </span></span></span></b><br />
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></span></span></b>
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><span style="font-size: 13.5pt;">O ato final de Catão
foi também o escolhido pelo seu sobrinho Bruto quatro anos mais tarde. Em
seguida tirou a própria vida Antônio, do mesmo modo ao ser derrotado por
Augusto, e o fez de uma forma ainda tanto mais pungente e confusa. Este era o
costume dos povos da antiguidade quando seu líder perdia a fortuna ou quando
estava tão doente ou ferido a ponto de preferir o suicídio. Na Bíblia, no
segundo livro dos Macabeus, capítulo XIV, um dos anciões de Jerusalém, chamado
Razis, de quem o invasor grego suspeita de fomentar a resistência contra a
invasão, se vê cercado e ameaçado de prisão pelos soldados do general Nicanor.
O judeu prefere lançar-se sobre a própria espada. Moribundo, arranca as
próprias entranhas com as duas mãos e lança-as contra os inimigos. O rei Saul
segundo a descrição bíblica (Crônicas, capitulo X) fez o mesmo, isto é,
atirou-se sobre a própria espada ao ser derrotado pelos Filisteus. Este gesto
vai ser várias vezes repetido entre os guerreiros de todos os quadrantes até a nossa
época como um desafio final ao inimigo de quem nunca ficará sujeito nem nunca
reconhecerá a supremacia.</span></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Verdadeiro cidadão da
urbe antiga, filósofo e guerreiro, Catão quer morte lúcida e deliberada. É ele
que cria o momento harmonizando seus atos às consequencias do seu pensamento. Ele
passa seus últimos dias em Útica em companhia de um estóico, Apolônidas, e de
um peripatético, Demétrio, que talvez sustentasse, como seu mestre Aristóteles,
que matar-se prejudica a comunidade da qual se depende. Mas é justamente para
manter-se fiel a sua comunidade que Catão vai morrer, é para servir de
sacrifício à urbe, às leis, às liberdades. Foi em nome dessas liberdades
públicas que ele combateu, mas César foi vencedor e as liberdades estão
destinadas a morrer, pelo menos as da elite senatorial da velha república. A
resistência armada já não pode destruir o poder do novo senhor, nem mesmo o
tiranicídio poderá impedir na Roma imperial essa nova forma de tirania. Catão
sabe que o vencedor poderia ser indulgente a ponto de conceder-lhe a vida,
basta apenas pedir. Mas é justamente esta confissão de submissão que quer
evitar e declara: <i>“Se eu quisesse salvar
minha vida pela graça de César, bastaria apenas que eu próprio fosse perante
ele, mas não quero dever favores nem obrigação a um tirano por uma injustiça:
pois é injustiça dele usurpar o poder de salvar a vida, como senhor, àqueles a
quem ele não tem nenhum direito de comandar.”</i> <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Desde Montaigne,
Maquiavel e Rosseau essa morte não cessa de fazer-se ouvir, e seu apelo
tornou-se imortal na consciência ocidental. A favor ou contra Catão, a lista
dos pensadores que comentaram é imensa, desde Sêneca e Lucano, passando por
Santo Agostinho, até Vitor Hugo, que recusa dar sua aprovação, e Lamartine, que
diz <i>“preferir a morte paciente do último
dos mendigos em cima da palha” </i>com certeza lembrando a fala do fantasma de Aquiles invocado por Ulisses na Odisseia. <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Apostou Catão que num
futuro improvável, em algum momento da humanidade, seu sacrifício poderia fazer
renascer os princípios republicanos que morriam com ele. Transformou em
liberdade futura os privilégios perdidos de sua classe. A morte infligida por
doença ou acidente e movida pelo acaso é corriqueira, mas muito mais sombria
porque se revela insignificante. A morte voluntária, neste caso, se reveste de
um sentido que beira propiciar a imortalidade do autor. Seu ato é a constatação
de uma derrota sem recurso. Mas ao assumir o fracasso até o fim, seu ato toma
também um sentido de apelo ao futuro. Como todos os suicídios, o de Catão é
ambíguo, ao mesmo tempo renúncia e revolta, silêncio e grito, desespero e
protesto. <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">A morte de Catão
delimita a história da humanidade. A República dos cidadãos de Roma sucede o
Império, os chefes dos clãs se tornam funcionários de César e as liberdades
públicas a partir de então aos poucos desaparecerem em detrimento do direito
individual de alguns patrícios privilegiados. O senado passa a ter um papel
simbólico e nunca mais recupera seu antigo poder. <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">É verdade que os
cidadãos de Atenas e Roma tinham adotado duas atitudes diferentes sobre a morte
voluntária, que refletiam sua estrutura social. Admitiam a legitimidade quando
se tratava de um igual, um homem livre, que se matava, exercendo seu direito
natural de soberania própria de sua condição social. E mesmo sem uma causa
pública para justificar o ato atribuía-se a ele o mais alto valor. Mas no âmbito
de seu lar o cidadão era o dono de seus filhos, de suas mulheres, de seus
escravos. Sobre a<i> Jus</i> pública reinava
uma ordem consuetudinária que comandava o direito doméstico. Quando um dos
súditos do espaço doméstico se matava, o dono da casa não podia considerar
legitimo o ato que muitas vezes era uma oposição a sua autoridade, contestava
seu poder, e atingia seu capital. O senhor via o ato como rebelião e condenava
seu princípio. Ele tenta dissimular ou então denegrir o ato como vindo de um
mau servo, pronto a tudo, imprestável, lunático, desnorteado.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">A ideologia da cidade
antiga estabelecia portanto uma oposição entre dois tipos de morte voluntária:
a do senhor, em principio legitima e às vezes gloriosa, e a do escravo,
considerada indigna e abjeta. Ao suicídio exaltante do senhor, correspondia nas
trevas o desespero silencioso do servo oprimido. O escravo que, segundo o
esquema hegeliano, se retirou do combate mortal e aceitou um dia penar sem
outra vantagem que não a de sobreviver, compreende enfim que <i>o</i> <i>nada</i> vale mais do que uma vida sem justiça. Antes para sobreviver ele preferiu renunciar a
toda liberdade. Mas, renunciando agora à vida, descobre que uma liberdade
radical, absoluta, temível, mas inalienável, jamais deixou de lhe pertencer, oferecida
o tempo todo pela morte.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Os homens
escravizados em todas as épocas sempre resistiram como puderam ao cativeiro.
Espartacus e muitos outros depois lutaram pela própria liberdade contra as
instituições romanas, e mesmo em condições adversas contra inimigos com
superioridade de homens e armas preferiram no fim a morte no combate do que a volta ao
jugo. A repressão contra ele, cujo corpo nunca foi encontrado, e seus seguidores foi sangrenta. Os que
sobreviveram sofreram suplícios inimagináveis nas mãos de seus captores. Os
romanos consideravam o líder escravo um criminoso perigoso e violento e seus
atos ameaçavam o status quo, as leis vigentes do estado escravista romano. <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><span style="font-size: 13.5pt;">A liberdade
verdadeira, que não depende do acaso do nascimento, reside na pura vontade de
cada um, que dispõe dela tanto quanto quiser. Alguns vão sustentar, e este é o
paradoxo favorito dos </span><span style="font-size: 18px;">estoicos</span><span style="font-size: 13.5pt;">, que todo homem só será livre sob a única
condição de tomar consciência de si como sendo absolutamente livre. Sobre um
trono ou posto a ferros, o homem é livre considerado em si mesmo: a opressão
pode se exercer sobre o corpo, o temor e as seduções pode perturbar um espírito
confuso, mas o </span><i style="font-size: 13.5pt;">eu</i><span style="font-size: 13.5pt;"> que tomou
consciência de si está fora de qualquer alcance.<o:p></o:p></span></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Povos Antigos - <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Vamos então
retroceder até as origens da humanidade, quando as tribos organizadas em clãs
habitavam o planeta e exploravam suas potencialidades caçando e coletando
alimentos para sobreviver. A agressividade do ser humano remonta desde esse
período nebuloso onde ele aprendeu a utilizar armas como ferramentas para caçar
e matar outras espécies e também seus semelhantes, como forma de sobrevivência.
As trilhas de caça eram disputadas pelos grupos de forma extensiva e com
definições de limites próprias de caçadores e mesmo a guerra era uma forma de
estabelecer-se uma relação inter-grupal de cruzamento dos mais aptos que
envolvia até mesmo o canibalismo ritual. Portanto na pré-história a morte era
encarada de forma diversa das sociedades modernas </span></span></b><b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">da atualidade, altamente hedonistas. </span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Uma tribo pacifica
poderia ter vizinhos aguerridos e sempre dispostos a manter disputas
territoriais e teria que sobreviver a eles de alguma forma ou então sucumbir e
partir para a extinção. Poderiam ser vitimas de canibais ou conquistadores
escravistas ou enfrentar seus inimigos e assim garantir a própria
sobrevivência. Poderiam alegar a legitima defesa de si e dos seus familiares
perante uma ameaça real iminente. Ou matavam ou morriam, ou ainda poderiam ser
escravizados ou imolados em algum ritual ancestral.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">A humanidade evoluiu
sua estrutura social nos últimos milhares de anos. No Ocidente a vida após a
morte pregada pela religião monoteísta de origem abraâmica contempla uma
existência eterna para os justos no paraíso e o martírio no inferno para os
pecadores e os pagãos. Neste caldo de cultura ainda vigente matar o semelhante
é considerado um pecado capital e um crime pelas leis estabelecidas, o que
infelizmente nunca evitou que se matasse em nome da fé monoteísta. A ideologia
católica sempre tratou em suas guerras de evangelização de questionar a
humanidade de quem não fosse temente ao deus único. Ao ameríndio na época da
conquista, por exemplo, era-lhe negada a existência de uma alma imortal. O
mesmo acontecia em relação aos africanos, seus conquistadores também questionavam
se possuíam almas imortais. Este pensamento xenófobo perdurou até quase metade
do século XX e justificou o extermínio de milhões de pessoas nestes continentes.
Desconsiderar a humanidade do “outro” sempre foi o principal argumento entre as
tribos e etnias delas resultantes, que formaram posteriormente nações, em
promover o extermínio de grupos estranhos ou sua escravização sem culpa.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Eduardo Viveiros de
Castro em seu “Metafísicas Canibais” fala da evolução deste conceito
delimitador do preconceito: <i>“A velha
‘alma’ recebeu nomes novos, agora ela avança mascarada (larvatus prodeo =
sentido oculto) chama-se-lhe ‘a cultura’, ‘o simbólico’, ‘a mente’. O problema
teológico da alma alheia transmutou-se diretamente no quebra- cabeças
filosófico conhecido como ‘problem of others minds’, hoje na linha de frente
das investigações neurotecnológicas sobre a consciência humana, sobre os
fundamentos possíveis da condição jurídica de ‘pessoa’ a outros animais, e, por
fim, sobre a inteligência das máquinas (os deuses passaram a habitar os
microprocessadores INTEL). Nos dois últimos casos, trata-se de saber se certos
animais não teriam afinal, algo como uma alma ou consciência – talvez mesmo uma
cultura - , e se certos sistemas materiais não-autopoiéticos, ou seja,
desprovidos de um corpo orgânico (máquinas computacionais) podem se mostrar
capazes de intencionalidade.”</i> <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">É certo portanto que a perspectiva do mundo sensível tem refletido grande expansão na mente humana desde que os primeiros homens da
caverna iniciaram sua jornada sobre a face da Terra até a atualidade. Mas em contraposição ao
pensamento europeu medieval os povos antigos da Ásia, África, Américas e
Oceania já atribuíam uma alma humana, isto é, uma certa humanidade a todos os
seres e entes da natureza, pensamento que foi considerado diabólico a partir da
difusão e imposição da visão religiosa
monoteísta na humanidade, que neste ponto de vista básico essencial promoveu
uma regressão filosófica fundamental e isolou o homem por séculos do resto da
criação. <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Porém antes da vinda
dos missionários católicos, a necessidade de sobrevivência dos
caçadores coletores em relação aos animais que matavam para
comer, mesmo assim obrigavam tratar suas presas com respeito religioso antes de serem
consumidos. A antropofagia ritual também possui o mesmo principio de fé onde a
vitima cativa é tratada como um herói até o último instante de sua imolação. Em
nenhum momento é negada a humanidade da vitima. O “bem amado” antes de ser
morto vive em muitos casos ainda um bom tempo na tribo e pratica o intercurso
carnal com as nubentes e assim contribui com a diversidade genética necessária
para fortalecer o grupo captor. Tapuias e tupinambás sabiam qual seu destino
caso caíssem prisioneiros do inimigo, mas nem pensavam em fugir depois de
cativos, pois sua volta à tribo seria considerada uma desonra ao perder-se a
oportunidade da sua morte ser vingada posteriormente pelos seus. Assim ocorre
ritualmente o estravasamento das pulsões de Eros e Tanathus nesta relação
associativa de opostos, rivais, no sentido de habitantes das margens opostas do
rio, onde a morte pode gerar a vida e aprimorar o intercambio intergrupal de
genes entre tribos visceralmente inimigas, mas com uma cultura comum.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">“Na medida em que a morte cerimonial era considerada como
‘a boa morte’ algo como o kalós thánatos homérico, a relação entre os grupos
inimigos era dotada de uma positividade essencial: não apenas ela dava acesso à
imortalidade individual, como permitia a vingança coletiva, a qual era o motor
e o motivo centrais da vida tupinambá. Soares de Souza tem essa fórmula
lapidar: ‘Como os Tupinambás são muito belicosos, todos os seus fundamentos é
como farão guerra aos seus contrários.’ Sobre esta dialética da morte do
individuo e da vida do grupo, ver essa passagem de Thevet:‘E não pensem que o
prisioneiro se surpreende com essas notícias (que será executado e devorado em
breve), assim a opinião de sua morte é honorável, e que lhe vale muito mais
morrer assim, que em sua casa de alguma morte contagiosa: pois (dizem eles) não
se pode vingar a morte, que ofende e mata os homens, mas vingam-se os que são
mortos e massacrados em atos de guerra.” (Metafísicas Canibais – Eduardo
Viveiros de Castro – n.r pág. 158-159)
<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Os mejicas, ou
aztecas e até mesmo os incas dos Andes eram imperialistas e não só conquistavam
outros povos como também capturavam escravos para serem imolados nos templos e
consumidos em seus rituais religiosos.
Acreditavam que assim fazendo garantiam o equilíbrio do Universo. Quem pensaria
que seus vizinhos não tinham o direito natural de defenderem-se do assédio
destes impérios hostis? Ou quem poderia questionar que o povo azteca não
deveria resistir pelas armas à conquista de Cortez? Ao demonstrarem fraqueza
perante seus conquistadores reforçaram as hostes com tribos contrárias dos
inimigos com os povos antes por eles cruelmente dominados e ao tentar
presentear com suas riquezas os invasores europeus só atiçaram ainda mais a
cobiça do homem branco e caíram em mortal armadilha. Tentar manter o status quo
através da contemporização com o inimigo nem sempre é o melhor caminho
aprenderam tardiamente os mejicas.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Os maias chamavam ao
recém nascido “prisioneiro da vida”: a morte libera o homem do cárcere, de uma
reclusão passageira. De acordo com esta concepção o homem não se aferra a vida.
No México pré-hispânico é fácil morrer, e não só é fácil morrer a morte gloriosa
na pedra do sacrifício ou em um campo de batalha. Heroísmo? Estoicismo? Talvez
nem um ou outro. Talvez para aqueles homens a morte não signifique mais que o
fim de uma situação não exatamente muito afortunada e de qualquer forma
provisória. Morrer na guerra ou na pedra dos sacrifícios era considerado a mais
alta distinção. Distinção esta que era concedida ao prisioneiro de guerra,
membro de uma tribo estranha. O fato de ter sido vencido na batalha e que caíra
prisioneiro não era motivo para discriminação formal. Mesmo reduzido a condição
de escravo, pois era entregue a um senhor até o seu dia final, não perdia seus
direitos nem sua dignidade humana. No México Antigo era fácil morrer, mas bem
menos fácil viver. Sua concepção do mundo era a iminência constante de uma
infinidade de cataclismos, desde as quatro destruições do mundo com que seu
mito faz surgir a criação do mundo, o que abria a possibilidade de ocorrer
alguma catástrofe iminente a qualquer dia ou qualquer hora. Por isso seus
sábios observavam os movimentos dos astros e todos os fenômenos da natureza no
objetivo de prever o anúncio de novos infortúnios que só poderão impedir
através dos sacrifícios e dos conjuros mágicos dos sacerdotes e xamãs. A ideia
de sobrevivência no além não depende de uma conduta controlada por certos
princípios ético-religiosos, o que dá a vida seu trágico fatalismo, pois as
divindades também não se sujeitam em suas ações a normas éticas. As divindades
destroem e aniquilam arbitrariamente os seres viventes através da realidade da
natureza.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Escravidão Negra –<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">De todas as
instituições nefastas criadas pelo homem, com certeza a escravidão é a mais
hedionda, mesmo tendo sido celebrada na Antiguidade por todos os povos da Terra
e aceita como uma coisa normal pelos filósofos e cuja presença nefasta perdurou
até o século XIX nos países ditos cristãos. Foi criado, pelos seus captores
brancos o mito, nas Américas, de que o africano seria acostumado ao regime de
escravidão, o que justificava seu tráfico, e que sua cultura no geral permitia
este tipo de servidão, o que é uma distorção conveniente do todo. Mas na
verdade foi na Europa e na Ásia, onde os povos indo-arianos estabeleceram
primordialmente, como instituição, o regime de castas e justificaram legalmente
a escravidão do próximo, como preso de guerra ou por dívidas adquiridas que a
prática atingiu seu apogeu e complexidade. Na Eurásia entre os antigos povos indo-arianos
era costume quando morria um grande senhor que seus servos fossem mortos
imediatamente pelos guerreiros para acompanhá-lo ao outro mundo onde ficariam
obrigados a continuar a servi-lo, enterrados junto aos seus cavalos e pertences
pessoais. Nem na outra vida tinham direito de sair da condição de vassalos.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Mas de todas as
formas de escravização com certeza, a mais vil, foi a escravidão dos africanos e o tráfico para as
Américas, por séculos, um verdadeiro genocídio que mutilou o continente
africano e cujas conseqüências desta verdadeira hecatombe ainda se fazem sentir em ambos os continentes,
de onde a mão de obra escrava foi tangida, num verdadeiro processo
antropofágico velado, onde o homem era explorado pelo homem até sua finitude
como força laboral descartável.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">O escravo africano
podia ser vendido, torturado, açoitado, estuprado, ter sua prole vendida, ser morto
sem justiça, aprisionado em condições inumanas, marcado a ferro e capado como
um animal de carga, ou sofrer pena de morte caso atacasse seu feitor, isto é,
sofrer impunemente todo o tipo de sevicia pelo seu “senhor”. <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Desta época, no auge
da escravidão e tráfico de africanos, podemos lembrar a opinião de um médico
lusitano da segunda metade do século XVIII, destacado para trabalhar nas
colônias portuguesas, cuja única preocupação era o imenso desperdício da mão de
obra nesta verdadeira máquina de moer gente criada pelos europeus no grande
campo de escravos que eles denominavam de Novo Mundo:<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">"Os escravos metidos nesta tortura, sustentando o
horrível combate da vida com a morte, tremendo, e sendo obrigados a miúdo a
comparecerem como réus: alguns tomam fôlego, e morrem; outros passam navalhas
às goelas; outros lançam-se aos poços; outros precipitam-se das janelas, das
grandes alturas; outros finalmente matam seus senhores". (Memória a
Respeito dos Escravos e Tráfico da Escravatura entre a Costa D'África e o
Brazil - 1793 - Doutor Luiz António de Oliveira Mendes)<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Neste caso a morte
auto-imposta, a liberdade última de dispor da própria vida é absolutamente
justificável perante o Direito Natural que transcende qualquer legislação
ditada pelo “senhor”. A vingança se resume para a vítima de fugir de sofrimento
atroz e ao mesmo tempo provocar um prejuízo pecuniário razoável ao “senhor”.
Mas é evidente que matar quem escraviza, aquele opressor do direito à liberdade
e a vida, que impede o ir e vir de qualquer ser humano e que ainda tem sobre
ele poder de castigo físico não pode ser considerado crime de assassinato e sim
mais uma ação em legitima defesa do oprimido contra seu algoz. Não é necessário
lembrarmos as severas penas impostas aos escravos que ousavam justiçar seus
“senhores”. As praças de pelourinho que permanecem ainda hoje como curiosidade
turística de visitantes são memória de como o estado apoiou a morte e a
tortura de africanos em todas as cidades americanas inclusive com apoio de leis
e legisladores. Até hoje a sociedade escravista ainda latente nestes países superlota
suas prisões com afro-descendentes, que são considerados de alta periculosidade
pela sociedade etnicamente discricionária, numa relação percentual de lotação muito maior em relação ao dos descendentes de europeus
presos do que a divisão étnica natural das populações nos países
onde a escravidão é uma realidade histórica do passado recente. A
criminalização do “rebelde” com penas superiores de restrição de liberdade e a
grande mortalidade em ações policiais das etnias negras, que ainda vivem em
condição inferior na sociedade capitalista, permanece constante para os de
origem escrava, na maioria das vezes obrigada a viver em guetos nos países onde
habitam. A segregação étnica, por exemplo, nos Estados Unidos da América só
terminou na década de 60 do século passado, outorgada seu fim por um presidente
branco de origem irlandesa. Destes descendentes africanos que vivem nas
Américas a maioria ainda serve de mão de obra barata e dispõe sua mais valia em
trabalhos inferiores de prestação de serviços onde o descendente de europeu não
quer trabalhar. Daí o círculo vicioso de opressão e criminalização nunca tem
fim.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Não pode o oprimido
então matar seu opressor? <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">A Europa sempre se
considerou superior ao restante do mundo. Outras civilizações foram tratadas
com desdém e povos foram chamados de selvagens. Os cientistas do século XIX
ajudaram a criar esta ilusão até a deflagração no início do século XX da Primeira Guerra Mundial e
depois com a Segunda Guerra e o holocausto dos povos eslavos e judeus promovido
pelos nazistas e sua nova pretensa ordem civilizatória, o ápice histórico do poder branco sobre o
planeta e também o início da decadência dos impérios europeus. Nos guetos
apinhados de judeus suas organizações sionistas tentavam contemporizar com os
nazistas. Imaginavam poder chegar a um acordo com seus algozes e até mesmo
conseguir com a derrota dos ingleses sua tão almejada terra no Oriente Médio
habitada pelos palestinos. Com isso serviam de intermediários do poder nazista
sobre seus povos aprisionados e legislavam punições aos que não aceitavam o
jugo do invasor. Seria possível alguém considerar crime um judeu matar seu
algoz nazista em um campo de trabalho? É verdade que com certeza seria enforcado como punição, mas teria que aceitar a pena por absoluta falta de defesa e não por algum ato de
justiça que neste caso inexiste. Matar nazistas não pode ser considerado crime
em tempo algum. Não existe direito a vida ou livre expressão para àqueles que
pretendem possuir condição étnica ou moral superior aos demais semelhantes de
outras etnias. O racismo, expressão que só pode ser usada em seu pior sentido
não pode ser tolerado, nem seus seguidores
podem usar o abrigo da lei para difundir tais princípios, que vão contra
o livre convívio da raça humana, nem alegar direito de ideologia ou religião
para tal fim.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">O que deve ser
considerado estranho para o homem comum foi como tantos judeus foram enviados
para os campos da morte confinados em vagões de gado dentro de uma Europa dita
civilizada. Como foram tantos tangidos como ovelhas na falsa promessa de uma
liberdade futura pelos seus algozes. Não deveria ser difícil adivinhar qual
destino os esperava ao fim do percurso, mas mesmo assim a civilidade toldou
seus espíritos e bloqueou o extravasamento natural de seus instintos primários,
a presença próxima dos seus entes queridos impediu que assumissem uma
derradeira resistência contra os dominadores e permitiram que fossem tratados
como gado de um imenso rebanho levados para a morte.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Mas o sectarismo dos
grupos fascistas, que continua sendo ainda hoje uma ameaça constante, não se
restringe apenas às diferenças étnicas. Ela inclui também aversão às questões
de gênero, origem, religião e qualquer outra diferença ou minoria que possa
garantir a diversidade de opinião de uma sociedade realmente livre. Não é por
nada que as ideologias nazistas tiveram grande penetração nas Américas onde os
descendentes de europeus ainda mantêm supremacia, pois foram nestes continentes onde
historicamente tais ideologias sectárias tiveram grande repercussão prévia no
genocídio do gentio e na escravidão cuja ideologia escravista antecipou por séculos o nazismo e ainda permanece
velada na exclusão da riqueza para a população mestiça e negra em sua maioria
confinada em distantes guetos urbanos das metrópoles dos século XXI.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">A Interdição Católica
– Monoteísmo<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Pitágoras já
censurava aqueles que se matam, comparando-os a soldados que fogem, infiéis ao
posto onde os colocou a divindade. Platão agrava a submissão requerida
escolhendo uma imagem mais pesada: “Nós, os humanos, estamos numa espécie de
curral e não temos direito de nos libertarmos a nós mesmos, nem nos evadirmos!”
Assim fala Sócrates, no Fédon, alguns instantes antes de beber a cicuta. Com
isso não faz mais do que retomar uma fórmula que se pronunciava durante a celebração
dos Mistérios. Esse curral deve ser entendido como um cercado de escravos, ou
de gado, e Sócrates precisa: “São deuses, aqueles sob a guarda de quem estamos
e nós, os humanos, somos uma parte do que possuem os deuses.” Assim ficará estabelecida, nos próprios termos que empregavam os cultos místicos de salvação
e as seitas órficas, que influenciarão a Igreja Católica na condenação
metafísica do suicídio, preceito que dominará até nossos dias no Ocidente.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">O cristianismo, pelo
contrário, através da crucificação do Cristo estabeleceu o dogma sacrificial na
sua perspectiva de credo. Era necessário estabelecer uma linha fronteira entre
sacrifício e suicídio e distinguir no campo da morte voluntária o permitido e o
interdito entre a glorificação do mártir e as formas abominadas e heresias. A
condenação cristã do suicídio, formulada no século V por Santo Agostinho,
depois reafirmada por tantos concílios (Arles, Orléans, Braga, Toledo, Auxerre,
Troyes, Nimes) e logo ratificada pelas leis canônicas e civis, apóia-se na
noção de um Deus soberano.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Se os cristãos estão
seguros de outra vida livre da morte e da dor, por que se demoram neste mundo?
Este raciocínio ingênuo inspirou muitos cristãos em seus primórdios. Mais
tarde, no século VII, o paraíso de Maomé também deu aos guerreiros do Islã um
grande impulso e coragem. Mas o tempo dos mártires passou, definiu Santo
Agostinho, Deus quer que vivamos e suportemos as provações deste mundo que Ele
criou. Na época da introdução do cristianismo, nos séculos quando eram
perseguidos seus seguidores o jogo era criar mártires e provocar a cólera dos
prefeitos do Império, assim ganhava-se a salvação eterna e a danação dos
pagãos. Segundo Tertuliano, ser morto pelos pagãos era imitar Jesus. Em
especial os seguidores de Donato, que Santo Agostinho iria combater mais tarde,
eram especialistas do suicídio indireto ao profanar com grande furor os ídolos
pagãos e assim obrigar os magistrados em mostrar sua crueldade. Morria-se
contente de ir encontrar o outro mundo e de ter comprovado a maldade deste. Dez
séculos mais tarde os cátaros perseguidos como hereges opuseram aos inimigos
que os afligiam a silenciosa decisão de jejuarem até a morte. <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">No início do século
V, quando Santo Agostinho escreve <i>A
Cidade de Deus</i>, o cristianismo assumiu a posição oficial de religião do
Império e os impulsos suicidas tornaram-se suspeitos. Matar-se é renunciar, mas
também contestar, emudecer para sempre sem dúvida, mas com o fundamento da
denúncia contra tudo que torna a vida inviável e principalmente contra a
opressão. O suicídio sempre foi o recurso daqueles que não tem meios de luta
para enfrentar o inimigo mais forte. A extrema fraqueza pode-se tornar uma arma
temível. Ela pode rivalizar com a força ao iluminar os efeitos de seu
desespero. <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">O objetivo de Santo
Agostinho é oficializar o poder da Igreja em um mundo cambiante dentro do
decadente Império tornado cristão, fundamentando em nome de Deus. A ideia de um
poder soberano secular consolidado pelo poder e como fonte única de Deus. Assim
todos os poderes tornam-se solidários e cúmplices a partir das tradições, e
vinte anos após a sua morte, no Concilio de Arles, os bispos lutam para
defender a consciência tranquila dos proprietários de escravos e tiranos
domésticos: <i>“Se um servidor, de qualquer
condição ou sexo que seja, como para provocar a paciência do Senhor, vier a se
açoitar na agitação de um furor diabólico, é ele só que será culpado pelo
sangue derramado e sobre seu senhor o odioso crime não cairá.”</i> O diabo e
seus maus conselhos, hipótese crédula e conveniente para desculpar as
verdadeiras causas do desespero dos oprimidos. Nem a invenção da loucura
poderia ser melhor, e da internação psiquiátrica como um sucedâneo dos
tormentos do inferno.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">No Oriente –<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: 15.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">No dia 11 de junho de 1963, durante uma manifestação
contra o governo anticomunista, que perseguia duramente os monges budistas do
país, um carro parou no cruzamento e o motorista estacionou, saiu do carro e
abriu o capô, para fingir que o veículo havia apresentado algum defeito e
assim, não chamar a atenção da polícia.<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; line-height: 19.5pt; margin: 0cm 0cm 15pt; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Do banco de trás do carro, o monge Mahaiana Thích Quảng
Ðức, nascido em 1897 e originalmente batizado de Lâm Văn Tức, sai do carro, com
dignidade, se curva para as quatro direções, e calmamente se senta na posição
de lótus, de frente para o ocidente. O monge começa sua medição, recitando
serenamente os nomes dos Budas. Embebido em querosene, o monge rapidamente
acende um fósforo e inicia um incêndio gigante que toma conta de todo seu
corpo. Durante a auto-imolação, o monge continua sentado, com as mãos juntas em
frente ao peito, olhar sereno e sem demonstrar expressão de dor.</span><o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHTIFUGc4DqV3W5a4zqN7FJ-SqCHiMSFymiC9GLj_0O3IpzEvkdJBAc4QO1Y9Xm_jW2lDTKp7suqQq8PKsmV6G9LpvrpxE9VzP81PzcB6oVnXTFpel9zg9ry7G388FUsWDeOq7gnw0DUw/s1600/thich-quang-duc-tocha-da-justica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="272" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHTIFUGc4DqV3W5a4zqN7FJ-SqCHiMSFymiC9GLj_0O3IpzEvkdJBAc4QO1Y9Xm_jW2lDTKp7suqQq8PKsmV6G9LpvrpxE9VzP81PzcB6oVnXTFpel9zg9ry7G388FUsWDeOq7gnw0DUw/s400/thich-quang-duc-tocha-da-justica.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="background: white; line-height: 19.5pt; margin-bottom: 15.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; line-height: 19.5pt; margin: 0cm 0cm 15pt; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">O fogo estava tão quente que até o recipiente próximo
derreteu, no entanto, Thích Quảng Ðức continuou sentado, em face a morte. No
final, quando o fogo já se dissipava, se percebeu que o monge ainda mirou o
oeste, com a cabeça balançando para baixo, como se estivesse se curvando aos
Budas. Em seguida, ele caiu para trás e o suicídio se concretizou. Nada mais se
podia fazer mais para deter aquele que ficou conhecido como a “Tocha da Justiça”.</span><o:p></o:p></span></i></b></div>
<div style="background: white; box-sizing: border-box; line-height: 19.5pt; margin: 0cm 0cm 15pt; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 13.5pt;">Fonte: <a href="http://www.museudeimagens.com.br/monge-thich-duc-tocha-da-justica/">http://www.museudeimagens.com.br/monge-thich-duc-tocha-da-justica/</a></span></i></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">No Oriente a
concepção de morte voluntária tinha uma concepção diferente, em sociedades
onde as classes eram definidas de forma solidamente estratificada, e possuíam uma
hierarquia imutável. Esta relação particular de vassalagem iria criar situações
inusitadas na rígida relação social vigente. No Japão muitas vezes o criado
para chamar a atenção de seu dono e recriminá-lo por alguma falta cometida no
seu comando tirava a própria vida, como protesto contra o “senhor”. O samurai
cometia assim o sepuku e evitava a vergonha de ter que continuar servindo a um
nobre indigno de sua confiança. Desta forma a liderança do superior era fatalmente
questionada e causava o servo a irreversível desonra do senhor. <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Matar-se, a suprema
liberação, pensam os ascetas indianos. Na seita indiana dos <i>digambara</i>, piedosos jainistas que
andavam “vestidos de vazio” e evitavam sequer pisar em insetos que rastejavam
no chão, alguns chegaram espontaneamente a auto-cremação como demonstração de
desprezo pela vida terrena. Um desses ascetas indianos denominados pelos gregos
de ginosofistas, isto é, sábios que andavam nus, mandou preparar uma pira e
sacrificou-se perante Alexandre Magno. Outro fez o mesmo diante de Cesar.
Perante o senhor do mundo, o senhor de si demonstra orgulhoso seu poder de
prover ou acabar a própria vida. <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">O pensamento da morte
está no coração do budismo. Só Heráclito, o sábio grego contemporâneo do Buda,
expressou tanto desprezo e foi tão implacável sobre a realidade da existência: <i>“o mundo é uma casa em fogo, nada é senão
devenir, mistura móvel de ser e de nada. As linhas de uma paisagem ou de um
rosto não são menos evanescentes que as de uma flor ou uma chama.”</i> Nada
existe que o tempo não altere, nem nada que subsista fora do tempo. Nos
primórdios do budismo nenhum principio eterno é admitido, nem divindade, nem
alma, a não ser o devenir sem finalidade, sem origem. Todo o ser é um agregado,
um composto de elementos que devem se separar após terem se unido. A dor de
viver está nesse dilaceramento que mais cedo ou mais tarde nos resgata de todo
o apego, e por fim de nossa própria vida. Não se pode escapar da roda de dor da
<i>Samsara</i>, do devir senão pelo
exercício constante e metódico do desapego que obriga a lucidez. Uma via pode
então abrir-se para a salvação: a sabedoria do coração, que consente no
inevitável fim da jornada do <i>Samsara</i>:
o nirvana, o retorno para a fonte, o despertar para a verdade. Portanto o budismo
é impiedoso quanto ao desejo humano de durar, que ele não ilude com nenhuma
esperança de eternidade. Mas também não encoraja a morte voluntária. Pois
morrer é apenas dar lugar a outras vidas. Todo o desejo de ser é cego, só o
despertar para a verdadeira realidade importa, para além dos pares de opostos.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Considerações finais sobre o
direito de morrer e de matar - <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><span style="font-size: 13.5pt;">Matar o próximo no
Ocidente só é justificado em caso de guerra declarada pelo Estado, neste caso
os integrantes das Forças Armadas do país em guerra tem salvo conduto para
matar o inimigo, que preferencialmente deve ser de outra nacionalidade. Neste
caso, o interdito religioso deixa de ter valor e a justiça confere permissão ao
soldado para matar outros seres humanos sem sofrer sanções criminais. Espera-se
que a ação de matar inimigos de outras nacionalidades seja uma missão sem culpa e galardão gerador da mais
alta honra e prestigio do soldado matador, o </span><span style="font-size: 18px;">herói</span><span style="font-size: 13.5pt;"> dentro da instituição
militar. Não deixa de ser a tradição da caserna, como era para os tupinambás, um rito de passagem
servir nas forças armadas dos Estados, pois quer a cultura
militarista vigente que a instituição militar torna o jovem em adulto, isto é,
o primeiro sangue legitima e marca sua saída da idade infantil para a idade adulta. O
jovem sempre foi e sempre será utilizado em linhas de frente de batalhas. O
nome da arma infantaria decorre deste costume. <o:p></o:p></span></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Além de qualquer consideração metafísica torna-se evidente
contudo que dispor da própria vida é um direito inalienável do ser. Nenhum
dogma religioso ou legislação pode impedir que o indivíduo interrompa a própria
vida, caso a considere indigna da condição natural humana de saúde, de liberdade e de
livre arbítrio. Mas quando discorremos em tirar a vida de outrem existem
limitações evidentes de ordem moral e ética entre ser o oprimido e o opressor.
Não podemos decidir quem pode viver ou morrer pelo critério absoluto daquilo que
acreditamos estar de acordo com a nossa própria concepção de vida saudável,
bela ou correta. Tornou-se uma noção atávica da humanidade, no entanto, que
qualquer um tem o direito de defender o próprio lar contra invasores, de matar
tiranos quando eles tentam impor limites às liberdades individuais e de impor
resistência quando nossa nação é invadida por forças estranhas ou tentam impor
para nós um governo títere, sem representação do voto da maioria. Após a II Guerra Mundial ficou evidente ser impossível conviver com qualquer tipo de fascismo ou aceitar de forma pacifica qualquer ordem que faça apologia da perseguição de minorias sejam quais forem. Neste caso,
independente da legislação ditatorial que o tirano venha a impor, ou da repressão vigente, ou que o
invasor tente legitimar-se por decreto torna-se lícito através do Direito Natural
matar o opressor. Morrer defendendo a própria liberdade é a única forma lúcida
de abrirmos mão de nosso bem mais precioso. Como lembra Camus em seu ensaio
sobre o suicídio: <i>“Na verdade o suicídio
pode estar ligado a considerações muito mais honrosas. Por exemplo: os
suicídios políticos, chamados de protesto, na revolução chinesa.”<o:p></o:p></i></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 13.5pt;"><b>De acordo com o tribunal de Nuremberg:</b></span><span style="color: #660000; font-size: 13.5pt; font-weight: bold;"> <i>"Iniciar uma
guerra de agressão... não é apenas um crime internacional; é o supremo crime
internacional, diferindo apenas de outros crimes de guerra por conter em si o
mal acumulado deles todos"</i>. Desde Nuremberg, <i>"Eu estava apenas
cumprindo ordens"</i> não é mais uma defesa válida. Mesmo assim países
imperialistas usando falsos argumentos patrióticos têm invadido outros mais
fracos em guerras genocidas ou incentivado guerras e desestabilização política
fora das suas fronteiras desde a II Guerra Mundial.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Estes atos extremos, a morte voluntária e a luta armada como forma de defesa contra a opressão, seja ela vinda de fora ou interna, só dependem da consciência de cada um. Neste caso, mais importante que a vitória é a luta.<o:p></o:p></span></span></b><br />
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><i><br /></i></span></span></b>
<br />
<div style="text-align: center;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><i><b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><i>"Se não somos livres, todos somos assassinos em potencial"</i></span></span></b></i></span></span></b></div>
<div style="text-align: center;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><i><b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><i>(Nina Simone em Montreaux)</i></span></span></b></i></span></span></b></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Leia Também:</b></span><br />
<br />
<b><a href="http://koanzenbudist.blogspot.com.br/2014/06/imortalidade-e-reencarnacao-ou-jornada.html">http://koanzenbudist.blogspot.com.br/2014/06/imortalidade-e-reencarnacao-ou-jornada.html</a></b><br />
<br />
<a href="http://otaoeotarot.blogspot.com.br/2012/04/quanta-uma-mensagem-para-quem-esta.html"><b>http://otaoeotarot.blogspot.com.br/2012/04/quanta-uma-mensagem-para-quem-esta.html</b></a></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><br /></span></span></b>
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Bibliografia:<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="color: #660000;"><b><span style="font-size: 13.5pt;">1)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal;"> </span></span></b><b><span style="font-size: 13.5pt;">A Morte Voluntária no Japão – Maurice Pinguet – Edit.
Rocco – 1987<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="color: #660000;"><b><span style="font-size: 13.5pt;">2)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span style="font-size: 13.5pt;">O Mito de Sísifo – Albert Camus – Edit. Record – 2013<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="color: #660000;"><b><span style="font-size: 13.5pt;">3)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal;"> </span></span></b><b><span style="font-size: 13.5pt;">La Calavera – Paul Wetheim – Fondo de Cultura Econômica –
1992 – México<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="color: #660000;"><b><span style="font-size: 13.5pt;">4)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-weight: normal;"> </span></span></b></span><b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">Metafísicas Canibais – Eduardo Viveiros de Castro – Cosac
Naify - 2015</span></span></b><br />
<b><span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;">5)Heróis - Lucy Hughes-Hallet - Edit. Record - 2007 </span><o:p></o:p></span></b></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-157820724412441772016-04-16T08:02:00.002-07:002020-04-15T09:51:54.484-07:00 Capitalismo e Caçadores de Cabeças – O Massacre de Jonestown<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNTpQRLXJS8IVaN0useD2G6vLiAE-0gGT5I9UNr1hqfD7w9-k2yxDXla1vIJQJBHD0B40gNJnuXfOUMBUCQWoE9s1OIWtW-NR_2DxJu8hs6M5dFlbZM1m7pbV13aapUeuwDFw6VD1tezE/s1600/Hans+Staden.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNTpQRLXJS8IVaN0useD2G6vLiAE-0gGT5I9UNr1hqfD7w9-k2yxDXla1vIJQJBHD0B40gNJnuXfOUMBUCQWoE9s1OIWtW-NR_2DxJu8hs6M5dFlbZM1m7pbV13aapUeuwDFw6VD1tezE/s400/Hans+Staden.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Sigmund Freud em sua obra “Totem e Tabú” analisa a partir do trabalho de Frazer, os costumes tabu de povos “primitivos” no que diz respeito a forma como tratam os inimigos: “Os costumes de reconciliação observados na ilha de Timor depois do retorno vitorioso de uma horda guerreira com as cabeças dos inimigos mortos, são particularmente interessantes, em função das severas restrições impostas aos chefes da expedição. ‘Ao retorno triunfante dos guerreiros se oferecem sacrifícios, para apaziguar a alma dos inimigos, que assim não mais poderiam atrair a desgraça sobre os vencedores e se executa um ritual de dança acompanhado de um cântico que nele se chora o inimigo morto e se implora o seu perdão:- Não fique com raiva de nós porque temos aqui conosco sua cabeça. Se a sorte não tivesse sido para nós favorável, seriam provavelmente as nossas cabeças que seriam expostas em sua aldeia. Te oferecemos sacrifícios para te apaziguar e agora teu espírito deve achar-se contente e nos deixará em paz. Porque foi nosso inimigo? Não teríamos feito melhor permanecendo amigos? Se assim fosse teu sangue não tinha sido vertido nem cortada a tua cabeça’”.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Outros povos têm por hábito transformar seus inimigos mortos em amigos, protetores e guardiões. Este método consiste em tratar com todo o carinho as cabeças cortadas, costume de que se vangloriavam determinadas tribos selvagens de Bornéu. Costumes parecidos existem nos países do Novo Mundo, onde ruas e distritos, acidentes topográficos e até mesmo cidades e estados mantém os nomes dos povos autóctones que foram destruídos, extintos ou assimilados no tempo da colonização como forma de lembrança apaziguadora.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Entre os tupinambás era comum guardar troféus no sentido de preservação religiosa sendo os crânios fincados em estacas à frente da choça do vencedor. Os dentes serviam para a fabricação de colares e as tíbias para a manufatura de flautins ou apitos. Consistia numa prova de valor, acarretando muita consideração trazer ao pescoço longos colares de dentes humanos e ostentar numerosas cabeças em derredor da cabana. Seu poder diziam era alertar a vinda das tropas adversárias.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">O crânio, presa preciosa do vencedor, tornava-se objeto de toda a sorte de cerimônias, renovadas, aliás, cada vez que se recebem visitas. Após saudar os assistentes com manifestações bélicas, o matador, tendo o crânio suspenso pelo braço, narra a sua façanha, cantando toadas guerreiras enquanto passa pela frente dos hóspedes seguido de dois acompanhantes, que oferecem o cauim fartamente servido em cabaças. Troféu e cabaças são, depois, postos em terra e todos, aos gritos, descarregam as flechas nesses objetos. Em seguida dança-se ao redor do crânio despojado, com o qual algumas pessoas bebem, bailam e louvam as proezas. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">O mais interessante na mentalidade entre os povos acostumados a caçar cabeças e ao sacrifício humano em suas formas institucionalizadas de violência é a ausência de qualquer participação profunda de tipo emocional nos atos de ferir ou matar. O caçador de cabeças que busca uma vítima para obter entre os seus a distinção de guerreiro ou então está em busca de uma cabeça para fins rituais porque sua aldeia ou a casa dos homens necessita de uma, cumprirá sua missão sem ter nenhum tipo de animosidade contra a vítima. Certamente os konyac nagas não abrigavam nenhum mal sentimento contra os escravos que compraram para obter cabeças sem correr os desnecessários riscos dos combates. Segundo o antropólogo, um ancião desse povo expressou lástima por um menino que ele e seus companheiros de clã haviam comprado com o propósito expresso de cortar-lhe a cabeça. Neste caso, o matar era uma ação que se levava a cabo para alcançar resultados específicos, e não está motivado pela fúria ou por sentimentos pessoais de ódio.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Por outro lado podemos perceber no processo civilizatório dos antigos ainda os resquícios de seus arquétipos antropofágicos, como foi a imolação de Marco Túlio Cícero, o grande orador latino, exprimiu o ato criminoso o ódio dos poderosos ao desencadear a vendeta, a vingança sectária como forma de costume ancestral. Envolvido com os problemas de sucessão em Roma após o fim do período republicano Cícero imaginava restaurar o antigo regime e por ter escolhido a facção derrotada acabou a mercê dos inimigos. Perseguido e afinal assassinado nas imediações de Fórmia, pelos sicários de Marco Antonio, assim silenciaram para sempre a sua voz defensora da democracia romana. A cabeça e as mãos do orador decepadas do tronco foram conduzidas para Roma; e sua língua transpassou-a com um grampo de seus cabelos a vingativa Fúlvia, esposa de Antonio, com requintes de maldade. Seus despojos foram vilmente deixados no fórum onde tantas vezes ele havia defendido a liberdade dos romanos para terror dos vencidos e ameaça aos recalcitrantes.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">A revolução industrial na Inglaterra tinha também claras motivações de apropriação antropofágica semelhantes aos costumes destes caçadores de cabeças primordiais, civilização criada sobre as bases do crescimento econômico a qualquer custo e dominada pela aristocracia reinante e burguesia ascendente comum entre as lideranças de suas grandes corporações controladas pelas elites do império inglês. Multidões de operários tangidos dos campos para a cidade trabalhavam em condições subumanas de quase escravidão, e até mesmo crianças eram colocadas nas perigosas linhas de produção sem nenhum sentimento de aversão de uma sociedade vitoriana acostumada a impor sua vontade ao mundo dito “civilizado”. Até mesmo os estudiosos acreditavam na superioridade de sua civilização em relação às demais. O etnocentrismo de então buscava contrapor a idéia da razão a da superstição dos povos que denominavam de selvagens e primitivos. O conhecimento e sua acumulação passaram a ser distinção de superioridade. A idéia do homem-máquina adquiriu então seu apogeu, bem como o de cultura e nacionalidade. O capitalismo atingiu seu sentido mais exato que é a apropriação "per capita" de povos e gentes.</span></b><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b>
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpCI7-byBOLOlxXOWbuLGrmqRG3AQ5Vcit4YAz006JUbn76yaaiiGqrstU0OfQcPJlV8E5PhFHgnuM87QB3jxqsQBzslTNEgus6jhvbzqmPjsxljCf7rSfIJHP5nTC6LALUChAfgG2H-M/s1600/60d948c7c4bbf4a190447a5492d00d9f.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="color: #0c343d;"><img border="0" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpCI7-byBOLOlxXOWbuLGrmqRG3AQ5Vcit4YAz006JUbn76yaaiiGqrstU0OfQcPJlV8E5PhFHgnuM87QB3jxqsQBzslTNEgus6jhvbzqmPjsxljCf7rSfIJHP5nTC6LALUChAfgG2H-M/s400/60d948c7c4bbf4a190447a5492d00d9f.jpg" width="400" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Crianças na Linha de Produção Vitoriana</span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Cultura, o termo distinguindo os aspectos característicos de cada povo, será interpretado pelos nazistas e positivistas de forma objetiva, como criação, no sentido gregário, de rebanho, que se expande, se apropria, como reflexo da visão expansionista dos europeus sobre os demais povos. Essa visão agrária de cultura que será tratada de forma objetiva pelos segregacionistas no séc. XX, no limiar do séc. XXI é imposta de forma subliminar para aqueles que pretendem redimir suas culpas pela exploração do meio ambiente desconsiderando como vivem povos e gentes que consideram exóticas. O exotismo seria a desculpa pelo exorcismo cultural imposto, num multiculturalismo invertido por aqueles que consideram suas culturas como superiores por acumularem conhecimentos técnicos e inovações tecnológicas que imaginam ser um beneficio. Com essa justificativa podem apropriar-se das riquezas minerais e outros recursos naturais impondo a transformação da cultura exógena de forma a que venha assemelhar-se ao seu modelo e possa adquirir seus produtos. Assim mitigam sua consciência coletiva, vendendo quinquilharias aos vencidos.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Capitalismo adquire então seu sentido maior que é apropriação de cabeças, de gentes para fazer funcionarem as máquinas, multidões de proletários tirados da terra para alimentar as fornalhas das máquinas a vapor, cornucópia de onde tecelagens, depois as montadoras de veículos e siderúrgicas produziram e ainda produzem as riquezas para grupos econômicos cada vez mais restritos.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">“Headhunter” é o termo que utilizam os experts em caçar indivíduos com qualificações de lideres Alfa para ocupar e estruturar os organogramas das corporações cada vez mais impessoais onde milhares são contratados ou demitidos conforme as bolsas de um distante país qualquer determinam. Não existem problemas de consciência nesses executivos, como não havia entre os konyac, eles cumprem suas funções em organizações com todas as características dos velhos totens tribais de tribos de caçadores, na casa dos homens, executive clubs restritos onde tomam seus drinks na happy hour tomam suas decisões sobre as multidões ignaras, e vem na mão de obra barata seu objetivo maior, seu alvo como chamam esses novos caçadores, sua presa está hoje em algum outro país exótico onde os recursos humanos ainda são abundantes e digeríveis pela máquina devoradora de homens.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Os estudiosos ao final do séc. XX tiveram que rever suas opiniões sobre quem eram os selvagens primitivos ao perceber quanto os povos civilizados puderam cometer de atrocidades em nome de sua cultura que consideravam superior.</span></b><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b>
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcHPg4C9ry9LCRWpbytE0r0aRKLuMjSBJMhN1bcxo3L5JQgGZCuSGI7V1tuCeYjS6GFxHIe6BoudVPbaQJwRNgYW29Arw-IPR-8JQMXEUrYLgY47lFBvAfqx2iU1qHXUGb7vl9eAeeMzc/s1600/mexico-aerials.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="color: #0c343d;"><img border="0" height="392" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcHPg4C9ry9LCRWpbytE0r0aRKLuMjSBJMhN1bcxo3L5JQgGZCuSGI7V1tuCeYjS6GFxHIe6BoudVPbaQJwRNgYW29Arw-IPR-8JQMXEUrYLgY47lFBvAfqx2iU1qHXUGb7vl9eAeeMzc/s400/mexico-aerials.jpg" width="400" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: x-small;">Cidade do México</span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="color: #0c343d;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Superpopulação -</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><i>“O freio primário ou fundamental ao contínuo aumento de homens é a dificuldade de obter-se a subsistência e de viver com comodidade... Nas nações civilizadas, este freio primário atua principalmente restringindo os matrimônios ( Agrega-se que a mortalidade infantil, guerras e emigrações também desempenham uma parte determinada nesta função)... Não obstante que os selvagens parecem ser menos prolíficos que os povos civilizados, não há dúvida de que aumentariam em número rapidamente, se não fosse por que seu número de alguma maneira é contido de maneira rígida...Os selvagens quase sempre contraem matrimonio; contudo, existe uma certa prudente restrição, determinado que comumente, não se casam na menor idade possível. Com freqüência se exige que os jovens demonstrem que podem sustentar uma esposa: geralmente, necessita primeiro atingir o dote necessário com o qual possam comprá-la de seus pais... Malthus discutiu estes vários freios, mas ele não realça suficientemente que provavelmente seja mais importante, a saber, o infanticídio, especialmente de meninas e o costume do aborto... Se não remontássemos a uma época extremamente remota, antes que o homem tenha obtido a dignidade humana, este se teria guiado mais pelo instinto e menos pela razão que como fazem atualmente os selvagens mais primitivos. Nossos antepassados semihumanos não haveriam praticado o infanticídio ou a poliandria, determinado que os instintos dos animais inferiores nunca estão tão pervertidos para levá-los com regularidade a destruir seus próprios brotos ou para estar desprovidos dos cuidados (da prole)...os antepassados do homem teriam a tendência de multiplicar-se rapidamente, mas freios de algum tipo, sejam periódicos ou constantes, deveriam mante-los em número reduzido, ainda mais severamente do que entre os selvagens atuais. A natureza precisa desses obstáculos, nós já sabemos, como ocorre com a maioria dos outros animais”. (Charles Darwin, 1871)</i></span></b><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O ser humano, biologicamente ainda o mesmo indivíduo que viveu na pré-história, por índole amante de seu habitat natural, será cada vez mais obrigado ao convívio e confinamento com multidões nos grandes centros urbanos nos próximos anos. Ele está irremediavelmente condenado a viver em grandes estruturas com células habitacionais cada vez menores. É o que profetizou o Dr. Paul Leyhausen, do Grupo de Trabalho do Setor do Comportamento Fisiológico do Instituto Max Planck em Wuppertal na década de 60. Diferentemente de outros animais o homem nunca desenvolveu um regulador biológico eficiente para regular sua superpopulação. Na mais remota antiguidade a mortalidade de mães e crianças era elevada. O perigo de morrer em caçadas ou lutas tribais era uma ameaça diária. Não havia imunidade ou proteção contra as doenças mais simples e a média de vida era abaixo dos trinta anos. Não era portanto necessário um regulador natural de população, que então nunca se desenvolveu e até hoje praticamente inexiste. Nem os grande conflitos serviram para reduzir consideravelmente a população humana que só faz crescer.</span></b></span><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Não podemos mais esperar um regulador biológico dizem os especialistas. Os avanços da medicina que imunizaram a humanidade contra as principais pandemias são um dos fatores para o crescimento geométrico da população humana. Do excesso de gente para o zero não é mais que um passo nos ensina a natureza. Durante cinco anos de prisão na Segunda Guerra Mundial, o Dr. Leyhausen aprendeu da pior forma possível como agrupamentos superlotados podem afetar os seres humanos como afetam outros animais. Excluídas as peculiaridades de cada espécie, as forças em movimento do efeito transformador na organização social são as mesmas.</span></b></span><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">As primeiras experiências feitas com uma massa humana comprimida, parecem comprovar essas conclusões por analogia. Na Clínica Infantil de Oxford, as Dras. Corine Hutt e Jane Vaisey dividiram as crianças em três grupos de acordo com o temperamento de cada uma. Mantendo os três grupos separados, algumas crianças eram conduzidas para quartos-de-brincar relativamente pequenos. Diariamente as três salas iam sendo preenchidas com um número crescente de crianças. Os meninos e meninas eram supervisionados sem saber através de dispositivos instalados na parede.</span></b></span><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">As crianças de temperamento acomodável, à proporção que se enchia a sala, foram ficando mais retraídas, evitando sempre mais os contatos anteriores em suas brincadeiras com o grupo. Quanto mais a sala se enchia tanto mais elas se isolavam. Quando o aperto foi tal que as crianças já não conseguiam evitar o contato de outros corpos, explodiram por toda a parte ondas de agressão e a experiência teve que ser interrompida. Esta maneira de reagir contra a massa se assemelha com a de outros animais sociais. No grupo das crianças de temperamento </span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">irascível, os atritos foram constantes desde que a sala ficou meio lotada. O grupo das crianças passivas mostrou agrado até a sala ser completamente lotada. Entre os humanos constatou-se mais diversidade de comportamentos do que entre espécies de animais diferentes. </span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Isto dificulta ainda mais o problema entre os homens. A alma humana do ponto de vista coletivo, fenômeno totalmente contrário à razão, não constituí uma unidade frente aos mesmos estímulos. Cada indivíduo reage de modo diverso, de acordo com sua própria personalidade. Como constataram as pesquisadoras inglesas: "Vista psicologicamente, a massa humana parece uma combinação de diversas espécies animais". </span></b><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Animais confinados em zoológicos que são normalmente sociáveis e que respeitam naturalmente uma hierarquia em seu ambiente natural, como os babuínos por exemplo, o chefe do bando, normalmente tolerante, se torna um déspota insuportável, conta Paul Leyhausen, e o grupo se torna uma massa amorfa, fragmentária, sem estrutura comunitária. O pesquisador alerta: "Entre os homens a superpopulação também representa um perigo em relação à verdadeira democracia. O resultado quase inevitável é o advento da tirania, seja ela exercida por um tirano ou através de uma ideia abstrata, como o bem estar geral, que traz, para a maior parte dos cidadãos comuns, maiores cargas do que proveitos". </span></b></span><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Uma das características básicas do ser humano é viver em pequenos grupos sociais onde pode afirmar sua posição social. Para vencer o medo necessita viver em uma coletividade limitada. A grande massa anonima tira-lhe a segurança e fobias inexplicáveis são estimuladas. Sua solidão é a mais completa em meio a multidão. A violência interpessoal explode pelos motivos mais fúteis e de forma mortal. </span></b></span><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">A perda de liberdade das massas é irreversível, o sacrifício pela causa comum esconde a necessidade cada vez maior dos poderosos de diminuir por pressão a densidade populacional, confinar o indivíduo comum em espaços cada vez mais restritos ou povoar novos assentamentos onde seus moradores originais com certeza serão expulsos e marginalizados. Aliás esse é o sentido da palavra marginal, aquele que foi expulso e confinado na periferia de algum espaço, fora do território do grupo dominante.</span></b></span><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">A crise global que hoje atinge os países do hemisfério norte antes conhecidos pelo alto nível de vida possuí já como principal causa o excesso populacional e as consequências desse desastre humano já são sentidos nas periferias marginalizadas do mundo, com grandes movimentos populacionais e conflitos de baixa intensidade cada vez mais graves. Tambores de guerra ressoam para encher de entusiasmo os jovens nas metrópoles e enviá-los aos milhares para outro país distante onde possam transgredir as normas sem afetar suas sociedades de origem. </span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Em 1931 quando Admirável Mundo Novo foi escrito, Aldous Huxley estava convencido que ainda restava muito tempo. Conforme suas próprias palavras - “a sociedade completamente organizada, o sistema cientifico de castas, a abolição da vontade livre por meio de um condicionamento metódico, a servidão tornada aceitável mediante doses regulares de felicidade quimicamente transmitidas, as ortodoxias propagandeadas em cursos noturnos ministrados enquanto se está adormecido - estas coisas aproximavam-se tais eu as dizia, mas não chegariam no meu tempo, nem mesmo no tempo dos meus netos. Nós que vivíamos no segundo quartel do século XX d.C., éramos os habitantes de um universo realmente horrível; mas o pesadelo daqueles anos de depressão era radicalmente diferente do pesadelo do futuro, descrito no Admirável Mundo Novo. O nosso era um pesadelo de excessiva falta de ordem; o deles, no século VII d.F., de ordem em demasia. Vinte e sete anos depois (1958), dizia sinto-me muito menos otimista do que me sentia quando estava a escrever o Admirável Mundo Novo. As profecias feitas em 1931 estão a realizar-se muito mais depressa do que eu pensava”.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Caso Huxley ainda vivesse com certeza sua surpresa ainda seria maior com a evolução tecnológica ocorrida nos últimos 60 anos, em relação as inovações abordadas em seu livro. Sua visão histórica, bastante lúcida sobre a condição humana, fruto de sua formação humanista no período conflituoso anterior à Segunda Guerra Mundial, quando ocorreram profundas mudanças, e estava distante ainda dos acontecimentos da metade do século XX, auge da guerra fria, o terror nuclear e a difusão do capitalismo norte americano pelo mundo Ocidental.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Como época de grandes transições sociais, políticas, e econômicas, o final do século XX e inicio do séc. XXI possuem grandes semelhanças históricas com os anos trinta. O período entre guerras marcava o crepúsculo da influência militar colonialista européia. Desemprego, fome e miséria assolavam o mundo em suas crises cíclicas e serviam de incubadora perfeita para fomentar ideais nacionalistas e fascistas. O mundo estava na época à beira do caos social e econômico, que iria materializar-se anos depois na Grande Guerra Mundial, responsável pela destruição das estruturas européias conhecidas.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Neste inicio do séc. XXI, apesar dos grandes esforços no sentido de exorcizar-se a xenofobia e o etnocentrismo da humanidade, eis que surgem os mesmos valores novamente travestidos em intolerância racial e econômica, germinando lentamente nos países mais desenvolvidos do planeta. Com multidões de imigrantes provenientes de suas ex-colônias e zonas de influência, já não conseguem garantir os avanços sociais atingidos no pós II Guerra, de bem estar social e elevada qualidade de vida. Por outro lado, a crescente necessidade de mão de obra mais barata e disposta a cumprir árduas tarefas, obriga estes povos privilegiados das nações desenvolvidas a conviver e coabitar com estes contingentes “bárbaros” em seus países, mesmo que muitas vezes sujeitem os grupos sociais alienígenas, diferentes de seus padrões de cultura a viverem em superpovoados guetos sem mínimas condições de higiene, as senzalas modernas. A hipocrisia das políticas oficiais sobre imigração nos países desenvolvidos condenam o imigrante estrangeiro ao trabalho “ilegal”, termo que poderia ter sido criado na mais perfeita novilíngua de Orwell, em seu “1984”, inspiração maior do grande irmão, neologismo que pode ser definido; em trabalho sem nenhum direito de cidadania ou mínimas condições de respeito aos direitos humanos do indivíduo, forçando o termo a ilegalidade do ato e negando-lhe um direito natural numa sociedade pretensamente livre e desenvolvida. O capital beneficia-se diretamente de marginalizar o trabalho do imigrante, reduzindo seus ganhos e conseqüentemente custos sobre serviços e produtos. Porém a longo prazo, o verdadeiro impacto deste deslocamento populacional já está sendo percebido no século XXI, com a discutida falência das estruturas previdenciárias, ou seu abandono pelas políticas econômicas racionalistas e neoliberais dos governos nos países desenvolvidos em crises financeiras cíclicas, resultanto na favelação dos guetos das populações estrangeiras carentes, mudanças de hábitos e costumes, aproximando cada vez mais o primeiro mundo das realidades sociais e culturais do terceiro mundo.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Em contrapartida, o crescimento populacional descontrolado, principalmente no terceiro mundo, com sua concentração nas grandes cidades do hemisfério sul terá igual impacto negativo sobre a qualidade de vida destas populações. Segundo os levantamentos realizados pela ONU, de 1990 até o ano 2000 dobrou de um para dois bilhões de habitantes a população do planeta, com a projeção de mais uma provável duplicação da população urbana nos 25 anos subseqüentes de acordo com as taxas de crescimento históricas. Um verdadeiro beco sem saída populacional.</span></b><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b>
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwHJ0wlr2uKrddSCzg-bHLSZY_WMB9hvl5M942hyphenhyphen0nLFQRzTC7MWgUQzmMwdLqiDvO-ysxCybPBJrVuTab96ziqEOHGRuUG8LdPA3BgJ09eebqKEw9nqhdojo7ceWSK2Wyv5O7dBS7KFA/s1600/grafpopulacao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #0c343d;"><img border="0" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwHJ0wlr2uKrddSCzg-bHLSZY_WMB9hvl5M942hyphenhyphen0nLFQRzTC7MWgUQzmMwdLqiDvO-ysxCybPBJrVuTab96ziqEOHGRuUG8LdPA3BgJ09eebqKEw9nqhdojo7ceWSK2Wyv5O7dBS7KFA/s400/grafpopulacao.jpg" width="400" /></span></a></div>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">A população mundial chegará aos sete bilhões em 2012, segundo a última projeção do Escritório do Censo americano, na qual analisa diferentes fatores que afetam o crescimento demográfico em 226 países. Sendo assim, em apenas 13 anos a população mundial passará a ter um bilhão de habitantes adicionais.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Mais da metade dos 6,8 bilhões de pessoas que formam a população mundial hoje vivem já nas cidades, segundo a Federação Internacional da Cruz Vermelha (FICV), que alertou sobre os riscos de uma urbanização rápida e sem planejamento do planeta. O Relatório Mundial de Desastres 2010, apresentado em Nairóbi por Matthias Schmale, vice-secretário-geral da FICV, adverte que "2,57 bilhões de habitantes urbanos nos países de receitas baixas e médias estão expostas a níveis inaceitáveis de risco". Entre esses riscos destaca-se o consumo de fast-food, a urbanização acelerada, más administrações de Governos locais, crescimento demográfico das cidades, assistência sanitária deficiente e violência urbana crescente. Os países mais povoados são China, Índia e Estados Unidos, nesta ordem.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Essa população já responde pelo consumo de 70% dos recursos disponíveis na natureza. segundo o relatório intitulado "A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade para Políticas Locais e Regionais" Segundo o documento, com a estimativa de que a população do planeta supere 9,2 bilhões até 2050, a Terra terá 6 bilhões de habitantes, quase 90% da população atual, vivendo no espaço urbano. Diante desses dados, governos e comunidades precisam reconhecer o valor do capital natural (água, solo, biodiversidade). Os formuladores de políticas públicas têm razões de sobra para tentar encontrar, o mais rápido possível, soluções de combate à degradação dos ecossistemas e minimização da perda da biodiversidade, dizem os analistas.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Assim sendo essas populações serão amontoadas nas megacidades, onde a miséria e seus ramos perniciosos já lançaram suas raízes de maneira irreversível no século passado. Já em 1958 Huxley declarava - “É verdade que no Ocidente, homens e mulheres gozam ainda de uma larga medida de liberdade individual. Mas, até naqueles países que tem uma tradição de governo democrático, esta liberdade, e o desejo desta liberdade, parece encontrar-se em declínio. No resto do mundo a liberdade para os indivíduos já desapareceu, ou está manifestamente em vias de desaparecer. O pesadelo da organização total, que eu situara no século VII d.F., emergiu do futuro remoto e por isto tranqüilizante, e encontra-se agora esperando por nós no primeiro ângulo do caminho”.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">A escalada da explosão urbana sobre áreas antes livres, o crescimento populacional e sua má distribuição no terceiro mundo, com cidades superpovoadas, acrescida do grande déficit social, condenam o próximo século a uma crise sem precedentes. Nestes países onde confundem-se ainda o colonialismo com os ideais neoliberais e racionalistas provocados pela revolução tecnológica, patrocinada e difundida pela elite dominante, as soluções de mercado adotadas pelos países do hemisfério norte não servem de exemplo, pois no hemisfério sul aumentará o abismo ainda mais na desigualdade predominante, beneficiando uma minoria e marginalizando a maioria da população.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Além disso, o modelo do hemisfério norte não pode ser considerado um sucesso. O agravamento do processo de segregação étnica, a desagregação da família, as tensões sociais, o aumento do consumo de drogas, a violência urbana, e a falência ou abandono dos serviços sociais em algumas das cidades mais ricas, não recomendam as experiências destes países em gerir e resolver seus problemas. Os países do terceiro mundo, a maioria localizados no hemisfério sul, estão condenados pelo imobilismo e incompetência de suas elites em resolver tais problemas, profundamente envolvidos em adquirir novas tecnologias de expansão de mercado a qualquer preço, e certamente a cada geração cada vez mais decadentes na manutenção dos verdadeiros valores sociais e morais de liderança. Como sultões irresponsáveis vivem a irrealidade da vida no harém, cercados em condomínios guarnecidos por seus seguranças e milícias particulares.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Já em 1958 com seu “Regresso ao Admiravel Mundo Novo”, Aldous Huxley profetizava: <i>“E esta duplicação fantasticamente rápida do número de seres humanos ocorrerá num planeta cujas áreas mais procuradas e produtivas já estarão densamente povoadas, cujos solos estão a ser desgastados por esforços frenéticos de maus agricultores, com a finalidade de obterem mais alimento, e cujo capital de minerais facilmente utilizáveis está a ser dissipado com a extravagância estouvada de um marinheiro embriagado que se despoja rapidamente dos salários que acumulou. No mundo real contemporâneo, o problema da população não foi resolvido. Pelo contrário, o problema está a tornar-se mais grave e mais pavoroso a cada ano que passa. E’ contra este sinistro pano de fundo biológico que todos os dramas políticos, econômicos, culturais e psicológicos do nosso tempo se desenrolam profetizando o futuro próximo”...</i></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Os seres humanos evoluíram com sua aptidão de primatas para a organização social. Entretanto dentro desta atual e complexa sociedade, o crescimento populacional excessivo produz entre os homens das megacidades o retorno às suas raízes, a volta aos seus valores tribais mais primitivos. Nas megacidades milhares de tribos entrecruzam-se, cada uma tentando afirmar sua própria identidade em conflito direto, contraposição natural à tentativa de massificação cultural imposta pelos detentores do poder da informação de massa. Esta situação geradora de tensões sociais crescentes, reflete-se de diferentes formas dependendo do nível de desenvolvimento da região do mundo evocada. Nos países desenvolvidos do hemisfério norte, Europa e EUA, com o crescimento dos guetos étnicos onde são alojadas as minorias estrangeiras em condições subumanas, e nas regiões subdesenvolvidas do hemisfério sul, com o aumento da marginalidade e pobreza destes povos de origem nativa ou descendente de imigrados pela força no século XIX, que vivem nos arrabaldes do desenvolvimento das elites. São a pobreza máxima e a riqueza mínima uma ameaça latente e constante às instituições democráticas, quase sempre tomadas de assalto pelas elites e suas seitas oportunistas sob a justificativa da manutenção da paz e da ordem interna.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Um exemplo que salta aos olhos é a forma descontrolada como as grandes corporações induzem o comportamento das massas. Enquanto os recursos do planeta são explorados com sofreguidão visando manter grandes plantas industriais em funcionamento, toda uma estrutura de comunicação é montada para garantir e justificar que esses bens sejam consumidos. Agem no sentido de evitar o questionamento por parte dos consumidores em relação aos meios utilizados para sua obtenção. São um público de milhões de pessoas que imaginam assim garantir o seu conforto imediato, como os lemingues, que quando reproduzem em demasia seguem marchando em direção ao penhasco sem perceber que a morte certa lhes espera no fim da jornada. Ou como uma manada de búfalos que em disparada insana não levanta a cabeça por sobre o rebanho para observar o despenhadeiro que se aproxima e acabam os de trás empurrando para a fatalidade os que seguem a frente para regozijo do esperto predador que se avizinha.</span></b><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O Massacre de Jonestown - </span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Em 1977, o Templo do Povo era uma organização semelhante a um culto de renovação cristã que começou suas atividades em São Francisco, na Califórnia e atraiu seus fiéis entre os habitantes dos bairros mais pobres daquela cidade. O Rev. Jim Jones era seu inconteste líder político, social e espiritual e conseguiu influenciar seus adeptos para criarem um assentamento na selva da Guiana, na América do Sul onde criariam sua Nova Jerusalém, eram uma comunidade religiosa em busca da sua “terra da promissão”, sugestivamente denominada pelo seu fundador de Jonestown. Lá viveram em relativa obscuridade tentando tirar da terra selvagem seu sustento capitaneados pelo seu messias. Em 18 de novembro de 1978, quando quatro homens que pertenciam a uma comissão de investigação do governo americano liderados pelo deputado Leo J. Ryan tentaram partir de avião foram executados por adeptos do culto a mando de seu pastor. Ciente de que seria envolvido em acusações criminais sérias e que isso acarretaria o final de seu projeto divino na terra, Jones resolveu a seu modo perpetuar de maneira definitiva sua missão no planeta. Ele reuniu toda a sua comunidade e emitiu um sermão sobre as benesses do sacrifício grupal perante os olhos de Deus e como agindo assim alcançariam o verdadeiro paraíso.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">A primeira a beber o veneno do barril aromatizado com morango foi uma jovem que calmamente sorveu o liquido e deu uma dose ao seu bebe, e depois sentou-se em um campo no qual ela e seu filho morreram em quatro minutos em meio a violentas convulsões. Outros a seguiram sem questionar. Apesar de um punhado de habitantes ter fugido dali e alguns outros resistirem ao suplício, os sobreviventes afirmaram que a maioria das 910 vítimas sorveu o veneno com sabor de morango de forma ordenada e voluntária, sem nenhum queixume.</span></b><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b>
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiwIJaEfGgyE7Ku-h0To_GktD2uXkRTvWdIfpccOT-2zvBrB0Ym-Bo05AmSpXhwEFSlbdjE-XAs8E9QVWdjJxTVQ-3ynuWWRCp0qP3mUzoVwkkbjmitFRTClT3CbJBNKx4zamNY632yh0/s1600/jonestown.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="color: #0c343d;"><img border="0" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiwIJaEfGgyE7Ku-h0To_GktD2uXkRTvWdIfpccOT-2zvBrB0Ym-Bo05AmSpXhwEFSlbdjE-XAs8E9QVWdjJxTVQ-3ynuWWRCp0qP3mUzoVwkkbjmitFRTClT3CbJBNKx4zamNY632yh0/s400/jonestown.jpg" width="400" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8px;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Os mortos de Jonestown</span></b></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Na época a mídia tratou o assunto com estardalhaço. Várias análises foram apresentadas por peritos que buscavam explicar esta psicose coletiva que permitiu ceifar muitas vidas. Muitas foram as explicações. Algumas se concentraram na personalidade carismática de Jim Jones como a causa da tragédia. Ele fazia com que as pessoas o amassem como a um messias. Confiassem em seus conselhos como a um pai. E o tratassem como a um soberano. O reverendo acumulava todas as qualidades de um macho Alfa e desta forma mantinha controle absoluto sobre seu rebanho. Outras explicações dos analistas foram em relação ao público de seguidores, pessoas pobres e sem instrução, ex-drogados e marginalizados da sociedade capitalista americana, dispostas a abrir mão da própria liberdade de pensamento e ação em troca da segurança de alguém decidir seus próprios destinos. Outras ainda afirmavam a natureza religiosa do Templo do Povo, onde seus crentes sofriam diariamente uma doutrinação no qual a fé em seu líder era prioridade.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Os sobreviventes afirmaram que eles estavam bebendo o veneno como se estivessem hipnotizados ou algo parecido. O poder de persuasão associado a um ambiente hostil e desconhecido pode ter auxiliado na decisão da comunidade que individualmente buscava a semelhança entre seus iguais. Se estivessem em São Francisco talvez questionassem a decisão de seu líder disseram os especialistas. Sua alienação do resto do mundo foi um fator determinante para seguirem o pensamento gregário em oposição ao instinto natural de sobrevivência. Quando as pessoas ficam inseguras buscam orientação nas decisões da comunidade. Ao estarmos imersos na cultura particular nosso senso crítico fica embotado. Elas não foram hipnotizadas por Jones num sentido mais particular, foram convencidas em massa de que aquele seria o melhor caminho a ser seguido. As incertezas porventura surgidas foram minimizadas pela atitude grupal de aceitação da comunidade que não quiseram transparecer hesitação perante aos demais pertencentes do culto.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Os compatriotas viram no exemplo dos seus a razão para seguir o ritual de autodestruição. Em grupos sociais sempre existem indivíduos que fanaticamente obedecem a um macho alfa determinado. Basta saber se os formadores de opinião foram previamente instruídos para manterem um comportamento resignado ou se eram mais suscetíveis ao domínio do seu líder carismático. Na sociedade humana tais comportamentos patológicos já foram observados entre suicidas e serial killers que copiam outros seus semelhantes na condição primata de imitadores simiescos. Existe um comprovado aumento do número de eventos nas estatísticas de mortes similares após um determinado acontecimento mórbido. O mesmo sucedeu em Jonestown e com mais força levando em conta a proximidade entre as pessoas vivendo em uma comunidade fechada com uma origem nacional comum.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Foi com certeza o poder de manipulação consciente deste líder que permitiu iludir a tantos e influenciar seus comportamentos. Através de seus aliados, outros formadores de opinião foi que ele estabeleceu redes de aceitação do grupo no assentamento criando as condições ideais de convencimento dos indivíduos que estão quase sempre em busca de fazerem parte do rebanho e temem a própria rejeição perante o grupo. Assim o principio da aprovação social funcionou ao máximo ao seu favor.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Segundo os especialistas, seu toque de mestre foi o deslocamento da comunidade do Templo do Povo para longe de suas raízes. Teria sido só isso? Seu assentamento como qualquer comunidade com mais de mil seres foi manipulado como fazem os grandes criadores com seus rebanhos. O rebanho sempre pode ser tangido para determinado lugar ou até mesmo para o matadouro desde que o primeiro do bando siga na mesma direção, independente inclusive da reação do animal líder.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b>
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0Beblg4jj3qkvq-CPQzAGiAEbnHqNf67dDoFT0SBiclkvG9OA_ax1BDitbe5-TpoPhPmPnMM8egJrR0yf7EsxKgSBA90j503_Sg2AxS2enZNxF6yrlJH-vikG5hEOEWR67Hpz6sMi3ZA/s1600/JonestownArielBodies.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="color: #0c343d;"><img border="0" height="263" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0Beblg4jj3qkvq-CPQzAGiAEbnHqNf67dDoFT0SBiclkvG9OA_ax1BDitbe5-TpoPhPmPnMM8egJrR0yf7EsxKgSBA90j503_Sg2AxS2enZNxF6yrlJH-vikG5hEOEWR67Hpz6sMi3ZA/s400/JonestownArielBodies.jpg" width="400" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Vista Aérea dos Corpos</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">A análise dos acontecimentos de Jonestown é como uma caricatura trágica de nossa sociedade contemporânea. Sabemos que as grandes corporações gastam milhões de dólares anualmente pesquisando o comportamento dos consumidores visando exclusivamente aumentar suas vendas e seus lucros, sem maiores preocupações. Apesar das regulamentações e restrições impostas por governos cada vez mais dependentes das arrecadações de impostos geradas por estes produtos e de políticos atrelados aos interesses desse capital, nossa sociedade continua insaciável em busca de satisfação do seu conforto imediato sem medir conseqüências, iludidos igual aos seguidores do pastor que buscaram na morte fugir dos tormentos de uma vida de trabalho braçal nos campos em condições adversas. A fuga para os grandes centros e o abandono da vida agrária fez do homem contemporâneo presa fácil destes novos lideres carismáticos, machos alfa que infestam as grandes corporações, influindo nos destinos e nos pensamentos da grande massa gregária estocada em verdadeiros depósitos humanos que são as cidades, longe do seu habitat natural, vivendo a ilusão da aquisição futura de um conforto material permanente. É pela boca que o rebanho permanece silente no cercado.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Diane Louie era residente em Jonestown, em novembro de 1978, quando Jim Jones exortou sua comunidade religiosa ao suicídio. Ela foi uma das poucas que rejeitaram o comando de Jones. Fugiu da comunidade e buscou refúgio na floresta. Ela atribuiu sua decisão ao fato de ter rejeitado favores especiais do pastor antes dos eventos mortais. Recusou sua oferta de comida especial quando estava adoentada. “Eu sabia, disse, que depois de me conceder aqueles privilégios, ele me teria em suas mãos. Eu não queria ficar devendo nada a ele”.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Não existem hoje muitas pessoas como ela, pois são quase sempre mal vistas e suas motivações são tratadas com temor pelo inconsciente coletivo do rebanho que rejeita qualquer idéia que abale sua segurança imediata. Suas não conformidades individuais confundem o relacionamento social gregário que busca a certeza do suicídio grupal e a sua vez na fila ordenada para beber do barril de veneno em prol de um mundo cada vez mais poluído, superlotado e explorado que já cobra do fundo de suas entranhas uma mudança de comportamento ambiental em âmbito global</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">O astrofísico Stephen Hawking tem alertado que, ao menos que a raça humana colonize o espaço nos próximos dois séculos, vai desaparecer para sempre. "Eu vejo um grande perigo para a raça humana. Houve vezes no passado em que a sobrevivência (do ser humano) foi incerta. A crise dos mísseis de Cuba em 1963 foi uma delas", disse Hawking. "É provável que a frequência dessas ocasiões aumente no futuro. Precisamos de muito cuidado e discernimento para negociar tudo isso com sucesso".</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Neste rastro de informações privilegiadas, mais uma vez a alcateia de machos alfa avança. Suas novas roupagens e neologismos vão sofrendo transformações constantes, mimetismos, pois sentem próximo o aroma do sangue de suas presas que devem ser mantidas domesticadas. A multidão indefesa, sob controle, corre célere para o precipício da conformidade, pois os predadores sabem e só almejam os altos lucros e os resultados crescentes de vendas das suas corporações e não pretendem dividir seus espaços de recreio e santuários no futuro próximo com o rebanho confinado, que se acotovela no curral de concreto armado em direção ao abismo da extinção iminente.</span></b><br />
<span style="color: #0c343d;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b>
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYtAdl54Q4Ff92FERxENiHcZ_IAKuHR1VP2wENcOhPXpl1sjCUrHDHEXbGVsezDR3-ZP6rOJdyU3vFGLvUMkJuLb4qHbE9LHKf370uihkf_h423av6TrRfMfj54TuKrVg3nr1L5h5DZAY/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #0c343d;"><img border="0" height="299" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYtAdl54Q4Ff92FERxENiHcZ_IAKuHR1VP2wENcOhPXpl1sjCUrHDHEXbGVsezDR3-ZP6rOJdyU3vFGLvUMkJuLb4qHbE9LHKf370uihkf_h423av6TrRfMfj54TuKrVg3nr1L5h5DZAY/s400/images.jpg" width="400" /></span></a></div>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 1; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
</div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-16536235042627090452016-04-03T13:02:00.000-07:002020-04-15T11:33:24.545-07:00Gado, Homens e Ratos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000;">“Fui enviado a diversas missões às
nossas colônias, em vários planetas, Crises de todas as espécies me são
familiares. Trabalhei em situações de emergência, que constituíam ameaça às
espécies, bem como em programas cuidadosamente preparados. Mais de uma vez
experimentei o que significa aceitar o fracasso final e irreversível, em
tentativas ou experiências relacionadas a criaturas que possuem, no seu íntimo,
o potencial de desenvolvimento sonhado, planejam e de súbito – Finis! O fim! O
chamado da vida transformando-se aos poucos, em silêncio...”<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000;">(Relatório de Johor – Capitulo I – Shikasta,
Canopus em Argos: Arquivos – Doris Lessing)</span></span></i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000;"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFY4ufPZOghf89pTggLQtbpRPbfot-VfU28r02TfM7u7IJsxBWLho0nAH_5n0HKLCFnHIQBCNUTwW39LQP06dPe6YUyMO3LeVJLWUo8OcdZYX3k-rxvXlXGTLCZDO4t-ZRtn6NRfXKA94/s1600/ratos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFY4ufPZOghf89pTggLQtbpRPbfot-VfU28r02TfM7u7IJsxBWLho0nAH_5n0HKLCFnHIQBCNUTwW39LQP06dPe6YUyMO3LeVJLWUo8OcdZYX3k-rxvXlXGTLCZDO4t-ZRtn6NRfXKA94/s320/ratos.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Os povos
indo-arianos tinham como principal atividade econômica o pastoreio. A cultura
de pastoreio difundiu-se por onde estes conquistadores
avançaram nos últimos 8 mil anos. Após sua expansão pela Eurásia e a posterior conquista
pelos seus descendentes europeizados das Américas expandiram-se com sua cultura por todas as latitudes e, a
partir dos povos conquistados, absorveram o sedentarismo do cultivo
da terra que, de qualquer forma, também servia de forrageira para suas
criações. O fim do nomadismo obrigou-os a manter povos cativos que cultivassem
os pastos das criações, que absorviam grande quantidade de áreas cultiváveis para produção de pastagens, sorgo e água e assim transformar os rebanhos em proteína animal para os seus criadores. A
beligerância natural destes povos sobreviveu em seus mitemas sobre roubo de
gado e </span><span style="font-size: 18.6667px; line-height: 21.4667px;">sequestro</span><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"> de mulheres, que poderiam ser o estopim de sangrentos conflitos permanentes entre clãs, tribos ou até mesmo nações. <o:p></o:p></span></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Do ponto de
vista biológico estabeleceu-se uma simbiose interespecífica entre estes povos
seminômades e suas criações de rebanhos e especifica entre dominadores e dominados integrantes da mesma espécie
humana que iria evoluir para a atual estrutura social de castas móveis, que perdura até hoje, resultado decadente das conquistas do passado. A cultura
ocidental nada mais é do que o apaziguamento entre presa e predador em uma
escala global, e seu verdadeiro sentido subliminar de sociedade ultrapassa em complexidade o conceito padrão de relacionamento intergrupal e ou </span><span style="font-size: 18.6667px; line-height: 21.4667px;">interespecífico</span><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">. <o:p></o:p></span></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #660000;">Simbiose é
um termo relativamente antigo, atribuído ao micologista alemão Anton de Bary
(1879), Esse termo assim como proposto por Bary, envolve qualquer tipo de
associação íntima entre espécies e por vezes entre indivíduos da mesma espécie.
Entre os tipos de associações simbióticas temos: parasitismo, mutualismo,
comensalismo e forese. Outros conceitos são incluídos por ecólogos, para
relacionamentos não simbióticos. Neste grupo estão incluídos os conceitos de
amensalismo, neutralismo, competição e predação.</span><o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #660000;"><br /></span></b></span></span></div>
<div>
<table align="left" border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableGrid" style="border-collapse: collapse; border: none; margin-left: 4.8pt; margin-right: 4.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-padding-alt: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-table-anchor-horizontal: page; mso-table-anchor-vertical: paragraph; mso-table-left: 20.85pt; mso-table-lspace: 7.05pt; mso-table-rspace: 7.05pt; mso-table-top: -73.75pt; mso-yfti-tbllook: 1184; width: 432px;">
<tbody>
<tr>
<td style="border: solid black 1.0pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 111.75pt;" valign="top" width="149"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">Definições
Tradicionais de Associações </span></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border: none; mso-border-bottom-themecolor: text1; mso-cell-special: placeholder;" width="283"><div class="MsoNormal">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 111.75pt;" valign="top" width="149"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">-
Mutualismo</span></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-bottom-themecolor: text1; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-left-themecolor: text1; mso-border-right-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 212.6pt;" valign="top" width="283"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">–
ambas as espécies parceiras beneficiam-se da associação.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 111.75pt;" valign="top" width="149"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">-
Comensalismo</span></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-bottom-themecolor: text1; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-left-themecolor: text1; mso-border-right-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 212.6pt;" valign="top" width="283"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">–
um parceiro, o comensal, se beneficia, enquanto o outro, o hospedeiro, não é
prejudicado nem beneficiado.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 111.75pt;" valign="top" width="149"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">-
Parasitismo</span></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-bottom-themecolor: text1; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-left-themecolor: text1; mso-border-right-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 212.6pt;" valign="top" width="283"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">–
um parceiro, o parasito, prejudica ou vive à custa do outro parceiro, o
hospedeiro.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 111.75pt;" valign="top" width="149"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">-
Competição</span></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-bottom-themecolor: text1; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-left-themecolor: text1; mso-border-right-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 212.6pt;" valign="top" width="283"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">–
quando duas espécies disputam um mesmo recurso, resultando em impactos
negativos para ambas.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 111.75pt;" valign="top" width="149"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">-
Predação</span></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-bottom-themecolor: text1; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-left-themecolor: text1; mso-border-right-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 212.6pt;" valign="top" width="283"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">–
consumo de um organismo vivo por outro com a remoção da presa da população
original.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 111.75pt;" valign="top" width="149"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">-
Amensalismo</span></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-bottom-themecolor: text1; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-left-themecolor: text1; mso-border-right-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 212.6pt;" valign="top" width="283"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">–
uma espécie é prejudicada ou inibida e a outra espécie não é afetada.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 111.75pt;" valign="top" width="149"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">-
Neutralismo</span></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-bottom-themecolor: text1; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-left-themecolor: text1; mso-border-right-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; mso-border-top-alt: solid black .5pt; mso-border-top-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 212.6pt;" valign="top" width="283"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: #660000;">–
nenhuma espécie é afetada de modo significativo.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="color: #660000;"><b><br /></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="color: #660000;"><b>(fonte: O Tapete de
Penélope – Walter A. Boeger – Ed. Unesp – 2004)</b></span><o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A classificação tradicional procura organizar, de forma sistemática, todas as
formas de associações, mas é evidente que uma associação entre duas espécies
apresenta características que as coloca na transição entre um conceito e outro.
É uma classificação artificial pois os limites entre elas não são claros. Devemos
evitar cair na armadilha, sem saber como qualificar uma associação, podemos
ignorar suas verdadeiras características biológicas e classificá-la conforme
atenda às expectativas do grupo ao qual uma das espécies pertence. Isto é muito
frequente quando os estudiosos tratam da associação do ser humano com o seu
meio. <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="font-size: 14pt;">Ao
analisarmos estas relações com os outros seres vivos da biosfera do ponto de
vista humano podemos considerar o homem como um predador fenomenal. Sua
condição de onívoro permite-lhe absorver qualquer animal ou planta existente no
planeta em qualquer ambiente, quase sem distinções e com poucas exceções. A maioria dos
interditos em relação a determinados alimentos estão associados às condições
culturais vigentes em cada sociedade e não a restrições biológicas. Mas também
com seus animais de estimação, os canídeos, o homem estabeleceu em priscas eras
o mutualismo que evoluiu depois para o comensalismo ao dividirmos nossos lares
com estes animais que consideramos familiares. Existe no Ocidente o preconceito de alimentar-se com a carne de cães, sua ingestão é vista com horror até mesmo pelos que não os possuem ou criam. Com as demais criações, os
animais que os homens domesticaram a partir de oito mil anos
atrás, o relacionamento evoluiu da predação pura e simples, quando eram caçados
nas estepes, para o parasitismo, se considerarmos que os animais para corte e
produção de lacticínios sofrem a exploração continua para a associação em
direção ao amensalismo, quando uma espécie é prejudicada, no caso os grandes
rebanhos criados para o abate atualmente tratados com técnicas de inseminação cruéis, experiências genéticas e ingestão
de hormônios e outros químicos para produzirem </b><span style="font-size: 18.6667px;"><b>proteína</b></span><b style="font-size: 14pt;"> animal com cada vez mais lucratividade em
menos tempo para seus criadores, em detrimento da sua natureza biológica e do
ambiente.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJIRMjKZkH-Qw6VYCM19KTYSC8s1OaFslC5zJ4EVHy08U7X7KCgp16Os_4oWDgiH9P6OBZ4IXJLYuQ8ckIRvnm7naioaBvtofUwm-E5M5AQVGEUP1xVW2UmyU7g0rWEFgBWxLI1lMk1H4/s1600/DSC07379.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJIRMjKZkH-Qw6VYCM19KTYSC8s1OaFslC5zJ4EVHy08U7X7KCgp16Os_4oWDgiH9P6OBZ4IXJLYuQ8ckIRvnm7naioaBvtofUwm-E5M5AQVGEUP1xVW2UmyU7g0rWEFgBWxLI1lMk1H4/s400/DSC07379.JPG" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Infanticídio Bíblico - Frontispício da Igreja Sagrada Familia - Barcelona</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">As
associações simbióticas </span><span style="font-size: 18.6667px; line-height: 21.4667px;">inter-humanas</span><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"> possuem uma crescente complexidade social que inicia-se com o mutualismo no tempo das tribos neolíticas da pré-história
evoluindo até às grandes estruturas corporativas e urbanas que existem hoje. Os
primatas superiores possuem estruturas sociais piramidais onde um macho ou uma fêmea alfa
controla e comanda as relações do bando. Este alfa destaca-se pela força ou
inteligência superior, mas tem a incumbência bem definida em proteger o bando
contra agressores e predadores quando este é atacado. O homem divergiu aos
poucos deste tipo de associação. Na
pré-história e até mesmo com o advento das civilizações agrícolas o rei
ou chefe da tribo também cumpria o papel de protagonista principal ao enfrentar
o combate contra qualquer grupo ou nação agressora. Até a Idade Média existiam
nas tribos germânicas a função do barão, ou lord que garantia a segurança de
seus vassalos contra inimigos externos. Era quase sempre um guerreiro
experiente que fazia a frente na luta quando era exigido enquanto cobrava
tributos e oprimia os servos da gleba do feudo onde era destacado pelo rei para governar. Mas com a evolução das relações
sociais e políticas, a partir do século XVIII, o comandante, ou chefe passou a
permanecer na retaguarda, em confortáveis gabinetes de estado maior, enquanto
seus comandados subalternos enfrentavam diretamente os inimigos em batalha. Do
mutualismo das tribos neolíticas evoluiu-se para o parasitismo das classes
dominantes, que já não querem cumprir sua função de ponta de lança nos
combates, preferindo as relações de inteiração de mão única e dominação pura e
simples, sem a correspondente responsabilidade social de proporcionar segurança
ou invectivar os comandados, assim com a decadência da nobreza e a ascensão da
burguesia, substituiu-se a força das armas pela força do poder econômico nas
relações sociais, onde a mais valia do trabalhador é explorada, e da servidão
do escravismo evoluiu-se para a proletarização do antigo vassalo, que foi
retirado do campo e tangido para os grandes centros urbanos, onde até hoje
trabalha por uma ínfima parcela do que produz numa planta industrial de
produção em série. O dominador não possui mais preocupação alguma na qualidade
de vida e alimentação do dominado, pois paga o trabalhador com um salário para
abrir mão desta responsabilidade e assim vigora a relação parasita da casta
dominante em relação ao dominado que cumpre suas funções através do controle
social, da disciplina, da lei e da cultura da meritocracia que o aprisiona
através do viés ideológico. O conflito armado institucionalizado pelos estados corporações
também evoluiu e, em certa medida, complementa e copia o processo econômico de
exploração, como atividade industrial em produção de escala, graças ao poder cada
vez mais destrutivo e crescente dos armamentos. Por outro lado as classes
burguesas, dominantes e parasitárias, estimulam a competição entre as classes
dominadas e assim evita que elas possam articular uma resistência coerente à
exploração de sua força de trabalho preservando assim seu poder cultural e
ideológico sobre as demais classes sociais inferiores, simples massa de manobra </span></b></span></span><b style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 21.4667px;">na escala imposta pelo sistema</span></b><b style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">, que de forma ilusória almeja também ascender
os escalões mais elevados da sociedade capitalista, graças a uma relação
perversa com as castas dominantes. </span></b><br />
<b style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><br /></span></b>
<b style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Mas mesmo este tipo de relação de exploração
de classe está com seus dias contados e também o processo de mais valia que possui esta dinâmica
perversa própria na antiga relação associativa de predador e presa, pois a
partir da automação dos meios de produção e de serviços no século XXI a grande
massa humana desempregada, reguladora do valor de mão de obra no mercado de
trabalho e de serviços braçais e manuais, já não é mais necessária, nem sua oferta abundante serve como fator de achatamento do valor salarial e do
aumento da carga de trabalho, que perde assim sua utilidade estratégica, como massa laboral que tornou-se obsoleta pelo sistema. Dentro da
lei de oferta e procura comum ao capitalismo e da revolução dos meios de
produção o mercado de trabalho hoje vive em crise induzida permanente e as
grandes corporações já não prometem e nem têm compromisso social algum em absorver
os grupos excedentes de mão de obra nas suas linhas de produção ou nas pontas
do processo mercadológico, cada vez mais virtual. Até mesmo o parasitismo da
classe dominante sobre a classe proletária se tornará desnecessário e obsoleto
nas próximas décadas. As grandes corporações não mais necessitam de
contingentes excedentes de trabalhadores de nível médio ou inferior. Só o
trabalho técnico altamente especializado tem valor na futura sociedade de
mercado automatizada. O operário padrão, o vendedor porta a porta e o homem do
guichê estão com suas atividades com dias contados.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPs_WodYCLnx9j-BR9rrloJGmRY64KYdAk1xN5sB1IaooFpw_YJR6GKy0jF57QsWFTahzZw-22TK2zlnX78xFpGcviT3WCPbjkuJl4y2xYPy4LzasiJMmRxXaVeOqKR48fssgxNGC1RKs/s1600/bosquimanos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="272" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPs_WodYCLnx9j-BR9rrloJGmRY64KYdAk1xN5sB1IaooFpw_YJR6GKy0jF57QsWFTahzZw-22TK2zlnX78xFpGcviT3WCPbjkuJl4y2xYPy4LzasiJMmRxXaVeOqKR48fssgxNGC1RKs/s400/bosquimanos.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">!Kung (Bosquímanos)</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Numa
retrospectiva da filogenia das associações de exploração do homem pelo homem e
o aumento correspondente da carga de trabalho, estudos recentes realizado pelos
cientistas da antropologia descobriram, por exemplo, que os bosquímanos (!kung)
do sul da África trabalham para sua subsistência no Kalahaari de 10 a 15 horas
por semana. Este estudo destrói de forma eficaz um dos mitos anunciados pelos
donos das grandes corporações industriais de que o homem possui mais tempo
livre hoje do que no passado remoto. Os caçadores coletores primitivos
trabalham menos que nós, sem a ajuda de nenhum sindicato de classe, porque seus
ecossistemas não poderiam suportar semanas e meses de exploração intensiva. Entre
os bosquímanos, na sua visão mutualista de sociedade, os indivíduos que vão de
um lado para outro convencendo seus parentes e amigos para que trabalhem mais
lhes prometendo um grande festim, constituiriam uma clara ameaça à sociedade em
que vivem. Se conseguisse que seus seguidores trabalhassem iguais a um kaoka da
Namíbia durante um mês, o bosquímano que almejasse a converter-se em “grande
homem” exterminaria e afugentaria a quilômetros de distância toda a caça, e
todo o seu povo morreria de fome antes de finalizar o ano. Desta relação, que
predomina entre os bosquímanos, a reciprocidade especifica mutualista torna o
caçador mais prestigiado naquela sociedade no individuo mais discreto e
seguro, que nunca se jacta de suas façanhas ao tentar uma proeminência indevida
no grupo e que evita qualquer insinuação que transforme a sua caça em algum
tipo de presente para os demais quando divide o animal caçado na comunidade,
por tratar-se apenas de sua obrigação comunal como caçador.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_7-XAeBsJYwl1oX0J7I6ZcqExv6X0IkxtKRVl9yTAnNO7fCNL2iVuIxU2VSxk8qwrEmOkDZ0eTJWpEa1-f9PAkIvOsYSyg6QbcaxhPkd2cTSoyy31kjSI_PdaJeO4SL2hZXg0wwxCGMA/s1600/1109903.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_7-XAeBsJYwl1oX0J7I6ZcqExv6X0IkxtKRVl9yTAnNO7fCNL2iVuIxU2VSxk8qwrEmOkDZ0eTJWpEa1-f9PAkIvOsYSyg6QbcaxhPkd2cTSoyy31kjSI_PdaJeO4SL2hZXg0wwxCGMA/s400/1109903.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Assurbaníbal - Alto Relevo de Propaganda</span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A existência
de festins de redistribuição competitivos só tornou-se viável quando foi
possível aumentar a duração do trabalho sem infligir um dano irreversível a
capacidade de sustentação do habitat. Isto só ocorreu com o advento da
domesticação de animais e o plantio que substituiu os recursos alimentares
naturais. Em linhas gerais, quanto mais animais e plantas são domesticados e
mais trabalho é dedicado na sua criação, mais alimento é produzido. Desta nova
relação de poder entre os homens, isto é, do prestigio alcançado em redistribuir
o alimento, que transformou o líder em rei, que se tornou então conquistador
dos seus vizinhos, em busca de mão obra excedente para aumentar a produção e
assim gerar a abundância de alimentos necessária para competir e defender-se
entre os demais chefes do entorno foi o salto fundamental que deu origem à civilização. <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8hK3DHxxGkTX0vQF8qCJMgd648fqY5A-RZQy6vWrgZE6A2CHKpG5WRkwGkGBvJakEbmnwBob8gEOj2HSJgMEIRqRhuNku36kg1ypv0K7HT8rFmkppXNE5jjvjXyIyatnHjIUKnLU024c/s1600/cria%25C3%25A7%25C3%25B5es.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="252" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8hK3DHxxGkTX0vQF8qCJMgd648fqY5A-RZQy6vWrgZE6A2CHKpG5WRkwGkGBvJakEbmnwBob8gEOj2HSJgMEIRqRhuNku36kg1ypv0K7HT8rFmkppXNE5jjvjXyIyatnHjIUKnLU024c/s400/cria%25C3%25A7%25C3%25B5es.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Gado</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">A atividade
do pastoreio teve sua adoção por vários povos do mundo aproximadamente há 4000
a. C. quando o homem deixou de ser apenas um predador das manadas, mas tornou-se
um parasita eficiente destes animais que domesticou ao encurralá-las em
desfiladeiros de onde não podiam fugir ou prender indivíduos em armadilhas não
letais. Nesta época, na Eurásia já se criava os “cinco grandes” ainda
consumidos hoje: ovelhas, cabras, porcos, vacas e cavalos. No extremo da Ásia
ocorreu a domesticação de outras quatro espécies: o iaque, o búfalo, o gauro e
o </span>batengue<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">. Não só a carne, mas a pele,
o leite e demais subprodutos servem de sustento, vestimenta e artefatos para
seus criadores, além do incalculável valor militar do cavalo que serviu de
animal de tração e combate por milênios. “Mais gente já morreu por causa de uma
vaca do que por qualquer outra razão”: dizem os nuer na África Oriental. Os
mitemas humanos estão recheados de menções ao roubo de gado como um dos
principais motivos de conflitos e assassinatos entre tribos e clãs. Se não
forem vacas, serão cavalos ou porcos os outros animais de criação roubados
entre os clãs as principais causas das guerras entre os povos da antiguidade.
Outra causa grave de provocação ao litígio representa o rapto de mulheres ou
crianças nas disputas intergrupais. A posse de grandes rebanhos assinalava
sinal de grande riqueza e poder entre os antigos povos eurasianos, pois
utilizavam suas reses como moeda de troca de outras mercadorias que
necessitavam, armas, ferramentas e inclusive mulheres escravas. Os indo-arianos consideravam o touro como símbolo de virilidade, e sua fêmea, a vaca,
como de fertilidade. Esta temática está presente em algumas das principais cosmogonias dos povos das estepes e seus descendentes, como também é um tema universal para os homens em todo o globo, seus mitos sempre </span><span style="font-size: 18.6667px; line-height: 21.4667px;">atribuíram</span><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"> poderes
mágicos às suas criações de animais domesticados que são imolados na condição de simulacros expiatórios nos rituais de </span><span style="font-size: 18.6667px; line-height: 21.4667px;">sacrifício</span><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">. Rituais onde touros são mortos ainda ocorrem sob o disfarce de competições ou festas populares, como no Brasil meridional, onde descendentes de açorianos residentes no litoral, na semana santa, perseguem um novilho e o maltratam até a sua morte, possivelmente reminiscência de um rito que era realizado na sua origem nas ilhas com um ser humano, mas foi "atenuado" com a morte de um simulacro vivo. </span></b></span></span><b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Atualmente o consumo de carne bovina é um
adereço cultural das civilizações desenvolvidas, um costume atávico e ainda símbolo
de prosperidade, junto com as demais criações de animais que também fazem parte do
cardápio de bilhões de seres humanos influenciados pelos costumes ocidentais cristalizados no seu passado ancestral
que se impregnou na cultura mundial em quase toda a sua totalidade.</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;"><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIYtEkfZnADSjbvGIt_xZs0DHzsM1vtrlbl2G9z1mVljztR-F7He9hA1t2BpZzqw0hwO2FQ1p3EN7Pyxh9VQmLu70NtbtHNSN9ZXN4QAtZFQg-KaukPjn46jdB3OBJiEjeIhBn22kjhgE/s1600/farra-do-boi22.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="230" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIYtEkfZnADSjbvGIt_xZs0DHzsM1vtrlbl2G9z1mVljztR-F7He9hA1t2BpZzqw0hwO2FQ1p3EN7Pyxh9VQmLu70NtbtHNSN9ZXN4QAtZFQg-KaukPjn46jdB3OBJiEjeIhBn22kjhgE/s400/farra-do-boi22.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Farra do Boi - Brasil-SC</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Apesar do
choque ambiental razoável causado pelo gado com a destruição de solos,
desertificação e alto consumo da água potável existente no mundo e da grande
emissão de gases efeito estufa provenientes dos super rebanhos, com baixo resultado da relação custo/benefício em termos da produção de proteína animal, em comparação aos cultivos de alimentos
de origem vegetal, a atividade pecuária hoje mesmo assim subsiste na contra mão
da necessidade de conservação dos habitats do planeta, como uma ameaça aos biomas de florestas e
serrados, que são paulatinamente destruídos para a formação de novas pastagens artificiais,
de forma intensiva, e reafirma-se na origem como fonte primária do aquecimento planetário.
O consumo de carne pelos que dependem ainda da cultura comportamental de
pastoreio dos antigos povos indo-ariano, propagandeada como sinal de
prosperidade pela mídia oficial, nas nações mais ricas do planeta e entre as
suas respectivas classes privilegiadas detentoras do setor de agroindústria,
são a fonte principal de vários problemas sanitários e ecológicos que obriga
dedicar 33% das terras aráveis do planeta à cultura de forragens, além dos 30%
das superfícies emersas que constituem pastagens naturais.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNEExqHqDKvZygJlnFsjihWDX6xANAo2anH3TwktolkXyw5oq3NPiuWK8ohDg4NAOCEOIbn1UIFTpDMdBHzk7IYCX9UsTSZooBghRQt-L0x5JLH5KTpyXtsDdbgSNN1bUaRTgI7ylRAcc/s1600/gado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="253" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNEExqHqDKvZygJlnFsjihWDX6xANAo2anH3TwktolkXyw5oq3NPiuWK8ohDg4NAOCEOIbn1UIFTpDMdBHzk7IYCX9UsTSZooBghRQt-L0x5JLH5KTpyXtsDdbgSNN1bUaRTgI7ylRAcc/s400/gado.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A Lida no Campo</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Não é por
acaso que as expressões que definem “cultura” e “propaganda” tenham em sua
etimologia uma origem agrária natural de povos conquistadores sobre seus
conquistados. O controle do rebanho e seu pastoreio sempre foi uma tecnologia
cara para seus criadores. Hoje a cibernética, com seu amplo suporte eletrônico
em desenvolvimento constante, cada vez mais eficiente, e a mídia oficial
globalizada garantem temporariamente a paz relativa dentro do imenso rebanho,
curral de massas humanas confinadas principalmente nos grandes centros urbanos
do planeta. Essas massas nada produzem de alimentos para si, só podem consumir
o que é produzido e embalado pela estrutura industrial, cada vez mais
automatizada, e como vimos antes, já não cumprem sua função de massa de manobra
excedente para barateamento do custo da mão de obra operária. A terceirização,
isto é, o trabalho, sem direitos trabalhistas, e pago a partir de atendimento
de metas estabelecidas, cada vez mais elevadas, e da meritocracia adotada pelas
grandes corporações é a nova tendência de mercantilização da mão de obra na
urbe superlotada. A meritocracia nada mais é do que a afirmação do mais apto,
do mais forte sobre os demais, numa nova visão darwinista e busca a afirmação
de uma associedade, isto é, uma contradição do sentido de comunidade
associativa, pois a ideia de sociedade compreende mutualismo especifico e não
competição entre indivíduos. O fim da civilização como a conhecemos se
aproxima.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Que um dia
os grandes rebanhos serão destruídos não temos dúvida. O custo de manutenção do
gado e seu impacto ambiental ultrapassam em muito o lucro declinante resultante
da sua superprodução. Como toda a atividade econômica inviável será substituída
por outras práticas de produção de alimento através da sua destruição pura e
simples. A proteína animal em futuro próximo será uma iguaria cara, para acesso
de poucos, pois até mesmo os mananciais de peixes de grande porte marinhos
estão prestes a serem esgotados até 2045 pela extração industrial sem controle.
A biodiversidade planetária está com seus dias contados. No antropoceno só um
tipo de proteína animal será farto para consumo de exigentes e exóticos
degustadores. Esta proteína já se encontra confinada num grande curral e pronta
para ser cortada e embalada para ser entregue ao mercado para uns poucos privilegiados.<o:p></o:p></b></span></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZSiXDW8rioTXiQmM5Gm8H3KBfrSdONhuDfwayTXEl0JD8aOL6ahruWmaJWZSm4W2pehU7Tejlm16j6cQK6Nz01We2NQw73SyWbaKTQv9r9CKPLdCtJlQLnPp26TocJOm5gaNSExou7_I/s1600/a+viagem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZSiXDW8rioTXiQmM5Gm8H3KBfrSdONhuDfwayTXEl0JD8aOL6ahruWmaJWZSm4W2pehU7Tejlm16j6cQK6Nz01We2NQw73SyWbaKTQv9r9CKPLdCtJlQLnPp26TocJOm5gaNSExou7_I/s400/a+viagem.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Cena do Fast Food no Filme "A Viagem"</span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Apesar de
tal cenário parecer mais um conto de ficção cientifica bizarro, ou teoria de
conspiração de terror, ao perceber friamente e com atenção a atual condição
humana iremos encontrar já em fase embrionária esta condição de canibalização
do próximo:tráfico ilegal de órgãos para milionários aumentarem seus anos de vida,
sequestros de crianças e adultos desconhecidos, aparentemente sem importância, ocorrem aos
milhares no mundo todo sem nunca serem localizados seus autores ou suas vitimas,
nos conflitos de baixa intensidade grande número de mulheres e crianças sofrem sequestros e violência nas mãos dos seus captores. O tráfico de seres humanos é uma das atividades que
mais cresce no mundo todo. Num planeta com mais de sete bilhões de habitantes
este tipo de situação se tornará ainda mais comum numa sociedade onde o homem comum estará perdido no meio da multidão. A evolução vertiginosa da biotecnologia
torna esta distopia sombria mais real do que imaginamos, com </span><span style="font-size: 18.6667px; line-height: 21.4667px;">consequências</span><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"> inimagináveis e que aguarda a humanidade em futuro próximo, não muito além, ao
dobrar a esquina da próxima rua.<o:p></o:p></span></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0cMQVXmksFOyVtSkf2Ras6ICgJS7OctK3WFy8tyFkZ7braDFuKU_buMC_bN7HTpxVSq0g4mNHnuFxeP5FkZctksQq1lRYgIEzSCXg8tzsG11LmpLDZkmNx0_8CwfYTls1R_EEm-Di6sw/s1600/714px-cannibals.23232.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0cMQVXmksFOyVtSkf2Ras6ICgJS7OctK3WFy8tyFkZ7braDFuKU_buMC_bN7HTpxVSq0g4mNHnuFxeP5FkZctksQq1lRYgIEzSCXg8tzsG11LmpLDZkmNx0_8CwfYTls1R_EEm-Di6sw/s400/714px-cannibals.23232.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Banquete Antropofágico Tupinambá</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A extinção
final da humanidade possui cinco panoramas possíveis: o suicídio pela violência
intergrupal, talvez uma guerra nuclear após a eclosão de vários conflitos
regionais, o surgimento de pandemias mortais em um mundo cada vez mais
superlotado que afete a capacidade biológica de recuperação e procriação da
humanidade, o esgotamento dos recursos naturais, principalmente da água potável
necessária para a manutenção da vida, a destruição da biodiversidade, processo
já em amplo andamento ou qualquer outra mudança físico-química que afete nosso
meio ambiente cada vez mais deteriorado e por fim o aquecimento global que
afetará diretamente todas as demais situações já mencionadas.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Com o
agravamento do aquecimento global, a violência dos conflitos regionais será
intensificada e também os movimentos migratórios em direção aos decadentes refúgios de prosperidade ainda
existentes nos países mais desenvolvidos do planeta, as perdas de grandes áreas
agricultáveis aumentará a fome e pressionará ainda mais as reservas de biomas
da vida selvagem existentes, as pandemias serão mais frequentes pela
movimentação das populações, os países do hemisfério norte em crise poderão
acreditar ser possível vencer uma guerra nuclear localizada para resolver seus
problemas econômicos e a crescente imigração das populações para suas fronteiras resultando num quadro
desesperador que já possui uma sinergia própria em nossa atualidade. Como
podemos perceber todo o planeta está interligado e as fronteiras muradas
estabelecidas pelos mais ricos não serão suficientes para conter as multidões
de desterrados famintos em busca de salvação.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Os ratos
acompanham a humanidade desde o começo dos tempos e vivem com o homem numa
associação parasitária e recíproca. Dividem muitas semelhanças e uma origem
comum com os seres humanos. São animais mamíferos, onívoros, sectários e com
uma capacidade de adaptação na maioria dos meio ambientes existentes no
planeta. Viajaram com os primeiros navegantes entre continentes desde a
pré-história, acompanharam as conquistas dos descendentes dos indo- arianos
provenientes do continente europeu nas Américas e embarcaram junto com os conquistadores
até o Pacifico e ajudaram os homens no extermínio de vários espécimes nativos
de regiões que nunca antes ambas as espécies tinham alcançado. A semelhança de
topologia e similaridade de </span><span style="font-size: 18.6667px; line-height: 21.4667px;">órgãos</span><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"> com a dos humanos e sua fertilidade pródiga
que alcança muitas gerações em pequeno lapso de tempo são as principais razões
para o uso dos ratos em experimentos científicos para o desenvolvimento de
novas drogas nos laboratórios.<o:p></o:p></span></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvNYBgmEhtL9KXUVzlaFl_7Bc04DXayHnP2TaGzCxa82z9PBn3WFRjDBxkmKy8ZELHvqaQnw5ILxzt04SYPtqM0xIAZwOw5qt1tnlCsGReKHGivmluaHvF7eAtF1u_WYqYJznEuz2GOoE/s1600/ratos+IV.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvNYBgmEhtL9KXUVzlaFl_7Bc04DXayHnP2TaGzCxa82z9PBn3WFRjDBxkmKy8ZELHvqaQnw5ILxzt04SYPtqM0xIAZwOw5qt1tnlCsGReKHGivmluaHvF7eAtF1u_WYqYJznEuz2GOoE/s400/ratos+IV.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Orelha enxertada em um Rato Cobaia</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A dispersão
de ratos e camundongos alcançou a maioria das ilhas do Pacifico completou-se no último milênio. Acompanharam
facilmente destroços flutuantes naturais ou de naufrágios e são até hoje
passageiros clandestinos de qualquer embarcação que os seres humanos teimem em
colocar na água. As ilhas Galápagos já abrigavam espécies nativas quando os
europeus trouxeram no bojo de seus navios o rato preto (<i>Rattus rattus</i>). As Filipinas abrigam um gênero exclusivo de ratos e
mais quarenta outras espécies de roedores. Na Austrália e na Tasmânia tem o seu
rato dentuço e no continente austral vivem milhares de camundongos saltitantes.
Nova Guiné e Madagascar tem seu próprio tipo de rato gigante. A Polinésia está
repleta com sua própria espécie conhecida como rato da Polinésia ou
rato-do-pacifico, e no Caribe, antes da invasão dos humanos, abundavam espécies
de hutias, roedores que lembram preás. Um estudo recente sobre a ilha da Páscoa
afirma que foram os ratos e não os homens os responsáveis pelo desflorestamento
da paisagem. As palmeiras nativas não foram capazes de produzir sementes em
quantidade suficiente para suprir a crescente população de ratos cinzentos.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Alguns
estudiosos acreditam que um dia dominarão o planeta. Afirmam que a partir do
processo evolucionário alguns permanecerão pequenos, mas outros poderão
encolher e alguns poderão crescer principalmente se houver uma extinção
epidêmica ou uma diminuição drástica da biodiversidade planetária e então os
ratos estarão numa posição confortável para tirar vantagem do meio ambiente
despovoado. Quando os europeus chegaram às Américas e depois continuaram para o
Pacifico, até as ilhas habitadas por nativos levaram consigo uma espécie de
rato norueguês ainda mais adaptável, o <i>Rattus
novergicus. </i>Em muitos lugares, os ratos da Noruega, que na verdade vem da
China, superaram os ratos invasores que os antecederam e devastaram as
populações de aves e répteis que os ratos-do-pacífico não tiveram tempo de
destruir. Desta forma podemos afirmar que os ratos criaram o seu próprio
ambiente e que sua prole tem superioridade para dominá-lo dentro da escala
alimentar. Os atuais descendentes irão se expandir ocupando os nichos que o
rato-do-pacífico e o rato norueguês ajudaram a esvaziar. Os estudiosos imaginam
que irão progredir para diferentes tamanhos e formas, alguns serão menores que
musaranhos, outros, grandes como elefantes. Pode-se incluir dentro desta
projeção, imagina o cientista, como curiosidade e para manter abertas as
opções, uma ou duas espécies de grandes roedores pelados vivendo dentro de
cavernas, fabricando instrumentos de pedra e vestindo peles de outros mamíferos
que mataram e comeram, seus iguais ou talvez outras espécies de ratos evoluídos
para tornar-se presas.</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqwAy8-szP6iCLhHYRvcX2uvDTutfX-FXUsOv_XgwJlsY2KOVk-rmklcDC9KgUfYu2-_3v6OXrJGrvkiccduWJ7Vu0DsLc1GhyphenhyphenyNLorgF-dtjJ6ozvC98zpDxxEhwvtJdvU9rPV4QCtpE/s1600/ratos+II.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="251" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqwAy8-szP6iCLhHYRvcX2uvDTutfX-FXUsOv_XgwJlsY2KOVk-rmklcDC9KgUfYu2-_3v6OXrJGrvkiccduWJ7Vu0DsLc1GhyphenhyphenyNLorgF-dtjJ6ozvC98zpDxxEhwvtJdvU9rPV4QCtpE/s400/ratos+II.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Camundongo</span><b style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%; text-align: justify;"> </b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Nossos
companheiros indesejados de jornada evolutiva, ora parasitas, ora predadores,
no passado foram indiretamente responsáveis por uma das maiores pandemias que
assolou a humanidade, a peste negra. Como vetores da doença através de suas
pulgas que transmitiam aos homens provocaram uma redução substancial da
população humana na eurásia. Como nossos cúmplices da sexta grande extinção, a
mais recente em andamento, em comum com os humanos têm uma grande capacidade de
adaptação em vários meio ambientes. Os ratos são canibais, outra característica
biológica que tem em comum com os humanos. Entre os homens a antropofagia
transformou-se em tabu justamente por tratar-se de um instinto natural,
impedido unicamente com a força cultural, da lei imposta e da religião. Mas
quando homens estão obrigados em condições extremas de fome, por causa de um
naufrágio, ou num cerco de uma cidade sitiada por inimigos, os interditos são
facilmente derrubados e acabam perdendo seu valor cultural e então a lei da
sobrevivência fala mais alto. Os ratos não possuem as mesmas barreiras
artificiais para impedir comer algum individuo da própria espécie. Seus clãs
são bem definidos e conseguem distinguir seus iguais ou invasores de outro clã
através do olfato, pois cada núcleo familiar possui um odor próprio que o
credencia. Os pais são bastante carinhosos, cuidadosos e pacientes com suas
proles, mas não tem o mesmo pudor quando se trata de trucidar e comer os
filhotes estranhos gerados por clãs diferentes. Verdadeiras guerras foram identificadas
pelos estudiosos de comportamento animal, onde o território é disputado entre
dois ou mais clãs literalmente com unhas e dentes e sem perdão.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8iDCGr68C6BwwJnpcWYTXgx6jyUnFGc5D55Mfvc28nSzvJgenXLvedtFu-iH-kRvIoHeLw50VqOZ5irDARJnJyHMcJFciNitj9JL6olme3An2WZ-wRpMdcLeFrjtJHRKui46Z5yjBU3Q/s1600/ancestralidade2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="386" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8iDCGr68C6BwwJnpcWYTXgx6jyUnFGc5D55Mfvc28nSzvJgenXLvedtFu-iH-kRvIoHeLw50VqOZ5irDARJnJyHMcJFciNitj9JL6olme3An2WZ-wRpMdcLeFrjtJHRKui46Z5yjBU3Q/s400/ancestralidade2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Elo Comum entre os mamíferos placentários</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O nexo entre
gado, homens e ratos é seu elo genético comum de mamíferos placentários que se
perde na aurora dos tempos e sua óbvia associação simbiótica de interconexão
para sobrevivência. Uma das recentes surpresas do estudo da filogenia molecular
é o aparente parentesco próximo entre os primatas e os roedores. Os estudos
moleculares confirmaram que os primatas são membros do <i>Archonta </i>, o clado que inclui também o <i>Scandentia</i> e o <i>Dermoptera. </i> Em <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Clad%C3%ADstica" title="Cladística"><span style="text-decoration: none;">cladística</span></a>,
um clado ou clade (do grego <i>klados</i>, ramo) é um grupo de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Organismo" title="Organismo"><span style="text-decoration: none;">organismos</span></a> originados
de um único ancestral comum exclusivo de cada um dos ramos da árvore
filogenética e portanto um clado é um grupo de espécies com um <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Ancestral_comum" title="Ancestral comum"><span style="text-decoration: none;">ancestral
comum</span></a> exclusivo. Os <i>escandêncios</i>
são os musaranhos, ordem de pequenos animais de dezenove espécies de trepadores
arborícolas do sudeste da Ásia. Os <i>dermoptera</i>,
ou esquilos- voadores, são apenas exemplos de espécie que possuem em comum uma
membrana de pele entre as patas traseiras e dianteiras, de cada lado do corpo
que possibilita planarem entre uma árvore e outra. As ordens pertencentes aos
Archonta têm características morfológicas em comum: a região da orelha, no
crânio, bem como um pênis pendular suspenso por uma bainha reduzida entre a bolsa
genital e o abdômen. Outro clado que foi reconhecido há muito tempo pelos
morfologistas é o <i>Glires </i>composto por
<i>rodentos</i> e <i>lagomorfos</i> de todas as espécies. Os <i>lagomorfos</i> são os coelhos e lebres. Os<i> rodentos</i>, isto é, os roedores são de longe a maior ordem dos
mamíferos plancentários, que compreende 2200 espécies catalogadas, cerca de 40%
de todos os mamíferos, graças a sua grande adaptabilidade aos habitats
existentes no planeta, e incluem ratos, camundongos, castores, esquilos, preás,
capivaras e porcos-espinho, entre outros. As evidências moleculares confirmaram
o parentesco de ambos os <i>clados </i>, a
partir de um amplo clado ancestral denominado <i>Euarchontoglires.</i> Este clado
é uma das principais subdivisões da superordem nórdica dos mamíferos, os <i>Boreoeutheria</i>, e por isso devemos situar
no hemisfério norte a busca da origem destes grupos. O mais antigo fóssil
encontrado até agora de primatas e roedores foi localizado na América do Norte
e na Europa do <i>Paleoceno</i>.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Um planeta
finito é incompatível com uma população infinita nos adverte Malthus. Se, de agora até 2050, não modificarmos a
atual trajetória, a dívida ecológica, ou seja, a soma dos déficits acumulados,
corresponderá a 34 anos de produtividade biológica do planeta inteiro. Tanto o
capitalismo selvagem como as teorias marxistas estajanovistas e suas
consequentes teorias econômicas subjacentes partem do principio da necessidade
crescente de exploração do meio através do constante aumento da produção, como
promessa de aprimoramento do sistema de bem estar social. Mas o aumento
desmedido da população torna inviável a manutenção de um “welfare state” de
forma indefinida. Se um país como os Estados Unidos da América necessita de
mais de um planeta Terra inteiro para manter seu equilíbrio econômico de
consumo imaginem como será uma China próspera, que recentemente aboliu a
política de filho único, onde um terço da população do mundo terá plenas condições
de consumir as riquezas naturais do planeta em futuro próximo, caso adote o
modelo consumista. Quantos planetas serão necessários no futuro próximo para
suprir a ganância e o conforto dos homens? Os paradoxos evidentes deste
raciocínio lógico, onde a conta ao final não fecha, são a certeza de uma ameaça
iminente à existência da vida humana sobre o planeta.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Mudar
paradigmas tornou-se urgente. O modelo adotado pela humanidade que se assemelha
a de ratazanas num navio naufragado em alto mar deve ser modificado com
urgência. O relógio da existência humana está começando a dar suas badaladas
finais. Keneth Boulding foi um dos poucos economistas que formulou um caminho
diverso dos seus colegas em relação ao crescimento da economia como padrão de
estabilização da sociedade do futuro. Num artigo de 1973, opôs a economia de “cowboy”
em que a maximização de consumo se apoia na predação e na pilhagem dos recursos
naturais à economia do “cosmonauta”, <i>“para
qual a terra se tornou uma nave espacial única, desprovida de reservas
ilimitadas, seja para dela extrair, seja para nela verter poluentes”</i> . Quem
acredita que um crescimento infinito é possível num mundo finito, conclui ele,
ou é louco ou é economista.</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">As soluções
ainda podem ser adotadas para tentarmos minimizar os efeitos dos danos causados pelo homem ao meio e dar uma sobrevida à humanidade no
planeta: decrescimento programado da economia com substituição do trabalho
braçal pelo trabalho intelectual e aumento de produção de desenvolvimento tecnológico
sustentável com impacto ambiental mínimo, redução das horas de trabalho
repetitivo, redução universal da natalidade de forma igualitária e democrática,
esterilização paulatina dos animais de criação dos super rebanhos, com prazo
estabelecido visando o fim deste tipo de exploração cruenta, só permitindo sua </span><span style="font-size: 18.6667px; line-height: 21.4667px;">permanência</span><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"> entre grupos étnicos que sobrevivem desta atividade e não possuem
outros recursos em função do habitat em que vivem, investimento e promoção maciça
em educação ambiental em termos planetários através dos órgãos mundiais já
existentes, criminalização com penas severas e multas elevadas daquela
corporação ou individuo que cometa algum tipo de atentado ao meio ambiente, se
for necessário com julgado em corte internacional, da mesma forma como é punido o
genocídio. Com certeza a alocação ou deslocamento de recursos para estas áreas de conhecimento, em
longo prazo, proporcionará um crescimento econômico lento e gradual e uma distribuição de renda
maior para todos os envolvidos com as mudanças de atividade e o mais importante de tudo, uma
melhor qualidade de vida ao individuo, que terá mais tempo para seu
desenvolvimento pessoal e intelectual. Enfim a volta do mutualismo na sociedade humana e o fim da predação do homem pelo homem.Talvez estas mudanças estejam chegando
com algum atraso, deviam ter sido já implementadas há décadas atrás, nos anos
70, quando os cientistas ligados às grandes corporações perceberam os efeitos
nocivos do aquecimento global, para que hoje alguma esperança pudesse já ter sido
vislumbrada. Apostar no bom senso da humanidade é com certeza o pior palpite para um bom jogador.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixR61zysNOL4lqga8SYbUnGT670hUwQbIOyhY94kXvPxtUUZkcyNutXkDZvA6vNVGK7l8LT2F4RLNijNosgv50EG9slDw-uflIlX14B6qZtfVVW0QZswtigvydiEI4d7O3NOvkWywRCkA/s1600/homem-rato.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="351" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixR61zysNOL4lqga8SYbUnGT670hUwQbIOyhY94kXvPxtUUZkcyNutXkDZvA6vNVGK7l8LT2F4RLNijNosgv50EG9slDw-uflIlX14B6qZtfVVW0QZswtigvydiEI4d7O3NOvkWywRCkA/s400/homem-rato.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b> </b></span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Bibliografia:</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">1)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">Vacas, Cerdos, Guerras e Brujas – Marvin Harris – Alianza Editorial – Madrid – 2011</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">2)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">O Terceiro Chimpanzé – Jared Diamond – Ed. Record – Rio de Janeiro – 2010</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">3)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno – Serge Latouche – Ed. Martins Fontes – São Paulo – 2009</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">4)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">Bueno Para Comer – Marvin Harris – Alianza Editorial – Madrid – 1985</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">5)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">A Sexta Extinção, Uma História Natural - <a href="http://www.travessa.com.br/Elizabeth_Kolbert/autor/71051b27-40c7-43ba-89f0-80d1a5f32690"><span style="text-decoration: none;">Elizabeth Kolbert</span></a> - 2015</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">6)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 18.4px; text-align: center; text-indent: -18pt;">O Canto do Dodô – David Quammen – 2008 – Ed. Companhia das Letras</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> <b> </b></span><o:p></o:p></span></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-32735074612221484202015-09-07T19:35:00.003-07:002016-04-30T06:15:24.892-07:00Ser Onívoro II – A Cultura de Massa e o Almoço dos Campeões<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJyjSdVSiSN2fxK8AxestNA6vxRHz4LmcWPWECRfC-NsDO7kueTdxZAHjccWlERZm3RbQNvsNZtQO9BGIZ42guqN_p64hvITLDAaETCtZOMtQsGAf15y1vWY5jksWejqU4tKdjJVFrBJw/s1600/in_the_style_of_andy_warhol.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJyjSdVSiSN2fxK8AxestNA6vxRHz4LmcWPWECRfC-NsDO7kueTdxZAHjccWlERZm3RbQNvsNZtQO9BGIZ42guqN_p64hvITLDAaETCtZOMtQsGAf15y1vWY5jksWejqU4tKdjJVFrBJw/s400/in_the_style_of_andy_warhol.jpeg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="line-height: 18.4px;">Conforme já escrevemos no início deste ensaio em 2010 os hábitos alimentares de nossos ancestrais influenciaram diretamente como observamos o mundo hoje. Suas permanências na nossa dieta influenciaram a forma como percebemos e exploramos o planeta. Quando entabulamos o permanente debate sobre como é desafiador criar uma sociedade mais igualitária, para a maioria das pessoas as questões ideológicas e religiosas, a moral e a ética ou a política são colocadas em primeiro plano para aqueles que possuem uma formação humanista. A equação parece não fechar, nem fazer sentido em relação a idealização de uma sociedade igualitária ao constatarmos a realidade dos fatos cotidianos da condição humana e seu comportamento como indivíduos dentro da competitiva sociedade global. Dizem que é difícil ensinar novos truques a um cão velho. E podemos considerar que esse ponto de vista até certo ponto sofismático no caso dos caninos é uma interpretação válida para os predadores de uma forma geral. O comportamento atávico do predador condiciona seu hábito alimentar e no caso do ser humano condiciona sua cultura como um todo. Quero dizer com isso que depois de ser despojado de suas roupagens efêmeras que são suas crenças e suas pretensões pseudo filosóficas o homem comum só tem uma preocupação que é saciar sua fome. Essa obviedade é do conhecimento dos profissionais de comportamento que integram as grandes empresas de propaganda. É essa pulsão básica que lhes proporciona os grandes volumes de verbas publicitárias de onde tiram seu principal faturamento.<o:p></o:p></span></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Pretendo afirmar portanto que os alimentos transmitem de forma abrangente e significativa mensagens simbólicas. Ampliando a máxima de Claude Lévi-Strauss, alguns alimentos são “bons para pensar” e outros são “maus para pensar”. A comida deve suprir o estomago coletivo para então alimentar a mente coletiva que sustenta e recria a cultura humana. Mas o que aparece primeiro, as mensagens e significados ou as preferencias e aversões ?</b></span></span><br />
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMHHPe_MbzlilZtiJBtBDNKXxm0ARzHsQdAPwvftc_vS7e7hYYR4M5IG6Afnta7NfLO3nHtAkuc4kXYUcmNP75MbN8BpDk7_JQIEU8nCPFXEn9vqDfMXsanMbAaB0F82hV_S_fDVa-5I8/s1600/cerdo6.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="352" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMHHPe_MbzlilZtiJBtBDNKXxm0ARzHsQdAPwvftc_vS7e7hYYR4M5IG6Afnta7NfLO3nHtAkuc4kXYUcmNP75MbN8BpDk7_JQIEU8nCPFXEn9vqDfMXsanMbAaB0F82hV_S_fDVa-5I8/s640/cerdo6.gif" width="640" /></a></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O ser humano em sua evolução deixou de ser herbívoro, para se tornar um supercarnívoro e depois um onívoro fenomenal. A fabricação e o aperfeiçoamento de ferramentas, o incremento da agricultura e pecuária, bem como de técnicas cerâmicas e metalúrgicas nasceram do empenho de grupos humanos para garantir sua sobrevivência alimentar. Cada sociedade desenvolveu sua própria dieta conforme foram sucedendo as transformações do seu meio geográfico e atualmente ocorre em função da globalização dos meios de comunicação uma tendência para a homogeneização dos hábitos de consumo baseados na proteína animal como base alimentar e na agroindústria e indústria de embalagens para produzir e condicionar os alimentos consumidos.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="line-height: 18.4px;">Mas a exploração da proteína animal não é o único produto em ascensão no mundo globalizado. O homem do séc. XXI possui várias extensões tecnológicas que funcionam como seus membros para atingir longas distâncias, comunicar-se e sentir-se inserido no mundo globalizado, onde o obsoletismo forçado e o avanço vertiginoso da tecnologia exige um upload constante, uma atualização de hardware promovida pelos grandes conglomerados tecnológicos que ultrapassam qualquer critério ideológico e que exigem uma exploração crescente de recursos naturais em todo o mundo. A tecnologia é uma faca de dois gumes, por um lado cria novas ferramentas para o desenvolvimento humano e por outro aprisiona o homem em uma dependência que se aproxima de uma drogadicção. Então o consumo destes produtos de forma desenfreada, como define o termo, é como o alimentar-se, aprimorar em escala infinita esses membros artificiais a custa do meio ambiente planetário.<o:p></o:p></span></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Para tanto grandes parcelas de insumos tem sido retirados em todas as partes do mundo para suprir uma crescente demanda de “alimentos” para as “próteses”, para fazer funcionar todos os apetrechos, a que o homem contemporâneo se escravizou, para sentir-se inserido em sua sociedade tecnológica. Minerais e outros materiais raros retirados do coração do planeta são indispensáveis para manter suas estruturas ou pseudópodes tecnológicos funcionando em escala funcional crescente de consumo desenfreado. O sentido biológico dessa expressão ratifica a realidade de que mesmo que o homem comum pretenda ficar protegido através de suas ferramentas ele ainda é em larga medida um animal vivendo e pensando em seu meio natural. Sua fina couraça de civilização técnica não o protege dos hábitos alimentares desenvolvidos nos últimos milhares de anos e que são condicionados e afirmados pela sua economia de exploração.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiq547hEylVjPhzSkx3ounqpWuCmmQxoTzIvdejk9IistpV5jhledG-gPntvRHqL1uBbXlK9IRXrl5Z139v1xa-t-2JSx1KsG-iofqkhbEahacQugQGE_GDSoN9UE2mAFQtVB6ND0Kgog/s1600/australopithecus_sediba.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiq547hEylVjPhzSkx3ounqpWuCmmQxoTzIvdejk9IistpV5jhledG-gPntvRHqL1uBbXlK9IRXrl5Z139v1xa-t-2JSx1KsG-iofqkhbEahacQugQGE_GDSoN9UE2mAFQtVB6ND0Kgog/s320/australopithecus_sediba.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: small;"><b>Australopítecos</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O que significa Ser Onívoro ? Para podermos responder essa questão temos que observar a natureza a nossa volta. Alguns mamíferos superiores como os Lobos, os Ursos e Porcos possuem alimentação variada e podem se alimentar tanto de vegetais quanto de carne. No caso do ser humano os estudiosos consideram o fato de sermos onívoros recentes, como nossos primos os chimpanzés e isso aconteceu devido ao sistema digestivo do ser humano ser bem parecido com o dos herbívoros – intestino longo e acidez maior, saliva com enzimas digestivas, mas por outro lado adquirimos em comum com os onívoros a flora intestinal variada. Somos, portanto seres onívoros influenciados pelo nosso meio que, no caso humano, se traduz na construção de uma cultura particular que desenvolveu para sobreviver em ambientes diversos a partir de sua própria estrutura biofísica e seus <i>ciclos circadianos*</i>.<o:p></o:p></b></span></span><b style="background-color: #fff9ee; color: #0c343d; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 15.4px; line-height: 21.56px; text-align: left;"></b><br />
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="display: inline !important; text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><i>*Nota do Autor: O hipotálamo é a mais primitiva porção do encéfalo dos mamíferos que age eletroquimicamente sobre os neurônios do sistema límbico envolvido principalmente no controle das emoções. Também controla a temperatura corporal, a fome, sede, e os ciclos circadianos, quer dizer, o período de aproximadamente um dia (24 horas) sobre o qual se baseia todo o ciclo biológico de qualquer ser vivo influenciado pela luz solar. O ritmo circadiano regula todos os ritmos materiais bem como muitos dos ritmos psicológicos do corpo humano, com influência sobre, por exemplo, a digestão ou o estado de vigília, passando pelo crescimento e pela renovação das células. Essa pequena porção cerebral, o hipotálamo controla a temperatura corporal, o apetite e o nível de água no corpo, além de ser o principal centro da expressão emocional e do comportamento sexual.</i></span></b><br />
<b><span style="color: #660000;"><i><br /></i></span></b></div>
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Características de Comportamento dos Seres Onívoros:<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>- Voracidade </b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Os animais onívoros possuem hábitos alimentares que os distinguem de outras espécies. A luta pela sobrevivência estabeleceu um comportamento de agressividade voraz para com o alimento que define com certeza como pulsão de prazer na sua apreensão e consumo. Konrad Lorenz, o mestre da etologia escreveu sobre como era possivelmente o comportamento de nossos ancestrais:<i> “A vida do homem era então dura e difícil. Como caçador e carnívoro, dependia dos azares da caça. Estava quase sempre faminto, sem ter nunca certeza de satisfazer essa fome. O homem que vivia num clima tropical, evoluindo aos poucos para zonas temperadas, certamente sofreu com isso. Com suas armas primitivas, devia viver num estado permanente de alarme e angústia. Nesse contexto, muitas atitudes que hoje consideramos desprezíveis ou culposas eram perfeitamente justificáveis. Uma estratégia inspirada pelo instinto de conservação transformava necessidade em virtude e mandava que comessem o mais possível toda vez que capturavam um animal de bom porte. A sabedoria consistia em se empanturrar. O mesmo se dava com o pecado mortal da preguiça. Obter um pedaço de carne custava tal esforço que era preciso cuidar para não despender mais energia do que o necessário. Os perigos que ameaçavam o homem constantemente eram tais que correr um risco inútil parecia insensatez. E uma prudência próxima da covardia era praxe em todas as circunstâncias.”</i></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Alguns estudiosos acreditam que o sucesso comercial dos supermercados em relação às antigas vendas de bairro ou armazéns que tinham atendentes se deve ao fato da necessidade do comprador em coletar nas estantes os produtos e com isso garantir maior prazer na compra dos itens alimentares como seus ancestrais faziam nas estepes. O número de pessoas com sobrepeso no Ocidente atualmente permite constatarmos o quanto a voracidade é responsável pela superalimentação na sociedade de consumo visando proporcionar a satisfação do prazer oral e sentimento de segurança para certos indivíduos como suporte contra a ansiedade, doença comum da sociedade industrial contemporânea.</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b> <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A grande pesquisadora de Chimpanzés em campo Jane Goodall que realizou por anos pesquisas na reserva de Gombe na margem oriental do Lago Tanganica pode observar certa vez um chimpanzé velho e forte, que havia capturado um antílope, quase tão grande como ele próprio. Satisfeito com sua proeza sentou-se no chão e começou a banquetear-se , dando mostras visíveis de prazer. Mantinha a enorme presa segura sob o braço esquerdo e, após cada mordida, comia algumas folhas de “salada” arrancadas de um ramo que segurava na outra mão. Quando ficou satisfeito, limpou as mãos lambuzadas em grandes folhas, como fossem guardanapos.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A razão de segurar tão firmemente sua presa era um bando de chimpanzés famintos ao seu redor que esperavam a ocasião para abocanhar algum pedaço. Nenhum deles tinha o menor direito a qualquer bocado, nem sequer os machos de hierarquia superior. O chefe do bando nesse caso perde autoridade quando se trata o alimento da presa de um caçador. Assim todos ficam acocorados ao redor do chimpanzé que se delicia e mastigando em seco, estendem a mão aberta como mendigando, num gesto tipicamente humano. Só uma fêmea que carrega sua cria de poucas semanas tem precedência e obtém permissão de pegar um naco que melhor lhe apetecesse. Todos os demais têm que esperar até que o proprietário da caça lhes coloque algum pedaço dentro da mão estendida. Quando um macaquinho de quatro anos torna-se demasiadamente insistente, pela falta de comportamento, levou uma bofetada do caçador. Um deles, menos chegado ao dono da iguaria, recebeu um osso descarnado. Nada coube tampouco a um velho macaco rabugento, de uns quarenta ou cinquenta anos de idade que, julgando não estar sendo observado, tomou a liberdade de servir-se por sua própria conta. Foi apanhado em flagrante. Não pelo dono da carne mas por um dos vizinhos que, para conquistar as boas graças do caçador, encarregou-se de dar uma bela surra no ladrão.</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b> <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>- Canibalismo </b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Os antigos cronistas que descreveram os hábitos antropofágicos das tribos sul americanas destacaram o furor e a voracidade das mulheres ao consumirem as carnes dos inimigos abatidos nesses rituais e compararam o frenesi delas com as cerimônias em orgias omofágicas das mulheres gregas, no devoramento de animais vivos (cabritos, touros e pavões reais), que representavam Dioniso. Acreditam que em seus primórdios tais ritos eram realizados com vitimas humanas. Nada melhor para representar a morte e ressurreição de um deus que uma vitima humana.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O comportamento canibal pode ser comum entre os onívoros, mas a maioria deles come a carne da própria espécie quando já estão mortas ou por engano. As duas únicas exceções observadas entre as espécies animais são os porcos e os seres humanos quando famintos. Estudiosos de nutrição sabem que é a carne humana a mais nutritiva para o ser humano, pois possui todos os nutrientes necessários para a sua alimentação.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Como já vimos existem duas formas estabelecidas de antropofagia ritual, o exocanibalismo, quando se come o inimigo aprisionado de outra tribo, costume comum entre os antigos ameríndios, polinésios e melanésios e também recorrente entre os pastores das estepes da Ásia e o endocanibalismo que é o ritual de morte de algum ente querido que através da diluição de seus ossos ou da exumação do seu corpo, que após um tempo, o ente querido é comido ou ingerido num ritual fúnebre de assimilação de suas qualidades de força e valor vital. Ambos os costumes estão relacionados diretamente a ideia do herói, do “bem amado”, do cultivo das qualidades do guerreiro inimigo ou parente, seu valor, sua coragem que deve ser absorvida pelo algoz ou ente amado. Até mesmo sua descendência pode ser garantida através do intercurso sexual da vitima antes do sacrifício com as mulheres núbeis da tribo que irão chorar de forma simbólica como parte do ritual de morte o devoramento do cativo.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Se considerarmos a guerra como uma forma de caça organizada para conseguir carne, os custos excedem muito os benefícios. Embora os humanos sejam animais de grande porte, capturar uns poucos custa um esforço enorme. As presas encontram-se tão alertas, são tão esquivas e se acham bem informadas sobre a caça como os caçadores. E como presas possuem outra característica única: diferente dos tapires, peixes, lagostas são menos atrativos conforme maior são seu número em relação aos caçadores. Isto se deve a que os humanos são a presa mais perigosa do mundo e têm grandes possibilidades de matarem seus caçadores como a história nos ensina.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Mas os que praticavam a antropofagia ritual na guerra não eram caçadores de carne humana, mas guerreiros dedicados a perseguir, matar e torturar aos seus semelhantes como resultado de sua cultura intergrupal. Portanto não podem atribuir-se seus costumes a caça propriamente dita, mas a guerra enquanto ritual humano como já vimos antes. A perpétua vingança que os Tupinambás, Hurões e Iroqueses tinham com seus inimigos não tinha por objetivo conseguir carne humana, mas a obtinham como efeito colateral do conflito, como atividade ritual intergrupal que integrava seu conflito com os vizinhos. Tradição que era correspondida entre captor e cativo. Assim pois consumir a carne dos prisioneiros de guerra era um ato racional a partir da perspectiva da relação custo benefício e uma alternativa prudente, do ponto de vista nutricional, para evitar-se o desperdício de uma fonte de alimento de origem animal perfeitamente adequada. Como fonte adicional de proteína animal, a carne dos cativos era sem duvida bem recebida entre as mulheres, que padeciam mais da “fome de carne” que os homens. Isto explicaria o destacado papel que desempenhavam as mulheres tupinambás e iroquesas nos rituais e banquetes canibais, como explica Marvin Harris. Mas não podemos deixar de recordar que o papel feminino nas tribos ameríndias não é absolutamente passivo. A mulher na tribo incita o guerreiro para que cumpra seu papel de provedor, mas principalmente de defensor da aldeia. A participação feminina no cruento banquete promove o moral nos guerreiros, na certeza de sua missão cumprida, no ritual de vitória, ao conseguir desbaratar os inimigos, quase sempre atacados em emboscadas nas matas ou surtidas noturnas nas aldeias, de onde proveem os cativos a serem devorados. Assim seus rituais reforçavam as relações da comunidade e com as comunidades vizinhas aliadas e serviam para estimular entre os mais jovens os atributos necessários do guerreiro, sem culpa, ao torturar e matar seus inimigos em terríveis rituais de sangue que era correspondido igualmente pelas vitimas, frutos da mesma cultura e meio.<o:p></o:p></b></span></span><br />
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span>
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; line-height: 18.4px;"><b><a href="http://odisseiaantropofagica.blogspot.com.br/2014/07/vinganca-e-dadiva-lei-do-eterno-retorno.html">http://odisseiaantropofagica.blogspot.com.br/2014/07/vinganca-e-dadiva-lei-do-eterno-retorno.html</a></b></span><br />
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O jesuíta Antônio Blazquez em 1557 descreveu como ocorriam estes rituais de morte. Após quatro anos vivendo no Brasil Blazquez escreveu:<i>”os índios encontravam sua felicidade em matar a um inimigo, para depois, por vingança, comer sua carne..., não há outra carne que gostem mais”<o:p></o:p></i></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i><b><br /></b></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i><span style="line-height: 18.4px;"><b>“Entraram na praça seis mulheres desnudas cantando a sua maneira, gesticulando e movendo-se de tal forma que pareciam demônios; iam cobertas dos pés a cabeça com algo que parecia escaravelhos feitos de penas amarelas; nas costas levavam um cacho de plumas semelhantes a crinas de cavalo e, para animar o festejo, tocavam flautas feitas com as tíbias de seus inimigos morto.(...) Levavam a cabo todas essas ocorrências sete ou oito dias antes de matá-los. Como naquele momento haviam sete prisioneiros para matar, lhes fizeram correr e atiraram pedras e frutas neles enquanto as mulheres os aprisionavam com cordas atadas ao pescoço; embora o prisioneiro não queira, fazem-no atirar frutas, desafiando-lhe(...) Os cativos estão convencidos de que participando nestas cerimônias são valentes e fortes, e se por temor a morte negam-se a participar, chamam-lhes débeis e covardes; e portanto fugir é na sua opinião uma grande desonra. Os cativos, quando estão a ponto de morrer, fazem coisas que se não houvesse visto não poderia crer...”</b></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><i><span style="line-height: 18.4px;"> </span></i><span style="line-height: 18.4px;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Tal comportamento, hoje considerado tabu entre os povos civilizados, só ratifica, de forma freudiana, o quanto pode ser natural o ato extremo de alimentar-se do próximo, quando em situações limite, como acidentes de avião onde os homens ficam presos em regiões inóspitas, ou em naufrágios a deriva no oceano, ou em grandes cercos em cidades em guerra quando as provisões esgotam-se, quando se permite ao homem serem ultrapassados os limites culturais em função da urgência na sobrevivência de alguns.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>No campo de batalha a carne do inimigo pode ser o suprimento necessário para o bando guerreiro poder manter o conflito. Os hurões e iroqueses não se restringiam em levar os inimigos para serem torturados e devorados em suas aldeias. Existem relatos que consumiam uma quantidade muito maior de carne humana quando estavam em meio a campanha, enquanto estavam longe de seus povoados, como resultado das batalhas campais que mantinham com seus inimigos. Nestas batalhas eles se viam obrigados a comer as carnes dos mortos como rações de combate. Por exemplo, depois da batalha contra os franceses que teve lugar em <st1:date day="17" ls="trans" month="1" w:st="on" year="16">17 de Janeiro de 16</st1:date>93 perto de Schenectady, Peter Schuyler, alcaide de Albany, informou que seus aliados iroqueses <i>“de acordo com sua bárbara natureza”</i>, esquartejaram, assaram e devoraram aos inimigos mortos. Cadwallader Colden, historiador e governador de Nova York, que interrogou Schuyler sobre o incidente, confirmou e ampliou estas informações. Colden escreveu:<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>“Os índios comeram os cadáveres dos franceses que encontraram...Schuyler (como ele mesmo me afirmou), que naquele momento ia com os índios e foi convidado a beber um caldo que haviam preparado alguns deles. Schuyler bebeu até que os índios mergulharam no pote de cozimento e tiraram a mão de um francês, coisa que pôs fim ao seu apetite.”</b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="line-height: 18.4px;">Sendo os moicanos aliados dos ingleses contra os franceses, nem Colden nem Schuyler tinham interesse em tornar relevante a selvageria dos costumes iroqueses. Os franceses sabiam que seus aliados hurões também usavam carne humana como rações de combate conforme seus relatos. Jacques Devonville, governador de Nova França, informou que os hurões, após uma batalha que travaram contra os senecas em 1687, devoraram os mortos vencidos: <i>“Presenciamos o doloroso espetáculo das habituais crueldades dos selvagens. Estes esquartejaram aos mortos, como nos açougues, para que coubessem no pote. A maior parte abrindo-lhes ainda quentes, para que podessem beber seu sangue.”<o:p></o:p></i></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="line-height: 18.4px;"><i><b><br /></b></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O consumo dos guerreiros caídos para garantir as rações de combate foi uma prática comum entre as sociedades tribais em diferentes partes do mundo. O bem documentado caso dos maories da Nova Zelândia fornece alguns detalhes importantes. As partidas de guerreiros maories levavam consigo, propositalmente, pouca comida. Viviam do ambiente, de onde era possível, para aumentar sua mobilidade e o fator surpresa no ataque. Durante a marcha <i>“esperavam com ânsia os víveres de origem humana e falavam do doce que era a carne do inimigo”. </i>Os maories cozinhavam os mortos no campo de batalha e a maioria dos cativos depois dela. Se havia mais carne que podiam comer a desossavam e a colocavam em cestos para consumir durante a viagem de volta. Algumas vezes se perdoava a vida aos escravos, até que eram imolados e devorados num banquete posterior.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Segundo o antropólogo Andrew Vayda: <i>“Independemente de que os maories acreditassem praticar a vingança, conseguir mana, adquirir alimento ou receber prazer mediante a digestão, o fato era que a carne humana tinha valor nutritivo. Este fato fez do canibalismo uma prática útil em tempos de guerra.”</i><o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i><b><br /></b></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Estes costumes possuem raízes profundas nos povos de todos os continentes, como fator arquetípico de todas as guerras iniciadas pelo ser humano e portanto o individuo comum não deve iludir-se ao imaginar que num conflito onde as pessoas são apenas mortas e enterradas em valas comuns seja menos cruel que outro onde o inimigo é devorado em algum ritual antropofágico.</b></span></span><br />
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b> <i> </i> <i> <o:p></o:p></i></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>- Territorialismo </b></span></span><br />
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span>
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O massacre de um indivíduo ou de um bando vizinho pode ser proveitoso para o animal, se com isso ele puder se apossar do território, dos alimentos ou das fêmeas do vizinho. Mas os ataques também envolvem certo risco para o atacante. Muitas espécies animais não têm meios para matar seus pares e, dentro das espécies que os têm, algumas se contêm. Contudo nas espécies sociais onívoras como primatas, suricatos, suínos e lobos, o assassinato pode adquirir a forma de ataques coordenados de membros de um bando contra membros de um bando vizinho, isto é, são promovidos massacres ou guerras. Sua forma e magnitude varia de acordo com a espécie.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>- Sectarismo ou Tribalismo </b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Já foi dito que “um chimpanzé equivale a nenhum chimpanzé” e que “um babuíno sem o seu bando equivale a um babuíno morto”. Ambas as espécies de primatas dependem de seus grupos para sobreviverem ao seu meio e com os humanos não é diferente. Para defesa ou ataque a organização social é mais eficiente.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Entretanto um chimpanzé comum tem tanta chance de ser morto como qualquer ser humano. Especialmente esclarecedor e bem documentado, foi o extermínio de um bando de chimpanzés comuns estudado por Jane Goodall, que foi cometido por outro bando entre 1974 e 1977 em Gombe. Ao final de 1973 os dois bandos estavam em situação equivalente: o bando Kasakela, ao norte, tinha oito machos adultos e ocupava 15 quilômetros quadrados, e o bando Kahama, ao sul, tinha seis machos adultos e ocupava 10 quilômetros quadrados. O primeiro incidente fatal ocorreu em Janeiro de 1974, quando seis dos adultos Kasakela, um macho adolescente e uma fêmea adulta deixaram para trás os mais jovens, viajaram para o sul e depois se moveram em silêncio até surpreenderem um macho Kahama chamado Godi. Um macho Kasakela jogou Godi no chão, sentou-se na sua cabeça e agarrou suas pernas, e os demais passaram dez minutos batendo nele e mordendo-o. Finalmente um dos atacantes deu o golpe de misericórdia atirando uma grande pedra e o bando partiu. Apesar de conseguir se levantar, Godi ficou seriamente ferido, sangrava e tinha marcas de furos. Ele nunca mais foi visto e provavelmente morreu dos ferimentos.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>No mês seguinte, os machos Kasakela e uma fêmea novamente viajaram para o sul e atacaram o macho Kahama Dé, que já se encontrava debilitado por algum ataque anterior ou doença. Os atacantes puxaram Dé de uma árvore, o pisotearam, morderam e espancaram, depois arrancaram pedaços da sua pele. Uma fêmea Kahama que estava no cio foi obrigada a seguir para o norte com os atacantes. Dois meses depois, Dé foi visto ainda vivo, mas esquálido, com a espinha e a pelve protuberantes, sem alguns dedos das mãos, sem uma parte de um dedo do pé e com o escroto reduzido a um quinto do tamanho normal. Depois disso não foi mais visto.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="line-height: 18.4px;">Em Setembro de 1975 a fêmea Kahama Madame Bee foi gravemente ferida após pelo menos quatro ataques não fatais no ano anterior. O ataque foi feito por quatro machos Kasakela adultos, enquanto um macho adolescente (inclusive a filha raptada de Madame Bee) observavam. Os agressores morderam, golpearam, estapearam e arrastaram a chimpanzé,</span> <span style="line-height: 18.4px;">pisotearam-na, pularam sobre ela, a atiraram no chão, voltaram a erguê-la e a jogaram no chão, depois a empurraram, fazendo-a despencar de uma encosta. Ela morreu dos ferimentos cinco dias depois.<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="line-height: 18.4px;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Em Maio de 1977, cinco machos Kasakela mataram o macho Charlie, do bando Kahama, mas os detalhes da luta não puderam ser observados. Em Novembro de 1977, seis machos Kasakela agarraram o macho Sniff, um Kahama, o golpearam e morderam, o arrastaram pelos pés e quebraram sua perna esquerda. No dia seguinte ainda estava vivo, mas não foi visto novamente depois disso.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Dentre os chimpanzés Kahama remanescentes, dois machos adultos e duas fêmeas desapareceram por causas desconhecidas e duas fêmeas jovens se transferiram para o bando Kasakela, que passou a ocupar o território Kahama. Entretanto em 1979, o próximo bando ao sul, o Kalande, com pelo menos nove adultos machos e portanto mais poderoso, começou a invadir o território Kasakela e pode ter sido responsável pelo desaparecimento de vários indivíduos do bando Kasakela ou por seus ferimentos.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Jared Diamond em sua obra: “O Terceiro Chimpanzé”, descreve como ineficiente o ataque dos chimpanzés contra seus semelhantes, se comparados com os genocídios perpetrados pelos homens, pelo tempo que levavam os ataques, de dez a quinze minutos de agressões que não atingiam órgãos vitais, pela sobrevivência precária das vítimas que só após algum tempo chegavam a óbito. Ele concluiu que a falta de ferramentas eficazes, no caso a falta de armas dificultava a ação violenta e tornava-a menos mortal. Outro fator que o escritor antropólogo define como demonstração da ineficiência do comportamento agressivo grupal dos Chimpanzés é o tempo transcorrido: três anos e dez meses para conseguirem o desbaratamento do grupo rival.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Em relação a estratégia usada de promover emboscadas onde vários indivíduos atacavam um solitário podemos afirmar que se assemelha ao utilizado pelas tribos de caçadores coletores, pelas descrições dos observadores, onde um individuo solitário é atocaiado por vários quando vai até o rio buscar água ou qualquer outra atividade similar que o afasta da comunidade principal.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>É evidente que apesar de tais considerações até certo ponto óbvias podemos traçar alguns paralelos com as guerras de gangues urbanas por territórios de influência e considerar também que os chimpanzés agem dessa forma agressiva possivelmente em busca de áreas de coleta de alimentos mais amplas e fêmeas jovens para procriação. Aliás tema também recorrente nas guerras humanas do passado e do presente.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Outras espécies de onívoros sociais têm comportamentos semelhantes. Suricatos, ratazanas, raposas possuem seus territórios delimitados e são extremamente violentos quando se sentem ameaçados por grupos de semelhantes estranhos. <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span>
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>- Extermínio </b></span></span><br />
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span>
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A expansão humana no planeta após a última glaciação tem sido relacionada pelos estudiosos à extinção de várias espécies animais, os grandes mamíferos que proliferavam no período imediatamente posterior. A caça de subsistência pode ter ocasionado o fim dos mamutes, rinocerontes, equinos, preguiças gigantes e outros animais de menor porte que habitavam no continente europeu e parte da América. Esse processo ainda ocorre, atualmente em escala geométrica em todos os quadrantes da Terra com o aumento desordenado da ocupação humana. O fim da biodiversidade já se avizinha para os próximos 100 anos de forma definitiva.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Pesquisadores encontraram referencias similares de extermino de espécies por povos que emigraram nos anos mil para as Ilhas de Madagáscar e Nova Zelândia, dois habitats até então preservados da presença humana. Nesses locais remotos foram localizadas ossadas de aves pernaltas com até três metros de altura, em Madagáscar lêmures do tamanho de gorilas e na Nova Zelandia águias com mais de três metros de envergadura que eram possivelmente os predadores das aves pernaltas e estas espécies foram completamente extintas, por coincidência ou não na mesma época da chegada dos humanos antepassados dos atuais malgaxes e maoris. Utensílios feitos com os ovos das aves podem ser encontrados nas escavações comprovando que humanos e esses animais ciclópicos conviveram até o completo extermínio dessas espécies que não tinham condições de defenderem-se desse novo predador fenomenal.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Junto, escondidas nas embarcações dos humanos, chegaram as ratazanas que eram desconhecidas nas ilhas e encontraram um habitat favorável para proliferação, com fartura de alimentação, e que promoveram também sua dose de extinção de espécies locais de pequenas aves e outros animais que não tinham defesas naturais para enfrentar a voracidade desse pequeno roedor onívoro.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Os humanos, o nosso ramo de primatas, nossos antepassados diretos, começaram a domesticar cães em algum momento entre 40 mil e 11 mil anos atrás. Como isso aconteceu pouco se sabe. Mas podemos acreditar que foi o único animal domesticado sem ser tangido ou aprisionado pelo homem pré-histórico. O cão primitivo aproximou-se espontaneamente do ser humano e passou a conviver em simbiose com seus hábitos comuns de caça e posteriormente de pastoreio. Os cientistas especulam que a aliança entre humanos e canídeos evoluiu aos poucos, a partir do momento em que os canídeos decidiram seguir os grupos humanos que migravam atrás dos grandes rebanhos, interessados em se banquetear nas carcaças de animais que os caçadores deixavam para trás. Para os humanos, essa companhia era vantajosa – além de afastar potenciais predadores, era muito melhor ter cães como aliados estratégicos. As duas espécies evoluíram juntas – os canídeos, eventualmente, ajudaram humanos a caçar melhor, o que conferiu vantagem competitiva ao Homo sapiens, quando comparados a outros grupos de hominídeos. Possivelmente as extinções dessas outras espécies de hominídeos tenham relação direta com a maior eficiência desses caçadores humanos em relação aos seus competidores mais primitivos e até mesmo ao seu extermínio.<o:p></o:p></b></span></span><br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>De todos os povos que habitaram o continente eurasiano com certeza os cavaleiros Citas representaram a essência dos guerreiros que subjugaram e impuseram pela força sua cultura sobre os autóctones da região em vagas de migração sucessivas na pré-história, nas Idades do Bronze e do Ferro. Seus costumes possuem recorrências similares entre os gregos, romanos e germânicos, povos também oriundos da cultura indo ariana presente na sua difusão concêntrica por todo o continente nas ondas sucessivas de penetração. Suas cerimonias fúnebres de culto aos manes envolviam propiciarem banquetes aos mortos. São esses costumes descritos por George Dumézil em relação aos Osetas, descendentes dos Citas<i>: “Para seu alimento e suas comodidades, os mortos dependem das oferendas rituais que lhes fazem seus parentes ou descendentes, das comidas funerárias muito custosas, ás vezes causadoras da ruína, que propiciam no primeiro ano de dor e repetem-se depois com menos frequência.” (La Cortesana Y Los Señores de Colores- pág 141 – Fondo de Cultura Económica – México- 1989)</i><o:p></o:p></b></span></span><br />
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Para evitar-se a Vendetta, como ato de conciliação e suprema justiça, o suspeito de um crime de roubo ou adultério pode arrogar sua inocência ao invocar uma maldição para seus mortos e descendentes e para ele mesmo no outro mundo, a um castigo eterno de prover com alimento de carnes interditas (gatos, cães e burros) aos seus, caso seja culpado, através de um juramento, para escapar da vingança certa. Denominavam este ato extremo de “Oferenda Funerária Pútrida”. Para dar realidade a sua confissão de inocência o suspeito sacrificava um gato ou cão no cemitério, ou dava bastonadas no animal de tração, que tinha função de <i>simulacrum expiatorium</i> do objeto de sacrifício, isto é, do suplicante.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Quando um homem sofre um agravo de outro homem e quer revidar, mas tem consciência que não pode levar adiante o combate sozinho, sacrifica um boi, do qual esquarteja e coze as carnes. Estende o pelego cru do animal sobre a terra e senta em cima, com os braços para trás das costas, como se estivesse manietado. Esta é a forma mais afrontosa do suplicante exigir uma reparação. Quando a carne está cozida, os parentes e aliados, que desejam auxiliar na reparação da honra dele, tomam cada um seu pedaço de carne e pondo o pé direito sobre a pele prometem fornecer conforme a capacidade dos meios de cada, o que seja necessário, em cavalos e homens, cavaleiros e infantes. O mais pobre oferece sua própria força braçal. Colocar o pé sobre a pele equivale a um juramento. Com isso selam um <i>“Sacramentun” </i>de guerra. O juramento se expressa por um ato comunal através do consumo das partes da rês sacrificada e pela ação de colocar o pé sobre a pele da vaca ou boi imolado para tal fim. Esta cerimonia possui raízes nos primórdios dos tempos e demonstra a importância do sacramento entre os povos tradicionais.<o:p></o:p></b></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>É interessante constatar que nos mitos de formação das castas entre esses povos nômades de pastores de rebanhos não se inclui o personagem do agricultor. Nem mesmo os Osetas dispõem de um personagem relevante entre seus heróis de formação ligados ao plantio da terra. De forma semelhante, entre os celtas, romanos e germânicos são os vencidos nas guerras que detêm o conhecimento e executam o plantio da terra. Os germanos continentais inclusive desprezavam a agricultura conforme registrou Cesar.</b></span></div>
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A história da humanidade no planeta está recheada de guerras de extermínio de seres humanos. É a própria historiografia clássica uma sucessão de guerras e batalhas, invasões, formação e destruição de impérios a custa de grupos humanos vencidos, massacrados, escravizados e espoliados. A ideia de estabelecer nessa sucessão de eventos o culto aos lideres que possibilitaram sua consecução faz parte do imaginário da cultura estabelecida no mito do herói. Ainda podemos cultuar Alexandre ou Julio Cesar, até mesmo Napoleão faz parte de nossa herança histórica decorrente da cultura europeia, mas em função dos fatos ainda recentes fica difícil imaginarmos a possibilidade moral de cultuarmos a figura de Hitler, tão ruim ou pior que os outros ícones de nossa historiografia oficial. Mas, e daqui a mil anos?<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6q35XbEz9N7c2psoSMNv0tWuXCUWZQ_JeUWNjvxGe67EUM1cr1FJaYwwQ7EZH-uGB81grdMULSAC83ynwqiFusm0DbsRXGLRLoEJvqfPYqwZsMbTWDZ0LO3XwuuFfvHlc6sGArNFodU8/s1600/allseeingeye1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6q35XbEz9N7c2psoSMNv0tWuXCUWZQ_JeUWNjvxGe67EUM1cr1FJaYwwQ7EZH-uGB81grdMULSAC83ynwqiFusm0DbsRXGLRLoEJvqfPYqwZsMbTWDZ0LO3XwuuFfvHlc6sGArNFodU8/s400/allseeingeye1.jpg" width="373" /></a></div>
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span>
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Cultura de Massa -</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Malinowski, num ensaio sobre o funcionalismo, define a cultura como sendo “essencialmente um aparelho instrumental por cujo intermédio o homem se encontra em condições de poder enfrentar os problemas concretos com que se depara em seu ambiente, no curso da satisfação de suas necessidades”. No caso especifico da evolução humana a cultura é uma projeção de seu comportamento onívoro em relação ao meio, tanto para as permissões quanto para os interditos.<o:p></o:p></b></span></span><br />
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Afinal das contas tudo é comida. Desde os banquetes antropofágicos dos Tupinambás descritos nas narrativas dos viajantes até os grandes banquetes dos reis celtas e do axioma romano do pão e circo para atender às demandas da plebe, aos grandes banquetes públicos das polis gregas, e os poltlatch dos tinglit, a tradição da cultura humana é uma afirmação do aspecto alimentar como forma de conforto e aglutinação da sociedade e mantém suas permanências ainda hoje nas festividades sazonais que ainda cultuam os povos de todo o mundo.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Na pré-história, há 30 mil anos atrás um homem saudável com 35 anos de idade, com descendência de filhos e mulher, vivia num clã estreitamente unido, formado por parentes e amigos, trabalhava em média somente vinte horas por semana caçando carne nutritiva e sem produtos químicos enquanto sua mulher colhia frutas e legumes orgânicos e ambos viviam em relativa liberdade sexual com suas relações no grupo. Eles passavam a maior parte do tempo cumprindo suas tarefas no grupo, participando de rituais, quase toda a noite contavam histórias, batiam tambor, e cantavam as canções da tribo entre pessoas que conheciam e de quem gostavam e confiavam. Embora fossem ambos medianamente bonitos e inteligentes, os seus parceiros na tribo também eram assim. O homem era apenas medíocre, mas eles tinham excelentes relações sexuais, com ótimas preliminares, humor sadio, criatividade e gentileza. Apesar do guerreiro já ter matado mais de uma dezena de Neandertais, era um ótimo amante, que periodicamente fazia sexo com a companheira. Toda manhã acordavam suavemente com o sol despontando no horizonte sobre a costa que pertencia ao seu clã. Com o avançar da idade, poderiam com sorte viver bem mais uns quarenta anos, a maior experiência de vida como caçador e coletora tornaria a ambos sábios e respeitados, com grande influência sobre os demais integrantes da tribo e pela progênie.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>De lá para cá muita coisa mudou. Um trabalhador médio do século XXI com 35 anos de idade trabalha em um terminal de caixa, e dirige um carro que deve ainda muitas prestações, com uma inteligência mediana apenas suficiente para cumprir tal função, pois tirou notas baixas em algumas matérias da faculdade da sua cidade após anos de estudo e teve que abandonar os estudos para trabalhar. Agora está trabalhando no comércio para fazer frente as despesas de moradia e alimentação, por quarenta horas semanais em algum shopping de bairro localizado a 80 quilômetros de distância de onde vivem seus pais e irmãos. Como ele é medianamente atraente e interessante, tem alguns amigos, mas nenhuma namorada fixa em função da situação econômica precária e suas companheiras esporádicas tomam pílula para evitar engravidar quando fazem sexo com ele. Quase sempre essas relações tem curta duração e as parceiras são eventuais. Ele toma antidepressivo, sonha fazer parte de algum dos filmes de aventura e amor que se repetem com frequência na TV. Toda manhã é acordado pelo despertador ao lado de uma luminária barata em seu apartamento de menos de 50 metros quadrados. A rotina acaba com ele aos poucos. Graças aos últimos avanços da medicina viverá bem mais uns 45 anos, durante os quais cada vez mais será menos valorizado, será encarado como um fardo para o serviço social, mas pelo menos terá um computador de última geração para conversar com seus amigos virtuais em alguma rede social da moda.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Consideram os estudiosos que a cultura de massa só surgiu após a Revolução Industrial e intensificou-se ao final da II Guerra com a evolução dos meios de comunicação. A cultura de dominação de massas na verdade surgiu bem antes, como aprendizado coletivo, fruto direto do excedente de produção de alimentos da revolução agrícola, que originou a formação de processos civilizatórios em todo o mundo. Foi formado intencionalmente ou não, como ferramenta de dominação, pelas lideranças, dos grupos que se tornaram sedentários, para melhor assentar os povos que lideravam. Seus lideres formaram crenças comuns e estabeleceram dinastias de reis sacerdotes para melhor comandarem as multidões que necessitavam como mão de obra para o plantio sazonal e a construção das defesas das primeiras polis. Essa ferramenta de dominação foi por sua vez cooptada pelos povos seminômades invasores que posteriormente dominaram as concentrações humanas sedentárias para dar prosseguimento ao processo de exploração e escravização da mão de obra de uma forma mais branda e menos cruel ao processo de dominação visando evitar as potenciais sublevações. Javé, Thor, Turanis, Jupiter, Zeus, AhuraMazda, Vishnu/Indra eram deuses da guerra de povos nômades que foram sincretizados para adoração do gentio que labutava nas plantações e sustentava seus dominadores com a força braçal. Sem as suas mãos cativas na lavoura, nem exércitos, nem impérios poderiam ser construídos. Por isso os agricultores viviam em submissão permanente aos deuses e aos reis e sacerdotes que os legitimavam e eram mantidos como párias sem casta.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O processo civilizatório serviu entre os antigos para atenuar os instintos do ser onívoro em sua plenitude. Voracidade, canibalismo, territorialismo, tribalismo precisaram ser controlados para constituir a Polis, garantir a convivência intertribal e implementar o cosmopolitismo necessário para o desenvolvimento das atividades de produção, a geração dos excedentes necessários para suprir os reis sacerdotes de recursos e manter contingentes de soldados em armas, submeter mais povos e aumentar sua área de influência e comércio baseado em trocas. Na Antiguidade este comportamento imperial garantia maior segurança para a cidade estado que mantinha à distância possíveis inimigos ampliando constantemente suas fronteiras. O extermínio do outro pode ser a garantia da união das tribos da polis, da segurança do reino e o aprisionamento de mais escravos que irão trabalhar nos campos e suprir a mais valia necessária para garantir os excedentes de produção de alimentos. A religião oficial transforma o exocanibalismo em sacrifícios aos deuses de guerreiros inimigos e depois ao propiciar nos templos animais como simulacros dos homens que antes eram imolados. Com isso se garantia a paz entre os escravos que deveriam permanecer submissos aos seus captores. Antigos costumes dos cavaleiros das estepes tiveram que ser abandonados para que pudessem manter a opressão sobre os povos cativos e ao mesmo tempo evitar sua sublevação enquanto exploravam seus excedentes de produção.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Uma grande parte do que seria depois, a religião oficial da Polis, é herança dos cultos agrários. As festas coletivas têm uma origem remota no passado, na sua origem foram cultos de camponeses no próprio meio onde se comia e bebia com prodigalidade ao serem colhidas as safras. A unidade social primordial era a tribo transformada em aldeia, que inicialmente tinha um caráter matriarcal, mas com a dominação dos cavaleiros das estepes asiáticas tornaram-se patriarcais. Com frequência elegiam um lugar sagrado, uma montanha, um bosque ou uma fonte que a tradição emprestava uma sacralidade particular. Cada grupo fornecia sua parcela de alimentos e bebidas inebriantes, e as aldeias podiam reunir seus clãs para participarem dos festejos e até mesmo jogos de força e perícia que ocorriam nos períodos de início do inverno e da primavera. Estas festas congregavam os clãs e estabeleciam uma cultura particular entre os povos e solidariedade em função de ameaças externas que precisavam ser contidas. Um costume arraigado que permaneceu associado aos eventos sazonais foi a admissão de novos membros no grupo social e bodas anuais entre integrantes de diferentes clãs.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Entre os cultos agrários da Grécia, por exemplo, era frequente a veneração de certos animais, ou mesmo plantas ou seres inanimados, que remontam ao principio totêmico e serviam para definir os diferentes clãs conforme o animal representado e para manter coesa a comunidade arcaica. O totemismo neste caso se apresenta como uma definição de parentesco do grupo social com o animal venerado, um laço de origem tornando interditos sua morte ou seu consumo. Somente quando ocorre a festividade sazonal o interdito é liberado e o animal é sacrificado e consumido durante o sacramento. Reminiscências estão presentes até hoje em nossas festividades de caráter religioso, como tiveram no passado quando o a cerimônia iniciava com o sacrifício das vitimas.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Homero descreve na Odisseia um desses banquetes públicos que contou com a presença de Telêmaco, filho de Ulisses, e de Pala Atena, filha de Zeus, que faziam uma peregrinação em busca de Ulisses que tinha sido enfeitiçado por Calipso e estava retido em sua ilha. Para o povo da cidade de Pilos tinham sido armadas nove longas mesas, cada uma comportando até 500 cidadãos. Cada grupo imolou, então, nove bois e o banquete transcorreu com muito vinho e recitações dos convivas. Também nos cultos à Dioniso, divindade de origem Oriental, com origens imemoriais que foi adotada pelos helenos, cuja natureza dos alimentos é imposta pela tradição ancestral. Assim também, numa cerimonia em honra de <i>Hiakintos</i> - uma divindade pré-helênica da vegetação – que se celebrava na Argólida, os comensais serviam-se exclusivamente de cabritos.</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b> <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Ainda vivemos o resultado desse processo milenar de submissão e escravismo dos povos agrários sedentários e a sincretização de seus costumes pelos dominadores vindos das estepes, os pastores de rebanhos, entre outras influências culturais palpáveis, do ponto de vista alimentar. A Revolução Industrial e o Iluminismo tiraram o carácter religioso do controle social, mas mantiveram o padrão de leis e dogmas estabelecidos pela elite dominante descendente dos antigos invasores, para perpetuar a manutenção do status quo de dominação entre os lavradores e os proletários das novas fábricas do capitalismo emergente. E o consumo passou a ser a fé primária que como um culto preenche a voracidade natural do ser onívoro. Criar necessidades infinitas para manter as máquinas das linhas de produção em plena atividade foi a forma de promover a transformação da cultura de massa. Isso ocorreu até a segunda metade do séc. XX quando os pregadores e reclames foram finalmente substituídos por especialistas de comportamento de empresas de publicidade e propaganda. O alimento bruto então é transformado pela agroindústria, embalado e vendido em grandes mercados para uma população urbana que desconhece por completo o seu ciclo produtivo. Gastam-se bilhões para incentivar seu consumo em escala ascendente. Os animais antes imolados e esquartejados nos templos para serem servidos nos banquetes das polis hoje são servidos em gondolas refrigeradas em partes seccionadas irreconhecíveis do todo e embaladas nos supermercados sem o contato do individuo comum, nem o senso com a morte sofrível do animal abatido em algum distante matadouro.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Hoje o reconhecimento da marca de um determinado produto envolve investimentos bilionários em propaganda para um público alvo global. A saber, 94% das pessoas da Terra reconhecem a marca “Coca-Cola” e a maioria delas “responde positivamente” aos seus produtos, o que significa que elas pagarão um valor superior por um produto da marca comparado com outra bebida genérica equivalente. Considerando quando a população global era de 6,5 bilhões de pessoas, a ação mental da Coca-Cola equivale, em média, aproximadamente em 10 dólares por pessoa; isto é, os dois bilhões de dólares que a empresa gastou anualmente em propaganda durante tantas décadas geraram esse reconhecimento da marca que vale aproximadamente 10 dólares por cérebro humano. As outras dez maiores marcas – Microsoft, IBM, GE, Intel, Nokia, Toyota, Disney, McDonald’s e Mercedes - tinham cada uma reputação de marca (<i>brand equity</i>) maior que 26 bilhões de dólares em 2006, ou mais de três dólares por cérebro humano. Essas tendências podem ser consideradas ilusórias, imateriais ou até místicas, mas são suficientemente reais para sustentar milhares de profissionais de comportamento, marketing e propaganda. Não resta dúvida que com a evolução da internet e da neuroeconomia como ciência de estudo de comportamento do consumidor e quando forem aprimorados os mapas de zoneamento cerebrais tornando-os mais eficazes e sofisticados para identificar os setores onde a mente é mais influenciada por determinado estimulo de uma marca tais conceitos deixarão de parecer como fictícios e parte de mais uma teoria de conspiração para dominação global. (Darwin Vai às Compras – Geoffrey Miller)<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A civilização como epigonia daquilo que chamamos de florescência Ocidental na verdade hoje é muito mais um produto em escala da comunicação de massa de grandes conglomerados econômicos do que um fenômeno natural da comunicação interpessoal. O consumo é um fim em si e torna-se hegemônico como forma de comportamento em todo o planeta. Os templos antes dedicados às divindades agrárias agora são imensos centros de compra onde o sagrado deu lugar ao profano culto do valor monetário. Como seu fruto indireto, a exploração de recursos naturais para manterem as fábricas produzindo, os conflitos em países pobres tornam-se cada vez mais sangrentos, antropofagia velada em escala armamentista nunca vista. Multidões cada vez maiores, de migrantes e refugiados, em frágeis embarcações buscam abrigo onde irão servir de trabalhadores braçais e viverem nas periferias para servirem seus novos amos nos grandes centros urbanos do hemisfério norte, onde se concentra ainda incólume o grande capital. A Grande Migração do ser humano no séc. XXI está apenas começando. Bem vindos à gruta de Polifemo !</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy828GMssIaS1e7cb2H2lDC82AqZNbJOMWoXXLn0sUtVIsj1lVttJYyPeIUKDYzKJLHzPd6Td309qg7-WSp71tV9dB82QEL2Z-Qr_3Thu2L2VhfQCcbzpFHQH8dOirWnbRSwYl8KDZexI/s1600/800px-F%25C3%25ADbula_celt%25C3%25ADbera_de_Lancia_%2528M.A.N._22925%2529_01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="310" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy828GMssIaS1e7cb2H2lDC82AqZNbJOMWoXXLn0sUtVIsj1lVttJYyPeIUKDYzKJLHzPd6Td309qg7-WSp71tV9dB82QEL2Z-Qr_3Thu2L2VhfQCcbzpFHQH8dOirWnbRSwYl8KDZexI/s400/800px-F%25C3%25ADbula_celt%25C3%25ADbera_de_Lancia_%2528M.A.N._22925%2529_01.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: small;"><b>Cavaleiro Celta com Craneo</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Bibliografia:</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>1) Bueno para Comer - Marvin Harris - Alianza Editorial - Madri - 1989</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>2) O Terceiro Chimpanzé - Jared Diamond - Edit. Record - 2010</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>3) A Religião e a Filosofia no Mundo Greco Romano - Otto Alcides Ohlweiler - Edit Mercado Aberto - 1990</b></span></span><br />
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>4) La Cortesana Y Los Señores de Colores - George Dumézil - Fondo de Cultura Economica - México DF - 1989</b></span></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="line-height: 18.4px;"><b>5) O Macaco Onívoro - Lyall Watson - Edit. Expressão e Cultura - 1974</b></span></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="line-height: 18.4px;"><b>6) Vida "Inteligente" dos Animais - Vitus B. Droscher - 1978</b></span></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="line-height: 18.4px;"><b>7) Darwin vai às Compras - Geofrey Miller - Edit. Best Seller - 2012</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 18.4px;"><span style="color: #660000; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b> </b></span></span></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-77514052759988792272015-04-06T14:42:00.003-07:002015-04-07T05:17:33.938-07:00A Herança da Casa de Atreu<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT357NHYHViB___ODdrtTImG-Iw-UT2Pvr-jnS9dm9yjRibHv_z2rEokTlZOQpmfjQdHu5yBM2uRjnlzO3W90Zu-RADXKk2d28XMz7p7Vl3yvxrePavbPPOFmmhmi7gV53qBxh0JmgYm4/s1600/agamemnon.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT357NHYHViB___ODdrtTImG-Iw-UT2Pvr-jnS9dm9yjRibHv_z2rEokTlZOQpmfjQdHu5yBM2uRjnlzO3W90Zu-RADXKk2d28XMz7p7Vl3yvxrePavbPPOFmmhmi7gV53qBxh0JmgYm4/s1600/agamemnon.jpg" height="320" width="297" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O Ocidente como epigonia de civilização absorveu
e herdou de forma inquestionável o aparato cultural Greco-Romano em sua
totalidade de organização politica, social e filosófica. Personagens lapidares
de nossa cultura herdada foram sem dúvida nenhuma aqueles que atuaram nos mitos
de formação da Hélade associados à obra de um pseudo Homero. Desses ecos do
passado após o fim do que os historiadores denominaram de Época das Trevas, que
antecederam o período Clássico grego, surgiram os mitemas de tradição micênica,
que no transcorrer dos séculos, como
para nós hoje, foram absorvidos com as devidas adaptações naturais decorrentes
da transliteração da tradição oral para escrita e adotadas como cultura dos
povos oriundos da Ásia que vieram ocupar posteriormente a península grega como
lembrança basilar que foi enxertada e vingou como rama vigorosa entre os
povos da Antiguidade.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Entre todos os personagens da mitologia grega vale
destacar a saga da Casa de Atreu com seus reis vingativos e corruptos, desde
sua origem mitológica, a Hybris fatalista de uma dinastia que traça as origens
do Peloponeso, como explicação de origem mística e secular de uma família
fadada ao conflito permanente em constante luta pelo poder e que serviu de
inspiração para a criação de poemas, tragédias, obras literárias de todos os
tipos que chegaram até nós e mais recentemente de produções cinematográficas,
por tratar-se de um drama universal que nunca envelhece, pois fala da condição
humana no seu plano mais real e com evidentes conotações psicológicas sempre
presentes nos conflitos humanos.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEz6f5mu-v3pB7rmBxAjhrYTDoO2oz7X6I__1NYeuhWeWZ408sWP_J2fbf7Xwr0wjFoaMzPe7JvG0d3FTBVRfSaFszBO8xegeKLApmLsAUwT4jnZVs7qhy-JRPK01wOPxzTqQGPx66ht0/s1600/casa+de+Atreu+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEz6f5mu-v3pB7rmBxAjhrYTDoO2oz7X6I__1NYeuhWeWZ408sWP_J2fbf7Xwr0wjFoaMzPe7JvG0d3FTBVRfSaFszBO8xegeKLApmLsAUwT4jnZVs7qhy-JRPK01wOPxzTqQGPx66ht0/s1600/casa+de+Atreu+3.jpg" height="240" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Alguns estudiosos pretendem que com a invasão
dória, povo bárbaro oriundo da Ásia, e sua penetração na península, invejosos
do prestigio dos soberanos Aqueus, entre todos, o mais importante, Agamenon, procuravam assim denegrir a
imagem da casa real micênica. Assim pretendiam impor seu poder não só através
da força das armas, mas também pela simpatia do povo a sua causa. Os temas são
comuns e recorrentes às origens de ambos os povos que povoaram a hélade em função de uma raiz comum mais primitiva perdida nos primórdios da pré-história. O roubo de
gado, o rapto de mulheres, a antropofagia, o fratricídio e o parricídio são uma
constante nesses mitos.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieh6xEobUp6c29FlekLMyqrssakOhsQKQG2oqMMt2hOQ6idyqVpH37wmHDSmroE-ajkNoawye-caVdEvatn_tuta2cCvSiMnynUat1Hdp04azrztvoFxorFZgQZ35fz59M8pgMKPml7eA/s1600/atreu4g.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieh6xEobUp6c29FlekLMyqrssakOhsQKQG2oqMMt2hOQ6idyqVpH37wmHDSmroE-ajkNoawye-caVdEvatn_tuta2cCvSiMnynUat1Hdp04azrztvoFxorFZgQZ35fz59M8pgMKPml7eA/s1600/atreu4g.jpg" height="281" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A saga se inicia na figura de Tântalo, o rei da Lídia
e filho do monte Tmolo. Certo dia visitaram-no os deuses do Olimpo. Pois quem
tem um pai que é um monte pode dar-se ao luxo de receber tais visitantes
ilustres. Mas na sua qualidade de príncipe bárbaro, Tântalo imaginou ser
conveniente proporcionar aos deuses sacrifícios humanos. E fosse porque sua
despensa estivesse vazia, ou porque quisesse testar a onisciência dos deuses pegou
seu filho Pélope, cortou-o em pedaços, cozinhou-o em um ensopado e serviu-o no
banquete às divindades, seus olímpicos hóspedes. Antes que Zeus e os demais
deuses descobrissem a verdade, Deméter que estava com muita fome comeu um ombro
da vitima. As demais divindades não tocaram no alimento, e após constatar-se o
crime hediondo, Hermes foi incumbido de colocar as partes do menino numa
caldeira mágica de onde Cloto o retirou em perfeita saúde. Mas como parte do seu
ombro foi devorada por Deméter, Zeus deu-lhe outro de uma peça de marfim
confeccionada por Hefáistos como a única lembrança de seu sacrifício. Tântalo
foi cruelmente punido pela refeição canibalesca que servira aos imortais com a sede
e a fome eterna, apesar de estar mergulhado num lago onde a água ao ser tocada
sempre escapava a sua boca e numa floresta cheia de frutos que quando ele
tentava colher escapavam para longe de suas mãos.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ao final da Idade das Trevas que assolou os povos
mediterrâneos pelas invasões de povos bárbaros que vieram por terra e mar do
Leste, toda a cultura grega, ou melhor, a cultura micênica, entrou em franca
decadência. Até mesmo a escrita foi esquecida e povos que antes habitavam as
cidades foram obrigados a vagar pelos campos devastados, sem comida para
sustentar-se. A antropofagia deve ter sido adotada como fórmula de
sobrevivência dos mais fortes em relação aos mais fracos. O mito de Tântalo,
com um sentido moral, realçava o interdito reestabelecido ao consumo da carne humana.
E mais que isso, punha à vista a questão do sacrifício do primogênito, comum
entre os antigos. Os povos de origem asiática tinham costumes relativos ao
sacrifício de seus reis quando não mais podiam servir aos interesses do Estado.
Por mais forte, inteligente, poderoso e soberano que seja um monarca, chega um
dia que o tempo o atraiçoa, a idade pesa as armas em suas mãos decrépitas e,
por conseguinte, o menininho que antes pulava em seus joelhos, que ele protegia
e alimentava, por fim torna-se um homem adulto, mais forte que o pai, sendo
naturalmente destinado a tomar seu lugar no poder. Só Zeus estava destinado a
reinar eternamente, mas mesmo o deus dos deuses tinha sempre que precaver-se da
própria prole. Assim o rei ao vitimar o primogênito imolado em um sacrifício
aos deuses garantia mais algum tempo de permanência no trono sem sucessores.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvzufovrkroyFyDx1vHtuEz4ywSXxsKVze5BSCVym1tsWxYwAqMDZ96ePlHsKhE36N-opt3ABx-HEeiLXLfhDrbvTZCPgdzIKgisns77W3IypBVkpOvhP_SCp_q3mbbwnGgB-nUWqqZDo/s1600/pelopidespflugk229.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvzufovrkroyFyDx1vHtuEz4ywSXxsKVze5BSCVym1tsWxYwAqMDZ96ePlHsKhE36N-opt3ABx-HEeiLXLfhDrbvTZCPgdzIKgisns77W3IypBVkpOvhP_SCp_q3mbbwnGgB-nUWqqZDo/s1600/pelopidespflugk229.jpg" height="228" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Pélope, um rei divino, tinha do seu lado as
graças e o amor de Poseidon, que lhe fazia presentes de cavalos alados e o
auxiliava nas batalhas. Mas apesar da grande fortuna que herdara de Tântalo, o
jovem não conseguiu manter-se no poder: invasões de bárbaros o expulsaram do
reino. Cruzou os mares em busca de nova pátria durante longos anos sem
conseguir abrigo. Foi o responsável pela morte do sogro, Enômao, rei da Élida,
que para manter o próprio poder desafiava os pretendentes da filha, Hipodâmia,
a uma corrida de carros, porque, ou estaria apaixonado pela filha ou por causa
de um oráculo que adivinhara seu fim nas mãos de um genro. Ele sacrificava um
carneiro a Zeus e com seu carro puxado com cavalos de Ares sempre vencia a
carreira e como pena estabelecida matava os pretendentes derrotados, depois
cortava a cabeça dos perdedores e pendurava-as na porta do palácio. Pretendia
construir com elas uma pirâmide de crânios. Desta vez, entretanto Hipodâmia apaixonou-se
pelo recém chegado Pélops e para evitar sua morte certa corrompeu Mírtilo, o
conheiro real, que concordou em cortar um dos tirantes do carro. Mesmo com a
ajuda de Poseidon que lhe deu um carro com asas invisíveis aos demais e
conduzido por cavalos imortais Pelópe temeu o resultado final da corrida e
resolveu armar um estratagema. A promessa de Pelópe ao cocheiro através da
amante foi que o humilde jovem teria direito a metade do reino e a primeira
noite com a princesa de quem estava perdidamente apaixonado. Quando o carro ia
já à carreira, em grande velocidade, partiu-se o tirante, o veículo virou e o
rei desafortunado foi arrastado e morto. Quando o cocheiro foi cobrar sua
prenda, a noite de amor com Hipodâmia, com zombarias Pelópe atirou-o sem
piedade de um penhasco ao alto mar. Ao morrer, o cocheiro amaldiçoou-o e a sua
descendência perante os deuses. <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois dos crimes impunes casou-se com a bela
princesa. De seu casamento com Hipodâmia tiveram muitos filhos, entre os mais
conhecidos são: Atreu, Tieste e Plístenes. Foi viver num palácio ricamente
ornado, cercado de bosques calmos e ricas pastagens. Conseguiu o respeito do
povo e procurou esquecer as nódoas do passado. A Pélope é atribuída a fundação
dos Jogos Olímpicos. De seu nome origina-se o nome Peloponeso.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Aos povos vencidos pelas raças heroicas, isto é, os
conquistadores estrangeiros, que impuseram suas leis e religião afirmavam
descender e ascender aos deuses para impor à pessoas rústicas a piedade e a
tenência ao poder temporal. Diziam os conquistadores serem capazes de dominar
as feras, comover os carvalhos e fazer com que as pedras se empilhassem para
formar as cidades, para assim apagar os ódios da dominação abjeta que impunham
às castas inferiores compostas pelos descendentes dos escravos e prisioneiros
de guerra e assim aceitar melhor o seu jugo brutal. Mas foi o advento de seus
carros de combate e das naus que singravam o Mediterrâneo que basearam sua
superioridade militar sobre os povos autóctones que ainda viviam, como seus
antepassados, no neolítico e desconheciam as forjas de metais. Quando discorrem
sobre governos e de liberdades na Grécia Antiga devemos ter em conta que se
tratam exclusivamente das elites dominantes. O direito de conquista estabelece
entre os antigos a supremacia do poder, a casta mais ou menos ilustrada dá
ordens à outra destinada a servir e a obedecer e detêm os direitos, as leis, os
julgamentos, a religião, as armas, e aos demais resta o trabalho vil nas
lavouras e na indústria.</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Logo a maldição da Casa de Atreu iria consubstanciar-se
através dos filhos. Instigados pela mãe, Atreu e Tieste mataram Crisipo, filho
do rei com a ninfa Axioquéia. Assim imaginavam eliminar um possível rival na
sucessão do trono. O crime enfureceu Pélope e a punição não tardou. Os
fratricidas foram banidos e vagaram por uns tempos consumidos pela culpa até
receberem refugio no reino de Micenas, mas ao invés da gratidão ao seu
anfitrião usurparam-lhe o cetro e a coroa.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A vida transcorria sem maiores problemas para
ambos os criminosos. Entretanto os deuses vigilantes resolveram castigá-los com
vigor. Hermes foi incumbido de enviar à terra um carneiro com o dorso dourado,
símbolo de riqueza e poder. Colocou-o entre os rebanhos de Atreu e Tieste. O
resultado da intervenção divina não tardou a prosperar e a disputa entre os
irmão acirrou-se pela posse do animal, que passou a representar o poder de
reinar sobre os demais. <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tieste seduziu a esposa de Atreu, pela posse do
carneiro dourado. Aérope auxiliou Tiestes em suprimir o animal, símbolo de
poder. Como vingança Atreu, após fingir perdoar as faltas do irmão, um dia
perseguiu seus três filhos, que apesar de terem buscado a proteção do santuário
no altar sagrado do templo de Zeus foram trucidados pelo tio. Para evitar uma
guerra com seu irmão pelos direitos ao trono de Micenas, Tieste aceitou
comparecer ao banquete. Atreu mandou preparar os corpos dilacerados dos
sobrinhos como carne de caça e foram
assim servidos num banquete para o pai, que nada desconfiou. Findo o repasto
Atreu mostrou para o horrorizado Tieste as três cabeças e as mãos de suas
vitimas. Tieste vomitou os filhos e rogou uma terrível praga ao irmão.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Desesperado e na miséria ele exilou-se em Sícion
com sua filha Pelópia e de uma união incestuosa teve um filho com ela que
chamou Egisto. Mandou-a posteriormente para a corte do irmão, onde ela desposou
o tio. Quando o menino atingiu a idade madura Atreu ordenou-lhe que matasse o
pai. Mas Egisto descobriu a tempo sua origem e por fim atraiçoou o tio e
matou-o entregando o reino a Tieste. <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Agamenon e Menelau eram filhos de Atreu, e após o
assassinato do pai fugiram para Esparta onde foram recebidos de braços abertos
por Tíndaro. O rei de Esparta deu as
filhas Helena e Clitemnestra como esposas. Segundo contam Cliemnestra já era
casada na época, mas Agamenon assassinou seu esposo e seu filho recém nascido
para poder desposa-la. Após a morte dos Dióscuros, Castor e Pólux, filhos de
Tíndaro e Leda, Menelau casado com Helena tornou-se o rei por direito de
Esparta. Agamenon resolveu voltar para Micenas e vingar a morte do pai.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Agamenon retornou para Micenas e disfarçado aos
poucos sublevou o povo que derrubou o tirano Tieste e assumiu o poder
definitivo da cidade. Egisto e Tieste exilaram-se no Épiro. Agora ambos os
irmãos Atridas controlavam o poder das confederações das cidades estado.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Durante dez anos Menelau e Helena reinaram
tranquilamente em Esparta no fausto da corte. Tinham dois filhos. Quando Menelau foi assistir os funerais do padastro Catreu, apareceu Páris em
Esparta e deu-se então o rapto de Helena, a justificativa alegada para a guerra
contra a cidade de Tróia de onde Páris era um dos príncipes. Menelau avisado da
traição apressou-se a deixar Creta e convocou em Esparta todos os chefes que
haviam prestado juramento de aliança com Tíndaro. Após ser criada uma imensa
frota que reuniu-se em Áulis. O conselho de guerra deu para Agamenon por sua
descendência ou por seu valor, o comando supremo das naus dos Aqueus. De acordo
com poemas posteriores a Ilíada, os gregos as rotas de acesso à Tróia,
abordaram em Mísia e, depois de diversos combates esparsos, dispersaram-se,
voltando cada um ao seu país. Oito anos após retornaram novamente à Áulis. O
mar permaneceu sem possibilidade de navegação em função da calmaria. Os
sacerdotes exigiram então um sacrifício de sangue à deusa Artemis. Deveria ser
Ifigênia, a filha de Agamenon, a ser imolada. Ele mandou buscá-la para o
sacrifício. Dessa passagem temos na Tragédia de Ésquilo a versão poética: <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Assim Agamenon não quis
fugir<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>E ofereceu a vida de sua filha<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Em prol da guerra
desencadeada<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Pela infidelidade de
Helena<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>E pagou o tributo pela
frota<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Retida pelos ventos
malfazejos<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Desatentos às lágrimas da
jovem<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Aos seus gritos de ‘Pai
!’ e aos tenros anos<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Prezaram muito mais os
seus juízes<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A sua própria glória e a
sua guerra<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Recitou-se uma prece. O
próprio pai<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ordena o sacrifício. Os
assistentes<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Do sacerdote a erguem
sobre o altar<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Como se tratasse de um
cabrito<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O pai fala de novo. Uma
mordaça<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um homem traz, e a boca
da donzela<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>É amarrada com uma rude corda<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Afim de que, em seu
último momento,<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Não gritasse, e seu grito
derradeiro não trouxesse<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Contra a casa de Atreu a
maldição<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Rudes mãos lhe arrancam
da cintura<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A faixa que segura suas
virginais vestes<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Rola a seda no chão. Os
lindos olhos<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Da donzela procuram os
matadores,<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>E vendo-lhe a beleza,
todos eles<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ainda assim mostraram-se
inclementes,<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mesmo vendo seus olhos
que imploravam<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Que a deixassem falar,
com a mesma voz<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Que nos paços do pai, nos
velhos dias,<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Muitas vezes cantando era
ouvida,<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Melodiosa como os sons da
flauta,<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Honrando a libação junto
ao trono...<o:p></o:p></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>E assim foi cumprida a fatal sentença. São muitas
as versões que foram criadas para justificar a necessidade de Artêmis ao exigir
o sacrifício de Ifigênia, mas era costume entre os antigos assim proceder para
garantir suas ações mundanas perante os deuses. Quis o adivinho Calcas invocar
o sacrifício justificando a falta de bons ventos pela cólera da deusa porque
Agamenon ao matar um veado jactou-se que nem Artêmis faria melhor, ou teria o
veado sido abatido em um bosque consagrado a deusa. Também a cólera da deusa
foi atribuída ao fato de Atreu não ter imolado o carneiro dourado, fruto da
discórdia entre os irmãos, em sua honra. Outra versão garante que Agamenon
havia prometido sacrificar-lhe o produto mais belo do ano, que acontecera ser a
própria filha. As deusas da terra eram exigentes em seus sacrifícios de sangue.
Clitemnestra que já havia perdido o marido pelas mãos assassinas de Agamenon
nunca mais o perdoou após o sacrifício da enteada, que ela amava como se fosse
a própria filha.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Dez anos se passaram na guerra de Tróia e os
heróis dos Aqueus com muito custo e a partir de estratagemas conseguiram
conquistar e destruir a cidade e matar quase a totalidade de seus habitantes
segundo nos contam as lendas sobre a cidade. Muitas são as versões sobre o fim
fatídico da polis troiana. Mas na Ilíada temos que Agamenon participou de
várias expedições e razias com Aquiles contra as localidades vizinhas e quando
reuniram o botim de uma delas acabaram se desentendendo na divisão por causa de
uma cativa denominada Briseida por quem o herói filho de Tétis havia se
encantado. Essa disputa gerou todo o enredo inicial da obra de Homero. Os
poemas contam que ao embarcar para casa Agamenon viu a sombra do herói morto a
lhe predizer desgraças sem conta e cobrou dele o sacrifício da pobre Polixena,
a filha mais nova de Príamo, o rei vencido de Tróia. Muitas também são as
versões sobre o sacrifício da inocente, que despertara a paixão de Aquiles, aos
manes do herói morto, por instigação de Ulisses, para garantir junto aos deuses
uma boa travessia para o retorno da frota helênica.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaikNqMJ4PPthbYXk6wVCmF6uxqzKolwwZInuFhYlSSkDKju2fZ1ecqUXpDi7O7_JadSV85QSqbXvqRUHJ4uMoivfEcHifkTVki5jAonVS3rePww7F6DazpYEWhITTS_y2-gwfbuFELaQ/s1600/CASANDR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaikNqMJ4PPthbYXk6wVCmF6uxqzKolwwZInuFhYlSSkDKju2fZ1ecqUXpDi7O7_JadSV85QSqbXvqRUHJ4uMoivfEcHifkTVki5jAonVS3rePww7F6DazpYEWhITTS_y2-gwfbuFELaQ/s1600/CASANDR.jpg" height="310" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Avisada pelos fachos, as fogueiras acesas nas
montanhas que comunicavam a vitória dos gregos contra os troianos Clitemnestra
aguardava o retorno do marido para executar sua vingança. Sabendo que Agamenon
se ausentara Egisto, seu primo exilado, retornou do Épiro para conquistar o
poder perdido. Associou-se como amante da rainha e usurpou o quanto pode o
poder do Atrida enquanto ele se encontrava guerreando no país distante.</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Quando o rei retornou Clitemnestra fingiu
contentamento e preparou seu banho. Tinha arranjado para o rei vestes sem
abertura para os braços nem para a cabeça e após banhar o marido entregou-as
para ele que atrapalhado na armadilha mortal foi assassinado pela esposa. Ela
também matou por despeito, a adivinha Cassandra, filha de Príamo, que tinha
sido presa de guerra e amante do rei. Perseguiu os próprios filhos com medo que
buscassem vingança. O golpe de estado se consumou e Egisto sobiu ao trono.
Electra, a filha do rei assassinado, foi obrigada a casar-se com um homem pobre
da plebe e assim despojada da sua nobreza. Orestes com a ajuda de seu preceptor
buscou o exilio. Nenhum dos descendentes de Agamenon ficaria seguro com a
usurpação do poder cometida pela própria mãe e seu amante que temiam ser
confrontados e condenados pelos filhos dela quando tivessem alcançado a
maioridade mais tarde.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfJXQddGDU5HR-iHr9PavSHD8BhWIYkMc34StLw1Aoc6gTCfufFjU9pbRkLvkVFEkfZbvSLjOkE6UZt_nOS2jl3QM9y5UxoaWzADoWwDT2V9IMJPxZRQtoX3KmYiKAQsIPQ2HzKQFwrQY/s1600/AGAMenON.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfJXQddGDU5HR-iHr9PavSHD8BhWIYkMc34StLw1Aoc6gTCfufFjU9pbRkLvkVFEkfZbvSLjOkE6UZt_nOS2jl3QM9y5UxoaWzADoWwDT2V9IMJPxZRQtoX3KmYiKAQsIPQ2HzKQFwrQY/s1600/AGAMenON.png" height="238" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Orestes ainda menino se salvara das garras do tio
que adivinhara ser um possível obstáculo aos seus planos de poder. Tinha sido
predito por um oráculo que o usurpador seria vitimado pelo filho de Agamenon
quando esse crescesse. O menino refugiou-se na Fócida, na corte de Estrófio e
de Anaxibia, irmã de Agamenon.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Sete anos após a morte de Agamenon chega um
mensageiro da Fócida. A mensagem que trás trata da morte de Orestes numa
corrida de carros. Clitemnestra finge sofrimento e pede garantias ao
mensageiro. Ele assegura-lhe que uma urna com as cinzas do filho está a
caminho. A mensagem cobre de luto Electra que ansiava vingar a morte do pai.
Mas o mensageiro na verdade é Orestes disfarçado. <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Orestes através do oráculo de Delfos recebeu a
ordem de Apolo de vingar a morte do pai, para o que teria que matar o tio
traidor e a mãe. Com a ajuda da irmã Electra. Ela atraiu a mãe ao casebre onde
vivia ao mentir que havia dado a luz enquanto o irmão cumpriu seu desígnio
sagrado ao matar Egisto que se encontrava só no palácio. Seus gritos não foram
ouvidos pelos guardas. Após matar o tio, Orestes se dirigiu até onde a mãe se
encontrava e apesar de seus rogos de clemencia ele a matou para satisfação da
irmã. Acometido de loucura pelo matricídio e perseguido pelas Erínias desde os
funerais da mãe foi buscar refúgio no oráculo de Delfos, onde foi purificado
pelo próprio Apolo. No entanto esta purificação não o libertou das Fúrias, que
sempre perseguem os que cometem atos de violência contra a própria família. Foi
necessário um julgamento para poder isentá-lo de culpa. Foi escolhido o lugar
que mais tarde ia ser chamado Aerópago. O julgamento terminou empatado, pois os
juízes não chegavam a um acordo até que Atena deu seu voto favorável a
absolvição. Em agradecimento Orestes consagrou um altar à deusa nesta colina.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3P0gtGx3So4qzoJKQBZ-04RUW9gOuJ2ku8R6iP_mUwj94DU_W55MzzGUOQ5lqMzNx0SFO92Walufq-cIaLwO2aApvXd7niXtciriIeucSQbAcu5jKi1pK_eLncknWe1aOKoSPIs9vAwo/s1600/orestes-clytie.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3P0gtGx3So4qzoJKQBZ-04RUW9gOuJ2ku8R6iP_mUwj94DU_W55MzzGUOQ5lqMzNx0SFO92Walufq-cIaLwO2aApvXd7niXtciriIeucSQbAcu5jKi1pK_eLncknWe1aOKoSPIs9vAwo/s1600/orestes-clytie.jpg" height="280" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Assim que recebeu a absolvição Orestes foi
consultar Apolo em Delfos e recebeu da pítia para curar de vez a loucura
induzida pelo remorso buscar a estatua de Artêmis que se encontrava na Táurida,
região às margens do Mar Negro ou Ponto Euxino, como chamavam os antigos.
Chegou ao seu destino com o amigo Pílades, filho de Estrófio e foram ambos
capturados pelo rei Toas, que tinha como costume sacrificar os estrangeiros a
sua deusa. Foram conduzidos até a sacerdotisa do templo que era nada mais nada
menos que Ifigênia que foi salva por Artêmis do fim cruel imposto pelo pai.
Teria sido substituída pela deusa por um cervo no momento da imolação. Ela
mandou soltar as cordas que prendiam os dois e os interrogou sobre a pátria de
onde vinham. Descobriu então que Orestes era seu irmão e qual missão tinha
recebido de Apolo. Ifigênia resolveu então partir com Orestes e facilitar o
roubo da estatua da qual era ela guardiã. Persuadiu o rei Toas da necessidade
de antes do sacrifício purificar as vitimas e principalmente Orestes que era um
matricida confesso e da necessidade de lavar para o mesmo fim nas águas salgadas
do mar a estátua da deusa. Toas aceitou seus argumentos sem duvidar e assim Ifigênia
levou os dois e a estátua para longe dos guardas citas sob o argumento de
manter segredo dos rituais sagrados. Ao tomarem distância embarcaram no navio
de Orestes que não se encontrava longe dali. Após contratempos com as correntes
prejudiciais e ventos contrários proporcionados por Poseidon, graças a
intervenção de Atena que impediu que o deus continuasse sua perseguição
conseguiram retornar a salvo.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzuwdH9-5PYyBgTe9UXinUP29-YkVBSbrf26e-e-QeJhXRrhbtqZVWr7qGavAXdKcMT_C0FQmcDoo-ja0NhYEJdrRRGhP_PEl6KMZcS9pBmaI6jUKFQV6lMXuBxZv61brY-valJ9MhQvA/s1600/ifigenia+en+tauride2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzuwdH9-5PYyBgTe9UXinUP29-YkVBSbrf26e-e-QeJhXRrhbtqZVWr7qGavAXdKcMT_C0FQmcDoo-ja0NhYEJdrRRGhP_PEl6KMZcS9pBmaI6jUKFQV6lMXuBxZv61brY-valJ9MhQvA/s1600/ifigenia+en+tauride2.jpg" height="292" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ao retornar, Orestes que era prometido desde
menino de Hermíone, filha de Menelau e Helena, soube que durante a guerra de
Tróia Menelau prometera a filha a Neoptólemo. Orestes aproveitou a ida de
Neoptolemo à Delfos e juntou-se a Hermíone. Raptou-a e posteriormente matou o
pretendente. Foi rei de Argos, onde sucedeu seu rei que não tinha descendentes,
e depois também reinou em Esparta, após a morte de Menelau. Pouco antes de sua
morte uma grande peste devastou o reino. Ao ser invocado o oráculo foi revelado
que o flagelo seria conjurado caso fossem reconstruídas as cidades destruídas
durante a guerra de Tróia, seus templos mais uma vez erigidos, e as honras de
que estavam privados seus deuses, novamente atendidas. Orestes então enviou colonizadores
e construtores e estabeleceu novas colônias na Ásia Menor. Morreu velho, com
mais de noventa anos e setenta de reinado, pondo fim a uma sina de traição e
morte.</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Qual a herança da Casa de Atreu? <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O registro do tempo fala para nós de uma época
onde o abandono da civilização perturbada pelas muitas invasões do território
grego por povos considerados bárbaros promovia uma luta incessante nos
bastidores pelo poder, conflito que estava sempre presente no seio das famílias
da classe dominante. Um mundo em transformação que repercute através dos
milênios e chega até nós através de suas memórias na condição de ensinamento
moral, mas ao mesmo tempo de forma figurada explica a expansão do povo grego
sobre o mundo Antigo. Seus valores que davam proeminência ao valor na guerra de
conquista e ocupação de territórios, mas também sobre ardilosas traições que até mesmo Aquiles não escapou de
tramar contra os Aqueus com seus inimigos os troianos em função da paixão por Polixena.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Quando falamos na Grécia não estamos falando
apenas de um povo, mas de povos, cujos hábitos, costumes e crenças comuns
formaram na Antiguidade o que se denominou Grécia. Ocuparam três continentes
onde adotaram uma técnica de viver comum. Assim era grego o troiano, na Ásia, o
macedônio, e nas noites dos tempos eram o sírio Cadmo ou o Lídio Tântalo, bem
ou mal, conhecidos heróis fundadores e civilizadores da Hélade.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Dizem que Diógenes, um dos mais proeminentes
cínicos, apesar do seu profundo amor ao próximo, de seu caráter íntegro e
humanamente compreensivo, atacava arrasadoramente tudo o que era sagrado para
os homens do seu tempo. Ria-se do estremecimento de horror que produzia nos
espectadores de teatro a representação do banquete <i>tiestético</i> e da tragédia do incesto de Édipo, pois a
antropofagia nada têm de mal, já que a carne humana não pode reivindicar
privilégios de exceção sobre qualquer outra carne, nem o percalço de uma
relação incestuosa é assim tão grande desgraça, segundo nos demonstra o
eloquente exemplo de nossos animais domésticos.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Podemos deduzir dessas observações que como
definiu Freud, o tabu, ou interdito se faz sobre aquilo que representa um
instinto natural do ser humano e que necessita ser proibido visando a garantia
da segurança da comunidade. É desse exemplo moral que surgiram os temas dos
mitos, pois que antes a humanidade seguia outros caminhos onde sacrificar e até
mesmo comer seres humanos era costume aceito pelos antigos em seu ordenamento. <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A mitologia tem sido tratada pelos estudiosos
modernos e contemporâneos ora como um primitivo e desastrado esforço para
explicar o mundo da natureza (Frazer); como um produto de fantasia poética de
resquícios da era pré-histórica, mal compreendidos pelas gerações posteriores (Müller);
como um repositório de instruções
alegóricas, destinadas a adaptar o individuo ao seu grupo (Durkheim); como
sonho grupal, sintomático dos impulsos arquetípicos existentes no interior da
psique humana (Jung); como veículo tradicional das mais profundas percepções
metafísicas do homem (Coomaraswamy); e como Revelação de Deus aos Seus filhos
(a Igreja). A mitologia é tudo isso. Os vários julgamentos são determinados
pelo ponto de vista de seus juízes, como bem observou Joseph Campbell. E muito
mais. <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Vivemos hoje um tempo que o consciente impera e
acreditamos que o mundo exterior compreende a nossa realidade imediata. Nossos
instintos, que acreditamos primitivos, estão camuflados em uma fina camada de
civilização com suas miríades de interditos, os quais damos vazão plena apenas
nas obras ficcionais e nos audiovisuais, de forma indireta, velada, e para
nosso particular e secreto deleite. <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">Essa representa com certeza a herança dessa cultura
de outros tempos que nos fala da nossa pré-história e que devemos olhar com
atenção nas imagens dos conflitos que presenciamos hoje pelo mundo todo, uma
grande hélade, circunscrito às relações diretas de causa e efeito, cada vez
mais inter-relacionadas, para não perdermos nossa humanidade em algum abismo
que está ali, talvez na próxima esquina do tempo, de nosso retorno
inexorável à barbárie, uma nova Idade das Trevas.</span> </b></span></div>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> </b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpHHjzsBXzAWKREa7C1n5ZIN7xgjCsyznci7XaOFCZDmi4hyphenhyphenYzx5MOQv5asOZ95PXtw2zdXUYKdL9dVhp6C9Jm7qDxuIqHBwyKVg9lIz8V11-eW-h4HWFPFjguZ7LSSycwy7Zt5VUGo7Q/s1600/delfos.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpHHjzsBXzAWKREa7C1n5ZIN7xgjCsyznci7XaOFCZDmi4hyphenhyphenYzx5MOQv5asOZ95PXtw2zdXUYKdL9dVhp6C9Jm7qDxuIqHBwyKVg9lIz8V11-eW-h4HWFPFjguZ7LSSycwy7Zt5VUGo7Q/s1600/delfos.JPG" height="400" width="300" /></a></div>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-3428964286876315222015-02-02T10:02:00.001-08:002022-03-23T04:26:48.969-07:00A Condição Humana - Condenados à Guerra Permanente<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>“Os mitos dos ‘primitivos’ e os rituais decorrentes destes mitos não
nos revelam uma Arcádia arcaica. Os paleocultivadores, como vimos, ao assumir a
responsabilidade de fazer prosperar o mundo vegetal, aceitaram igualmente a
tortura de vítimas em beneficio das colheitas, a orgia sexual, o canibalismo, a
caça às cabeças. Essa é uma concepção trágica da existência, resultado da
valorização religiosa da tortura e da morte violenta...O mundo vegetal e animal
‘fala-lhe’ de sua origem, isto é, em última análise,...; o paleocultivador
compreende essa linguagem e, ao fazê-lo descobre uma significação religiosa em
tudo o que o cerca e em tudo o que faz. Isso porém, obriga-o a aceitar a
crueldade e a morte como parte integrante do seu modo de ser. Evidentemente, a
crueldade, a tortura e a morte não são condutas especificas e exclusivas dos
‘primitivos’. Podem ser encontradas em todo o curso da História, algumas vezes
com um paroxismo jamais atingido pelas sociedade arcaicas. A diferença consiste
sobretudo no fato de que, para os primitivos, essa conduta violenta tem um
valor religioso e é calcada em modelos transumanos. Essa concepção sobreviveu
até tarde na História: os extermínios maciços de um Gêngis Khan, por exemplo,
ainda encontravam uma justificação religiosa” (Mircea Eliade – Mito e
Realidade)<o:p></o:p></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>“Como zoólogo, encarando o homem como um animal, tenho dificuldade de
encarar seriamente tais diferenças (ideológicas) no presente contexto. Se se
avalia a situação entre os grupos em termos de comportamento, e não de teorias
verbalizadas, as diferenças ideológicas tornam-se insignificantes perante
outras condições básicas. Trata-se principalmente de desculpas,
desesperadamente rebuscadas para proporcionar razões suficientemente
pretensiosas para justificar a destruição de milhares de vidas humanas”
(Desmond Morris – O Zoo Humano) <o:p></o:p></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>“Nossa era começou há quase 10 mil anos, na região da Crescente Fértil.
Estendeu-se, a partir das terras do Tigre e Eufrates, pela Fenícia, na
costa oriental do Mediterrâneo, chegando ao vale do Rio Nilo e de lá para além
da Grécia. O que está acontecendo nesta região fornece dolorosas lições sobre o
abismo ao qual a espécie humana pode chegar.” (Noam Chomsky)</b></span><o:p></o:p></i></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></i></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><a href="http://vertigensdiarias.blogspot.com.br/2015/02/noam-chomsky-e-coruja-de-minerva-tempos.html">http://vertigensdiarias.blogspot.com.br/2015/02/noam-chomsky-e-coruja-de-minerva-tempos.html</a></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEYEU0bNQEDiF91FvNUVwNqcbCUSqm6ia5aqbTvRObUnEz6GYa0p5ydJU-rKx7uPJ4dglH6Cd9H7dpr8AnQTN6Gfx2D_wZGxLa02msgczRnMhh9DfbDaXGfiJCZyQvBlWDbyas408fpIA/s1600/DSC08758.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEYEU0bNQEDiF91FvNUVwNqcbCUSqm6ia5aqbTvRObUnEz6GYa0p5ydJU-rKx7uPJ4dglH6Cd9H7dpr8AnQTN6Gfx2D_wZGxLa02msgczRnMhh9DfbDaXGfiJCZyQvBlWDbyas408fpIA/s1600/DSC08758.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>A Condição Humana que diz o
título foi tratada no decorrer do desenvolvimento da Odisseia Antropofágica, já
que essa é a saga do homem desde seus primórdios, como caçador coletor das
planícies da África até sua conquista definitiva do globo terrestre. Como
ocupante do ponto mais alto da pirâmide alimentar da biosfera, esse ser onívoro
fenomenal consegue processar quase todo tipo de matéria existente, não só para
a própria nutrição, mas também para nutrir suas extensões, seus membros
máquinas que são parte integrante e fundamental de sua superioridade sobre os
demais espécimes vivos do planeta. A tecnologia é a verdadeira força motriz que
impele o homem para adiante em uma trajetória nem sempre bem definida em
direção a um futuro ainda incerto e desconhecido.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>O Antropoceno representa para a
humanidade o ápice de crescimento populacional nunca antes alcançado na
História humana. Apesar dos mimetismos forçados pela religião e pela ideologia
que servem para velar sua verdadeira condição de seres onívoros, de sua cultura criada para justificar os sectarismos, as classes e as castas ora
existentes, o seu verdadeiro viés é na verdade de exploração do meio e do próximo, e assim camuflado fazer agir o individuo dentro do sistema sem culpa. A partir de uma análise fria desses
sinalizadores de ataque, defesa e procriação então podemos descortinar o homem
despido de suas auto emulações enquanto animal superior e verificar que talvez
o seu ápice projetado numa curva de Gauss também seja o começo de seu declínio
como espécie dominante dessa parte do sistema solar.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Os sinalizadores de comportamento que Humberto Eco
definiu em sua obra sobre os grupos sociais ou supertribos que povoam as
metrópoles do mundo, dividindo-os entre Apocalípticos e Integrados, os
primeiros como aqueles que estão sempre prontos para aceitar as mudanças e
acreditam na construção de uma nova ordem, e os segundos que buscam a
manutenção permanente do “status quo”, ambos os grupos convivem na atualidade como os
peixes que não percebem a água que os envolve, nem a violenta corrente que os arrasta
para um desconhecido e profundo oceano.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>A divindade dominante desse
sistema ideológico é o grande deus mercado que já comandou e continua
comandando cada vez mais as sociedades humanas. Sua existência remonta a Idade
das Trevas, quando os Povos do Mar no fim da Idade do Bronze se lançaram em uma
aventura de corso do mundo Antigo por razões históricas ainda desconhecidas e
tentaram subjugar os autóctones de todo o mundo mediterrâneo destruindo
civilizações inteiras no seu caminho, e foi denominada a divindade, desde então,
com os mais diferentes nomes, mas pode ser comumente chamada também de Deus
Canibal. Hoje ele se traveste e se camufla na laicidade de nossa cultura, com o
apoio das novas tecnologias, que cada vez mais facilitam o controle do
individuo e sua programação, como extensão do terminal, membrana osmótica, que
reage, como autômato, ante os estímulos visuais de milhões de telas espalhadas pelo globo.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>O homem comum acredita ser quem
comanda tais tecnologias quando na verdade ocorre exatamente o contrário. Ele
fez da tecnologia sua nova religião, apesar de não conseguir reproduzir com
precisão seu funcionamento, e desconhecer seus componentes básicos, e mesmo
assim tem fé absoluta na sua exatidão e necessidade absoluta dela através da
imitação do meio. São esses sinalizadores que o mantem em contato com sua
cultura que na verdade é uma extensão dos meios de produção corporativos de
onde habita e seus templos de fé, os grandes centros comerciais onde ele
acredita piamente entreter-se.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>O homem comum se debate em
constante conflito com as próprias crenças. Elas fazem parte de sua “persona”,
a parte visível do ser relacionada ao comportamento comunal dele. Foi adquirida
honestamente e na mais absoluta integridade através da educação parental e dos
meios. Na Idade Média com certeza sua ideologia seria a religião católica e a
ideia motivadora a redenção ”post morten” caso habitasse o continente europeu.
Mas com o advento do Iluminismo a crença do cidadão comum compreende apostar
todas as fichas no progresso tecnológico e no mercado como um fim em sí, de
onde proveem todas as benesses de seu conforto pessoal imediato ainda em vida. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Ele desconhece como funciona a
maioria dessas coisas que fazem parte de seu cotidiano e também não entende as
regras de mercado que compõem seu sistema de consumo. É como uma teologia
incompreensível, uma litania, uma caixa preta, que só alguns especialistas de
plantão têm condições de decodificar, cornucópia mágica de onde proveem seus
frutos imediatos, e nem consegue imaginar outra realidade possível.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Os formadores de opinião ganham a
vida reafirmando esses valores, pois também são presas do meio em que estão
mergulhados e com sua hermenêutica peculiar, quase sempre elevada aos mais
altos valores morais, de forma proposital ou não, chancelam o “status quo” e o
homem comum sorri tranquilizado. Quem é ele para questionar os sábios? – reflete prudente.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Mesmo os contestadores da atualidade propõem
convivências inimagináveis entre lobos e ovelhas através da comunidade da “mass media”.
Afinal não são também eles falsos pecadores ou apenas fiéis adoradores
dissimulados do deus mercado de onde do couro fazem suas correias?<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>A comunicação eletrônica alcançou
uma dimensão inimaginável nos últimos cinquenta anos. Em proporção semelhante
os fatos históricos, do século passado, vêm sofrendo uma homogeneização a luz
das novas ideologias de mercado. Suas lições inquestionáveis têm sido
paulatinamente alteradas. A relativização dos fatos e de seus conteúdos através
de produtos audiovisuais de baixo valor informativo entrega um material pronto
que não dá margem ao pensamento crítico e sucumbe ante o “prêt-à-porter” da
cultura de massa.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>É claro que sempre existiram
iniciativas desse tipo por parte das classes dominantes e seus intelectuais de
aluguel desde a impressão dos primeiros folhetins, mas com a evolução
tecnológica, o cerco ao homem comum, o público alvo deles, tornou-se o processo,
mais agressivo, no sentido de incrementar sua idiotização e aumentar o consumo
de produtos, e apesar da evolução vertiginosa dos meios, o conteúdo das
mensagens tornou-se ainda mais irrelevante do ponto de vista informativo e
submetedor do individuo teleguiado. Existe a tentativa da rarefação da vontade
do ser que acaba seduzido por uma vida artificial e virtual enquanto o sistema
opera como um trem em alta velocidade sem maquinista pronto para descarrilhar
dos trilhos na próxima curva.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Manter predadores hipnotizados
todo o tempo não é tarefa fácil. Como veremos a seguir.<o:p></o:p></b></span><br />
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span>
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><a href="http://odisseiaantropofagica.blogspot.com.br/2011/11/o-relatorio-da-montanha-de-ferro.html">http://odisseiaantropofagica.blogspot.com.br/2011/11/o-relatorio-da-montanha-de-ferro.html</a></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivafOc6aZResbYLFH7nGcbM1MV3s1sL8Ov6LH2FV8Mxosc7khD6KUF45aMKVFUSRZM0CPTfu9P4ffVMNSnK0-ISI95GIkavfhOiKfSoiplsllDCLEgUXhTwqJXsQXqNQkXhkrGUgbwY8s/s1600/GUERRA.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivafOc6aZResbYLFH7nGcbM1MV3s1sL8Ov6LH2FV8Mxosc7khD6KUF45aMKVFUSRZM0CPTfu9P4ffVMNSnK0-ISI95GIkavfhOiKfSoiplsllDCLEgUXhTwqJXsQXqNQkXhkrGUgbwY8s/s1600/GUERRA.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000; font-size: small;"><b>Guerrilheiras Curdas em Luta contra o EI do Iraque</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>O Ataque, A Defesa e a Procriação
– Camuflados para a Guerra Permanente<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>As guerras dos estados-nação
sempre possuem objetivos definidos. Os índices de mortalidade, que nos conflitos
entre as nações contemporâneas podem chegar aos milhões de mortos, quando
percentualmente comparados com outros grupos sociais menos desenvolvidos são
inferiores ao dos povos tribais. O significado desse importante dado quando
confrontado com especialistas é identificado como um avanço do processo
civilizatório. Conforme o histórico verificado desse fenômeno definitivamente
humano que é a guerra pode-se chegar a outra conclusão talvez mais próxima da
realidade. Os estados-nação preferem as batalhas floreadas, verdadeiros rituais
de morte institucionalizados onde grandes contingentes armados são colocados
frente a frente para a consagração de um grande holocausto em sentido literal.
Cada vez mais aumentam os seus efeitos colaterais com a morte de civis
inocentes.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Com o advento das armas nucleares
tais confrontos entre as grandes potências tornaram-se pontuais e regulares e no final do séc XX e início do XXI
na maioria das vezes terceirizados por outros povos que são colocados no centro
das conflagrações e dos interesses econômicos maiores. Para manter a locomotiva do capitalismo
em movimento é necessário alimentar sua fornalha com os recursos naturais desses
povos e com seus corpos sem vida. Armas de destruição de massa não são
eficientes para conquista de territórios ou domínio de mercados ou mão de obra
cativa, já que o objetivo primal da guerra é o saque dos recursos naturais e
humanos do inimigo.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>O sistema capitalista, isto é, as
grandes corporações, que impõem o verdadeiro domínio dos estados-nação, só é
ordenado em seu centro de poder enquanto sua periferia só poderá sobreviver em
futuro próximo no meio do caos absoluto. Milhões de armas leves e munições,
lança-granadas e canhões de baixo calibre são fabricados anualmente no
hemisfério Norte e são exportados para todo o mundo, de todas as formas
possíveis, e sem controle algum, para proporcionar o desequilíbrio planejado
das periferias e com isso lucrar direta e indiretamente.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Países que desafiaram os centros
econômicos de poder recentemente e pretenderam criar alternativas de exploração
das próprias riquezas, como o Iraque e a Líbia, e tentaram manter uma autonomia
foram completamente destruídos e retornaram de altos índices de IDH de volta
para a pré-história em termos de sobrevivência de seus povos só com o recurso de
armas convencionais, misseis balísticos e superioridade aérea.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Os exércitos tradicionais sempre
dependeram da sazonalidade das colheitas para poderem empreender suas campanhas.
Por essa causalidade, as campanhas não podiam ser prolongadas e quando chegava
o inverno no Hemisfério Norte, ou a época do plantio as forças debandavam, pois
senão adviria morte certa.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Os exércitos modernos dispõem de
ampla logística que os permitem manter-se ativos o ano todo. Soldados profissionais
são uma pequena parcela da população que se mantem com o suporte da produção da
população civil. Mas na atualidade estamos convivendo cada vez mais com forças
irregulares permanentes que não seguem as mesmas regras de mobilização dos exércitos
de resistência tradicionais. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Conflitos de baixa intensidade
consomem milhares de dólares em armas leves de vários tipos, e na manutenção de
razoáveis contingentes de homens armados. Na África e no Oriente Próximo, as
guerras tribais, e seus sucedâneos, os conflitos religiosos e ideológicos
escondem interesses exógenos evidentes na exploração das riquezas naturais
destes povos. De minerais a hidrocarbonetos: o continente africano detém
25% das reservas mundiais de Uranio, por exemplo, de fundamental importância para a produção
de energia nuclear e também possui grandes reservas de antimônio, diamante,
ouro (maior produtor mundial), manganês, platina, cromo, entre outros. Entre as
principais nações africanas que abrigam reservas minerais estão: Marrocos
(fosfato), Zâmbia (cobre), Zimbábue (ouro), Guiné (bauxita), Namíbia (urânio),
Uganda (cobre e cobalto), Sudão (ouro, prata, zinco, ferro, e petróleo), Botsuana,
Congo, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, e Gana
(diamante). Dessa imensa riqueza
explorada por empresas transnacionais, que necessitam de insumos para a
produção de cada vez mais bens de consumo de alta tecnologia, e apropriação de energia para
manter suas linhas de produção no Ocidente, provêm o patrocínio permanente
dessas forças e de seus senhores da guerra que cobram o devido pedágio. Quem os
paga? <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Estados Unidos, Canadá e as
nações europeias se beneficiam desses recursos. Nesse sentido, as grandes
potências imperialistas se enriquecem e intensificam a pobreza econômica dos
países da África. É tão intrincada a relação de interesses econômicos nesses
conflitos de baixa intensidade, que a potência responsável pela criação e
municiamento de um determinado exército irregular usado para assediar um
inimigo comum, possa também, ato contínuo usar de meios bélicos para destruir sua
própria criação, quando percebe seus interesses prejudicados por questões de
interesse local dos rebeldes. Sem nunca intentar uma ação direta é claro, pois
a ideia é não utilizar tropas no campo, que elevam sobremaneira os custos da
campanha. A antiga estratégia “Divide e Impera” enfraquece ambas as facções e
destrói a nação a ser conquistada com baixa perda material dos manipuladores
por trás dos falsos chefes rebeldes.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Estamos presenciando uma mudança
nos conceitos tradicionais sobre a guerra como era estudada até o fim do século
passado, como uma doutrina voltada às grandes mobilizações de contingentes de
exércitos nacionais. Com a ascensão das táticas de guerrilha a partir da guerra
do Vienã, o que exige um maior profissionalismo das forças nacionais sem
resultados garantidos, a nova doutrina, ocasionada pelo equilíbrio nuclear
entre as potências, a Pax Nuclear, e o resultante aumento de conflitos de baixa
intensidade intensifica a ideia de novos especialistas contratados pelas
grandes corporações sobre a possibilidade de um conflito nuclear controlado,
uma batalha floreada de grandes proporções. Passaram a acreditar na
possibilidade da sobrevivência de uns poucos, os senhores e seus servos, de
escaparem ilesos de uma hecatombe nuclear para a criação de uma Nova Ordem.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>A estratégia seria semelhante a um
duelo mexicano. Um atira e o outro atira como numa velha película de western, e
depois dos alvos atingidos, uma parada para estabelecer conversações. Os alvos
com certeza estarão fora da área territorial dos países que utilizarem os
armamentos. A causa poderá ser um atentado com artefatos nucleares de algum
grupo terrorista ou um de falsa bandeira, ou uma bomba suja radioativa com dano suficiente para causar um conflito.
Para àqueles que imaginam se tratar de uma obra de ficção pode-se dizer que
isso já aconteceu recentemente, quando os EUA mataram milhares de civis
inocentes no Afeganistão com bombardeios convencionais como retaliação ao
ataque às Torres Gêmeas em New York. O terrorismo foi pago com a mesma moeda do
terror e nenhum mandatário da nação norte americana foi inculpado ou punido por
algum tribunal internacional pelos crimes de guerra. O número de vitimas afegãs
inocentes ultrapassou em milhares de vitimas o do atentando ao WTC e ainda cresce. O resultado
foi a devastação total da infraestrutura daquele país. Só não foram usadas
armas nucleares por pura convenção.</b></span><br />
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b>Os conflitos de baixa intensidade
e a guerra permanente vieram para ficar. Sua escalada ainda recém está
começando. Onde ocorrem causam grandes devastações, cidades são completamente destruídas,
milhares de pessoas são obrigadas ao desabrigo forçado como refugiados apátridas em extensos acampamentos insalubres e a barbárie
do culto ao deus canibal impera. O governo e o povo do país que acredita estar
fora do alcance desses interesses hoje, não estudou devidamente a história do passado da
humanidade. A razão do interesse das grandes corporações em estabelecer o caos
longe de suas fronteiras tem como causa principal a dificuldade de se manter um
“welfare state” onde abrigam suas matrizes. A explosão demográfica causada pela
profilaxia forçada de epidemias e o alto índice de natalidade de antigas
minorias e classes menos privilegiadas faz com que as projeções para o futuro
das elites do planeta, mesmo que detenham mais de 50 % da riqueza do mundo seja
no fim incerto. A guerra permanente e a crise permanente andam lado a lado.
Quanto mais a crise aumenta com o desemprego de multidões pelo mundo todo
provocado pela automação acelerada do capitalismo, mais as probabilidades de
guerras convencionais e conflitos internos aumentam gerando a incerteza para os
detentores do poder. Portanto é necessário eleger um inimigo externo para poder
concentrar a atenção e o potencial agressivo das populações e até mesmo a
divisão interna para incitar o ódio religioso e étnico. É necessário dirigir a
natural delinquência juvenil contra um alvo comum e aproveitar os mais
violentos nas forças de combate profissionais visando direcioná-los para fora
de circulação do meio onde se situa a matriz.</b></span><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 115%; text-align: left;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><span style="line-height: 115%; text-align: left;">Não existem soluções fáceis, os tempos são de
guerra em todos os quadrantes do mundo, a América do Sul, a África, o Oriente
Próximo, e a Ásia são agora o alvo para os detentores do capital tentarem
extrair a riqueza necessária para manter seu “status quo” que a cada dia mais se
deteriora dentro das suas próprias fronteiras. A contrainformação, o massacre da mídia paga pelas grandes corporações contra as instituições politicas dos países ameaçados já ocorre cotidianamente, bem como, o estabelecimento pelos EUA e UE de sanções econômicas, ataques especulativos e derrubada dos preços de commodities e outras medidas de antecipação para a conflagração global irreversível. Cada vez mais novas polarizações surgem num planeta fortemente
nuclearizado. Os sábios anciões que conviveram com grandes guerras humanas têm advertido o que pode acontecer em futuro próximo.
Estaremos próximos de uma nova Idade das Trevas como ocorreu no mundo Antigo?</span></b></span><br />
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><span style="line-height: 115%; text-align: left;"><br /></span></b></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS9dxE2dW7uU_YRDf1O4dHKt9u8Irj5wZVUzcJvkt7qRlKB4mgSG1eZ-VxQ4EWnO5EbuGTERJyefRYFVkss80KEZKUtKQLeF01aa-OEqttlSJMYNUnKeZp7o-Z9MS3tb1hvlKChpCMww4/s1600/terroristas_eiil65247.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS9dxE2dW7uU_YRDf1O4dHKt9u8Irj5wZVUzcJvkt7qRlKB4mgSG1eZ-VxQ4EWnO5EbuGTERJyefRYFVkss80KEZKUtKQLeF01aa-OEqttlSJMYNUnKeZp7o-Z9MS3tb1hvlKChpCMww4/s1600/terroristas_eiil65247.jpg" width="400" /></a></div>
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><span style="line-height: 115%; text-align: left;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #660000;"><b><span style="line-height: 115%; text-align: left;"><br /></span></b></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-1389716200100056762014-07-24T13:10:00.000-07:002014-09-21T22:23:45.793-07:00Vingança e Dádiva - A Lei do Eterno Retorno<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9SOpgVeRWkukmM2Fj9ygS32LG0P3Tg3zksdIXLfnJXCRgo_J7SGvHblPVZVNZflZchG7gxfvkbRas2lfFwXxoWUObIiRSZ1TVVUbdmHS0LtQBhL3ZkHN1zext5301O8CKs-T85acsJUw/s1600/palestine.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9SOpgVeRWkukmM2Fj9ygS32LG0P3Tg3zksdIXLfnJXCRgo_J7SGvHblPVZVNZflZchG7gxfvkbRas2lfFwXxoWUObIiRSZ1TVVUbdmHS0LtQBhL3ZkHN1zext5301O8CKs-T85acsJUw/s1600/palestine.jpg" height="224" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>“No sul de Moussey,” escreve Igor Garine, “para fazer a paz, as pessoas
de Domo e Berté delegaram um escravo, tendo pouca importância que fosse
consumido pela força do sacrifício que manipulava. Ao chegar à fronteira dos
dois grupos, ele cortou um cão vivo em dois, dizendo: ‘Eis aqui Sulukna, uma
coisa muito poderosa, nós sacrificaremos um animal para ti, para que mais
ninguém seja morto!’” “Bem, o que significa essa palavra Sulukna ? Que força
terrível é essa que comanda o destino dos homens ? Sulukna significa ‘vingança’.
É para a própria vingança que a oferenda é feita, o sacrifício serve para
pacificar a vingança.”<o:p></o:p></b></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>(Anatomia da Vingança-Mark R. Anspach)<o:p></o:p></b></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>“Em todos os lugares em que a organização se baseia nos laços de
sangue, observamos a prática da vingança. A vida coletiva da comunidade
encontra aí sua expressão; é uma força incompreensível que ultrapassa a esfera
do indivíduo e se torna objeto de um respeito religioso.”<o:p></o:p></b></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>(Friederich Nietzsche)<o:p></o:p></b></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A humanidade carrega consigo a
semente da discórdia. A rivalidade no seu sentido mais amplo é o antagonismo
latente entre comunidades que vivem em margens opostas do mesmo rio. Desde a
mais remota antiguidade, o individuo busca o justo pagamento do que acredita
ser devido na relação comunal ou intertribal, um ressarcimento, o retorno
pelo meio da consumição de alguma coisa de outrem ou de alguém, e comete o ato
da vingança através do roubo, do assassinato, da guerra e do sequestro do
próximo, quase sempre mulheres ou crianças indefesas, do lado estabelecido como
inimigo. Para atingir seus objetivos de rapina e morte os grupos sociais criaram
instituições próprias de vingança com raízes pré-históricas. Como contrapartida,
para o apaziguamento de conflitos e para acabar com o circulo vicioso da
vingança criaram-se rituais específicos, quando então mercadorias e reféns são
negociados, ou casamentos são celebrados para selar acordos e assim estabelecer
trocas simbólicas para cessarem as hostilidades mutuas.<o:p></o:p></b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mas a dádiva pode ser também um ato de agressão vingativa. C</b></span><b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">omo dádiva</b><b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">, a pauta de comportamento vingativo </b><b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">tem seu papel em várias culturas como ato de </b><b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">ostentação</b><b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">. Na Polinésia, na Melanésia e no Noroeste dos Estados Unidos, como entre muitos outros povos existe o costume do <i>potlatch</i>, que traveste a rivalidade entre os clãs como uma obrigação de dar e receber. Um chefe deve oferecer vários <i>potlatch</i>, por ele mesmo, por seus parentes, por seus ancestrais, e sua posição de poder só estará garantida se provar ser visitado pelos espíritos da fortuna para seus vizinhos. Ele não pode provar essa fortuna a não ser dilapidando-a, oferecendo riquezas aos demais e assim humilhando com ela aos outros. Perder o prestígio entre os seus significa a perda da persona, isto é, perder no jogo das dádivas e no jogo da guerra são ambos condições similares para se perder a condição social nesses grupos. Nas cerimônias os bens são destruídos e maior será a importância do chefe quanto maior for o valor do que for queimado, para honra dos espíritos e até mesmo um escravo pode ser imolado para impressionar aos demais convidados que serão obrigados por sua vez a proporcionar um cerimonial ainda mais impressionante em uma escala circular crescente de retribuição. Entre os clãs na China Antiga o costume também se evidenciava sendo o presente mais caro como uma bofetada desferida contra o clã rival que deveria ultrapassar seu valor na próxima festividade da primavera. Com essa ação se inibia a pauta de comportamento vingativa violenta através de uma ação positiva, porém com alto grau de agressividade dissimulada em seu conteúdo comportamental. Negar a cerimônia ou a dádiva poderia resultar em séria ofensa que só poderia ser resolvida em uma vendeta de sangue. </b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No plano religioso, o que os
sacerdotes denominam como plano divino, os rituais de apaziguamento e dádivas
em todas as civilizações e grupos sociais envolvem sacrifícios reais ou
simbólicos, para fazer cessar o conflito iminente com a deidade, através da
doação de um simulacro, ou simplesmente consagrar o inimigo dominado, em carne
e osso, como vitima constante a ser imolada e assim restabelecer novamente a
ordem no cosmos. Nesse caso se pretende aplacar a divindade ou afastar o
demônio ou mau espírito que preenche o papel de adversário e assim liberar a
consciência daqueles que cometem crimes de sangue contra o próximo, em um ritual sagrado de limpeza.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Nos quatro quadrantes do mundo,
civilizações com alto grau de desenvolvimento, em todos os tempos, através de
suas classes dominantes altamente hierarquizadas utilizaram deste expediente, a
vingança contra indivíduos ou grupos, para pacificarem seus comandados através
da execração do inimigo, real ou fictício, e executarem sua punição exemplar
pela tortura, pelo fogo, seu desmembramento, decapitação, ou privação de
liberdade e até mesmo seu devoramento permitindo o restabelecimento da ordem
social através do sacrifício puro e simples do antagonista, seja ele uma
pessoa, uma tribo, uma etnia, ou uma nação a vitima escolhida como bode
expiatório e assim preservarem o poder, o status quo, dentro da sua própria
comunidade.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Genocídios têm sido largamente
documentados pela humanidade desde que foi criada a escrita, que colheu esses relatos com precisão
literária e informativa. Nos livros sagrados como a Bíblia ou o Tanach judeu,
no Mahabharata e nas estelas e pórticos de monumentos os homens registraram
seus atos de assassinato, ultrajamento, e escravização dos inimigos como forma
de advertência e dissuasão, uma lembrança de glória dos seus mentores do ato vingativo e um
aviso para todos do poderio de seus mandatos.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois do ritual de devoramento
do inimigo, ou seu sacrifício ao deus, o advento da escravidão com certeza
estabeleceu a primeira relação mutua entre o vencido e o vencedor definindo e
estruturando instituições próprias com percepção diferente entre ambos os lados
que passam a viver a tensão de um conflito tácito permanente entre sacrificado
e sacrificante. Esta com certeza foi a primeira relação patronal criada pela
humanidade, a partir da instituição da vingança do vencedor sobre o vencido. O escravo cativo para vingar-se ou assassina o senhorio certo de uma grave punição e tortura ou se suicida para causar maior desconforto e prejuízo ao seu "dono".</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A cultura indo-ariana, que se
expandiu pela força na Europa e na Ásia, estabeleceu e impôs esse diferencial
que é a formação das castas baseada na origem de nascimento e criou o mito do
herói, fruto da classe dominante, para justificar a ordem estabelecida. O papel
do individuo no ritual cósmico da existência é mitologicamente representado por
ele, o ser que se sacrifica pela sua tribo para aplacar a sede dos deuses em
sua eterna vingança contra a humanidade pecadora realizando tarefas ou matando
gigantes. Qualquer estudioso da mitologia europeia e hindu ficará impressionado
pela importância, por exemplo, do roubo de gado e do sequestro de mulheres ao
inimigo, prática indicada pelos estudos arqueológicos de culturas proto-indo-arianas
como mitema recorrente. A partir de dados linguísticos e de mitos indo-arianos
posteriores que incluem exemplos da Índia, do Irã, da Anatólia hitita, da
Grécia, e do norte da Europa os estudiosos reconstituíram um mito essencial
proto-indo-ariano do roubo de gado. E Nesse mito recorrente entre as diversas
culturas o herói é o interlocutor atuante. O protagonista denominado Trito
(Terceiro) possui um grande rebanho de gado, que é surrupiado por um grande
monstro não-indo-ariano de três cabeças. Após algumas peripécias e com auxilio
de um deus indo-ariano da guerra, Trito derrota o monstro e recupera seu gado.
O sentido do mito como entendido é que os estrangeiros roubam, enquanto os
indo-arianos, como bravos guerreiros que são atacam seus inimigos. A primeira
dessas atividades é degradante enquanto a segunda é nobre. Dito em termos
indo-arianos contemporâneos, os maus agressores são terroristas e os bons
agressores lutam pela liberdade.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>É importante traçar essa analogia
com nossa própria cultura para evitarmos considerar que a instituição da
vingança seja um costume inerente unicamente aos povos primitivos ou bárbaros, como querem
alguns moralistas de plantão, mas que esse comportamento permeia toda a
sociedade humana desde a época mais primitiva até a dita mais civilizada hoje,
e continua atuando de forma subliminar entre os cidadãos do mundo Ocidental
como reminiscência de um passado de pastores das estepes que se sedentarizaram,
mas não deixaram de lado completamente seus velhos costumes tribais.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na atualidade não existem mais
discussões sobre a questão da existência de um instinto de agressão. São poucos
os estudiosos que duvidam na relação dinâmica do comportamento agressivo
humano, enquanto uns acreditam que seja fruto de pulsões motivadoras que são
adquiridas na infância e juventude (hipótese do instinto secundário) outros
creem que é inata ao homem (hipótese da função primária). Os defensores da
teoria do instinto secundário supõem que a agressão tem correlação direta com
outros instintos e é ativada sempre que esses são reprimidos. Pesquisadores do
comportamento, por exemplo, atribuem a agressão como resultado da repressão do
instinto sexual. Se não houvesse uma satisfação plena dos instintos primários
não existiriam agressões. Outros acreditam que tais afirmações não passam de
especulações. O fato de que qualquer frustração ative a agressividade não
implica que seja sua única causa. <i>(Irenaus
Eibl-Eibesfeldt)</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Não existem ainda provas da
existência de fatores de ordem primária para desencadear o processo de
agressão, mas existem estudos sérios que propõem haver em nosso sistema nervoso
central e cérebro áreas especificas que se forem ativadas podem desencadear acessos
de ira.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOzT4TIdspreSaM0QE37O7MffN-MWH19BHlywmIeONt5II7nP3H36XOfO2OyoRnEzbn_zcHf_JaD5TxRVCu-DcI9vBdy7m8malXHfZrf5dG6xbqhEt6VdqSM89lr-gWtjJOVqaX4Y7Z74/s1600/cuahtemoc.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOzT4TIdspreSaM0QE37O7MffN-MWH19BHlywmIeONt5II7nP3H36XOfO2OyoRnEzbn_zcHf_JaD5TxRVCu-DcI9vBdy7m8malXHfZrf5dG6xbqhEt6VdqSM89lr-gWtjJOVqaX4Y7Z74/s1600/cuahtemoc.jpg" height="266" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Chefe Asteca é torturado pelos espanhóis</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Fundamentalmente, entre os
mamíferos superiores, o treinamento e a aprendizagem possuem fator relevante na
evolução da conduta agressiva. Entre ratos adestrados em sempre triunfar nos
combates com seus semelhantes e que conseguem expulsa-los de seu meio se
convertem em animais agressivos, enquanto outros, com a ajuda da derrota se
convertem em animais pacíficos. Se isto ocorre em mamíferos dessa ordem é
possível acreditar que no homem tais experiências tenham resultados
importantes. Na formação do comportamento agressivo existe uma grande
implicação sobre o aprendizado do êxito, e do modelo social e com certeza sobre
a educação do prêmio e castigo.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Nas sociedades humanas os adultos
exercem direta ou indiretamente uma ação educacional moldando a atitude
fundamental das crianças. Em povos belicosos, como os europeus e seus
descendentes das antigas colônias, se ensinam às crianças a serem intolerantes ao extremo e responder
as agressões com outras agressões. São muitos os relatos coletados em
diferentes povos e culturas em que as crianças são estimuladas à vingarem-se de
seus agressores com comportamentos ainda mais agressivos.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O etologista e cientista
comportamental <i>Irenaus Eibl-Eibesfeldt</i>
em sua obra Guerra e Paz registra: <i>“Entre
os Himba, um povo de Kaokoveld (África do Sul), as crianças são educadas com
esses métodos. Eu filmei uma criança que tinha sido agredida por outra e correu
chorando para sua choça. Sua avó lhe deu um pau e obrigou-o a bater em seu
agressor. O menino não se atreveu a cometer a agressão e chorou com mais força,
sua avó então desferiu-lhe sonora bofetada e deixou-o em frente a choça. Entre
os belicosos índios Waika recolhi abundantes registros desse tipo. Ali o normal
é que a gente se defenda. Os adultos estimulam às crianças pequenas,
independente de sexo, a adotar essa pauta de comportamento. A uma menina que
chorava por que seu irmão a tinha agredido, sua mãe entregou um pau ensinando-a
para que golpeasse também ao irmão. Como este era maior e mais forte que ela, a
mãe o sujeitou. Ato contínuo ensinou-a como podia morder o irmão e lhe
incentivou a fazer o mesmo. Tenho muitos filmes que mostram como as mães não só
incitam aos seus filhos pequenos a vingar-se, como também a serem agressivos,
ridicularizando-os e excitando-os até enfurece-los. Atacam então seus
torturadores e todos se riem. Chagnon se refere em seu estudo que sob o
pretexto de uma festa meninos Waika de 8-15 anos de idade foram obrigados a dar
voltas ao redor do Pueblo lutando entre eles. Os que por medo de serem feridos
se negaram de faze-lo e fugiram, foram trazidos arrastados pelos pais e
forçados a lutar. Com os primeiros golpes trocados as lágrimas logo vieram com
força. Entretanto, pouco a pouco, o medo foi se transformando em fúria e no fim
lutavam com sincero entusiasmo, gritando como loucos, dando berros, rolando
pelo barro, enquanto seus pais presenciavam o acontecimento incentivando-os aos
gritos e louvando seus espíritos combativos.”<o:p></o:p></i></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikpeFILHiizYCu5eeRqU22pJ41aTYLJdcEIWytpTa4Y75k2M4W5bM-p11zMoGZ43t3-N_1CMLHtoZ3sfG20vs1_mKrsjmxf6xfrkl6nhoL4f20u5GAolgDtWt4d5Cc_0baNSEg2D7NTgI/s1600/10549097_750820811626375_577242966042121058_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikpeFILHiizYCu5eeRqU22pJ41aTYLJdcEIWytpTa4Y75k2M4W5bM-p11zMoGZ43t3-N_1CMLHtoZ3sfG20vs1_mKrsjmxf6xfrkl6nhoL4f20u5GAolgDtWt4d5Cc_0baNSEg2D7NTgI/s1600/10549097_750820811626375_577242966042121058_o.jpg" height="272" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Crianças Judias enviam mensagens de ódio aos palestinos</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A instituição da pauta de
comportamento vingativo está presente em todas as culturas humanas. Povos
arianos e semitas, ameríndios do norte e sul, africanos e aborígines da Nova Zelândia
e Austrália, e distantes tribos polinésias e esquimós possuem tradição milenar
de promover a vingança contra o outro homem, o clã, a tribo ou a nação que
pretendem justiçar dentro de critérios absolutamente parciais e particulares. A
rivalidade é o estimulador para as ações violentas e envolvem desde as relações
intratribais, de família e sucessão, até as intertribais e são a causa
primordial e evidente dos confrontos bélicos nas nações mais primitivas. Os
inúmeros relatos registrados desses povos sempre alegam o cometimento de uma
inicial ação faltosa do outro, o inimigo, que pode ser real ou fictícia,
perdida nos idos dos tempos como mito e recordada pela tradição oral para
justificar os feitos de guerra e morte, os ataques e massacres noturnos, a
morte de mulheres e crianças, ou banquetes traiçoeiros onde as vitimas
acreditam ter sido convidadas para um ritual de apaziguamento e, portanto
baixam a guarda caindo numa cilada mortal.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os deuses desses povos quase
sempre também cometem suas vinganças e por isso devem ser sempre aplacados com
sacrifícios humanos, como é o caso das divindades astecas e incas e de Jeová, a
divindade guerreira dos hebreus. Os deuses astecas e incas comiam pessoas.
Comiam corações humanos e bebiam sangue das gentes inimigas dos povos que os
adoravam. E a função principal dos seus sacerdotes era garantir o fornecimento
constante de corações humanos e sangue humano fresco para aplacar a ira das
impiedosas divindades e evitar que com sua vingança divina enviassem pragas ou
destruíssem o mundo. Assim mantinham o bom curso do seu universo. Da mesma
forma, para ocupar a terra de Canaã, os profetas e oráculos hebreus
determinavam as vontades do deus. Nas leis mosaicas lemos:<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>“...Mas nas cidades das pessoas que Javé, teu deus, te dá por herança,
não deixarás com vida nada que respire; darás o anátema a esses povos: os jeteus,
os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jeboseus...” (Deut.
20,16)<o:p></o:p></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>“E apoderando-se da cidade eles consideraram anátema a tudo quanto nela
havia, e passaram ao fio da espada a homens e mulheres, meninos e velhos, bois,
ovelhas e asnos...”(Josué 6,21)</b></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Como já vimos antes só os metais
eram saqueados e consagrados à Javé em seu templo. O botim não podia ser
repartido sob pena de morte.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A Palestina sempre foi a rota
preferida das tribos seminômades semitas e posteriormente o caminho dos
exércitos de vários impérios pela sua localização na geografia do O. Médio. Os sacerdotes hebreus insistiram até a época de
Jesus em que Javé havia estabelecido uma aliança com seu rei Davi e que havia
prometido que sua dinastia nunca acabaria. Mas o império criado por Davi
começou a desmoronar pouco depois de sua morte e desapareceu completamente
quando Nabucodonosor tomou Jerusalém no ano 586 a. C. e deportou grande
quantidade de hebreus para a Babilônia. Depois disso o estado hebreu teve uma
existência precária como cliente dependente de um ou outro poder imperial. Javé
havia dito a Moisés<i>: “Governarás sobre
muitas nações, mas elas não governarão sobre ti”</i>. Entretanto a realidade
dos acontecimentos abalou a credibilidade de Javé e seus sacerdotes. Por que
afinal Javé havia permitido que tantas nações se tornassem poderosas enquanto o
povo eleito era repetidamente conquistado e escravizado ? A resposta dos
sacerdotes era: Javé havia descumprido sua promessa a Davi porque os hebreus
não haviam cumprido sua parte. Seu povo havia violado as leis sagradas e
praticado ritos impuros. Tinham pecado, eram culpados, haviam provocado sua
própria ruína. Mas Javé era um deus indulgente e acabaria cumprindo sua
promessa, se os hebreus, apesar do castigo vingativo, continuassem acreditando
que só ele era o deus verdadeiro, Javé então restabeleceria seu pacto, salvaria
seu povo e os faria maiores do que nunca. Misteriosamente, quando a sujeição de
seu povo fosse total, em um momento só conhecido por Javé, seu povo seria
totalmente vingado. Javé enviaria outro príncipe militar – o messias, o ungido
-, para destruir as nações inimigas. Ocorreriam grandes batalhas e a terra
estremeceria com a queda das cidades poderosas. Seria o fim do mundo e o começo
de outro, pois Javé não teria feito seu povo sofrer se não pretendesse dar para
os Hebreus uma recompensa maior que qualquer outra conhecida anteriormente pelo
homem. Sendo assim o <i>Tanach</i>, ou como
o conhecemos o Velho Testamento, está cheio de promessas dos profetas
redentores –Isaías, Jeremias, Ezequiel, Micaias, Zacarias, e outros – todos
eles instando e sancionando a adoção de um estilo de vida militar-messiânico.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Isaías</b></span></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> prevê a vinda de um <i>“conselheiro maravilhoso – deus poderoso,
pai eterno, príncipe</i> <i>da paz –”</i>
que reinará para sempre no trono de Davi. Este salvador pisoteará aos Assírios <i>“como o lodo das ruas”;</i> reduzirá a
Babilônia a uma cidade deserta habitada por corujas, sátiros e outras <i>“criaturas lúgubres”,</i> converterá o povo
de Moab em <i>“calvo e imberbe, reduzirá
Damasco a um monte de ruínas”</i>, e provocará no Egito a guerra civil, <i>“cada qual contra seu próximo, cidade contra
cidade, reino contra reino”.</i><o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Jeremias pôs na boca de Javé
estas palavras<i>: “Naqueles dias e naqueles
tempos levantarei a Davi o bastão dos justos que exercitará o direito e a
justiça no país”.</i> Depois <i>“devorará a</i>
<i>espada”</i> aos egípcios e <i>“se saciará e se embriagará com o sangue
deles”. </i>Os filisteus <i>“clamarão</i> <i>e se lamentarão todos os moradores do país”.</i>
Desde Moab <i>“subirá um pranto
ininterrupto”. </i>Amon se converterá em <i>“devastada
colina de ruínas e suas filhas serão incendiadas</i>”. Edom <i>“resultará um horror”.</i> Em Damasco <i>“cairão seus jovens em suas praças”.</i>
Jazor se transformará em <i>“refúgio de
dragões”</i> Elam <i>“será consumida pela
espada”.</i> E quanto a Babilônia <i>“Vinde
contra ela desde os últimos confins, esmagai teus celeiros; ajuntai (suas
pedras) como montes de grãos e exterminai-a, para que nada reste dela”. </i>O
culto ao messias vingativo havia então nascido e foi recriado continuamente com
sangrentos reflexos históricos evidentes até nossos dias entre os judeus que se
acreditam descendentes dos antigos hebreus e as religiões fundamentalistas que
posteriormente derivaram do judaísmo, o cristianismo e o islamismo.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6RoLM-QDf_gudenQj5s-HKLnIkfDwLiwF3mM-lUuZAOrK7hpXPtuyoeSCGpib38GWb_odPDVXoDVOv1ICePVcrXVVDI_IfgmZi5OluGAeJjkHLBun6K90WQuwB74HJyF6Ah9sCYXer2E/s1600/siderot.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6RoLM-QDf_gudenQj5s-HKLnIkfDwLiwF3mM-lUuZAOrK7hpXPtuyoeSCGpib38GWb_odPDVXoDVOv1ICePVcrXVVDI_IfgmZi5OluGAeJjkHLBun6K90WQuwB74HJyF6Ah9sCYXer2E/s1600/siderot.jpg" height="400" width="330" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Judeus de Siderot assistem como num <br />cinema os bombardeios sobre Gaza </span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A mortificação pelo jejum, o couvade, a
abstinência sexual e o mandato divino sempre serviram como cerimoniais para apaziguar a consciência
daqueles que cometeram ou vão cometer genocídios. Esses rituais de limpeza são
uma forma de bloquear a inibição natural do ser humano em massacrar inocentes.
A vingança de sangue cometida, como o assassinato de mulheres e crianças serve
como forma dolorosa de agredir o inimigo no cerne de sua família e ao mesmo
tempo tem a função de diminuir sua prole e a capacidade de reprodução do grupo
familiar atacado buscando minimizar a possível ameaça futura de retribuição
agressiva por parte do descendente do outro. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na era contemporânea, milhares de
anos após os registros bíblicos, e centenas de anos do aniquilamento das tribos
ameríndias a humanidade continua exercendo suas ações vingativas, de forma
individual ou grupal sob os mais diversos argumentos. O avanço tecnológico
permitiu com suas armas pesadas de artilharia e aviação matar pessoas à
distância, o que conforme Konrad Lorenz ensina transforma um bom homem e pai de
família num facínora sem a necessidade de ter problemas de consciência para
encarar. Basta apertar um botão e imagens em alguma tela explodem à distância.
É bem verdade que a maioria dos combatentes que retornam de conflitos atuais
carregam profundas sequelas. O conflito entre as religiões de fundamento ético
e a formação liberal da vida civil com as realidades da guerra não podem deixar
de marcar o individuo normal, então recorre-se às drogas ilegais ou legais e os
índices de suicídio de ex- combatentes crescem.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Somente no séc. XX por motivos
ideológicos e religiosos como disfarce o genocídio de origem vingativa, os
estupros e assassinatos de crianças e mulheres foram um lugar comum. Na II
Guerra Mundial nazistas e aliados puderam cometer seus atentados, os primeiros
se vingando de povos que consideravam inferiores e representavam segundo a propaganda do partido, o poder do
capital espoliativo, o homem comum judeu pagou um alto preço
por ser associado aos grandes banqueiros de origem judaica que eram protegidos
pelas velhas monarquias europeias e foram aos milhares tragados pela máquina de guerra
nazista numa demonstração de vingança ao coletivo daquela comunidade. Por outro
lado os aliados, e em particular, os norte americanos foram diretamente
responsáveis nas agressões vingativas contra civis, primeiro em Dresden e depois
em Hiroxima e Nagasaki, ato vingativo contra inocentes por terem sido surpreendidos pelo ataque japonês em
Pearl Harbour, sua base no Havaí, um alvo portanto eminentemente militar. Ao final
da Grande Guerra e com o advento da Guerra Fria foi a ideologia que travestiu a
vingança na prática de seus cometimentos de sangue, e a tortura, o assassinato
de famílias e o terror de estado prevaleceu em quase todos os continentes onde
ocorreram enfrentamentos entre o Leste e o Oeste. Com o fim da guerra os judeus
europeus que desenvolveram através de sua ideologia sionista o mito de sua
descendência direta dos antigos povos hebreus e seu destino divino tomaram
posições na Palestina e através do terror e da violência sectária expulsaram os
antigos moradores usando novamente seu deus Javé para justificar o massacre das
civilizações autóctones e o saque de seus recursos naturais. Para poder
justificar seus atos de selvageria contra civis inocentes associaram os palestinos
aos antigos povos filisteus, o que justificaria a vingança milenar, ideia que
não possui fundamento histórico algum, e assim premeditaram seus crimes sem dó
ou piedade e com o apoio das grandes potências internacionais que viam na
região estratégica a necessidade de estabelecer uma cabeça de ponte com gente
de origem europeia.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUBW4EoTYBGCnvy5QbpLIDVbB8x3BtgWc5WN1vXreeDmTG8sAxRqJWVUT5cnDw8EdTA3Ut5r9qQRTUBnwcOR5HW7pZ4GtiSbJfvzP8k648tBD5oeGmN_mZd11ehyphenhyphen-7cY7kM42QEkXxLi0/s1600/anjo2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUBW4EoTYBGCnvy5QbpLIDVbB8x3BtgWc5WN1vXreeDmTG8sAxRqJWVUT5cnDw8EdTA3Ut5r9qQRTUBnwcOR5HW7pZ4GtiSbJfvzP8k648tBD5oeGmN_mZd11ehyphenhyphen-7cY7kM42QEkXxLi0/s1600/anjo2.jpg" height="242" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Crianças em Campo de Extermínio - A Solução Final</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O ser humano diferente de outros
animais desenvolveu o arquétipo da vingança como forma de justificar seus atos
violentos. Seus deuses são o reflexo inconsciente dessa instituição cultural
universal entre os homens. É verdadeiro que o aspecto educacional é fundamental
para estabelecer o ciclo vicioso da agressão e, portanto, da vingança como sua consequência
direta em uma espiral quase interminável. Como podemos observar povos que
consideramos primitivos criaram rituais específicos para terminar com o ciclo
mortal através de práticas sacrificiais ou troca de dádivas. Em sociedades
tribais pouco populosas tais cerimonias possuem a função de evitar-se o extermínio
de ambos os antagonistas. Em nações superpovoadas estabelecer inimigos fictícios
ou não facilitam e condicionam a organização da sociedade por parte da elite governante
e do estado e direcionam os ódios das massas para ameaças externas muitas vezes
inexistentes. A vingança perpétua e o eterno retorno continuam sendo ensinados
nas relações sociais de pais e filhos, nas escolas e nos meios audiovisuais
para multidões de futuros cidadãos em todo o mundo. O paradigma da violência
intergrupal, do roubo de um suíno do vizinho cometido por um aborígene neozelandês
ou o roubo de gado entre os dinka e nuer, continua latente em nossas
sociedades altamente tecnológicas e superpovoadas. Depois de gerações de
assassinatos interfamiliares quase sempre acaba esquecida a razão original da vingança, mas o ciclo se renova sempre com novos atos violentos. </b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Para acabar com o ciclo da violência entre os gregos, o costume exigia que o autor de um homicídio, mesmo involuntário, fosse eliminado pela própria família; era a única maneira de aplacar a alma da vítima e apagar a nódoa <i>(miasma) </i>produzida pelo acontecimento funesto. É o código de Draco que introduz a autoridade do Estado no lugar das vendetas: é o tribunal da cidade que julga o crime e remete depois o culpado à família da vítima. A lei como a conhecemos originou-se remotamente nas polis greco-romanas, no seu principio baseada na vingança dos deuses, e hoje a justiça dos poderosos prevalece, sua
principal ferramenta de poder é a eterna vingança contra os mais fracos, que se
acotovelam na fila, como dádivas a espera do sacrifico nas grandes metrópoles-currais
da Terra.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2YilzEiU7Kw8UkqgSg-VWAGly-WM6AXpzjgdBGNBbAOhZLy6Ph_3Cs_9lCHQQaY4TiLq5FUXML6v_4jGQmMdioAy1f5jzdx4CEroDxUbz3ObIdbeBozwWR74sagWAo2ZwxLmU3TM21ZE/s1600/crian%25C3%25A7as+palestinas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2YilzEiU7Kw8UkqgSg-VWAGly-WM6AXpzjgdBGNBbAOhZLy6Ph_3Cs_9lCHQQaY4TiLq5FUXML6v_4jGQmMdioAy1f5jzdx4CEroDxUbz3ObIdbeBozwWR74sagWAo2ZwxLmU3TM21ZE/s1600/crian%25C3%25A7as+palestinas.jpg" height="400" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Crianças palestinas mortas em bombardeios</span> </td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Bibliografia:<o:p></o:p></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><span style="font-size: 7pt; font-style: normal;"> 1) </span></i><!--[endif]--><i>Guerra
Y Paz – Irenaus Eibl-Eibesfeldt – Ed. Salvat – Barcelona - 1987</i></b></span><br />
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: -18pt;"><i> <span style="font-size: 7pt; font-style: normal;">2)</span></i><i>Canibais
e Reis – Marvin Harris – Edições 70 – Lisboa – 1977</i></b></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><span style="font-size: 7pt; font-style: normal;"> 3)</span></i><!--[endif]--><i>Vacas,
Cerdos, Guerras y Brujas – Alianza Editorial – Madri – 2011<o:p></o:p></i></b></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<span style="color: #660000;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><span style="font-size: 7pt; font-style: normal;"> 4)</span></i><!--[endif]--></b></span><i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Anatomia
da Vingança – Mark R. Anspach – Realizações Ed - 2012</b></span></i></span><br />
<br />
<span style="color: #660000;"><i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> </b></span><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #660000;"> <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-50943867409792939692013-07-14T19:18:00.001-07:002015-09-24T07:09:05.077-07:00Ideologia - A Mais Valia e o Processo Antropofágico<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: center;">
<br />
<br /></div>
<div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW8KczmyuOpvRKBpbfwA3DSRk0GeqR7Dq4lTKw639vMW0PII8S4LjlfkjNlvyeicAfP7UA9gqQiXpXoaEV0_QyBt7rEvnAJSJ2PzOMmHNS5hj6pt7pWdiePuzzVUMk1N13wL60eBnP_Ws/s1600/samarcanda+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW8KczmyuOpvRKBpbfwA3DSRk0GeqR7Dq4lTKw639vMW0PII8S4LjlfkjNlvyeicAfP7UA9gqQiXpXoaEV0_QyBt7rEvnAJSJ2PzOMmHNS5hj6pt7pWdiePuzzVUMk1N13wL60eBnP_Ws/s1600/samarcanda+2.jpg" width="334" /></a></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Quem construiu a Tebas das sete portas?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Nos livros estão nomes de reis.</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Arrastaram eles os blocos de pedra?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>E a Babilônia, várias vezes destruída</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Quem a reconstruiu tantas vezes?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Em que casas da Lima dourada moravam os
construtores?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Para onde foram os pedreiros, na noite em
que a Muralha da China ficou pronta?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>A grande Roma esta cheia de arcos do
triunfo.</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Quem os ergueu?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Sobre quem triunfaram os Césares?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>A decantada Bizâncio tinha somente
palácios para os seus habitantes?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Mesmo na lendária Atlântida, os que se
afogavam gritaram por seus escravos na noite em que o mar a tragou.</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>O jovem Alexandre conquistou a Índia.</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Sozinho?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>César bateu os gauleses.</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Não levava sequer um cozinheiro?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Filipe da Espanha chorou, quando sua
Armada naufragou.</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Ninguém mais chorou?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Frederico II venceu a Guerra dos Sete
Anos.</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Quem venceu além dele? </i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Cada pagina uma vitória.</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Quem cozinhava o banquete?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>A cada dez anos um grande Homem.</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Quem pagava a conta?</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Tantas histórias.</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tantas questões.<o:p></o:p></b></span></i></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Bertold Brecht (Tradução: Paulo César de
Souza).</b></span></i><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLQww6EDhPvr9Jnr5DNY9PIVQxKESisOS_Ay32z7H5xvKhiTRZ5h0lUeEW_EREDN2XXjP7tFoxV0G-FadXoH_TcpW6V73KNoiqsWiCejj1iwPyxaxBgyQcNKCaXqzAnblKCkrX78M7bq0/s1600/escravos+6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLQww6EDhPvr9Jnr5DNY9PIVQxKESisOS_Ay32z7H5xvKhiTRZ5h0lUeEW_EREDN2XXjP7tFoxV0G-FadXoH_TcpW6V73KNoiqsWiCejj1iwPyxaxBgyQcNKCaXqzAnblKCkrX78M7bq0/s1600/escravos+6.jpg" width="400" /></a></div>
<br /></div>
<div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Desde o fim da pré-história povos indo-arianos
invadiram a península européia vindos da Ásia profunda. A expansão territorial
desses pastores nômades ocorreu em ondas sucessivas e garantiu seu domínio
sobre os caçadores coletores e tribos agrárias na Europa e no Oriente Próximo.
Após a colonização da península européia e norte da África nos últimos quatro
milênios, esses povos difundiram-se para os demais continentes de forma
constante até o séc. XIX de nossa era. O refluxo dessa expansão com o
surgimento dos processos de independência nacionais das ex-colonias na segunda
metade do séc. XX não permitiu estabelecer uma nova ordem social a partir das ex-colonias. A cultura
indo-européia transformada em eficiente processo de dominação econômica
se manteve presente nos quatro quadrantes do mundo absorvendo os recursos
necessários para desenvolver o boom de industrialização do hemisfério norte. O
sistema social, que em sua origem primeva foi estabelecido em castas de
sacerdotes, guerreiros, e escravos agricultores evoluiu desse modelo arcaico, por fim, para o sistema social da Revolução Industrial com o empobrecimento do homem do
campo, descendente dos servos da gleba, e seu êxodo forçado para os grandes
centros urbanos para trabalhar nas plantas industriais dos capitalistas
enriquecidos pela exploração colonial.<o:p></o:p></b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvSB0gp-pPeQgR7CFRGadE6N71SxpaKAoE_CDl8vkcCCyiQYAAtCy7S9soQIZ2mw3fjwlVZnemRW5uOkDbY89RSz7-7SKyd1QMYrwrhOCV0WRv-6wsBhOULFWTV1cJodz271FA3HnDgOg/s1600/escravos+4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvSB0gp-pPeQgR7CFRGadE6N71SxpaKAoE_CDl8vkcCCyiQYAAtCy7S9soQIZ2mw3fjwlVZnemRW5uOkDbY89RSz7-7SKyd1QMYrwrhOCV0WRv-6wsBhOULFWTV1cJodz271FA3HnDgOg/s1600/escravos+4.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A multiplicidade de mitos culturais de base indo-ariana, europeizados
a partir da hegemonia cristã no continente, uma perversão óbvia de seu conteúdo
evangelizador adaptado aos anseios beligerantes dos povos germânicos e latinos cristianizados deram
origem as ideias cavalheirescas do medievo, na crença preponderante na retidão
exclusiva da religião dominante que levou à consolidação das tradições
hierarquizadas dos povos bárbaros invasores como classe dominante e na
observância da acomodação desses costumes na estrutura religiosa da Igreja
Católica europeia, bem como suas consequências insidiosas e desvios posteriores, como as
perseguições religiosas que resultaram na Inquisição, o antissemitismo
intrínseco, o conceito de paganismo ligado às outras religiões exógenas, a
teoria do direito divino dos reis e em extensão do clero, e a promoção de Cruzadas. Na América,
os mitos do destino manifesto e do homem que se fez por si, e o conceito de
predestinação de origem calvinista, bem como a fatalista tradição católica quando
associados posteriormente às concepções darwinianas europeias de seleção natural justificaram
e chancelaram a conquista de povos autóctones indígenas, a repressão aos
trabalhadores pobres e a destruição da natureza. Uma ideia de cunho
antropofágico velado de superioridade racial europeia ou branca foi utilizada
para justificar o colonialismo europeu e a escravização literal ou virtual de
populações não brancas através de um mito ariano pré-cristão recorrente, de
origem germânica, até chegar aos extremos dos horrores genocidas do nazismo.
Pode-se dizer que o milenarismo cristão e as crenças messiânicas no sacrifício
do salvador se constituíram em terreno fértil para o florescer do utopismo totalitário que
se estabeleceu na Europa do séc. XX, como filho bastardo da religião baseada na
figura do herói mítico europeu.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Essas são as bases ideológicas de onde a expansão indo-ariana evoluiu
de uma economia de pastoreio para a exploração do trabalho nas metrópoles e colônias,
partindo do principio ou do viés cultural que o controle social parte da
questão econômica da produção e da troca de produtos que constitui a raiz de
toda a ordem social. A hierarquia social de classes e ordens portanto é consequência da exploração da mão de obra e repartição de produtos, da forma de
produção e da forma da troca das coisas produzidas. O modo de produção portanto
determina as ideias e os comportamentos dos homens de forma complexa e embora
existam em um sistema social tantas visões da realidade quantas forem as
divisões sociais, a ideologia dominante é sempre a ideologia da classe
dominante. No modo de produção capitalista ariano atual, a ideologia dominante
é sempre a ideologia burguesa, que apascenta a criação de mão de obra, e
organiza seu abate numa concepção própria de cultura..<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um sistema social tem dois níveis de percepção da realidade: um
essencial e um de aparência, quer dizer, um profundo e um superficial, um não
visível e um fenomênico. Para se ter uma compreensão desses dois níveis de
percepção da realidade, podemos inferir da análise que Marx fez sobre o
salário: "No plano da aparência, o salário apresenta-se como o pagamento
de um trabalho realizado. Nesse patamar de entendimento, a relação de trabalho
é uma troca entre indivíduos livres e iguais. Eles são livres. por que não
estão sujeitos a outros homens por laços de dependência como no modo de
produção escravista, mas são livres para vender seu trabalho a quem quiserem.
São iguais, pois todos detêm uma mercadoria e, portanto, podem estabelecer uma
troca: uns vendem seu trabalho e outros o compram.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No entanto, se ultrapassarmos o nível da aparência, da circulação
dos bens, um dos axiomas sagrados do capitalismo, e atingirmos o essencial, da
produção observarão que não há uma troca igualitária e que o operário não vende
seu trabalho, mas, na verdade, sua força de trabalho. O trabalho é o dispêndio
da força laboral, o ato de produzir, enquanto a força de trabalho é a
capacidade de trabalhar, de produzir. O operário que labora oito horas por dia,
não recebe, todo o valor que produziu, mas apenas uma pequena parte dele. Se
ele produziu cem e recebe como pagamento apenas vinte, ele não vendeu o seu
trabalho, mas sua força de trabalho. Dessa forma existe um tempo que o operário
leva para produzir o seu salário e um tempo de trabalho excedente, não pago, ou
seja, aquele em que o operário produz um sobrevalor que o capitalista se
apropria. Se o salário não é a retribuição integral do trabalho, mas da força
de trabalho, então podemos inferir que ele é o mínimo historicamente
necessário para a reprodução da mão- de-obra, ou seja, o indispensável para que
o trabalhador sobreviva e continue a produzir.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O salário, como aparência do pagamento do trabalho e não da força
do trabalho, dissimula a distinção entre tempo de trabalho necessário e tempo
não-pago, estabelecendo nas relações laborais, no nível superficial ou
fenomênico, uma troca igualitária. Isso mostra, do ponto de vista ideológico e
portanto cultural, que o capitalismo engendra, mimetiza, cria formas de
mascarar sua essência, para poder apropriar-se do valor não-pago, pois é dessa
mais valia que se origina o capital.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>É o processo cultural com sua dinâmica histórica, entre outras
coisas, que estabelece como normal essa ambiguidade nas trocas capital x força
do trabalho. Esse somatório de ideias que compõem o processo cultural que se
destinam a justificar e explicar a ordem social, as condições de vida do homem
e as relações que mantem com outros homens é que denominamos ideologia. É o
caso, por exemplo, dos antigos conceitos antropológicos, segundo os quais havia
raças inferiores e superiores, e que estas deveriam civilizar aquelas. Essas
teorias foram difundidas desde sempre pelos povos europeus para justificarem o
colonialismo e a xenofobia. Como esses conceitos são elaborados a partir de
formas fenomênicas da realidade, que tornam velada a verdadeira essência da
ordem social, a ideologia é a apoderação da falsa consciência.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Servidão Humana -<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Quando os mongóis invadiram e conquistaram a China mantiveram os
antigos administradores chineses e se tornaram a classe dominante. O
confucionismo regia a ideologia dos administradores que estavam ansiosos para
colaborar com a dinastia instaurada pelos conquistadores, mesmo que muitos
chineses considerassem os mongóis estrangeiros bárbaros que fediam a carne de
ovelha. Os sucessivos mandatários aos poucos foram absorvendo a cultura
superior dos dominados. Ao fim da dinastia mongol na China o imperador
vivia enclausurado em seu palácio e dedicava-se as suas práticas esotéricas que
envolviam sacrifícios humanos, onde corações e fígados eram oferecidos aos
deuses, e praticava cerimônias tântricas orgiásticas em total decadência de
costumes, longe de suas planícies, totalmente civilizado.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Confúcio fez do amor natural e das obrigações familiares a base da
sua moralidade. As duas relações mais importantes dentro da família são aquelas
entre pai e filho e entre irmão mais velho e irmão mais novo. A ideia do
confucionismo era se um homem é um bom filho e um bom irmão em seu ambiente
familiar, pode-se esperar que se comportasse bem em sociedade. Tzu-yu,
discípulo de Confúcio, disse: “É raro um homem que é bom como filho e obediente
como jovem ter a inclinação de transgredir contra seus superiores; não se sabe
de alguém que, não tendo tal tendência, tenha iniciado uma rebelião”.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>E concluí: “ser um bom filho e um jovem obediente é, talvez, a
raiz do caráter de um homem. Dentro deste pensamento se um bom filho faz um bom
súdito, um bom pai também fará um bom governante. Assim o amor de um homem
pelas pessoas externas à sua moradia era visto como uma extensão do amor do
homem pelos membros de sua família. Gradualmente conforme se projeta para fora
da família a obrigação de amar diminui. Socialmente, uma pessoa amaria os
membros de sua classe social mais do que os de outras classes. De modo que a
benevolência ficava restrita aos semelhantes dessa pessoa na antiga concepção
confuciana.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A tradição confucionista na administração dos interesses dos
governantes chineses atravessou séculos e várias dinastias chinesas. Os Han
(250 a. C.) preocupados em recrutar os melhores funcionários do reino obrigavam
os candidatos a passar em exames, os escolhidos eram contratados por um ano de
experiência e submetidos a inspeção a cada três anos. Os exames testavam os
conhecimentos dos candidatos nas obras clássicas atribuídas a Confúcio, que
seriam obrigatórios para a formação dos servidores públicos chineses até os
primórdios do século XX. Apesar de prevalecer a seleção através da indicação de
velhos funcionários, o objetivo era selecionar jovens de conhecida inteligência
e integridade. As relações familiares ajudavam. Funcionários podiam indicar
seus filhos, ou filhos de amigos, e os parentes das concubinas do imperador não
encontravam dificuldades em conseguir promoções. Para os que pacientemente
aguardavam as promoções de escalão em escalão a recompensa era compensadora, salários
vinte vezes maiores nos cargos mais altos, isenção de serviço militar e do
trabalho forçado, uma folga a cada cinco dias e, às vezes, uma pensão. Para
coibir a corrupção o funcionário não podia exercer seu trabalho no seu distrito
natal.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Enquanto isso na península européia os valores greco-romanos se mesclavam aos dos povos nomades que invadiam seu território. Na verdade, gregos e romanos também são em larga medida repositório cultural recente dessas invasões indo arianas sobre povos autóctones desde a Idade do Bronze, pois possuem origem comum com os povos que vieram posteriormente do Oriente em épocas mais recentes.</b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Nosso conhecimento sobre a escravidão na Idade do Ferro Antiga é muito mais preciso do que sobre as instituições nos tempos micênicos da Idade do Bronze, quando ocorreram as grandes invasões vindas do Leste e por mar, e toda a região mergulhou em uma prolongada Idade das Trevas. A Ilíada e a Odisseia esclarecem-nos que a pirataria e o saque de territórios inimigos da Hélade ou de países "bárbaros", assim como o rapto de crianças e mulheres, eram a fonte do mercado de cativos, e atividade bastante rendosa para os traficantes. Nesse contexto pouco havia mudado em relação às eras anteriores. A Ilíada, principalmente, sugere que era comum executarem os homens prisioneiros de forma ritual ou não, e reduzir as mulheres e crianças ao cativeiro. Isso deve-se provavelmente ao perigo para os captores em manter embarcados e alimentar grandes contingentes de homens inimigos em situação saudável, e da dificuldade de sua posterior inserção e controle na atividade produtiva.</b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> </b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Platão, como pensavam seus contemporâneos, dava por certo que os
gregos escravizaram aos bárbaros por serem estes seus “inimigos naturais”. E
mesmo não tendo chegado a formular nunca
de maneira explícita o que seria a “escravidão natural”, essa formulação está
implícita em suas ideias. Mas o primeiro autor grego que chega a uma exposição
em regra da teoria da “escravidão natural” é Aristóteles. <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Aristóteles define em sua obra "A Politica" as formas
como na Antiguidade o homem poderia se tornar escravo de outro homem. Ele
declara o escravo sujeito ao homem livre, como a matéria ao espírito. Para ele
o escravo é uma “ferramenta animada” <i>(empsychon
organon) </i>A guerra é o principal fato gerador, o povo dominado se torna
escravo do dominador e lhe deve trabalho ou tributo. Os antigos Estados
dirigiam seus esforços para conquistas visando garantir o suprimento da força
de trabalho. Ou então, na paz, o individuo devedor passa a ser tributário
a quem deve, sendo a dívida uma obrigação hereditária e que deve ser ressarcida
por seus descendentes. Essa era a ideologia dominante que pautou as relações de
trabalho, onde quem conquista cativa o trabalho de outrem. Essa visão também é
recorrente dos povos pré-colombianos. Os Aztecas exigiam dos povos dominados
tributos inclusive em guerreiros para serem sacrificados aos deuses para seus
rituais antropofágicos e nos mitos da Grécia Antiga vamos encontrar costumes
semelhantes como é o caso da obrigatoriedade dos atenienses derrotados na
guerra contra Creta enviarem jovens para serem sacrificados ao minotauro no
labirinto, que segundo o mito acaba sendo morto por Teseu, reminiscências de um
costume antropofágico velado entre os egeus. São esses ecos do período
Neolítico europeu que ficaram marcados como fábula dos costumes da ideologia
dos antigos e que davam a base do seu pensamento de usurpação do vencido.
Chegou-se então, com a evolução dos costumes, ao acordo tácito do vencido de
fornecer sua força braçal para satisfazer e enriquecer o vencedor e assim
evitar o devoramento de si e dos seus.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Em Atenas, nos primeiros anos da república, só os senhores
proprietários de terras eram reconhecidos como cidadãos. As famílias dos
eupátridas ( os "bem nascidos") conseguiram, até 507 a. C., dominar a
Corte de Julgamento que ficava situada no alto, na Acrópole e era responsável
em formular as politicas e escolher os arcontes que administravam o estado.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No séc VII a. C. com esse sistema semifeudal de governo, os
camponeses da Ática oprimidos iniciaram uma resistência parecida com a dos
camponeses franceses 2500 anos depois, pois uns poucos proprietários de terras
detinham quase todo o solo segundo Aristóteles, e os agricultores com suas
esposas e filhos, podiam ser vendidos como escravos caso deixassem de pagar os
juros de suas dívidas. Muitos camponeses enfrentavam dificuldades porque
hipotecavam suas terras a juros altos; quando se viam em dificuldades de saldar
suas dívidas buscavam refúgio nas cidades e iam trabalhar como servos dos
agiotas ricos que nada produziam. A incúria com a terra e a miséria no campo
tornou-se tão grave que, para muitos camponeses a guerra parecia ser uma benção
secreta, pois era a chance de conquistar mais terras para colonizar e menos
bocas para alimentar.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Quando o séc. VII a. C. estava a findar, a diferença entre ricos e
pobres tinha chegado em seu apogeu, e Atenas estava a beira de uma rebelião
popular, sem meios de se livrar dos distúrbios constantes e a classe dominante
apostava em um governo despótico para controlar a situação, como afirma
Plutarco. Os mais necessitados começaram a promover uma revolta violenta que
tinha o objetivo de redistribuir a riqueza. Os ricos desafiados em seu poder ,
com suas propriedades ameaçadas e incapazes de cobrar as quantias devidas,
invocaram antigas leis, apoiaram a dura legislação de Drácon (620 a.C.) e se
prepararam para enfrentar a rebelião que ameaçava o "status quo"
daquela ordem e a supremacia da ideologia dominante.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi quando surgiu Sólon, um eupátrida de origem pobre, mas que
tinha enriquecido no comércio e era conhecido pela sua integridade. Em 594 a.
C. ainda não completara 45 anos quando foi eleito arconte epônimo pelo Conselho
e com a aprovação de todas as classes e regiões, recebeu poderes ditatoriais
para acabar com o conflito entre as classes, elaborar uma nova constituição e
restabelecer a estabilidade do estado.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Sólon decepcionou os que apostavam na mudança radical e na reforma
agrária, segundo se afirma, essa tentativa teria resultado na guerra civil, no
caos para uma geração e na volta da desigualdade ao final. Com sua famosa<span class="apple-converted-space"> </span><i>Seisachteia<span class="apple-converted-space"> </span></i>(Eliminação dos
Encargos) Sólon cancelou, segundo Aristóteles,<span class="apple-converted-space"><i> </i></span><i>"todas as dívidas
existentes, para com pessoas e para com o estado"<span class="apple-converted-space"> </span></i>e, de uma só vez, extinguiu todas
as dívidas da terra, as hipotecas, que oneravam as terra da Ática. Todas as
pessoas escravizadas ou presas por dívidas foram libertadas. As pessoas
vendidas para o exterior como servas foram repatriadas e libertadas; esse tipo
de escravidão foi proibido entre os atenienses daí para adiante. Os ricos
protestaram contra o que acreditavam ser um confisco de direitos, mas em uma
década tornou-se pensamento comum que essas medidas salvaram Atenas de uma
revolta sangrenta.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os radicais criticaram Sólon por deixar de estabelecer igualdade
de bens e poder enquanto os conservadores o denunciaram por permitir que os
comuns tivessem direito de votar, uma das medidas tomadas em sua constituição,
e de comparecer aos tribunais; e seu amigo Anacharse, um excêntrico sábio cita,
riu da nova constituição, dizendo que a partir de então os sábios precisariam
pleitear e os loucos decidiriam. Além disso, acrescentou, não se pode
estabelecer justiça duradoura para os homens, uma vez que os mais fortes ou os
mais espertos distorcerão qualquer lei em seu próprio benefício. A lei é como
uma teia de aranha: pega as pequenas moscas e deixa escapar os grandes insetos.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na época áurea de Atenas, dos 315 mil habitantes da Ática, só 43
mil eram cidadãos emancipados, Havia 115 mil escravos. Estes eram cativos entre
os prisioneiros de guerra não resgatados pelos seus concidadãos, através de
ataques em estados não gregos, e entre criminosos comuns. Os negociantes gregos
os compravam e revendiam como mercadorias em Atenas, Corinto, onde
houvesse demanda. Em Atenas (como nos Estados Unidos até 1863 d. C.), havia
mercados onde a escravaria, todos nus, eram examinados pelos compradores e
adquiridos como animais de criação. Até o mais pobre cidadão tinha um escravo;
Esquines, para provar sua pobreza, reclamou que a sua família tinha apenas
sete. Todos os mineiros eram escravos, inclusive os superintendentes e os
engenheiros, e todas as minas e os mineiros da Ática eram propriedade do
estado.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A influência da constituição ateniense na Grécia Antiga foi
fundamental para estabelecer as bases de alguns dos direitos de cidadania ainda
existentes hoje. Na época alguns fizeram queixas contra aqueles que faziam
escravos seus concidadãos; diziam que os deuses haviam se irritado contra os
habitantes de Quios, por terem sido esses povos os primeiros a violar pela
pirataria os direitos recíprocos da raça helênica; os lacedemônios incorreram
em censura, por haverem oprimido os messênios, também helenos: porém nenhum
povo os admoestou por haverem aviltado ainda mais cruelmente os ilotas, antiga
etnia pelásgica por eles subjugada. Aquele que não é forte acaba oprimido.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A constituição espartana, que era atribuída ao seu legislador
Licurgo, dispunha sobre o governo que mantivesse as tradições dos seus
antepassados indo-arianos, os invasores dórios que impuseram sua presença no
Peloponeso. Em lugar de um rei, tinham dois como mandava a tradição, que
representavam diferentes clãs de antiguidade reconhecida. Esses monarcas
entretanto gozavam de poderes limitados pelos seus pares, de caráter
exclusivamente marcial ou religioso. Constituíam o verdadeiro poder com os dois
reis, um conselho de vinte e oito anciões, com mais de sessenta anos. Esse
conselho de nobres administrava e supervisionava os assuntos que eram levados
para deliberação pela assembleia e funcionava como tribunal supremo nos
processo criminais. O terceiro órgão, a assembleia, aprovava ou rejeitava as
propostas do conselho e elegia todos os funcionários, com exceção dos reis. A
mais alta autoridade de poder entretanto era composta por um conselho de cinco
membros denominado éforos que exerciam efetivamente o governo. Eles presidiam o
conselho e a assembleia e controlavam o sistema educacional e a distribuição
das propriedades, censuravam as vidas dos cidadãos, e exerciam direito de veto
sobre toda a legislação. Tinham poder para determinar o destino dos nascituros,
iniciar ações judiciais junto ao conselho e até depor os reis, se os
prognósticos religiosos fossem desfavoráveis. Devemos lembrar que na
antiguidade um rei que perdia sua "fortuna" poderia ser imolado para
entronização de outro mais jovem. Assim a estrutura de governo espartano
mantinha a tradição oligárquica comum dos povos tribais indo-arianos em relação
a sucessão no poder. Apesar de gozarem de um mandato curto de um ano, poderiam
ser eleitos indefinidamente e desfrutavam de pleno controle de todos as
ramificações do sistema e da ideologia vigente. Além disso sequer a assembleia
possuía uma estrutura democrática. Somente uma pequena parcela dos cidadãos
tinha o direito de participar de suas deliberações. Só aqueles que tivessem
condições de renda para possuir equipamento de infantaria para preencher as
fileiras de hoplitas podiam participar das decisões em uma sociedade
absolutamente militarista.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A população da Lacedemônia, como era conhecida a nação espartana,
ao atingir o seu principal crescimento contava com mais ou menos 400.000
habitantes divididos em três classes. A classe dominante era formada pelos
esparciatas, descendentes diretos dos primeiros conquistadores. Embora nunca
excedessem 20% do total da população detinham todos os privilégios políticos.
Em seguida vinham os periecos, isto é, "os que habitavam ao redor".
Sua origem é incerta, mas é provável que compunham povos que em determinada
época tinham sido aliados dos espartanos, ou a eles tinham se submetido
espontaneamente. Em retribuição tinham o direito de comerciar e dedicar-se à
manufatura de produtos necessários à sociedade. No ponto mais baixo da escala
social estavam os ilotas ou servos da gleba, desprezados e perseguidos pelos
seus amos.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Das classes mencionadas só os periecos gozavam de apreciável
liberdade e algum conforto. Apesar dos ilotas não viverem em absoluta miséria,
pois detinham os meios de produção agrária e conseguiam conservar boa parte da
colheita que produziam nas terras dos amos, eram tratados de maneira vergonhosa
e mantinham os espartanos sufocada de forma permanente a revolta. Em certos
festejos obrigavam-nos a fazer cenas de bebedeiras e comportamentos libidinosos
a vista de todos, em danças lascivas, para servirem de exemplo aos jovens das
classes dominantes para evitarem tais comportamentos. No começo de cada ano,
conforme registrou Aristóteles, os éforos declaravam guerra aos ilotas, como um
ritual antropofágico sazonal velado, quando aproveitavam para dar fim a
qualquer integrante dessa etnia que pudesse vir ameaçar a estrutura ideológica vigente
da sociedade na pretensão da legalidade ao assassinato imposto, no vestígio da
suspeita de qualquer deslealdade.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Já os espartanos viviam desde a mais tenra idade em regime de
absoluta disciplina marcial. Eram condicionados a abrirem mão de seus
interesses individuais em prol da máquina de guerra e sua educação
restringia-se quase que exclusivamente aos exercícios e às manobras militares,
e eram enrijecidos para a guerra por açoites disciplinares, caso descumprissem
suas obrigações, o que forjava uma classe talhada pela vida da caserna. Entre
os vinte aos sessenta anos ficavam os cidadãos à disposição da nação espartana.
Embora o casamento fosse obrigatório, não era permitida a vida familiar.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A instituição da escravidão, na sua evolução da tribo para a
cidade-estado na Antiguidade se deve antes de tudo a um acomodamento entre
vencedor e vencido sendo que esse devia proporcionar para aquele a mão de obra cativa para preencher as
fileiras na guerra e plantio visando a garantia precária da sobrevivência do
servo e de sua família, e a subsistência e logística de seus senhores e assim
evitar que ele ou os seus acabarem servindo de repasto para o vencedor ou serem
imolados em sacrifício aos deuses dominantes. É o excedente de sua produção agrícola
que garante a existência dele na terra conquistada pelos estrangeiros e a
apropriação da sua produção pelo vencedor serve para garantir a manutenção dos
exércitos conquistadores em funcionamento e a abastança da cidade-estado, que
nada produz de alimento, num ciclo interminável de saque e apresamento de mais
mãos.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De acordo com os dados históricos existentes, após a morte de
Alexandre Magno (323 a.C.) , o império herdado por seus generais atravessou um
período de prosperidade no seu início de pelo menos dois séculos. Os ideais
gregos de cidadania foram suplantados pela ideologia Oriental baseada na
tradição do despotismo monárquico, afirmam os estudiosos, no mandato divino e na
deificação do monarca. Sérias crises sucessivas se seguiram pelo colapso da
falsa prosperidade obtida pela especulação desmedida e o excesso de circulação
do meio circulante metálico: verdadeira enxurrada de moedas de ouro e prata do
tesouro persa que inundaram o mercado. O resultado final do incremento dos
negócios em larga escala no comércio e indústria foi o desenvolvimento das
finanças, sendo o estado o principal capitalista e empresário. Os lucros
auferidos pelo governo, e até mesmo por alguns comerciantes, alcançaram às
vezes 20 a 30% <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A agricultura também sofreu
com a concentração da propriedade agrária e a degradação da população agrícola.
Uma das primeiras medidas adotadas pelos sucessores de Alexandre foi confiscar
as fazendas dos grandes proprietários e adicioná-las ao domínio real. A terra
adquirida desse modo era concedida aos favoritos do rei ou arrendada em
condições extremamente favoráveis à coroa. Aos rendeiros, em geral, era vedado
abandonar as terras antes de finda a colheita e não podiam vender a safra até
que o rei tivesse tido oportunidade de vender a parte que recebera pelo
arrendamento , ao mais alto preço que o mercado poderia oferecer. Quando alguns
rendeiros entravam em greve ou tentavam fugir, eram adstringidos à gleba como
servos hereditários. Muitos pequenos lavradores independentes tornaram-se
também servos ao se atolarem em dívidas, dada a incapacidade de competir com a
produção em larga escala da força cativa.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A real prosperidade se restringia primordialmente aos monarcas e
às classes dominantes e mercadores. O mesmo não aconteceu aos camponeses e
operários das cidades. O salário diário de especialistas ou não caiu no séc III
a. C. a um terço e a metade do que todos os operários na época de Péricles
ganhavam. Por outro lado o custo de vida subiu consideravelmente. Para agravar
ainda mais o quadro o desemprego nas grandes cidades tornou-se um problema tão sério que o governo teve que distribuir trigo
gratuitamente a muitos habitantes. A escravidão aos poucos declinou no mundo
helenístico, em parte devido a influência da filosofia estóica, mas
principalmente por serem os salários tão baixos que era mais barato contratar
um operário livre do que comprar e manter um escravo.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O êxodo para as grandes metrópoles foi uma das consequências desse
período. A despeito da maioria da população residir no campo, as condições de
vida nas cidades atraíram grandes contingentes, onde, se não era mais fácil a
vida, poderia ser pelo menos mais interessante. A expansão da indústria e
comércio, o aumento da administração estatal, e o desejo do trabalhador braçal
em fugir da servidão causou esse afluxo. As cidades multiplicaram-se e
cresceram nos impérios helenísticos, quase tão rapidamente quanto na América no
séc. XIX. Algumas delas se transformaram em metrópoles da noite para o dia.
Antioquia, na Síria, quadruplicou sua população em um século. Selêucia, no
Tigre, surgiu do nada e atingiu o tamanho de uma grande cidade com muitas
centenas de milhares de habitantes em menos de dois séculos. A maior e mais
famosa de todas as cidades helenísticas foi Alexandria, no Egito com muito mais
de 500.000 habitantes, possivelmente com quase 1.000.000. Nenhuma outra cidade
do mundo Antigo, nem mesmo Roma suplantou seu tamanho e esplendor. Suas ruas
eram bem pavimentadas e traçadas regularmente. Possuía esplendidos prédios e
parques públicos, um museu e uma biblioteca com 750.000 volumes. Foi o mais
importante centro da cultura helenística, principalmente no campo da pesquisa
científica. No entanto a grande massa formava uma multidão infeliz, sem nenhuma
participação efetiva na vida brilhante e luxuosa levada pela classe dominante à
sua volta, muito embora fossem as elites custeadas pelo trabalho da maioria.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Por fim, entre 146 e 30 a. C. quase todo o território helenístico
passou para o domínio romano. <o:p></o:p></b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPTUF8QZ6raX1t-OD2u9L9ALtvv3GoGgDjhN1zwoSyX8zqms_24f1pQ7OBmQ8ORh2tMPZDLfzKvX3TazrPcC_sth0ZsiYEGYoUp78OUmrW51J-tAzpXUkGmgEmBQtQYbBAZ0-kWl5zp10/s1600/escravos+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPTUF8QZ6raX1t-OD2u9L9ALtvv3GoGgDjhN1zwoSyX8zqms_24f1pQ7OBmQ8ORh2tMPZDLfzKvX3TazrPcC_sth0ZsiYEGYoUp78OUmrW51J-tAzpXUkGmgEmBQtQYbBAZ0-kWl5zp10/s1600/escravos+2.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A cunhagem de metais para estabelecer trocas já era conhecida
entre os antigos celtas, conforme as referências históricas registradas por
Julio Cezar. Na ilha da Grã- Bretanha os senhores utilizavam-se de lingotes de
ouro de peso fixo como unidades de valor, assim como moedas de ouro e de
bronze. Tem sido confirmados os registros pela descoberta de "barras
pecuniárias" de ferro. Estas longas tiras de ferro, com uma ponta dobrada
ao meio sobre o eixo maior, lembram folhas de espada e podem de fato
considerar-se como lâminas de espada ainda em bruto. Essas barras pecuniárias
obedecem a uma distribuição seletiva na Grã Bretanha, e não há dúvida de que,
fora das áreas das moedas e barras pecuniárias e em tempos mais antigos (pois
nenhuma delas é anterior a fins do séc. II a.C.), a unidade de valor era ainda
de outro gênero. Sobre esse ponto, a filologia e os textos irlandeses fornecem
informações úteis, como base universal da cultura indo-ariana do pastoreio, o padrão
de valor mais antigo era constituído pelo gado<span class="apple-converted-space"> </span><i>(res)</i>. Na Irlanda
utilizaram como padrão unidades de valor referidas a seis vitelas ou três vacas
leiteiras, a que veio a equivaler, a uma escrava<span class="apple-converted-space"><i> </i></span><i>(cumal).<span class="apple-converted-space"> </span></i>O termo<i> cumal</i><span class="apple-converted-space"> </span>generalizou-se muito para avaliar um
carro ou um lote de terras. A escolha de escravas para este efeito leva a
pensar que, em determinada altura, elas tenham constituído fundos por si
mesmas, diretamente negociáveis, e acredita-se que a influencia externa do
dominador romano e seu mercado de escravos esteja na origem da evolução dessa
transação.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Roma dependia do trabalho escravo e os mantinha em grande
quantidade. Uma parte era resultado das muitas guerras, havia alguns que se
vendiam pessoalmente, outros eram vendidos pelos seus credores, ou em virtude
da lei (<i>servi poenai</i>) ; outros era nascidos na casa (<i>vernae</i>), ou
eram recolhidos ainda pequenos. Quando as conquistas da república se estenderam
pela Europa, pela Grécia e Sicília, trouxeram também cativos instruídos. O
número ampliou-se com as guerra contra Cartago, com a Ilíria e contra os
gauleses. A lei romana calculava com precisão o valor de um escravo e as
indenizações a pagar pela sua perda ou deterioração. A legislação determinava:<span class="apple-converted-space"><i> </i></span><i>(210) "Nos termos do
primeiro capitulo da lei Aquilia, aquele que sem direito mata um homem ou um
quadrupede doméstico, pertencente a outros, pagará ao dono o maior valor desse
objeto num ano.- (212) Não se deve só atender o valor corporal, mas também ao
prejuízo sofrido pelo proprietário, perdendo o seu escravo, se este prejuízo
for maior que o valor deste. Se o meu escravo
for instituído herdeiro, e for morto antes de ter, por minha ordem,
aceitado a herança, é preciso alem do valor, pagar-me a herança perdida. Assim
como, no caso, em que dois gêmeos, de dois músicos, ou de dois cômicos, viessem
a matar um, deve avaliar-se não só o valor da sua morte, mas também a
depreciação, que sua morte trás para o sobrevivente, como quando se mata uma
mula de um tiro, ou um cavalo de uma quadriga (213) Aquele, a quem tiverem
morto o escravo, pode escolher entre a ação pela via criminal ou aquela em
repetição de indenização, em virtude da lei Aquilia."</i><o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-style: italic;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Compravam-se os escravos nos mercados, onde eram trazidos por piratas, ou negociantes especuladores, que os tornavam cativos por todos os meios. Delos foi um dos principais mercados, onde debaixo da proteção dos deuses vendiam-se milhares de seres humanos de várias origens. No seu mercado em um só dia foram vendidos 10 mil. Em 177 a. C. , 40 mil sardos, e, em 167 a. C., 150 mil epirotas foram capturados pelos exércitos romanos e vendidos por um dólar cada. A Frígia, na Capadócia fornecia o maior número. Os raptados a uma nação independente eram preferidos, visto que os costumes de liberdade conservavam neles uma vivacidade que se extinguia na escravidão. Os celtiberos, naturais da Espanha, tinham menos valor, porque costumavam livrar-se do cativeiro pela morte. Na Sicília um copeiro valia menos que uma taça. Os frígios lascivos e as engraçadas milesianas vendiam-se, ao contrário, por altos valores podendo custar até dois mil e oitocentos francos enquanto na Gália, na Trácia, ou na África comprava-se uma jovem por sal ou vinho. Os escravos estavam expostos no mercado numa grande barraca (<i>catasta</i>) de muitos compartimentos, semelhantes a gaiolas, onde ficavam nus e com as mãos atadas e com um rótulo na fronte onde ficavam escritas as suas boas ou más qualidades. Distinguiam-se os que provinham da Ásia pelas marcas de giz nos pés. Como uma mercadoria ficavam expostos em galerias interiores. Os escravos estrangeiros, de quem não se podia garantir a docilidade eram oferecidos com os pés e as mãos atadas.</b></span><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
<o:p></o:p></b></span>
<br />
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O comprador interessado dirigia-se até a praça e declarava ao
negociante o tipo de escravo que necessitava, para os trabalhos nos campos,
moinhos, para realizar os registros, para uso doméstico ou sexual ou para
educar aos filhos. Ele olha os homens e mulheres expostos, os toca, examina a
força e a inteligência enquanto o vendedor destaca as qualidades ou menciona os
defeitos do escolhido, se é dado a fugas, se não é preguiçoso ou violento.
Estabeleceu-se com o tempo uma tabela conforme a idade e a profissão: um médico
custava sessenta soldos de ouro, trinta, um eunuco de menos de dez anos de
idade e cinquenta acima dessa idade.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os ilustres cidadãos romanos os tinham aos milhares para
diferentes usos e especulação. Catão comprava os débeis e ignorantes e depois
tornava a vende-los depois de torná-los robustos e hábeis. Pompônio Atico tinha
predileção de torná-los literatos. Alguns se tornavam conselheiros dos amos,
pois o sistema escravista era a ideologia dominante que criava uma dependência
mútua, mas na maioria das vezes eram tratados de forma ignóbil e ocupavam as
funções que os libertos se negavam a cumprir. Caso o amo fosse assassinado pelo
escravo todos os demais da casa eram supliciados para dar o exemplo. Eram
obrigados a satisfazer todos os prazeres dos seus donos. Fechavam-nos no
ergastulum, prisão onde homens e mulheres eram confinados para dormir sobre a
palha ou no chão. Promoviam lutas entre os mais fortes e quando acabava a
disputa mandavam embora dizendo-lhes: "Afasta-te, miserável, para que teu
sangue não manche minha túnica".<o:p></o:p></b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghy1CRbCyckGIc7QiW2nvKt8q0P9Qq7lVnODKacoFVC3qCTROCeqTaMYQbbROYuiWkoZjkIqabkiPivXuq-HI8LXVDhp1VvaiGPCH5qwd_DyZ7bNB2pY_pfc0IycJ_7FdAkkWp99ZYFIE/s1600/escravos+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="191" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghy1CRbCyckGIc7QiW2nvKt8q0P9Qq7lVnODKacoFVC3qCTROCeqTaMYQbbROYuiWkoZjkIqabkiPivXuq-HI8LXVDhp1VvaiGPCH5qwd_DyZ7bNB2pY_pfc0IycJ_7FdAkkWp99ZYFIE/s1600/escravos+3.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os escravos velhos ou com alguma doença incurável eram levados
para a ilha de Esculápio onde eram abandonados e deixados morrer sem socorro. O
imperador Claudio mandou declarar livre o escravo nessas condições. Então os
senhores os mataram, mas tiveram posteriormente que responder pelos seus
crimes.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A classe ativa era composta inteiramente por escravos, sem direito
algum, excluídos da lei civil e humana. Os escritores e os homens de estado da
época consideravam o trabalho e a indústria como coisas ignóbeis e desonrosas.
Xenofonte diz que o homem, condenado ao trabalho, não tem tempo para fazer alguma
coisa para sí, ou para a República e torna-se um mau cidadão e um mau defensor
da pátria. Cícero acha vergonhosas e indignas de um homem livre todas as
profissões trabalhosas; excetua com dificuldade, as mais elevadas, como a
medicina e a arquitetura; ele só tolera o comércio se esse produz lucros
consideráveis. Nem mesmo a agricultura, a arte dos Cônsules e Ditadores da
antiga Roma proporcionava prestigio aos envolvidos na tarefa.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Varrão classifica os instrumentos da agricultura em vocais,
semivocais e mudos, isto é, os escravos, os animais e as coisas inanimadas.
Aristóteles diz que o boi serve de escravos para os pobres; Catão, que para
cultivar quarenta jeiras de terras plantadas de oliveiras, é preciso três
escravos, três bois e quatro burros. Os escravos exploram as minas, trabalham
nas oficinas, são alugados para as construções; são propriedade dos templos,
das cidades e das corporações. Executam as ordens dos magistrados, limpam os
aquedutos, reparam as estradas, os prédios, remam nas galés, são empregados no
apoio dos exércitos como máquinas para o socorro mecânico, instrumentos
necessários, mas de pouco valor individual. Cada pedra, calçamento, viga ou
capitéu ainda existente na Roma contemporânea é um testemunho silencioso do
trabalho dessas pessoas arrancadas do seio da família, sem direitos, sem
compaixão e sem glória <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A ideologia dominante no Império Romano, portanto foi a de
apropriação da mais valia do trabalho escravo e da promoção do ideal do ócio
como condição respeitável da classe dominante. Nesse quadro do cotidiano na
época podemos estabelecer uma confrontação entre a figura histórica de
Spartacus, tal qual ela chegou até nossa época e o personagem histriônico do
Satiricon, o escravo liberto Trimalchio, que se refestela em portentoso
banquete em sua habitação onde os inúmeros convivas comem as mais exóticas
iguarias por conta dele enquanto são obrigados a escutá-lo declamar
"poesias" de sua pretensa autoria para garantir a boca livre.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Alguns autores contemporâneos pretendem desmistificar o aspecto de
luta de classes na revolta dos escravos romanos chefiada por Spartacus.
Mergulhado em um mundo de violência absoluta, onde o<span class="apple-converted-space"> </span><i>pater</i><span class="apple-converted-space"> </span><i>familias</i><span class="apple-converted-space"> </span>tinha direito de vida e morte sobre
seus escravos não é de espantar que o gladiador em pouco tempo conseguisse
reunir a sua volta um verdadeiro exército. Mas ele só encontrou receptividade
em sua luta desesperada de libertação entre os escravos que trabalhavam nos
campos e nas minas e muito pouco dos escravos "de dentro", segundo dizem,
sem nunca obter apoio daqueles que viviam nas urbes em proximidade com seus
amos com quem dividiam o poder e a administração de suas riquezas, onde a
figura caricata de Trimalchio, do Satiricon expressa no personagem os anseios
dessa casta que buscava se identificar com seus amos com precisão. Nas cidades,
a sorte do escravo era mitigada pelo contato com o patrão, seu
"proprietário", mas, nos latifúndios, o escravo raramente tinha
contato com o "dono", e as recompensas do feitor dependiam do lucro
que obtinha com o trabalho dos cativos, que não recebiam incentivo algum fora
as sevicias e chibatadas regulares no lombo ou o medo cotidiano de ser
enclausurado no<span class="apple-converted-space"> </span><i>ergastulum,<span class="apple-converted-space"> </span></i>prisão subterrânea comum nas
grandes plantações. <i> </i><o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De vez em quando ocorriam revoltas de escravos nos campos, como na
primeira guerra servil de 139 a.C., que não foi a primeira, e depois em 73-71
a.C. comandada por Espártacus, que não foi o último escravo a morrer numa
revolta. Quando sua memorável rebelião foi vencida pelos seus algozes, o maior
poder da época, 6 mil prisioneiros foram crucificados ao longo da Via Ápia, de
Roma a Cápua. Os corpos dos cativos ficaram pendurados para apodrecer durante
meses, como advertência, para aliviar os senhores e admoestar os escravos. Mas
enquanto Spartacus viveu sua saga na revolta dos escravos nos primórdios da
expansão da república, quando o escravismo se encontrava em expansão, a obra de
Petrônio foi criada no período imperial sob a égide de Nero, onde o escravismo estava
em plena crise e para desonerar o estado o mandatário havia mandado libertar
milhares de escravos e tinha promovido a libertação de outros, de particulares,
o que retrata de forma magistral o Satiricon.<o:p></o:p></b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A revolta comandada por Espártacus marcou o fim dos grandes movimentos de escravos conhecido por Roma. Os senhores romanos, no período imperial, desenvolveram verdadeiro programa repressivo e ideologico, a fim de prevenir grandes insurreições dos cativos. O que, de nenhum modo, impediu que pequenas e médias conspirações tenham ocorrido nos primeiros séculos de nossa era. </b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ainda no período republicano de Roma a efervescência social e politica
era grande graças a numerosa quantidade de plebeus que não dispunham de bens e
terras e que não tinham trabalho já que os escravos cativos nas campanhas
militares preenchiam as ocupações existentes. Alguns fatores fomentaram a revolução.
A importação de grãos a preço inferior, produzidos por escravos nas províncias,
arruinou os agricultores livres da Itália, forçando-os a vender sua produção
abaixo do valor de custo. A substituição de propriedades familiares por grandes
plantações com mão de obra escrava de proprietários que eram senadores e homens
de negócio da elite romana provocou o êxodo de grandes contingentes de homens
livres dos campos para se juntarem ao proletariado da cidade. Ali ele assistia
aos jogos por conta do Estado, recebia do governo um donativo de milho, vendia
seu voto para quem oferecesse um lance maior e se misturava ao povo anônimo da
cidade onde a vida ociosa era mais vantajosa do que competir com o trabalho dos
escravos cada vez mais importante e menos dispendioso para os ricos senhores. <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O primeiro período da luta de classes iniciou-se com a revolta dos
Graco. Os dois irmãos eram os principais campeões dos lavradores sem terra contra a
aristocracia senatorial, mas tinham também conseguido adeptos entre a classe
média de Roma. Educados numa atmosfera de literatura e filosofia, Tibério e
Caio Graco, de origem patrícia, conheciam as especulações do pensamento grego e
os problemas do governo romano. Tibério Semprônio Graco (162?-133 a.C.) era
personagem destinado à grandeza. Viajando pela península Tibério pode perceber
a penúria em que viviam os camponeses livres. Eleito tribuno da plebe em 133
a.C. persuadiu a assembleia para sua proposta de reforma agrária: 1) que nenhum
cidadão tivesse mais de 333 acres de terra, ou, se tivesse dois filhos, 667
comprados ou alugados do estado;2) que todas as outras terras públicas que
haviam sido vendidas ou arrendadas a indivíduos particulares fossem devolvidas
ao Estado pelo preço de compra ou aluguel, acrescidos de uma bonificação pelas
melhorias feitas;3) que as terras devolvidas fossem divididas em lotes de vinte
acres entre os cidadãos pobres, com a condição que não pudessem ser vendidos e
que pagassem um imposto anual ao Tesouro. Diante da assembleia composta por
plebeus empobrecidos defendeu os interesses da classe:<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>“Os animais do campo e os pássaros do ar
tem a suas tocas e os seus esconderijos, porem os homens que lutam e morrem
pela Itália desfrutam apenas da luz e do ar. Os nossos generais conclamam os
soldados a lutarem em defesa dos túmulos e santuários dos seus antepassados . O
apelo é inútil e vão. Não podeis apontar um altar paterno. Não tendes um túmulo
ancestral. Lutais e morreis para propiciar a outros riqueza e luxo. Sois
chamados de senhores do mundo, mas não tendes um pedaço de chão que seja
vosso”. <o:p></o:p></b></span></i></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O senado tentou vetar a lei e usou Otávio, outro tribuno, para
vetar as propostas para que não fossem submetidas à Assembleia. Tibério
percebeu que qualquer tribuno que impedisse a votação seria deposto. A Assembleia
aprovou a medida e Otávio foi retirado a força do banco dos tribunos pelos
lictores de Tibério. As propostas foram transformadas em lei e Tibério foi
conduzido a sua casa por uma escolta, já que temiam pela sua segurança. <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A forma ilegal que ele utilizou para derrotar o veto tribunício
serviu de argumento para seus inimigos. Declararam a ilegalidade de seus atos e
denunciaram suas intenções como tentativa de se perpetuar no poder. Antes que a
lei pudesse ser executada expirou o mandato de Tibério como tribuno. Portanto
resolveu candidatar-se à reeleição o que contrariava a legislação romana que
limitava o mandato dos magistrados a um ano. Esse ato ilegal serviu de pretexto
ao uso da violência por parte do senado.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Quando chegou o dia da eleição, Tibério apareceu no Fórum com
guardas armados e vestido de luto, querendo fazer crer aos demais que a derrota
no pleito significaria seu impedimento e também seu funeral. No decorrer da
votação a violência irrompeu dos dois lados. Cipião Nasica, gritando que
Tibério queria coroar-se rei liderou um grupo de senadores armados com porretes
Fórum adentro. Os defensores de Tibério recuaram com medo das vestes patrícias.
Ele foi morto com um golpe na cabeça e trezentos dos seus seguidores foram
chacinados por clientes e escravos da aristocracia. Quando seu irmão mais
jovem, Caio, pediu permissão para enterrá-lo, recebeu a recusa e os corpos dos
rebeldes mortos foram todos lançados no Tibre.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Nove anos depois, Caio Graco, o irmão mais jovem de Tibério,
renovou a luta pelos desprotegidos. Eleito tribuno em 124 a. C., fez passar uma
lei que determinava a distribuição mensal de trigo ao povo da cidade, pela
metade do preço do mercado. Suas propostas visavam obter o apoio de diversas
classes: o campesinato, ao tentar ressuscitar as ideias de distribuição de
terras estatais do irmão; a classe média, ao estabelecer novas colônias – em
Narbo, Cápua, Tarento e Caratago e torná-las prósperos centros de comércio e as
massas urbanas com a distribuição de trigo barato. Enriqueceu os construtores
de obras públicas e reduziu o desemprego com um programa de construção de
estradas em toda a Itália.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Com esses apoios variados conseguiu reeleger-se para o mandato em
124 a.C. Mas quando propôs estender esses privilégios a todos os homens livres
do Lácio, estado do qual Roma era a capital, e privilégios parciais a todos os homens livres da
península itálica, a Assembleia, ciosa de suas prerrogativas, contestou. Quando
um ano depois tentou reeleger-se para um terceiro mandato, fazendo pouco da
tradição, foi derrotado. Alguns dos seus seguidores acusaram a fraude da
eleição. Caio desaconselhou a violência e retirou-se para a vida privada.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O senado, que tinha até então ficado impotente pelo clamor da
população, reassumiu suas prerrogativas e reconquistou parte do poder. No ano
121 a.C. propôs o abandono da colônia de Cartago; todas as facções
interpretaram esse movimento como uma forma de desgastar as leis dos Graco.
Alguns partidários de Caio foram à Assembleia armados: um deles matou um
conservador enviado para prender Caio. Como se recusasse submeter-se ao
julgamento do senado foi proclamado contra ele o estado de guerra. No dia
seguinte, os senadores apareceram vestidos para a guerra, cada qual com dois
escravos armados, e atacaram os representantes da plebe, entrincheirados no
monte Aventino. Caio tentou evitar a violência. Ao fracassar fugiu pelo rio
Tibre; alcançado ordenou ao seu escravo que o matasse; o escravo obedeceu e
depois se matou. Um amigo decepou a cabeça de Caio, encheu-a de chumbo
derretido e entregou-a ao senado que havia prometido pagar o seu peso em ouro.
Dos partidários de Caio, 250 morreram na luta, trezentos outros foram
condenados à morte pelo senado. A multidão não protestou quando seu corpo e dos
seus seguidores foram lançados ao rio; estavam ocupados em saquear-lhe a casa.
Os senadores proibiram que Cornélia, sua mãe, vestisse o luto.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A dificuldade do Império Romano em aplicar as ideias dos irmãos
Graco, seu conservadorismo em adotar políticas de reforma agrária e incentivo a
produção do homem livre, em longo prazo, iriam determinar a sua queda. Não
foram, como se ensina nas escolas, as hostes de bárbaros que destruíram o
império, mas a dificuldade de seus dirigentes em reformar as estruturas da
sociedade escravista. A chegada dos povos do leste europeu trouxeram vantagens
econômicas de curto prazo. A dificuldade em atrair novos contingentes de
escravos de baixo custo e o alto custo na sua procriação dentro da economia.
Para compreender esse processo devemos recordar que a criação implicava grandes
perdas de trabalho: 1) O processo de criação determina melhores condições de
vida dos trabalhadores em seu conjunto; 2) As matrizes trabalhavam menos em
seus períodos de gestação e lactância; 3) Na época existiam altas taxas de
mortalidade materna e infantil.<o:p></o:p></b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Temos algumas informações sobre o grande latifúndio agrícola que trabalhava com centenas de escravos acorrentados. Os teóricos romanos do agronegócio geralmente relacionavam suas desvantagens: era necessário grande número de feitores para organizar o trabalho dos cativos e mantê-los submissos. Estavam também de acordo sobre a baixa produtividade e rentabilidade destas atividades. A exploração do plantio de cereais com mão de obra escrava não exigem um trabalho continuo. Era, portanto, indispensável manter alimentados os escravos nos periodos entre uma safra e outra. A adoção do latifúndio escravista levou à decadência do modelo agrícola do Império que, na sua decadência, viu-se obrigado a reformular a exploração da mão de obra do campo. </b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A imensa maioria dos bárbaros que chegaram ao Império, depois de terem se rendido aos generais romanos, ou de haverem sido capturados por eles, depois
foram estabelecer assentamentos em zonas despovoadas ou fazendas imperiais na
condição de colonos, por contratos, voluntariamente, como proprietários ou por
enfiteuse. Provavelmente quando se concedia terras a um rei ou chefe tribal, a
condição dos indivíduos poderia variar muito: o chefe e alguns dos seus
seguidores próximos se convertiam em proprietários e arrendariam parcelas aos
mais humildes. É de supor que as terras ficavam sujeitas aos impostos imperiais
e que esses contingentes ficavam a disposição para o serviço militar quando
necessário. Todos esses assentamentos, aonde os recém-chegados passavam a serem
colonos proporcionavam recrutas para o exército, como força de trabalho adulta,
cujos custos de produção não recaiam na economia interna do Império.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Muito tem se discutido sobre as defecções de populações do Império
Romano que passaram para o lado dos invasores bárbaros. É sabido que uma grande
quantidade de bárbaros, principalmente germanos, alcançaram posições elevadas
no Império Romano, graças aos serviços prestados ao exército durante o séc. IV
e ainda depois dessa época. A imensa maioria destes generais “bárbaros” se
mostrou completamente leal a Roma. Conhecem-se poucos casos de traição e muitos
deles se consideravam romanos e aceitavam os pontos de vista da classe
dominante romana.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mas existem suficientes testemunhos (desde o séc. II ao VII),
tanto nas regiões ocidentais quanto nas orientais do Império evidenciando que a
atitude das classes baixas ante os bárbaros não foi nunca, em absoluto, de
temor ou hostilidade. Pelo contrário: as incursões de povos do além Reno, por
mais destrutivas que fossem principalmente para os proprietários e residentes
nas cidades enriquecidas pelo comércio, foram recebidas muitas vezes com
indiferença e em mais de uma ocasião com complacência e cooperação, especialmente
por parte do proletariado pobre, desesperadamente sufocado pelos impostos.
Existem testemunhos inclusive de pequenos proprietários que eram vítimas da
injustiça e da corrupção do sistema imperial que declararam como se passaram
para o lado dos invasores.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Esta situação deve ser relacionada com as revoltas camponesas que
se produziram paralelamente na Galia e Hispania. Com exceção das disputas pelo
poder imperial onde as lutas de classe não desempenharam papel importante,
tendo sido promovidas pela classe governante e se decidiram com o poderio
armado através da ameaça ou utilização efetiva. Outra diferença a ser
ressaltada é entre revoltas efetivas e bandoleirismo contumaz.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Existem documentos em relação ao comportamento dos escravos do
Império passando para o campo dos bárbaros. Durante o primeiro assédio de Roma
pelo visigodo Alarico, no inverno de 408
a 409 d.C., praticamente todos os
escravos de Roma (40.000)
evadiram-se ao campo dos godos. Existem fontes tanto gregas quanto latinas que
afirmam que os habitantes do Império Romano desejavam efetivamente a chegada
dos bárbaros como principal fator da alta carga tributária.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Existem, por outro lado, pouquíssimas pistas de resistência
espontânea às incursões bárbaras por parte dos camponeses e dos habitantes das
cidades, ou de defesa entusiasta das cidades pelos seus habitantes. <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Valendo por todos os registros da época referente a corrupção desenfreada
do Império o testemunho do historiador e diplomata Prisco que coloca na boca de
um personagem anônimo, mas procedente da Grécia, o qual se passou para os
“bárbaros”, ficando a viver entre eles e estava acantonado no acampamento de
Átila, pelo ano de 449 d.C.:<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></i>
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>“Homens sem princípios agora cometem todos
os tipos de iniquidades, pois as leis não valem iguais para todos (...) Quem as
transgride não recebe nenhum castigo pela injustiça cometida, mas se é pobre e
não entende de negócios tem que pagar pelo delito; isso se não morre antes que
se produza o juízo, pois o processo legal se arrasta indefinidamente e se
gastará nele grandes quantias de dinheiro. O cumulo dessa situação miserável é
ter que pagar para conseguir satisfação, pois ninguém celebrará uma audiência
em favor de uma vitima da iniquidade sem a paga dos juízes.” </b></span></i></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando os hunos invadiram o Ocidente em 376 d.C. conquistaram os mais terríveis inimigos dos romanos. Essa tribo de selvagens cavaleiros vindos da
Ásia derrotaram os temíveis godos e alanos que viviam do outro lado do Danúbio.
Roma que vivia então na época uma decadência do seu poderio militar temia em
particular o Reino Ostrogodo, uma confederação de tribos germânicas que se
estendia do rio Don até o Deniester e do Mar Negro até os pântanos Pripet. Para
surpresa do Império Romano chegaram notícias que os godos haviam sido
aniquilados e que seu rei, Ermanarich, havia cometido suicídio. A vitória dos
hunos sobre os alanos foi ainda mais arrasadora. Tendo subjugado os godos
orientais (ostrogodos), os hunos passaram a atacar seus parentes ocidentais, os
visigodos. Empurrados pelos invasores, os visigodos atravessaram o Danúbio em
grande quantidade. Cerca de 200 mil, conforme informam os registros da época,
atingiram Adrianópolis, desbarataram um exército romano e devastaram a
província da Panônia.</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os hunos eram pastores nômades, praticavam a caça e não exerciam a
agricultura. Cada família ocupava uma barraca, entre seis e dez barracas
formavam um acampamento, vários deles formavam um clã. Havia dez clãs para cada
tribo, portanto cada tribo tinha talvez cinco mil pessoas que correspondia a
1200 guerreiros aproximadamente divididos em pequenos grupos, acampamentos com
trinta pessoas, o que permitia mais mobilidade para sair à caça de
forragem para os animais de tiro, ou alimento para os combatentes e seus
familiares. Seus movimentos militares eram autônomos e pouco dependiam de um
governo central. Estavam em constante busca de subsistência, a fome era uma
parceira frequente em suas andanças desde os primórdios e não existia um
excedente de produção para a formação de uma classe privilegiada ou desocupada
nobre. Dizia-se que sacrificavam os idosos, até mesmo os pais, para os deuses
para não ter bocas inúteis para alimentar. Nem havia escravos domésticos; seus
únicos escravos eram os capturados em campanhas. Suas lideranças só eram
efetivas nos períodos de guerras, onde valia a experiência e reputação
guerreira para garantir o comando. Seus conselhos de chefes tinham uma
particularidade, faziam as discussões e deliberações sempre montados em seus
cavalos.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A grande confederação que derrotou os alanos e os godos se desfez
logo depois, como era costume entre os povos das estepes. Mas o feito militar
deu inicio a um processo importante na história dos hunos, pois obrigou os
ostrogodos a tornarem-se seus tributários. Foi decisiva sua mudança dos mares
Aral e Cáspio para as terras a oeste do Mar Negro; antes haviam derrotado os
alanos ao leste, mas desde o inicio do séc V, os ostrogodos da Ucrânia eram
seus subalternos. Outro acontecimento decisivo foi quando deixaram essas
regiões e fizeram suas bases nas planícies da atual Hungria, onde as pastagens
para suas montarias eram fartas. Como eram bons combatentes e exímios
agricultores, os ostrogodos garantiam os excedentes de produção necessários
para os hunos poderem manter a logística de suas campanhas militares contra
Roma e Bizâncio. Nos combates os ostrogodos preenchiam as fileiras como
eficientes combatentes de infantaria, estrategicamente articulados com os invencíveis arqueiros
montados hunos que desfechavam o ataque decisivo para a vitória final. No
início da década de 420, com suas forças consolidadas, formavam uma
confederação poderosa, com uma classe dominante de chefes hunos poderosos que
enriqueciam com a mais valia produzida pelos povos conquistados e que deram
origem ao mito das hordas invencíveis que aterrorizaram a Europa desde então.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A maioria dos registros sobre a vida econômica da baixa Idade
Média apresentam relatos de volta à primitividade e miséria indigente. Foi
particularmente rápido o declínio da península itálica, na segunda metade do
séc. V. Atingiram o apogeu as forças postas em jogo pela degradação econômica dos
dois séculos precedentes. O comércio e a indústria foram extintos rapidamente;
terras antes produtivas viraram mato novamente e a população declinou de
maneira assustadora a ponto de criar-se uma lei proibindo a toda mulher entrar
para o convento antes dos 40 anos de idade. Enquanto os grandes proprietários
ampliavam seu controle sobre as áreas cultiváveis e assumiam as funções de
governo, um número cada vez maior das massas populares se transformava em
servos. Durante o reinado de Teodorico, o rei germano que conquistou a Itália,
houve uma tentativa de reativar o comércio e a agricultura reduzindo impostos,
mas o processo feudal continuou seu caminho irreversível de servidão e de
concentração da renda agrária, pois ele necessitava o apoio militar da aristocracia
dominante. Após a sua morte, mais uma vez o processo da decadência tornou-se
evidente. A tentativa de reconquista da península itálica pelo imperador
bizantino Justiniano levou a região à beira do barbarismo. A peste e a fome
completaram a destruição causada pelas marchas dos exércitos inimigos. Os
campos foram abandonados sem cultivo, ao mesmo tempo em que declinavam as
atividades urbanas. Os lobos vagavam livres pelo território devorando os
cadáveres insepultos. Era tão grande o desespero das populações que, como
sempre, em certas regiões apareceu a prática do canibalismo. Somente nas
cidades maiores a civilização permaneceu preservada, mas em condições de pleno
abandono das conquistas intelectuais e técnicas do período anterior. <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A Idade Média iniciava seus dias absorvendo o que restara da
cultura ideológica romana e de sua organização social e revestindo velhos
conceitos legais de germanos e romanos com as novas roupas do feudalismo de
forma lenta e gradual. Na história conhecida da humanidade não existem fatos
estanques, mas sim uma sucessão de causas econômicas em evolução contínua. A baixa Idade Média foi com certeza um
prolongamento da manutenção de antigas instituições romanas. Entre estas está a
<i>clientela</i>. Desde os mais remotos
tempos, os cidadãos romanos que passavam por dificuldades ou os escravos
libertos procuravam a proteção de patronos ricos, tornando-se seus clientes ou
dependentes. No caos que acompanhou o declínio do Império, a <i>clientela</i> se expandiu. Outra dessas
instituições romanas foi o sistema de <i>colonato</i>.
Numa tentativa desesperada de manter a produção agrícola decrescente durante os
séc. III e IV, a administração do Império ligou, de forma indissociável, ao
solo, numerosos camponeses e rendeiros agrícolas como colonos ou servos,
colocando-os na verdade sob controle dos proprietários dos grandes latifúndios.
O <i>precarium </i> foi outra instituição que se desenvolveu na
época da decadência do Império Romano. Originalmente constituía um empréstimo
de terra a um rendeiro que a cultivaria e pagaria a renda ao proprietário. Caso
o rendeiro deixasse de pagar a renda, o proprietário tinha o direito de
tomar-lhe a posse. Mais tarde o <i>precarium
</i>passou para a forma da entrega da terra por um pequeno proprietário a um
poderoso latifundiário, motivada por insolvência ou por necessidade de
proteção. Ao mesmo tempo que fazia isso se comprometia a cultivar a terra e
pagar renda pelo seu uso. As duas últimas instituições, o <i>colonato</i> e o <i>precarium, </i>muito
contribuíram para a origem do feudalismo, e se adaptavam aos costumes e
hierarquia das nobrezas tribais dos germanos invasores. Foram eles que
forneceram os ideais de honra, de lealdade, e de liberdade, que passaram a ocupar
na classe dominante um lugar de considerável importância. A instituição
germânica do <i>comitatus</i> era a fonteprincipal
da teoria e da prática feudal de hierarquização da sociedade. O <i>comitatus</i> era uma assembleia formada
pelos guerreiros e pelo seu chefe, com obrigações mútuas de serviços e de
lealdade. Embora os guerreiros prestassem um juramento pessoal de proteger seu
chefe, e ele em retribuição devia armá-los e equipá-los para combate, a relação
entre as duas partes era totalmente diferente da que existira entre os clientes
romanos e seus protetores. Nela não havia qualquer elemento de servilismo; os
guerreiros eram iguais aos seus chefes, pois que todos estavam envolvidos e
empenhados nas mesmas atividades belicosas, cujo único objetivo era o saque e a
glória. Esse ideal tribal, originado nos primórdios dos tempos, existente na
instituição do <i>comitatus,</i> entre os
participante do regime feudalista, se fixou na relação entre reis e nobres,
suseranos e vassalos, a classe dominante que sujeitou os povos latinos
dominados. A prática feudal da <i>homenagem</i>,
através da qual os vassalos juravam fidelidade numa cerimonia de submissão ao
seu suserano também provavelmente era originado na tradição do <i>comitatus, </i>cerimonia que legitimava o
poder do chefe guerreiro. Assim poder e
a riqueza dos grandes latifundiários, senhores da guerra que subjugaram pelas
armas a força de trabalho, aumentaram consideravelmente. Com o passar do tempo,
essa classe dominante passou a desafiar o governo central, e arrogar-se
direitos de senhores absolutos das suas propriedades. Tributavam seus servos,
faziam leis que regulavam os negócios e os direitos destes, e impunham sua
própria justiça e a lealdade.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Incluso ao conceito grego de barbárie, a teoria aristotélica da
“escravidão natural” teve enorme difusão no mundo greco-romano. O cristianismo
herdou tais conceitos, através dos reinos francos e germanos e do direito
romano, e fundamentou seu pensamento a partir de estudiosos compiladores dos
clássicos gregos como Alberto Magno, o fundador da escolástica, que
reintroduziu as categorias antropocêntricas de Aristóteles, e através de seu
pupilo, Tomás de Aquino, que escreveu um comentário canônico da “Política” de
Aristóteles. Esta doutrina ideológica voltaria a revigorar-se, no séc. XVI, a
partir das discussões que tiveram lugar em Castela sobre a natureza dos
autóctones da América e foi violentamente combatida por homens como o Frei
Bartolomé de Las Casas. <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJy78UIYp30NHWSkwfiQdHHDxn-rm-Z3wkBypDZf9mjzuytcsYNHiNqcrbPIk0gaRikUmaPXaNHN6Js8cPV69k-IEEtAayPUhFDAXFOhSU_IHhwHgXuWCpfT7ssyUpOglQ_CIanT06xqE/s1600/samarcanda+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="293" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJy78UIYp30NHWSkwfiQdHHDxn-rm-Z3wkBypDZf9mjzuytcsYNHiNqcrbPIk0gaRikUmaPXaNHN6Js8cPV69k-IEEtAayPUhFDAXFOhSU_IHhwHgXuWCpfT7ssyUpOglQ_CIanT06xqE/s1600/samarcanda+1.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Coação Estatal e Colonialismo –<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A decadência do feudalismo motivada pela ascensão da monarquia na
Europa originou o fortalecimento do estado nação. O rei passa a representar o
poder do estado e a centralizar os tributos permitindo a manutenção de forças
militares poderosas e expedições ultramarinas de conquista. As cidades passaram
a ter fundamental importância para o desenvolvimento econômico da Europa
Ocidental a partir do séc XIII, através das corporações de ofício que se
estabeleciam e produziam os produtos manufaturados a partir das matérias primas
locais. O contato com as civilizações bizantina e sarracena revigorou o
comércio com o Oriente e estimulou o progresso da cultura. <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O Estado proíbe a guerra intergrupal dentro das suas fronteiras
mantendo seus súditos amedrontados pela força da lei, impedindo que façam
justiça com as próprias mãos e assim mantém a pax e ainda detém o poder de
romper seus próprios liames legais quando declara a guerra contra outro povo ou
pune seus cidadãos. O Estado pretende diferenciar civilização de sociedade
tribal. Entretanto a diferenciação entre Estado e Tribo pode se tornar
complexa. É provado como ineficaz procurar uma divisão a partir de uma invenção
decisiva para a evolução de sociedade tribal para civilização. A escrita, por
exemplo, não determina um processo civilizatório. Povos “primitivos” são
denominados erroneamente de “pré-letrados”, mas a ausência de escrita não
determina a inexistência de civilização como podem provar os povos do Peru ou
da Costa da África que atingiram grande complexidade e possuíam um razoável
controle estatal. Também não é o processo de urbanização, no sentido literal da
existência de cidades, a prova contundente da existência de civilização. O
recurso a tais critérios de balizamento da civilização é baseado na suposição
de que povos fora da esfera Ocidental europeia devam ser necessariamente
rústicos.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O Estado e suas colônias estão organizados enquanto territórios –
entidades territoriais controladas pelo
poder estatal – em oposição a entidades de parentesco sob chefe de linhagem
natural da tribo. Sir Henry Summer Maine, quando argumentava contra a
antiguidade da soberania territorial da Europa apropriadamente descreveu seu
desenvolvimento fora das concepções tribais através de algumas mudanças do
título nobiliárquico assumido pelos reis da França: desde o merovíngio “Rei dos
Francos” ao capeto “Rei de França”<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> O direito do controle da
força saiu da sociedade, antes clanica, para ficar com um soberano descendente
da classe dominante e conquistadora. Ninguém mais tem o direito de usar a força
sem um mandato direto do soberano ou de seus acólitos. É o Estado que decide as
regras da ordem social, quase sempre baseadas em aspectos étnicos e de
nascimento, mesmo em sociedades ditas democráticas. Todas as pessoas e grupos
do território são como tal súditos da soberania, de sua jurisdição e coerção. É
a partir do processo civilizatório que determinada cultura é difundida e em seu
bojo carrega uma determinada ideologia homogeneizadora de vários grupos étnicos.
A herança dos povos pastores indo-arianos para o Ocidente foi estabelecer seu
regime de centralização de poder a partir de eleitos entre a classe dominante
de conquistadores através do sufrágio ou da batalha singular pura e simples.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Com a expansão da ideologia europeia pelo mundo, as ideias de
subjugação e apresamento da mão de obra evoluíram do processo escravista nas
Américas, para o sistema de exploração tributário entre os autóctones, que já
conheciam o conceito de tributação a partir de um poder central, com produtos
em espécie. Mas isso não impediu que uma grande massa de africanos fosse
tangida do continente negro para lá e tratada como semovente pelos donos de
engenhos e pela classe dominante que repassava os tributos auferidos da mais
valia do trabalho escravo para a Coroa. Ainda o ideal aristotélico chancelava o
uso do cativo para o trabalho braçal como justificativa cristã do salvamento de
sua alma pagã e sua inteligência dita inferior. <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A tributação no estabelecimento das relações de trabalho, em
substituição ao apresamento puro e simples de mão de obra, obrigava os índios
ao pagamento de taxas à Coroa Espanhola. Como o tributo era exigido em
dinheiro, mesmo àqueles que dispunham de áreas agricultáveis suficientes à
subsistência eram obrigados, a cada estação, sair do âmbito comunal e trabalhar
para os senhores de terras espanhóis até juntar a quantia suficiente para pagar
o imposto. Este era um dos mecanismos que garantiam a mão de obra indígena nas
colônias espanholas.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na América Hispânica a tributação do estado servia para reforçar
mecanismos privados que visavam prender os trabalhadores às fazendas pelo
endividamento Não só o dono de terras substituía aos índios no pagamento dos
tributos e das taxas paroquiais (batizados, casamentos ou enterros), ou então
nos tributos ocasionais, que vinham onerar ainda mais as dívidas ordinárias.
Era ainda a guerra o fato motivador de ônus extras, em 1781, por exemplo, uma
contribuição para despesas com essa finalidade imposta à população colonial
pelo Estado espanhol tornou-se um elemento a mais para prender por dívidas os
trabalhadores às fazendas na região mexicana de Michoacán<span class="apple-converted-space"><i> </i></span><i>( Claude Morin, Michoácan en
la Nueva España del Siglo XVIII, México, Fondo de Cultura Econômica, 1979, pág
264 ).</i></b></span><br />
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: center;"><b><b style="text-align: left;"><br /></b></b></b>
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: center;"><b><b style="text-align: left;">Os Estados europeus colonizadores dispunham então de meios coercitivos através de seus agentes nas Colônias que detinham por outorga seus poderes militar e judiciário, que na prática usavam dessas forças disponíveis para impor as decisões dos mandatários e senhores de terras, a classe dominante, e sufocar a desobediência dos nativos e dos negros africanos.</b></b></b><br />
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b style="text-align: center;"><b><b><br /></b></b></b></b>
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b style="text-align: center;"><b><b>O uso dessas ferramentas institucionais foi, nas áreas da
escravidão negra, um dos elementos fundamentais contra as sedições e
estabelecimento de quilombos, como extensão da repressão privada dos senhores
para preservar o "status quo" da exploração da mão de obra escrava e
garantir as instituições onde se baseava essa ideologia escravista.</b></b></b></b></div>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div style="display: inline !important; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><b style="text-align: center;"><b style="text-align: center;">
</b></b></b></span></div>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><b style="text-align: center;">
</b></b></span></div>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
</b></span>
<br />
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Capitalismo e Neoliberalismo -</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, na Inglaterra grande
parte da população carcerária não era só de criminosos comuns, eram vítimas das
injustiças sociais e desigualdades econômicas, eram devedores que não haviam
conseguido pagar suas dívidas e que expiavam na cadeia a amargura da
insolvência, ou simplesmente da mora. Em 1779, nas prisões da Inglaterra e País
de Gales, dentre 4.379 prisioneiros, havia 2.078 homens e mulheres
"devedores". Na Irlanda, em 1788, havia 550 "devedores",
num total de 1.572 prisioneiros. Mesmo aqueles que já tinham saldado suas
dívidas continuavam presos até que saldassem os impostos reclamados pelo clero
e a coroa, ou pagassem propina para o<span class="apple-converted-space"> </span><i>Sheriff<span class="apple-converted-space"> </span></i>e o carcereiro. Mesmo crianças
quase nuas, na idade de doze anos, ficavam presas, muitas vezes, um ou dois
anos, por causa desses emolumentos, que, frequentemente não excediam de uns
quarenta<span class="apple-converted-space"> </span><i>shillings<span class="apple-converted-space"> </span>(John Howard, The State of the
Prisons, Ed. Everyman's Library Londres 1929 - 1ª ed. saiu em 1777; as edições
sucessivas saíram com o autor ainda em vida, que faleceu em 1790)</i></b></span><br />
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b>
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Desde a vitória da revolução protestante de 1688, os católicos irlandeses, defensores dos Stuarts, tiveram sua situação politica e econômica agravada por numerosas leis opressoras, que lhes vedavam o exercício do magistério, das funções públicas, dos cargos eclesiásticos e até mesmo das profissões liberais, com exceção da medicina. Suas rendas eram limitadas por lei: o irlandês católico que tivesse lucros superiores a um terço do valor das suas terras estava sujeito ao confisco da propriedade em favor do primeiro protestante que provasse tais lucros. As leis introduzidas pelos ingleses serviam para abafar a economia irlandesa. A criação de gado e a agricultura, as duas principais fontes de riqueza no país, não podiam ter mercados, por que a Inglaterra não os importava, nem permitia que navios irlandeses atracassem nos portos coloniais britânicos. As terras irlandesas passavam em grandes lotes para as mãos dos ingleses e privilégios eram concedidos para a exploração das riquezas do país subjugado. A população irlandesa guardou de tudo isso lembranças hereditárias, a tradição de ódio aos dominadores e da opressão religiosa que nunca conseguiu erradicar o catolicismo que marcou para sempre e se tornou base do pensamento políticos das gerações sucessivas até nossos dias.</b><br />
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b>
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em 1729, um dos maiores críticos da dominação Jonathan Swift
propõe em "Modesta Proposta para evitar que os Filhos dos Irlandeses
Pobres sobrecarreguem os Pais ou a Nação e para torná-los Benéficos ao
Público" - onde aponta a miséria e a fome que se abatia sobre o povo da
Irlanda e propõe, com ferina ironia, que os irlandeses façam engordar os filhos
e os comam depois como alimento, do que resultariam "diversas vantagens"
para uns e outros.</b></div>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br />
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Assim o espírito puritano da época baseado num escravismo velado
davam os primeiros passos para o assentamento da exploração da mão de obra
característica do capitalismo que vai ser difundido pelo mundo nos anos
subsequentes pela influência de fatores culturais bem caracterizados: o
individualismo, a crença dos direitos naturais dos povos brancos de origem europeia
sobre os demais e o espírito capitalista da economia de exploração a partir da
ascensão da burguesia e do declínio do poder da monarquia principalmente no
Novo Mundo, onde os excedentes de população irlandesa foram atrás de
prosperidade e segurança na América do Norte, longe da exploração e tirania
inglesa. Ao chegar ao Novo Mundo impuseram sua ideologia xenófoba e etnocêntrica
que iria criar as bases para a criação de uma das maiores e mais fortes nações
do planeta, os Estados Unidos da América.</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Alex de Tocqueville, famoso
magistrado francês do século XIX, ficou impressionado com a inversão de valores
do povo norte americano em sua visita aos Estados Unidos entre os anos de 1831
e 1832. Naquela época, ainda não havia sinais das grandes fortunas privadas
adquiridas pelo país em virtude de políticas bélico-expansionistas do século
XX, mas Tocqueville afirmara que desconhecida um país “<i>em que o amor pelo
dinheiro ocupe um lugar mais amplo no coração do homem, e onde se professasse
um desprezo mais profundo pela igualdade</i>”. . Por fim, Tocqueville
acreditava que, se surgissem déspotas nas sociedades democráticas, eles seriam
tentados a fazer guerra, para reforçar seu poder e ao mesmo tempo para
satisfazer seus exércitos.</b></span><br />
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b>
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A partir do século XX, à medida
que o neoliberalismo avançou, as desigualdades sociais acentuaram-se. Prova
disso é que em 1960, os 20% mais ricos do mundo possuíam uma renda <i>30
vezes</i> superior a dos 20% mais pobres. Já em 1997, essa proporção subiu
para <i>74 vezes</i>, sendo que, na primeira década do século XXI, esse
número atingiu <i>80 vezes</i>.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Destaque-se também que a onda
neoliberal que avassalou o mundo após 1970, elevou a desigualdade social dentro
dos próprios Estados Unidos, pois, segundo o Relatório sobre Comércio e
Desenvolvimento da UNCTAD, nas últimas décadas do século XX, o quociente que
mede o grau de desigualdade socioeconômica aumentou em 16% entre os americanos.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Percebe-se então, que a
desigualdade social mundial vem aumentando consideravelmente após a Segunda
Guerra Mundial, com a expansão bélica do neoliberalismo norte-americano, que,
diga-se de passagem, participou diretamente de todas as carnificinas humanas
dos séculos XX e XXI.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Também vale mencionar que o
capitalismo não é apenas um sistema econômico, mas uma forma global de vida em
sociedade, pois está dentro de seu próprio conceito a globalização favorecedora
das grandes empresas mundiais, com suas sedes localizadas no hemisfério norte
em detrimento do desenvolvimento e da liberdade dos mais fracos, tendo como
seus pilares conhecidos o individualismo competitivo, excludente e dominador.
Essa ideologia de caráter puritano e raiz ariana antiga tem como premissa
básica a manutenção de excedentes e reservas de toda a ordem para exploração de
uns poucos favorecidos que manteriam seus lucros em detrimento das grandes
massas confinadas nas metrópoles do hemisfério sul, mercado cativo que nada
produz e tudo consome. <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A subversão da valorização da
pessoa humana é tamanha que um dos teóricos mais respeitados do neoliberalismo
(Richard Posner), ressuscitando as antigas teses antropofágicas de Swift,
propõe com seriedade a venda de crianças para a adoção, o que faz harmonizar as
relações de família com a lógica do capitalismo, pois somente aquilo que tem
preço de mercado possui valor na vida social.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Richard Posner propõe que os
bebês mais desejáveis tenham preços mais altos que os outros, levantando uma
bandeira política ao defender que o livre mercado de preços de crianças
funciona melhor do que o atual sistema de adoção. <span lang="EN-US">(Fonte: Texto
disponível na internet intitulado “<i>Adoption and market theory:
The Regulation of the Market in Adoptions</i>”). </span>Logo essas crianças poderão não só estar
disponíveis para quem possuir melhores condições econômicas como também, em
futuro próximo, poderão ser utilizadas para finalidades especificas definidas
pelas leis de mercado. <o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A implantação do neoliberalismo
faz a humanidade retroagir em pelo menos 200 anos na história de conquistas dos
direitos humanos, pois acarreta a preterição dos direitos individuais perante a
liberdade do empreendedor, sendo que o Estado serviria somente para proteger e
dar legalidade ao contrato e a propriedade privada, regredindo dois séculos na
história da humanidade, época em que não existiam constituições sociais, não existia
direitos trabalhistas (coisa que o capitalismo despreza) e que imperava
ensinamentos de doutrinadores do século XVII, com raízes ainda mais profundas
nas antigas sociedades dos povos nômades, no escravismo e na antropofagia do
excedente populacional concentrado nos grandes centros urbanos, resgatados, de
forma velada, com empolgação pelos atuais defensores do neoliberalismo
econômico em seu viés ideológico sub-reptício de lobos em pele de ovelha.</b></span><br />
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b>
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O que é civilização ? Como pode ser recuperada ? O mundo contemporâneo, mergulhado em sua tecnologia própria e individualista, na realidade não é um mundo civilizado, é uma epigonia, cujo significado mais próximo seria o de “herdeiros” de qualquer tipo de bens positivos do que criadores desses bens. As civilizações greco-romanas e as invasões germanicas subsequentes deram forma a atual conjuntura civilizatória, que o homem comum não consegue visualizar em função de sua vida exígua em relação as transformações ocorridas. Entretando a velocidade dessas transformações está hoje em escala cada vez mais vertiginosa. Conforme a visão crítica do individuo se dilui nessa estrutura radial ideológica que proporciona a ferramenta informática, menos controle se tem da manutenção das liberdades e dos direitos civis, agora em nova fase de decadência nesse lado do mundo. O rebanho humano já foi tangido para o cercado do matadouro.</b></div>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-sBQmHohaXvmUjjTKMjVY54ovU1AzstfcBS3viMrBFp_rWTOBAP-PuJ5Lk7WS1I7oCKpPMH-smo5dmXDS4dDos-Jc4YN2kWC2encwsr3XjtxJOsw6oHvrd9z9RxCdh-IIlNjNC5EAAso/s1600/902021_574619689291221_1252000780_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-sBQmHohaXvmUjjTKMjVY54ovU1AzstfcBS3viMrBFp_rWTOBAP-PuJ5Lk7WS1I7oCKpPMH-smo5dmXDS4dDos-Jc4YN2kWC2encwsr3XjtxJOsw6oHvrd9z9RxCdh-IIlNjNC5EAAso/s1600/902021_574619689291221_1252000780_o.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 13.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
</div>
</div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-11152972714341689032013-04-13T18:49:00.000-07:002014-09-21T21:29:45.257-07:00Monan e Maira - O Mito Universal da Criação<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>«As pessoas, que entre os americanos do Brasil se occupão de cousas divinas, são chamadas Caraibas e Pagees,os quaes são os seos sacerdotes. Acima das cousas da terra existe um ente a quem chamão Monãn ou Monhãn que quer dizer Constructor, ou Editficador, o Auctor, ao qual atribuem as mesmas perfeçoes que nos atribuímos a Deos.</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Este creou Trin-Magé (1) de cuja cabeça nasceo Tupan. (Montoya traduz a palavra Tupan assim: Tu, admiração, e Pa, pergunta; significa pois:—O que é isto? Quid est hoc?) «De Maire Monhan, antes de sua morte, nascerão dous filhos. Sommé (que os jesuítas entendem que é o apóstolo S. Thomé) e Caraiba a quem os selvagens queimarão. Deste nascerão dous filhos, Tamandonaré e Aricuta. Tamandonaró era agricultor e bom; Aricuta máo, valente e guerreiro, é, com o tempo, tentou matar Tamandonaré, que, batendo com o pé na terra, deo causa a que surdisse uma fonte que produzio novo. dilúvio; para salvar suas vidas subirão us mais altos montes, mas com elles subirão as águas e, para se salvarem.Tamandonaré o bom, subio sobre uma arvore de Pindoua(2) e Aricuta, sobre o genipá. Com este dilúvio morrerão todos os seres vivos da terra, menos Tamandonaré e Aricuta, e suas mulheres, das quaes descendem os homens actuaes; os bons ou Tupinambás, descendem de Tamandonaré, os maus, ou Tominús, de Aricuta, e que existe, e ha de sempre existir, guerra entre elles.» </i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>(1) Mage é nome de alguns logares do Rio e, entre elles, de uma cidade.</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>(2) E d'ahi talvez que vinha ao Brasil o nome de Pindorama ou região das Palmeiras. Até hoje os selvagens, quando decidem algum ataque, pintam o corpo de azul escuro com tinta de genipapo. (fragmentos dos relatos de Thevet - Gal. Couto de Magalhães)</i></b></span></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcgUxKqaXw2g3psEs1Cr4FyxQVpbV-AD85n-T0yrHDy7joryCGjcjZV3C5CWvz49yWyizDY2LpJAlW9eu6XdeYZpVKreikfij9uIxIBqg6Xien_RWIzcaVagTK-KUTT_LwED3Rol_-KQM/s1600/astecas_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcgUxKqaXw2g3psEs1Cr4FyxQVpbV-AD85n-T0yrHDy7joryCGjcjZV3C5CWvz49yWyizDY2LpJAlW9eu6XdeYZpVKreikfij9uIxIBqg6Xien_RWIzcaVagTK-KUTT_LwED3Rol_-KQM/s1600/astecas_2.jpg" height="371" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Algumas sociedades na Ásia, nas Américas e na Austrália se caracterizavam pelo dualismo. Do um se produz o dois diz o sábio, esse é o mitema recorrente em quase toda a humanidade onde vários elementos se repetem, a cosmogênese do ente fundador e sua contraparte idêntica a partir da unidade suprema. Eles simbolizam a explicação mítica da divisão tribal para afirmação dos respectivos clãs As metades exogâmicas dos sistema tribal que se ligam por trocas, não só matrimoniais, mas também econômicas ou cerimoniais; descendência muitas vezes matrilinear e de intercruzamentos; posição relevante atribuída no mito de formação, a um casal de irmãos ou gêmeos; em muitos casos associados à divisão de poder entre dois chefes; com funções diferentes; classificação dos seres e das coisas em duplas contrapostas; jogos, corridas ou torneios, nos quais se exprimem ritualmente a relação entre os dois clãs exogâmicos em sua recriação sazonal do mito, interação que é ao mesmo tempo de rivalidade e de solidariedade segundo os estudiosos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>Os combates rituais entre dois grupos opostos da mesma tribo desempenham um papel importante nas festividades sazonais, quer se trate da repetição de um combate mítico ou simplesmente como o confronto de dois aspectos cosmogônicos ( inverno/verão; dia/noite; vida/morte), o seu significado profundo é idêntico; o confronto, as justas, os combates despertam, estimulam ou aumentam as forças criadoras da vida. Essa concepção bio-cosmológica ( de conotação antropofágica ) foi provavelmente elaborada no Neolítico e com o passar dos tempos foi sofrendo deformações e reinterpretações a partir da expansão da agricultura e mal pode ser reconhecida em certos tipos de dualismo religioso. Entre os paleo-cultivadores e os agricultores a encenação ritual da passagem de ano novo compreende o retorno dos mortos, e cerimônias análogas subsistem na Grécia clássica, entre os antigos germanos, na China, no Japão, etc. (Mircea Eliade)</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A existência de tais semelhanças nos mitemas evoluídos em áreas geográficas tão extensas são explicadas por alguns como a difusão a partir de um ponto comum da ideia primordial do dualismo, outros pesquisadores de tendência estruturalista, acreditam tratar-se de uma tendência humana inata em estabelecer os mesmos paradigmas em regiões tão distantes uma das outras. Essa disputa tornou-se crucial entre os estudiosos em relação a esse mitema especifico relacionado ao dualismo para tentar desvendar as origens da humanidade e sua expansão no planeta desde os primórdios dos tempos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Em seu livro "História Noturna", Carlo Ginzburg afirma:<i> "Mesmo se fosse possível demonstrar que as sociedades dualistas se difundiram a partir de um ponto preciso da Ásia Central (é um exemplo fictício), os motivos de sua distribuição e persistência permaneceriam inexplicados. Aqui, penetram as considerações de ordem estrutural, que concernem à existência potencial, e não atual, das sociedades dualistas. A fisionomia dicotômica dessas sociedades (foi dito) é o resultado da reciprocidade, de uma relação complementar que implica troca de mulheres, prestações econômicas, cerimônias funerárias ou de outro tipo. A troca, por sua vez, surge da formulação de uma série de oposições. E a capacidade de exprimir em forma de sistemas de oposição as relações biológicas é a característica específica daquilo que chamamos cultura."</i></b></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A saga dos gêmeos portanto expressa um sentido civilizatório, de novas descobertas e consolidação do grupo humano em determinado momento de sua formação, como explicação mítica de origem. Os antigos não tinham preocupação com precisão histórica mas com a manutenção de sua tradição que era transmitida oralmente por gerações. Para os personagens, que são um duplo eu, são colocados obstáculos que estão associados a rituais de iniciação para que eles adquiram ao final da jornada um objetivo mágico e a partir do atingimento do prêmio divino são ambos a chave do ordenamento do cosmo. Eles representam os pares de opostos, os antípodas que se irmanam para atingirem um objetivo comum. São o elo de comunicação entre o mundo dos vivos, os deuses e o mundo subterrâneo.</b><br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No capítulo 4-7 do Gênesis os dois irmãos, Caim, que "cultivava o solo", e Abel, "pastor de ovelhas", filhos de Adão e Eva, ofereceram sacrifícios de gratidão à Javé, o primeiro ofertou os produtos do solo e o segundo as primícias do seu rebanho. Javé acolheu as oferendas de Abel, mas não as de Caim, que enfurecido atirou-se sobre o irmão e o matou. Agora, sentenciou Javé, "és maldito e expulso do solo fértil... . Ainda que cultives o solo, ele não te dará mais seu produto; serás um fugitivo errante sobre a terra". Pode-se perceber nesse episódio a oposição entre lavradores e pastores e implicitamente a superioridade dos pastores nômades sobre os lavradores sedentários. A passagem bíblica expressa a visão idealizada da classe dominante composta por guerreiros pastores e a sua supremacia sobre os agricultores e habitantes das cidades dominadas. Javé, o senhor dos raios assimila também a denominação de El, deus solar.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A epopéia de Gilgamesh e seu amigo Enkidu é uma das obras literárias mais antigas conhecida. Invejado pelos deuses, ele realiza obras heroicas para gozar de fama imortal. A segunda parte da epopéia, após a morte de Enkidu, o herói solitário busca escapar da morte. A jornada em busca da vida eterna o leva ao Túnel do Sol, à Água da Morte e ao herói do Dilúvio, Utnapishtim. Para os mesopotâmios o mundo das profundezas era um lugar escuro, cheio de poeira e inóspito. Era o reino dos deuses Nergal e Ereshkigal, povoado por demônios e espíritos. Os sonhos eram considerados como realidade entre esses povos. Em um sonho Enkidu, o amigo e contraparte de Gilgamesh foi capturado por um terrível demônio e brutalmente levado para o submundo. Aterrorizado, o herói Gilgamesh se nega a ajudá-lo. Foi depois desse sonho que Enkidu perdeu as esperanças de se recuperar quando ficou doente e morreu. O destino dos mortos dependiam de sua conduta enquanto vivos. Depois de sua morte Enkidu apareceu para o amigo e relatou que quem não tivesse tido filhos, como resultado, passaria fome na vida após a morte. Quanto mais filhos uma pessoa tivesse, mais comida e bebida teria depois de morta. Essas crenças moldaram o comportamento das pessoas nesse processo civilizatório. Acreditavam também que os pequenos natimortos podiam usufruir a comida da mesa dos deuses e ganhavam doces.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O texto sumério "A Morte de Gilgamesh", que foi recentemente encontrado, conta o sonho onde o monarca foi chamado para uma reunião com os deuses. Lá descobriu que os deuses do céu tinham decretado sua morte, mesmo ele sendo filho de uma deusa. Mas Enki, o deus da sabedoria, explicou-lhe de que forma ele poderia manter boa posição e se tornar soberano no pós morte: construindo um palácio para seu sepultamento embaixo do rio Eufrates. Então Gilgamesh desviou a direção do rio, construiu sua fortificação e se mudou para lá com suas favoritas, concubinas, crianças, servos e muitos tesouros para dar aos deuses do submundo. Depois disso o rio voltou para seu curso normal. Surpreendemente a escavação de um cemitério em Ur, datado do séc. 25 a.C. revelou o que pode ser considerado um achado único: uma familia real inteira, incluindo carros, animais e tesouros de ouro e lápis lazúli enterrados com seu soberano.</b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um mito proto-indo-europeu em torno de um cruzamento entre uma mulher de linhagem nobre e um cavalo a fim de produzir gêmeos divinos foi coletado por Jaan Puhvel seguindo um caminho arqueológico e linguístico como base aos mitos que influenciaram os povos gregos, germânicos e índicos. Para corroborar sua tese, refere-se a uma cerimônia índica do cavalo que envolve a embriaguez sagrada e à palavra que define essa cerimônia,<i> asvamedha,</i> retrospectivamente ligada a um termo proto-indo-europeu que significa "bêbado como um cavalo", e prospectivamente associada a várias palavras indo-europeias que têm clara relação com o termo inglês <i>mead (bebida alcoólica elaborada com mel fermentado e água, a qual se acrescentam temperos, frutas e malte). </i>Recorrente e crucial é o sacrifício do cavalo, como substituto, ou de um dos gêmeos no mitema, cujo corpo se transforma no mundo ou é distribuído em três divindades.</b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Segundo os estudiosos, o sacrifício, que é a fonte da própria criação, constitui um tema primordial da mitologia indo-europeia desde o vedismo até o cristianismo. Um exemplo semelhante do gêmeo sacrificado como matéria para a criação ocorre no mito védico do primeiro homem, Manu, que no ritual sagrado do sacrifício transforma-se no primeiro sacerdote (brâmane), e de seu gêmeo sacrificado, Yama, que, como essência do próprio mundo, transforma-se no primeiro rei sagrado. A origem de cada casta de seres é indicada pela parte do corpo do gêmeo da qual ela proveem:</b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i>"O sacerdote era sua boca, o guerreiro foi feito dos seus braços; suas coxas eram os plebeus, e o servo nascia de seus pés." (Rig Veda)</i></b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><i><br /></i></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A ideia do dilaceramento do herói, o duplo, se relaciona com a questão da morte e da vida após a morte. No pensamento proto-indo-europeu é bem possível que a morte de um individuo fosse reflexo de um sacrifício maior primordial, que tinha sido a base da criação. Portanto, retornamos à terra e ao submundo, para só depois assumir uma vida nova em algum sentido. Esse é o mitema recorrente do dilaceramento do herói, do roubo de gado e do rapto de mulheres. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os Dióscuros, como eram chamados Castor e Pólux, são heróis semidivinos de Esparta que eram adorados pelos gregos. Segundo a mitologia, frutos da união de Zeus e Leda são heróis dórios por excelência, isto é, fazem parte do panteão introduzido pelos invasores da península grega vindos da Ásia que derrotaram os micênios. Suas aventuras estão associadas aos raptos de mulheres, roubos de gado, lutas com contraparentes e atos de vingança e saques contra os inimigos. Castor foi morto por Idas, seu primo, por causa de uma desavença na partilha de um butim de reses roubadas numa versão ou na tentativa de raptar as noivas dos primos em outra, enquanto Pólux matava Linceu. Zeus matou Idas fulminando-o com um raio e levou Pólux para a morada dos deuses. Mas Pólux não aceitou a imortalidade caso o irmão permanecesse no Hades. Assim Zeus permitiu que ficasse um dia entre os deuses e um dia nas profundezas do Hades junto ao irmão para sempre. Outra tradição os coloca na constelação de gêmeos. Conta o mito que, na expedição dos Argonautas, Zeus demonstrou a predileção pelos gêmeos durante uma tempestade no Mar da Cólquida. Enquanto Orfeu implorava a clemência dos deuses, uma chama desceu do céu e deixou a cabeça de ambos numinosa. É a origem da crença no fogo de Santelmo que anuncia aos marinheiros o fim das tempestades Venerados em toda a Grécia, os Dioscuros são divindades protetoras dos navegantes e da hospitalidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mas é no mito de Prometeu e Epimeteu que vamos encontrar todos os elementos da origem do homem e da criação do mundo. Prometeu, cujo o nome significa premeditação desempenhou um papel importante no imaginário dos povos gregos. Eles o viam como criador e aquele que promove a cultura. A ele e a seu irmão Epimeteu também foi confiada a criação de todos os animais. Os gregos todos os anos comemoravam a principal dádiva, o fogo, com uma corrida de tochas, que começava na Academia de Platão. Além do fogo ele deu à humanidade as artes mecânicas, a ciência e a sabedoria. Na obra Protágoras de Platão, o mundo foi povoado por deuses, que criaram os mortais a partir de elementos da natureza. Prometeu e seu irmão gêmeo Epimeteu foram incumbidos de dar características e meios de sobrevivência aos animais. Epimeteu os abasteceu com garras, patas e similares. Mas, quando chegou a hora de criar seres humanos, os irmãos viram que já tinham dado aos animais tudo o que ajudaria os humanos a sobreviver. Então Prometeu modelou as pessoas a partir da argila molhada com lágrimas, para simbolizar as dificuldades que elas iam enfrentar. Deucalião, filho de Prometeu e sua mulher Pirra, filha de Epimeteu, quando Zeus resolveu destruir os homens da Idade do Bronze por suas iniquidades e vícios com um grande dilúvio, sobreviveram em uma arca construída por conselho do pai e refizeram a humanidade a partir dos ossos da mãe Terra, atirando pedras por sobre o ombro que se transformaram em homens e mulheres. Por sua ousadia em roubar o fogo dos deuses Prometeu foi condenado por Zeus a ser aguilhoado ao Cáucaso e ter suas vísceras devoradas por uma ave de rapina por toda a eternidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Entre os romanos, em seu mito particular da formação da urbe encontramos as personagens Rômulo e Remo, os dois irmãos gêmeos que fundaram a cidade estado. Conta o mito que, quando Numitor, rei de Alba Longa, uma poderosa cidade do Lácio, foi destituído pelo irmão Amúlio, sua filha Reia Silvia acabou forçada a se tornar uma virgem vestal, protetora do fogo sagrado. A sacerdotisa era interdita ao casamento e à concepção com a ameaça de pena de morte, assim foi ela impedida para sempre de conceber herdeiros para o trono. No entanto, raptada por Marte, o deus da guerra, deu à luz aos dois gêmeos Rômulo e Remo. Amúlio aprisionou Reia Silvia e abandonou os gêmeos às margens do Tibre. As crianças, porém, foram amamentadas por uma loba, que as encontrou, até que um pastor chamado Faústulo os encontrou e criou os gêmeos próximo do monte Palatino. Quando descobriram suas origens reais os irmãos auxiliaram Numitor a recuperar o trono. Em troca o rei permitiu que fundassem uma cidade às margens do Tibre, no lugar onde tinham sido salvos pela loba. Depois de assassinar Remo, para firmar o principio da inviolabilidade de seu território e do seu poder, Rômulo governou a cidade e aumentou a população ao oferecer asilo aos exilados e malfeitores e sequestrar mulheres das populações vizinhas. Rômulo, o rei sagrado de Roma acabou divinizado, sendo um personagem arquetípico, já que Marte era seu pai e Júpiter seu protetor e quando deixou o mundo num trovão, da mesma forma que o herói tupinambá Monan, foi identificado com Quirino, divindade da tríade protetora de Roma. O fato de acreditar-se serem os irmãos filhos de Marte consagrou o aspecto sagrado da cidade estado, que iria governar todo o mundo antigo. Remo precisou ser sacrificado para legitimar o ato de criação da cidade sagrada semelhante ao primeiro homem no mitema de Manu e Yama como sugere Jaan Puhvel. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na mitologia nórdica também se destacam os combates entre as deidades divididas em duas familias, os Aesir e os Vanir. O conflito entre os dois clãs era descrito como "a primeira guerra do mundo". Paradoxalmente enquanto os pacíficos Vanir estavam sob vantagem, os agressivos Aesir sofriam uma derrota depois da outra. Como resultado de sua vulnerabilidade crescente, os Aesir acabaram concordando em estabelecer um armistício e garantir aos Vanir a igualdade de status. A trégua era instável e ambos os lados permaneciam em constante estado de desconfiança. A ideia de batalhas intermináveis e da eterna vingança permeava essa cultura como muitas outras em todo o mundo. Há uma preocupação evidente com a dualidade entre a vida na terra e a morte com possibilidade de ressurreição. Freia era a deusa da batalha, da fertilidade e do amor. Seu irmão gêmeo Frei era o deus solar, da bonança e da primavera. Era o deus da paz sendo interdito a entrada de armas em seu culto. Eram-lhe sacrificados animais e, muitas vezes, seres humanos. Freia e seu irmão gêmeo Frei pertenciam à antiga dinastia Vanir, o grupo de deuses nórdicos que precedeu os Aesir. Hel, era deusa da morte. As duas tinham como função receber a alma dos mortos. Associada tanto à guerra quanto ao amor, Freia dividia com Odin as almas dos guerreiros mortos em batalha e levava-os para Asgard. Filha de Loki, deus Aesir, Hel se encarregava das almas daqueles que morriam de morte natural e levava-os para seu castelo no submundo. Diferente da versão cristã do inferno, Hel era o mundo frio das sombras para onde iam as almas dos velhos e doentes, bem abaixo de Yggdrasil, a árvore do mundo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Conta o mito nórdico que durante três longos anos, o inverno foi rigoroso. a terra mergulhou na escuridão e a humanidade se consumia em guerras. A terra começou a tremer, as árvores foram arrancadas e as montanhas foram abaixo. A serpente de Midgard nadou até a terra, levando com ela ondas gigantescas. Ao quebrar as correntes em que estavam aprisionados, Loki e seu filho o Lobo Fenrir juntaram-se aos gigantes que também se libertaram, o chamado para a guerra logo se espalhou pelos nove mundos. Os deuses se prepararam para a batalha, tal como as almas dos guerreiros que lutavam pelos Aesir. Ao fim da guerra entre os deuses e gigantes, havia muitos mortos e o Universo estava destruído. Então um novo mundo surgiu das chamas. Dois sobreviventes, Lif e Lifthrasir, que tinham se escondido nos galhos de Yggdrasil, deram continuidade à espécie humana. </b></span></i><i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>( Ragnarok - A batalha final ) </b></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>É muito comum uma figura de palhaço diz Joseph Campbell em sua obra "O Herói das Mil Faces", personagem que se mantém em continua oposição ao bem intencionado criador, nos mitos e contos folclóricos, sendo essa figura responsável pelos males e dificuldades da existência deste lado do véu. Os Melanésios na Nova Bretanha contam sobre um ser obscuro, "o primeiro a existir", que desenhou duas figuras masculinas na terra, furou a própria pele e espargiu os desenhos com seu próprio sangue. Tomou de duas grandes folhas e cobriu as figuras, tendo essas se tornado, pouco depois, dois homens. Seus nomes eram To Kabinana e To Karvuvu.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>To Kabinana saiu sozinho, trepou num coqueiro que exibia pequenos cocos amarelos, tirou dois deles, ainda verdes, e os atirou ao solo; os cocos se quebraram e se tornaram duas belas mulheres. To Karvuvu admirou as mulheres e perguntou ao irmão como as havia feito surgir. "Suba num coqueiro", disse To Kabinana, "pegue dois cocos verdes e os atire ao chão" Mas To Karvuvu atirou os cocos com a ponta para baixo e as mulheres que deles saíram tinham narizes feios.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um dia To Kabinana entalhou um atum na madeira e o fez nadar no oceano, para que ele se tornasse um peixe vivo dali por diante. Esse atum trouxe os malivarãs para a beira do mar e To Kabinana simplesmente os pegou na praia. To Karvuvu admirou o atum e quis fazer um; quando lhe foi ensinado, ele fez, em vez de um atum, um tubarão. Esse tubarão comeu os malivarãs em vez de levá-los para a praia. To Karvuvu, choroso, dirigiu-se ao irmão e disse: "eu não queria ter feito esse peixe; a unica coisa que ele faz é comer todos os outros". "Que tipo de peixe ele é?", perguntou-lhe o irmão. "Bem", respondeu ele, " fiz um tubarão." O irmão replicou: "Você é decididamente um fracassado." "Agora, graças a você, nossos descendentes mortais sofrerão. Esse peixe que você fez vai comer todos os outros, assim como as pessoas."</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>É interessante notar a semelhança de elementos do conteúdo desse mitema melanésio com um mito dos povos amazônicos em relação aos seus pais criadores, por semelhança, um par de gêmeos. Betty Mindlin registrou em sua obra: "Vozes da Origem", junto aos contadores de estórias Suruí suas narrativas sobre a criação do mundo:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Antigamente, as castanheiras eram arbustos, da altura de um homem. Um dia, os dois irmãos, Palop (Nosso Pai) e Palop Leregu (Nosso Pai Vestido) foram passear."Vamos apanhar castanhas", sugeriu Palop e Palop Leregu subiu numa castanheira. Palop recomendou: "Não olhe para mim, irmão! E enquanto Leregu colhia os ouriços, Palop fez a castanheira ir crescendo, crescendo, até ter a altura que tem hoje. Foi assim que Palop fez as àrvores ficarem altas, para as pessoas caírem. "Não olhe para baixo", avisou Palop. </b></span><b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Palop Leregu olhou para baixo e começou a tremer e a chorar de medo: "Por quê você me foi fazer isso irmão?" "Espere aí, não se assuste que vou dar um jeito!" - sossegou-o Palop. "Pode pular, que você vai cair voando como uma folha seca leve, por quê vou transformar você na taturana<i> lokobeti.</i> Você não vai cair com muita força, não." "Olha lá...lá vou eu...Não vai deixar eu me arrebentar com o tombo!" - implorava Leregu. Ele caiu, desmaiou, morreu. Palop pegou uma castanha e quebrou na cabeça dele. Ele acordou chorando. Desde então as pessoas caem sempre, por quê Palop as fez caírem nessa primeira vez. "Por quê você foi inventar isso. Agora nossos filhos sempre vão cair e se machucar!"- reclamou Leregu. "Não se incomode, mais tarde eu os livro dessa invenção."</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>"Estou com sede!"- pediu Leregu. "Vai na lagoa ali adiante!"- ensinou Palop, e atirou uma pedra na água para Leregu achar o caminho. Quando Leregu se abaixou para beber, a traíra,<i> Mamboti,</i> o engoliu. "Onde está meu irmão"- gritava Palop, aflito. "Irmão!"-chamava-o na beira da água, até ouvir uma vozinha responder, de dentro da barriga da traíra. "Ei, irmão! Estou aqui!" Palop pegou uma varinha e fez secar a lagoa, trazendo o verão, que acaba todas as águas. Cortou, então, a traíra, e libertou o irmão que saiu todo amassado, nem parecia gente. Foi assim que Palop fez os peixes grandes e jacarés nos engolirem, desde esse dia. "Por quê você fez assim comigo? Agora nossos filhos também vão ser engolidos pelos peixes!"- reclamou Leregu. "Sossegue, mais adiante eu acabo com essa invenção!"- prometeu Palop. "E agora, o que mais vamos inventar?"</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No que parece uma tolice é possível observar uma explicação válida da dualidade da criação entre "bem" e "mal" A história não é tão inocente quanto parece e esconde o antagonismo latente entre os dois personagens. Para os Suruí, Palop foi o criador de todos os animais que coexistem em seu universo particular de caçadores para os seus descendentes poderem caçá-los e foi ele, como foi Prometeu, que atribuiu suas qualidades e estabeleceu as dificuldades particulares de cada espécie, para desespero do irmão, sempre com a promessa que um dia acabaria com a invenção, o atributo complicador criado para cada espécie que exigiria no futuro a perícia dos descendentes.</b></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>"O Universo não atua completamente como se estivesse submetido a supervisão e controle pessoais eficientes. Quando ouço alguns hinos, sermões e orações que consideram como garantido ou asseveram, numa demonstração de ingênua simplicidade, que este vasto e implacável cosmo, com todos os monstruosos acidentes que envolve, é uma jornada perfeitamente planejada e pessoalmente conduzida, lembro-me de uma hipótese mais razoável de uma tribo do leste da África. 'Eles dizem', relata um observador, 'que embora seja bom e deseje o bem para todos, Deus infelizmente conta com um irmão semidotado que sempre interfere naquilo que ele faz.' Isso certamente traz alguma semelhança com os fatos. O irmão semidotado de Deus pode explicar algumas das maléficas e insanas tragédias que a ideia de um indivíduo onipotente, dotado de uma bondade ilimitada em relação a todas as almas, com toda a certeza não explica." ( Harry Emerson Fosdick. As I see religion, Nova York, Ed. Harper and Brothers, 1932, pp 53-54 - ref: Joseph Campbell, o Herói de Mil Faces) </i> </b></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nas Américas o mito dos gêmeos ressurge entre os nativos da América do Norte e está presente entre os maias em sua obra o </span><i style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Popol Vuh</i><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">, o registro sobrevivente da mitologia da mesoamérica, ao mesmo tempo histórico e religioso que apresenta uma série de narrativas épicas sobre os deuses e conta como o mundo foi criado. Hunahpu e Xbalanque eram irmãos gêmeos divinos, filhos de Hun Hunahpu, um renomado jogador de pela que foi morto pelos 12 senhores de Xibalba, o mundo subterrâneo dos mortos. Depois de realizar várias façanhas e escapar de armadilhas e vencer todos os jogos de pela rituais, os gêmeos derrotaram os senhores do submundo, vingando o pai e destruindo Xibalba. O nome de Hunahpu significa "aquele que usa a zarabatana", em referência a sua infância, quando caçava pássaros. As manchas pretas na pele são os atributos cadavéricos que identificam sua morte durante a luta com os senhores de Xibalba e depois sua ressuscitação mágica provocada pelo irmão, O nome de Xbalanque significa "sol jaguar" ou "sol oculto" e seus desenhos na pele se distinguiam pelas marcas do jaguar. Os gêmeos eram também associados a dois caules de milho em função da associação ritual ao seu mito agrário particular. Como em outros mitos suas descendências divinas são questionadas pelos meio-irmãos mais velhos, o Macaco que Uivava e o Artesão, tinham medo que as crianças roubassem toda a atenção dos progenitores e tentaram matá-las ainda pequenas jogando-as em um formigueiro sobre um arbusto espinhoso, mas os gêmeos sobreviveram.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O jogo de pela, uma maciça bola de borracha, era a recriação, o eterno retorno, do mito dos gêmeos divinos e tinha papel central nas cerimonias maia. Praticados em todas as cidades, os jogos eram assistidos pelo povo e a nobreza sendo expressão de um ritual antropofágico de morte. Os jogadores dos dois times eram prisioneiros de guerra e disputavam a própria vida. Quem perdesse era sacrificado. O jogo consistia em passar uma bola através de um anel de pedra fincado na parede. Os jogadores deveriam fazer isso sem tocar a bola com as pernas e os braços, só podiam usar o peito, os ombros e o quadril e como a altura da meta era razoável o torneio se tornava extremamente difícil.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Entre os Aztecas no principio havia Ometecuhtli, "Senhor da Dualidade", autocriado, que também se apresentava em seus aspectos masculino e feminino como Ometeotl e Omecihuatl. Os filhos desse casal cósmico formam os quatro deuses do panteão solar, que representavam os quatro pontos cardeais e vieram a exercer seus poderes na crença antropofágica e sanguinária dos povos daquele império. Um dos principais princípios Aztecas era Teotl, traduzido como "Unicidade na Dualidade" - a energia em movimento sempre fluindo e sempre em mudança. Coatlicue representava a parte ctônica do Teotl na qual a terra, que a deusa governava, tanto dava origem à vida quanto abrigava os mortos. A vida e a morte estavam juntas na unicidade. Coatlicue personifica Teotl ao morrer decapitada por Coyolxauhqui, sua filha, a deusa lunar enciumada pela gravidez da mãe. A deusa nutriz ao morrer deu à luz Huitzilopochtli, deus do sol, provedor da vida. Sua jornada celeste diária significa sua luta contra seus inimigos do firmamento e por isso necessitava o auxilio de guerreiros mortos em batalha ou sacrificados para sustentar o globo solar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na América do Sul vamos encontrar a mesma temática entre várias nações nativas, cujos elementos estão espalhados por todo o continente. Entre os Bororo em seus mitos de origem uma moça casa-se com o jaguar. Ela morre, do seu corpo tiram-se gêmeos, Bacororo e Itubori, que se mostram, mais tarde, após várias proezas, como os heróis civilizadores e os antepassados da tribo. Depois de vencerem o<i> Aroe Ceba, </i>que era a encarnação do espírito mau que mata e devora os Bororos, deram leis ao seu povo e aos animais, tiveram poder sobre todas as coisas, foram os príncipes deles e dos seus descendentes e o serão para todo o sempre.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Entre os Carajás os dois irmãos ( Aloboderi e seu irmão ) casam-se com as filhas do sol, sendo obrigados pelo sogro a expor-se a três provas, tem importância o mito, por sua frequência entre diferentes grupos, na mitologia comparada. É uma das versões do mito espalhado pela América, que na literatura se tornou conhecido como "A Visita no Céu", e semelhante ao mito antigo japonês de Okuninushi e Susano. Estudando a versão dos araucanos que povoaram toda a América do Sul, o tema do velho mau que impõe aos heróis as três provas tem correlação com análogos eurasiáticos, por intermédio das versões da região da costa pacífica da América do Norte. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>E por fim vamos encontrar no mito de criação dos Tupinambás relatado por Thevet o conceito arquetípico que orientou esses e outros mitos comuns não só entre os ameríndios mas entre os povos que segundo os difusionistas migraram até o sul do continente americano através do estreito de Bhering vindos do continente asiático há 20.000 anos atrás aproximadamente. Alguns pesquisadores acreditam na penetração de povos oriundos do Pacifico nesse processo de migração e dados de DNA estão sendo coletados e confrontados para verificar essa nova hipótese migratória polinésica.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O povo Tupinambá ocupava toda extensão da costa oriental do continente sul americano, desde a embocadura do rio Amazonas à foz do Prata por volta do séc. XVI. Esse aborígenes cuja cultura e linguagem apresentam uma profunda unidade, estavam divididos em numerosas nações, que se combatiam em uma eterna disputa por zonas de caça e vingança. Apesar de sua total extinção, por terem se localizado nas zonas litorâneas, de sua cultura existem inúmeros registros que sobreviveram até hoje. Viajantes e missionários tiveram contato direto com seus costumes e deixaram relatos bem documentados. As melhores fontes de informação, no que diz respeito as idéias religiosas dos Tupinambás, com certeza se devem a Thevet. Entre 1550 e 1554 fez duas viagens ao Brasil. Em seus escritos revela os detalhes da Cosmogonia Tupinambá.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A mitologia tupinambá da forma como foi transmitida por Thevet descreve uma linhagem de heróis civilizadores. Diferente da visão judaico cristã seu deus criador foi responsável pela criação do homem, e as demais criações da natureza foram surgindo conforme a intervenção de cada herói fundador. Como os antigos semideuses eurasianos seu deus não detinha a imortalidade. Monan, que pode significar "Pai Grande" ou "Avô", foi responsável também pela destruição da primeira leva humana, em virtude de suas faltas morais, de cuja natureza se ignora. Depois repovoou o mundo, mas modificando seu aspecto, por meio de um dilúvio de fogo e um dilúvio de água.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A dualidade Maire-Monan reforça a ideia de ambivalência do deus. Maire segundo Thevet significa "transformador", a entidade que criou e deu ordem, conforme seu bel-prazer, a todas as coisas, criando e convertendo as coisas em diversas formas, de peixes e pássaros, conforme a região, e metamorfoseando homens em animais conforme as faltas que cometiam ou por seu próprio capricho. Supõem os estudiosos que Monan e Maire-Monan são uma só entidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Segundo o mito tupinambá Maire-Monan é descendente de Irin Magé, o primeiro homem salvo do dilúvio por Monan. Thevet supõe que Maire-Monan era um familiar de Monan, já que possuía os mesmos atributos da divindade. Os tupinambás representavam Maire-Monan como um exímio feiticeiro, vivendo num retiro, em jejum e rodeado de adeptos. Era dotado de poderes ilimitados, mas também senhor da ciência completa dos fenômenos naturais e dos significados do ritos religiosos. Foi ele que estabeleceu as práticas sagradas ou mágicas que os Tupinambás observavam escrupulosamente até a chegada do europeu. Dele acreditavam ter aprendido o costume da tonsura, da epilação e do achatamento do nariz dos recém nascidos que os diferia dos outros povos autóctones. Segundo Thevet, o deus fora quem ensinara os interditos alimentares ao desaconselhar a comer carne dos animais pesados ou lentos e incentivar o consumo dos animais ligeiros que por analogia tornam os homens mais agéis.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Maire-Monan, como herói civilizador, foi o introdutor da agricultura entre os antepassados dos Tupinambás, sendo responsável por toda a base vegetal alimentar daquele povo. Sobrevindo um período de extrema fome entre a humanidade, tomado de piedade, transformou-se numa criança, que ao ser surrada provocava ao seu redor chuvas copiosas que molhavam as roças dos índios e ensinou-lhes os usos das plantas medicinais, a precaução com as venenosas e o plantio e cultivo da mandioca, seu principal alimento. </b></span><b style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O sistema organizacional da sociedade Tupinambá e a maneira de distribuir poderes e atribuições aos indivíduos também era creditado como invenção da divindade.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A vida de Maire-Monan foi cheia de peripécias de toda a ordem e por fim seus inimigos adquiridos dessas aventuras decidiram dar-lhe fim. Foi ele convidado para um festa traiçoeira e foi desafiado a saltar por sobre três fogueiras. Após ter sido bem sucedido na primeira prova, o deus evaporou-se ao pular a segunda e foi assim consumido pelas chamas. Sua cabeça, explodindo, produziu o trovão, enquanto as chamas do fogaréu se transformavam em raios. Imediatamente depois, Maire-Monan subiu ao céu e virou estrela, juntamente com dois de seus companheiros.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Dos mitos e lendas dos Tupinambás surgiram os sincretismos naturais da transmissão oral associando as aventuras do deus a três outros personagens, desdobramentos da mesma pessoa. Pelo menos isso se dá com Sumé, "o grande pajé Caraíba" assim designado por ser o pai dos dois irmãos Aricoute e Tamanduara, os provocadores do dilúvio. Existe uma relação direta entre o dilúvio criado de uma querela entre os dois irmãos e a morte de Maire-Monan que são estruturas de um mesmo mito, já que Sumé possui as mesmas características e poderes do deus. Thevet para dar coerência ao texto prefere estabelecer um parentesco entre os dois, fazendo de um descendente do primeiro. Maire-Atá, outra das manifestações do deus, é o pai dos dois gêmeos míticos e que depois de os formar, ele abandonou a esposa e retirou-se a uma taba próxima de Cabo Frio, onde era reconhecido como feiticeiro poderoso e junto aos seus demônios familiares tornou-se hábil em predizer o futuro. Logo que seus dois filhos, após várias vicissitudes, conseguiram contato com ele, o pai impôs-lhes diversas provas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Maire-Puxi é mais uma das manifestações do deus civilizador na mitologia Tupinambá. Puxi significa "feio", o que na linguagem conceitual indígena quer dizer "mau". Podemos imaginar nessa expressão a ideia de dualidade, um fragmento de dupla personalidade, sendo o atributo de maldade um dos aspectos da alma dúplice, o culto dos gêmeos está ligado a esse tema. É crença comum entre os povos que partos dúplices são consequência de infidelidade conjugal. O neto de Maire-Puxi, de nome Maire-Atá, casa com uma nativa das terras dos tupinambás, e tendo sido violada, concebe novamente, embora já grávida. Os gêmeos passam pelas mais atribuladas provas, nas quais o filho bastardo sempre sucumbe, só conseguindo voltar a vida graças às faculdades mágicas do irmão, em dependência direta um do outro. O que ocorre com um acontece com o outro também.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Segundo Thevet Sumé (Maire-Atá) teve seus dois filhos, um de nome Tamanduara e outro de nome Aricoute. O primeiro era um bom chefe de familia, que viva entregue aos seus labores agrários; o segundo entendido em assuntos de guerra, só aspirava a dominação dos companheiros e do irmão. A importância desses personagens é quase tão grande quando ao do pai, o herói civilizador, a função dele é concluir a obra da criação e de vir em auxilio da humanidade. Aricoute desprezava o irmão. Guerreiro intrépido e belicoso considerava o irmão um covarde. Para humilhá-lo lançou o braço que o irmão havia trazido de presa de batalha contra a choça de Tamanduara e com seu ato provocou imediatamente a ascensão ao céu de toda a aldeia. Logo Tamanduara bateu o pé na terra, fazendo jorrar imenso caudal de água, que não tardou de cobrir todo o mundo conhecido. Os dois irmãos acompanhados de suas mulheres salvaram-se trepados às árvores e depois repovoaram o mundo. Tamaduara subiu na Pindua (Palmeira) e Aricoute subiu no Jenipar. Pretendem os tupinambás descender de Tamanduara e os timininós de Aricoute.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Entre os Chipaias existe uma variante do mito da criação, possivelmente influenciada por agentes externos provenientes da região andina, que se identificam com o imaginário daquelas culturas e recorre ao culto do deus civilizador. KumáPari, filho do deus de mesmo nome, cria os homens, dá-lhes o fogo e depois retira-se para um lugar intermédio entre a terra e o céu, onde vive, cercado dos familiares e dos curandeiros de sua convivência. Seu aspecto é o do jaguar, e conserva bem acentuado seus hábitos antropofágicos. Os Chipaias, em sua condição natural, rendem-lhe culto, consagrando-lhe mulheres, erguendo-lhe ícones de estatuária e ofertando-lhe carne humana.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>As variantes sobre o mesmo tema são encontradas entre todos os povos da América do Sul em relação ao culto à Monan-Maira. Os nomes são diversos, mas as semelhanças são inquestionáveis. É surpreendente pensar que nações distintas e tão distantes umas das outras possuam tal intersecção cultural que remonta pelo menos há 10.000 anos. </b></span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableGrid" style="border-collapse: collapse; border: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-yfti-tbllook: 1184;">
<tbody>
<tr style="height: 13.05pt; mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0;">
<td style="border: solid windowtext 1.0pt; height: 13.05pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;">PERSONAGEM<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-left: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 13.05pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;">MITEMA <o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-left: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 13.05pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;">CIVILIZAÇÃO<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 13.05pt; mso-yfti-irow: 1;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 13.05pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>PROMETEU / EPIMETEU</b><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 13.05pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>FOGO / DILÚVIO / FUNDAÇÃO<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 13.05pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>GREGOS - ARIANOS<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 14.55pt; mso-yfti-irow: 2;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>GILGAMESH / ENKIDU<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>DILÚVIO / RITOS DE MORTE<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>SUMERIOS - SEMITAS<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 14.55pt; mso-yfti-irow: 3;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>CASTOR E PÓLUX<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>RITOS DE MORTE<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>GREGOS - ARIANOS<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 14.55pt; mso-yfti-irow: 4;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>ROMULO /REMO<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>FUNDAÇÃO / RITOS DE MORTE<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>ROMANOS - ARIANOS<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 14.55pt; mso-yfti-irow: 5;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>FREIA E FREI<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>RITOS DE MORTE <o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>NÓRDICOS - ARIANOS<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 14.55pt; mso-yfti-irow: 6;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>LIFT E LIFTHRASIR<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>FUNDAÇÃO <o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>NÓRDICOS – ARIANOS<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 14.55pt; mso-yfti-irow: 7;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>TO KABINANA / TO KARVUVU<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>FUNDAÇÃO / RITOS DE MORTE<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>MELANÉSIOS<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 14.55pt; mso-yfti-irow: 8;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>PALOP / PALOP LEGERU<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>FUNDAÇÃO /RITOS DE MORTE<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>SURUI - AMERINDIOS<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 14.55pt; mso-yfti-irow: 9;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b><span style="font-size: 13.5pt;">Hunahpu / Xbalanque</span><o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>FUNDAÇÃO /RITOS DE MORTE<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>MAIAS - AMERINDIOS<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 14.55pt; mso-yfti-irow: 10;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><span style="color: #660000;"><b>Ometeotl e Omecihuatl<o:p></o:p></b></span></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>FUNDAÇÃO /RITOS DE MORTE<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>MEJICAS - AMERINDIOS<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 14.55pt; mso-yfti-irow: 11;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b><span style="font-size: 13.5pt;"> Bacororo e Itubori,</span><o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>FUNDAÇÃO /RITOS DE MORTE<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>BOROROS - AMERINDIOS<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 14.55pt; mso-yfti-irow: 12; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b><span style="font-size: 13.5pt;">Aricoute e Tamanduara</span><o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.5pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>FUNDAÇÃO /RITOS DE MORTE/ DILÚVIO<o:p></o:p></b></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.55pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 141.55pt;" valign="top" width="189"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #660000;"><b>TUPINAMBÁS -AMERINDIOS</b></span><o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os papéis são sempre os mesmos. São eles seres semidivinos, raptores de mulheres, ladrões do fogo que fundaram suas comunidades, heróis que habitam o submundo e renascem ou ressuscitam, são os sobreviventes do dilúvio universal, talvez o testemunho de experiências primevas reais transmitidas através da tradição oral por gerações pelos contadores de histórias das tribos, que habitavam os grandes espaços surgidos depois da última Idade do Gelo. São relatos coerentes dentro do imaginário desses povos de caçadores coletores e seus descendentes que, alguns deles, criaram civilizações sofisticadas e estilizaram tais heróis por desconhecerem as origens e a antiguidade dos próprios mitos. Eles são transgressores, iludem os deuses, e lutam em favor da humanidade. São os guerreiros primordiais, os vingadores, que executam proezas e sua dualidade expressa o atrito entre o par de opostos, a disputa eterna entre o chacal e o leão, o coiote e o lobo, o puma e o tamanduá, as versões totêmicas que por analogia de atributos disputam a esperteza versus a força. Um dos gêmeos é o "Bem Amado", ele representa o outro, a outra metade que deve se sacrificar pela tribo, a vitima do festim antropofágico que sucumbe na festa traiçoeira, cuja semelhança, nada mais nada menos é a faceta, o lado humano da dupla que vai habitar o submundo, enquanto o outro é a parcela divina que ascende, a chama eterna que ilumina o caminho da humanidade nessa jornada pelas trilhas de um mundo assustador e cheio de desafios para uma humanidade ainda incipiente e a mercê dos cataclismos da mãe natureza.</b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O Ragnarok, quando Odin e seus guerreiros, os heróis caídos do Valhala que tinham morrido na terra de armas na mão e que lutavam uma batalha interminável para de noite ressuscitar e participar do banquete nos salões do Valhala e que vão ser todos derrotados conforme as crenças dos nórdicos também possuem referências entre os ameríndios. Em vez de um lobo, um Jaguar Celeste Azul vai devorar o mundo. Pode ser que o mito em questão esteja relacionado apenas ao fim de um ciclo celeste e o começo de outro, uma ressurreição. Para os ameríndios e outros povos guerreiros só os mortos em batalha e as vítimas dos banquetes da antropofagia ritual tinham direito ao céu. As tribos tupis eram messiânicas à sua moda. Seu benfeitor, Maire, como o Cristo, era ao mesmo tempo a vitima de um sacrifício ritual. Os seus mitos os acusavam de ingratidão por ter matado seu benfeitor. Eles passavam a vida emulando os atos dos perseguidores de Maire, ao mesmo tempo em que pretendiam agir à sua imagem. Em suas disputas por vingança com os inimigos tradicionais muitas vezes tinham que sofrer a sorte que destinavam aos outros, mas então era quando acreditavam ascender para uma glória eterna e imperecível, a morte do guerreiro.</b></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO7eGNYrAtbm20eo3syL85Gi3Q7in80INsBvc9s-dpY8z26EXWN9i86XvE92fr9VOPrRS5WgV-WnWWQoe0FFMqE_sb8UvA6RojYln3ye6RpM69g_pbRMZarLvB0Ws9MBTjMROnDKDKWPU/s1600/gemeos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO7eGNYrAtbm20eo3syL85Gi3Q7in80INsBvc9s-dpY8z26EXWN9i86XvE92fr9VOPrRS5WgV-WnWWQoe0FFMqE_sb8UvA6RojYln3ye6RpM69g_pbRMZarLvB0Ws9MBTjMROnDKDKWPU/s1600/gemeos.jpg" height="400" width="208" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> </b></span></div>
</div>
<br /></div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-13658713085974703782013-02-21T18:45:00.001-08:002020-05-31T16:09:55.459-07:00Odisséia Antropofágica - A Palavra Final<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">"Os fracos são refeição para os fortes"</span></i><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><i>"O Kalevala, registro dos mitos sagrados finlandeses, relata como o velho Vainamoinen se feriu gravemente quando construía um barco. Ele se pôs então a tecer encantamentos à maneira de todos os curandeiros mágicos. Cantou o nascimento da causa de seu ferimento, mas não conseguia lembrar as palavras que contavam o começo do ferro, justamente as palavras que poderiam sanar o talho aberto pela lâmina de aço azul". </i><i>Finalmente depois de recorrer ao conhecimento de outros magos, Vainamoinen exclamou: Agora recordo a origem do ferro! e começou a seguinte narrativa: A Água é o mais idoso dos irmãos, o Fogo é o segundo e o Ferro é o mais jovem dos três. Ukko, o grande Criador, separou a Terra e a Água e fez aparecer o sol nas regiões marinhas, mas o ferro ainda não havia nascido, Esfregou então suas palmas sobre o joelho esquerdo. Assim nasceram as três fadas que se tornaram as mães do ferro". (Mircea Eliade - Mito e Realidade)</i></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><i><br /></i>
<i>"As árvores do Senhor estão cheias de seiva: os cedros do Líbano que Ele plantou" (Salmos 104:16)</i></span><br />
<i><span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">"Sua face é como o Líbano, bela como os cedros" (Cânticos de Salomão 5:15) </span></i><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">A palavra final sobre qualquer assunto é sempre temerária na medida que novas pesquisas surgem para dar continuidade e avanço em qualquer estudo. No estudo das crenças e da evolução humana sempre ocorre um novo desvelamento, uma nova instancia para ser debatida ou estudada pelos especialistas à luz de novas descobertas arqueológicas ou documentais. Os últimos oito mil anos representam uma pequena fração da jornada da marcha humana sobre o planeta. Do passado distante só podemos apreender vestígios, pegadas da rota empreendida pela humanidade até nossos dias, um mosaico com peças que se perderam para sempre. Seus ecos, no entanto, ainda repercutem nos mitos que sobreviveram até nossos dias. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Já discorremos, nas postagens anteriores, como os hábitos alimentares dos seres humanos condicionam suas matrizes sensoriais de pensamento, a forma como observam seu meio, desenvolvem suas comunidades, estabelecem suas crenças e normas, deflagram seus conflitos, e principalmente exploram os recursos do planeta. Essa é uma das memórias inalienáveis que permaneceram gravadas nos indivíduos em suas heranças genéticas simpáticas e parassimpáticas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Somos aquilo que comemos afirmam os sábios. Essa metáfora nunca é entendida com a devida profundidade quando a mesa farta do consumo banaliza a ingestão do alimento. Literalmente o termo cultura está subliminarmente associado, no seu estrito sentido semântico, como "plantação" à tudo que pode ser agricultável, acumulável, palatável, deglutível, excretável, isto é, um repositório de provisões extraídas da terra bruta transformada em cultivo ordenado e civilização domesticada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">A tecnologia é o fruto mais importante dessa relação simbiótica do homem com seu meio. É através da ferramenta que ele se estranha com seus semelhantes, os outros mamíferos superiores, que com ele possuem uma relação embrionária comum. A partir dessa estranheza o homem se permite considerar os demais seres como extensão natural de sua cultura de absorção de energia metabólica. Por isso a relação subalterna que estabelece com esses seres que ruminam nas manadas ou fuçam e ciscam em matadouros à espera de serem sacrificados para seus deuses humanos.</span></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT7nodGRjs-FER13U-pndv1zqU4-Rqhp3Ip5XeM-Y6vXwyfRCM3ko7Mkz3rbmUttP7e1Ct3om6ZVmU4f-7S4ZMxskYoHqekJ-DAkgAbS9uLrCRSCGtVvQKwsGMDLIs2rbuIOgoYXQj-0E/s1600/ancestralidade2.gif" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="387" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT7nodGRjs-FER13U-pndv1zqU4-Rqhp3Ip5XeM-Y6vXwyfRCM3ko7Mkz3rbmUttP7e1Ct3om6ZVmU4f-7S4ZMxskYoHqekJ-DAkgAbS9uLrCRSCGtVvQKwsGMDLIs2rbuIOgoYXQj-0E/s1600/ancestralidade2.gif" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="background-color: white; line-height: 18px; text-align: left;"><span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O ancestral comum a todos os mamíferos placentários - como o homem, o cavalo, o cão, o macaco e a baleia - apareceu após a extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos, revela uma pesquisa internacional que contou com a participação de um cientista brasileiro do Museu Nacional, no Rio de Janeiro.</span></span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Mas nem sempre foi assim. Na pré-história as comunidades humanas viviam em estado de adoração da natureza e como predadores incipientes em sua busca diária de sobrevivência consideravam os outros predadores como seus iguais e cultuavam seus atributos de força tentando identificar-se através de cultos totêmicos que mantiveram suas reminiscencias nos brasões da heráldica, nos símbolos militares e em algumas religiões nativas ancestrais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">O Homo habilis tem cerca de 2,5 milhões de anos e o Homo sapiens sapiens desenvolveu a escrita há uns poucos milhares de anos, quer dizer que a humanidade tem 99 por cento de pré-história e um por cento de história escrita. E o que sabemos da pré-história reduz-se a 30 por cento de achados quase todos casuais. Perdemos a pista de nós próprios. É relevante que não estejamos atentos a isso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Estima-se que 50 por cento da memória do mundo se tenha perdido. Traduzindo em números, são 650 culturas desaparecidas nos 5 continentes, 30 civilizações desmoronadas e 100 impérios extintos num período de 8000 anos. Ainda hoje o patrimônio da humanidade tem sido vilipendiado e saqueado em várias regiões em conflito no mundo e essas riquezas são vendidas nos mercados negros pelos vencedores, para quem pagar mais, perdidas para sempre. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Com o advento da Idade do Ferro profundas modificações ocorreram no mundo. Os conflitos se intensificaram e os detentores da nova tecnologia subjugaram e escravizaram seus vizinhos mais primitivos. O ferro possui esse caráter ambivalente, pode encarnar a vitória da civilização, ou seja, da agricultura, mas também o flagelo da guerra, da destruição de culturas indefesas pela nova tecnologia vencedora. O ferreiro divide com o metal essa sacralidade ambivalente, suas ferramentas são veneradas, pois graças a elas podem ser forjados os instrumentos para arar os campos ou armas para o soberano poder ampliar suas áreas de influência e cultivo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Thor, Taranis, Ogum, Visvakarma, Ares e Hefaistos, são deuses associados ao ofício do ferreiro em diferentes civilizações e sítios. Para os antigos a arte de forjar ferramentas é de origem sobre-humana, quer seja divina ou demoníaca. Resquícios de antigas mitologias da Idade da Pedra foram incorporados aos mitemas dos metais. As ferramentas de pedra ou ferro meteórico, de uso pouco comum no passado distante pela raridade, igualmente provocavam vítimas de sangue, estilhaçavam e produziam faíscas tal como o raio adorado pelas antigas civilizações. A magia multifuncional dessas ferramentas mortíferas ou benéficas, como o próprio raio, que antecede a chuva revigorante, transmigrou para as novas ferramentas forjadas de metal. O martelo, sucessor do machado dos tempos líticos, tornou-se o símbolo de deuses fortes, senhores das tempestades. As ferramentas ou armas são forjadas pelos ferreiros divinos especialmente para os deuses. Daí se depreende porque os deuses guerreiros da tempestade, estão associados à fecundidade da terra e são quase sempre representados como deuses ferreiros. Posterior à olaria e à agricultura, a metalurgia enquadra-se num panteão bastante recente em que um deus celeste é destronado e passa à sombra para dar lugar ao macho fecundador da Grande Mãe terrestre, numa hierogamia sagrada ou por sacrifício sangrento. Da conjunção dos deuses surge a noção de procriação em detrimento da noção de criação.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Nas mitologias arcaicas os ferreiros divinos forjam as armas para deuses e heróis que farão diferença em suas lutas contra monstros e demônios. Essas armas são investidas de magia, da arte misteriosa do ferreiro que as transforma em ferramentas mágicas. As armas que os deuses ferreiros ou ferreiros divinos forjam para os deuses Uranianos são o raio e o relâmpago. No mito cananeu, Kôshar-wa-Hasis (hábil e astucioso) forja para Baal os dois porretes com os quais abaterá Yam, senhor dos mares e das águas subterrâneas. As armas literalmente "saltam" da mão de Baal. Na versão egípcia do mito Ptah, (o deus oleiro) forja as armas que permitirão Horus vencer Seth. De maneira semelhante Tvastr fabrica as armas de Indra quando de seu combate com Vrtra. Hefaistos, o deus que ficou coxo ao defender a mãe forja o raio que tornará seu pai Zeus vitorioso sobre Tifon. Mas a função de </span><span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Kôshar-wa-Hasis</span><span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"> não se restringe em auxiliar o deus em seu combate decisivo para conquistar a soberania do mundo. Ele é o artesão e arquiteto dos deuses, dirige a construção do palácio de Baal e aparelha o santuário das suas outras divindades familiares. Além disso, esse deus-ferreiro universal está associado à musica e ao canto. Parece existir um elo perdido, de antiguidade remota, entre a arte do ferreiro, as técnicas ocultas (xamanismo, magia, curandeirismo) e a arte da canção, da dança e da poesia.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Varuna, Odin, Tyr, Alfödr, todos deuses que conhecem o segredo do fogo, do metal, e da fusão, e por isso são deuses coxos, zarolhos, manetas, estropiados, enfermidades adquiridas na sua iniciação junto ao segredo da confecção de metais, que tais materiais podem ser liquefeitos, puros ou mesclados em ligas, e que podem se transformar em armas mortíferas ou relhas de arado. Eles devem ter sido obrigados a pagar por esse conhecimento, furtado do céu, com a perda de sua integridade física, o preço de sua ciência e seu poder, um lembrete do deus supremo para que não abusem desse poder mágico. O deus é ciumento e deixou neles sua marca para que sejam eles sempre submissos. </span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">O ferreiro como o metalúrgico, e antes dele o oleiro, é o "senhor do fogo". É pelo fogo que ele apressa a maturação do metal que em estado bruto, quando em repouso na caverna ou na mina é como um embrião no seio da terra que precisa ser lentamente gestado para adquirir sua nobreza natural, mas que será extraído pelo mineiro antes do fim do processo. O metalúrgico acelera o "crescimento" dos minérios, provoca o seu "amadurecimento" através da fusão num espaço de tempo humano, para ser forjado, transmutado pelo ferreiro através do calor da forja. O ferro se revela o metal de plasticidade infinita, de rapidez de manufatura para a criação de objetos que diferem de tudo do que já existia antes na natureza. A fama de "senhores do fogo" os coloca em igualdade de poder com os xamãs e homens de medicina. Podem ser respeitados, mas também temidos e tratados como tabu, como demiurgos interditos pelos comuns. Entre os iacuto, povo da Sibéria, "o primeiro ferreiro, o primeiro xamã e o primeiro oleiro eram irmãos de sangue". O ferreiro era o irmão mais velho e o xamã o do meio. Isso explica que um xamã não pode provocar a morte de um ferreiro. Segundo os dolganes, os xamãs não podem "engolir" as almas dos ferreiros, porque esses conservam-nas no fogo. Pelo contrário o ferreiro pode apoderar-se da alma de um xamã e queimá-la no fogo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">O mito de cosmogonia através do desmembramento do deus para a criação do universo também é um tema recorrente ancestral na maioria das culturas do planeta. Purusha na Índia, Ymir entre os germanos e Panku na China, segundo o mito, seus corpos foram dilacerados para formar a terra e os oceanos e portanto todo o fruto da terra, seus minerais e vegetais, são partes do deus que por analogia representa o corpo humano, o macro-antropo. Portanto os antigos acreditavam que o sacrifício do deus deveria ser propiciado tanto nas minas como nas forjas para repetir ritualmente o desmembramento através de um ser humano que deveria ser previamente imolado para garantir a farta extração do mineral e a qualidade do fabrico dos instrumentos nas forjas. Essas crenças se difundiram em quase todos os continentes e são baseadas na ideia da correspondência entre o homem e o cosmo, isto é, uma vida só pode ser gerada por outra vida que se imola. Estes tipos de cosmogonias e antropogonias ancestrais trouxeram consequências relevantes de não mais se conceber uma criação ou uma fabricação sem um sacrifício correspondente. No rito de construção, por exemplo, ocorre a transferência da vida, da alma da vítima para o próprio prédio que passa a incorporar em sua estrutura o principio vital do imolado. Outra série comum de mitos descrevem a origem de plantas alimentares através do auto-sacrifício de um deus ou uma deusa. Para garantir a subsistência do grupo, um ser divino, homem, mulher ou criança imola-se e de seu corpo ocorre a metamorfose que gera a planta nutritiva. O mitema justifica sua repetição ritual. Uma vitima é imolada e esquartejada periodicamente e os seus pedaços são assim distribuídos sobre a terra para lhe garantir a fecundidade.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">É o que nos revelam os vestígios dos cultos religiosos que remontam ao neolítico, associados à fertilidade, as estatuetas que representavam deusas e o deus da tempestade associado ao touro, ao bucrânio, crenças e rituais associados com o "mistério" da germinação; a assimilação mulher-gleba-planta, ou o culto ao pilar sagrado que define o<i> axis mundi, </i>o centro do Universo. As duas colunas, uma com 2m e outra menor encontradas em Cascioarele, a 60 km de Bucareste, são ocas por dentro, o que indica que foram modeladas em torno de troncos de árvores. O simbolismo do<i> axis mundi</i> incorpora o arquétipo do pilar cósmico. A religião era articulada em torno das ideias de fertilidade ctoniana e do ciclo vida-morte-pós-existência. Os estudiosos assim constataram um universo de significados não só complexos e profundos, mas também longamente meditados, reinterpretados, e ao passar dos ciclos e das gerações, com a tendência de tornarem-se obscuros e ininteligíveis. Se torna obrigatório compreender que a grandiosa espiritualidade neolítica não é "transparente" através dos documentos arqueológicos ainda existentes. As possibilidades de interpretação semântica dos documentos arqueológicos são limitadas, e os primeiros textos expressam uma visão de mundo influenciada pelas ideias religiosas indissociáveis da Idade dos Metais e dos processos metalúrgicos, da formação da população urbana, da realeza e da criação de um corpo sacerdotal.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Os ferreiros muitas vezes ascenderam à realeza, pois o conhecimento do fabrico de armas colocava-os em posição de superioridade em relação aos demais. "Senhores do Fogo", ferreiros, xamãs, e reis fundadores viveram uma estreita relação desde a Idade do Ferro, pois a tecnologia é o diferencial, o marco, a travessia irreversível para uma nova etapa da humanidade em direção ao domínio da natureza e sua ascensão ao topo da piramide alimentar. São essas armas de ferro que implantarão seus domínios sobre outros povos e vão garantir o surgimento de uma casta tecnológica que se sobrepõe sobre os vencidos. Enquanto uns são escravizados para trabalhar nos campos ou servir às tropas, outros são literalmente devorados ou sacrificados aos deuses da forja para que as ferramentas atinjam um poder cada vez maior de eficiência e mortalidade. </span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">O ferreiro e o ferrador atingiram mais notoriedade em suas sociedades e influência a partir da necessidade do uso dos cavalos pelos cavaleiros nômades, pastores da Ásia Central que necessitavam de cavalgaduras para realizar suas campanhas contra os povos de agricultores. A ferradura permitiu que seus cavalos pudessem atingir maiores distâncias e cavalgar em terrenos pedregosos com seus cascos protegidos. O impacto da presença humana no planeta intensificou-se ainda mais a partir da sua Idade dos Metais. Por volta de 8.000 a. C. haviam extensas florestas que cobriam os flancos das montanhas Tauro e Zagros e nas outras zonas altas do Médio Oriente. Mas a partir dessa época o alargamento e intensificação das economias mistas agrícola e pastoril converteram milhões de hectares de florestas em charnecas no Médio Oriente. Ao mesmo tempo, milhões de hectares de charnecas foram convertidos em desertos.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">A intensificação agrícola e pastoril ajudou à propagação de vegetação de terrenos áridos às custas da cobertura anterior de plantas tropicais e semitropicais. Especialistas estimam que as florestas da Anatólia foram reduzidas de 70 por cento para 13 por cento de cobertura da área total entre 5000 a.C. e o passado recente. Só um quarto da anterior floresta do litoral cáspio se mantém, metade da floresta montanhosa úmida, de um quinto a um sexto das florestas de carvalho e zimbro das Zagros e um décimo das florestas de zimbro das cordilheiras de Elburg e Khorassan. As regiões que mais sofreram foram as tomadas por povos pastoris ou antigos pastoris. Os reflexos dessa presença deixou nas montanhas e faldas secas do litoral mediterrâneo, planalto da Anatólia e Irã um registro desolado de milênios de utilização descontrolada.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">O Líbano, país ufanado pelos antigos pelos belos cedros que cobriam suas montanhas serviram como tema às façanhas do mais antigo herói conhecido, Gilgamesh, rei com super poderes que derrubou as florestas de cedro sem piedade, e</span><span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"> Tiro, sua antiga capital,</span><span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"> presença constante nos relatos bíblicos, sobre a construção do templo nos tempos de Salomão que na estrutura empregou suas madeiras, riqueza cobiçada até mesmo pelos faraós do Egito, é um país pequeno com uma faixa costeira com alguns quilômetros de largura, aos pés das altas montanhas que se erguem a mais de três mil metros, na antiguidade possuía uma formosa floresta de seus cedros que ostentavam o nome do próprio país, simbolo até hoje da nação. Após rodar algumas horas por seu território hoje composto na maioria por terras estéreis chega-se nas montanhas a uma pequena floresta com um milhar de árvores. É tudo o que restou da imensa floresta, pequenos bosques que lembram um passado glorioso de riqueza e biodiversidade. </span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Desde o Neolítico o homem destrói florestas deliberadamente para cultivar roças ou limpar o terreno para a caça de cervos e outros animais, para melhorar sua visibilidade sem a interferência das folhagens. Com o advento da agricultura e do pastoreio os homens deram prioridade aos campos abertos e ao desmatamento para plantio e pastagens. Os arados de ferro foram outra inovação que permitiu que grandes extensões de terreno fossem lavrados auxiliando na perda de grandes áreas de cobertura vegetal nativa por toda a Europa. A evolução do uso de arreios possibilitou que os cavalos pudessem puxar um peso maior de ferramentas agrícolas e de tiro. Esses avanços tecnológicos permitiram um lento e gradual aumento da população e um impacto ainda maior sobre as florestas do Velho Mundo.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">O uso da madeira como combustível condenou as florestas que cercavam os centros urbanos. Encontraremos relatos sobre como se fornecia madeira à Paris, para aquecimento no séc. XVIII. Todas as florestas que antes existiam em volta da cidade foram exauridas. A madeira então vinha de centenas de quilômetros de distância, pelo Sena e seus afluentes abaixo. Depois as balsas eram ancoradas nos cais de Paris e distribuída a lenha para aquecimento. Com a cada vez maior dificuldade de usar a madeira como combustível houve a substituição pelo carvão de pedra, altamente poluente, seu emprego salvou as florestas da destruição final.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Além do aquecimento a madeira era largamente utilizada na indústria de transformação, de modo que onde haviam metalúrgicas houve larga destruição de florestas. Todos os minérios eram fundidos à base de carvão. Foi só no começo do séc. XVIII que pela primeira vez se fabricou aço com coque, carvão betuminoso de origem mineral. Isso ocorreu também onde existiam indústrias de fabricação de vidro. Embora o vidro tenha uma origem antiga, surgido cerca de 3000 a. C., era caro e de difícil produção até o aperfeiçoamento da arte de soprar vidro, no primeiro século da era cristã. Essa invenção levou ao estabelecimento de indústrias de vidro ao redor do Mediterrâneo e mais ao norte, na Inglaterra e em Colônia, resultando em um impacto ambiental sem precedentes na derrubada de árvores.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">A construção de casas e de navios foram outras razões importantes para a derrubada de florestas. É interessante notar que as madeiras apropriadas para construir embarcações escassearam depressa na Europa ocidental. A armada francesa não conseguia encontrar o material adequado para construir suas naus desde o séc. XVII em território nacional, e teve que importar madeira da Albânia. No período da sua grande expansão naval no séc. XVI os espanhóis não dependiam só das madeiras do seu país, mas também de madeira vinda do Báltico. Na verdade o carvalho estava acabando. No séc. XVIII, no apogeu de sua supremacia militar naval, os britânicos utilizavam o carvalho que era proveniente das Américas - da Nova Inglaterra e da costa leste do continente. Quanto ao resto era utilizado teca indiana, Com o advento dos navios com casco metálico no séc. XIX deixou-se de arrasar florestas de crescimento lento com essa finalidade.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">A cobertura de florestas da Europa que costumavam descer da parte norte até o Mediterrâneo hoje não mais existem. Ao sul da França, a leste de<i> Hyéres,</i> havia até pouco tempo atrás uma floresta de duzentos e cinquenta quilômetros quadrados denominada <i>Forêt des Morts,</i> resquícios da grande floresta primitiva, já destruída desde os tempos clássicos, e que simplesmente acabou na Idade Média, em grande medida pelas indústrias tradicionais de sabão e vidro de Marselha, e dos estaleiros de Toulon e Marselha. Nos quadros de Cézanne o testemunho de uma paisagem agreste e pitoresca da Provence não pode esconder suas colinas devastadas ainda em passado recente, seus rochedos expostos pela erosão da ação humana. Muitas são casos sem solução e nunca mais poderão ser reflorestadas. </span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Do outro lado do Mediterrâneo, na Tunísia, partindo do porto de Susa, estão localizadas as ruínas de um gigantesco anfiteatro romano, <i>El Djem, </i>que perde em tamanho só para o Coliseu e está hoje plantado no meio do deserto.<i> El Djem </i>estava situado em uma província romana chamada <i>Frugifera </i>ao tempo do império, isto é, lugar de onde se produz frutos. Atualmente está quase totalmente desértica, com algumas vivendas em torno da antiga construção. Do passado distante ecoam os registros de outra realidade. Homero relata sobre os altos carvalhos e pinheiros da Sicília. Já no século XX podia-se cruzar a Sicília de ponta a ponta e dificilmente encontrar uma árvore desse tipo. Houveram tentativas de reflorestamento mas o terreno erodido, a terra nua impede o crescimento das árvores. Isso ocorre também na Grécia, na Palestina, Síria, Espanha e no sul da Itália em áreas cada vez mais importantes, já fazendo parte integral da topografia e da paisagem desses lugares.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">O solo é um organismo vivo. Depende de um complexo de seres vivos macro e microscópios que produzem os elementos químicos necessários para a formação da vida vegetal. É uma ténue camada que recobre o subsolo e quando é perdida o terreno se torna estéril. Os sete bilhões de habitantes do planeta dependem de uma camada de solo de aproximadamente vinte a vinte e cinco centímetros de espessura e que demora de trezentos a mil anos para crescer dois centímetros e meio. Nas florestas tropicais quando essa camada é perdida a tendencia do solo é uma desertificação irreversível. A tentativa de Ford para plantar seringueiras em áreas limpas na Amazônia foram fracassadas já que as mudas a descoberto não suportavam o sol inclemente e necessitavam da floresta para manter seu crescimento à sombra até atingir a idade adulta com capacidade de produção. O terreno limpo era rapidamente lavado dos seus nutrientes tornando as mudas fracas e presas fáceis dos parasitas que infestavam o solo.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">A erosão do solo é um processo natural que ocorre normalmente, mas de forma lenta, sem a ação direta do homem O pastoreio, a derrubada da cobertura vegetal, o mau uso de métodos agrícolas agiliza a degradação do solo e deixam a terra vulnerável aos ventos e à chuva. Esse processo predatório é parte da história da presença humana no planeta nos últimos milhares de anos.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Em seu diálogo <i>Crítias, </i>Platão descreve a ação da erosão nos solos de sua pátria, a Ática:</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<i><span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">"Em comparação com aquilo que existia então, restam apenas os ossos de um corpo devastado, como no caso das pequenas ilhas, tendo desaparecido todas as partes mais ricas e macias do solo, sobrando o mero esqueleto da terra. Mas no estado primitivo desse país, suas montanhas eram altas colinas cobertas de solo, e as pradarias de Peleu, cheias de rica terra, e havia abundância de florestas nas montanhas. Ainda há traços das florestas, pois, embora algumas das montanhas apenas ofereceram sustentação para ervas, há não muito tempo ainda se viam telhados de madeira cortados de árvores que ali eram bastante grandes para cobrir a maior das casas; e havia muitas grandes árvores cultivadas pelo homem, fornecendo abundancia de alimento para o gado. Mais ainda, a terra gozava do benefício das chuvas anuais, não perdendo, como agora, as águas que correm da terra nua diretamente para o mar, mas tendo abundante suprimento em toda a parte e recebendo água em si e guardando-a no solo de argila, deixava cair nas cavidades as torrentes que absorvia das alturas, fazendo aparecer por toda a parte fontes e rios abundantes dos quais ainda podem observar monumentos sagrados nos lugares em que outrora existiam as fontes; e isso prova a verdade que afirmo".</span></i><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><i><br /></i>
Platão e seus contemporâneos no quinto século antes de Cristo conseguiam perceber as consequências das mudanças no meio ambiente mas desconheciam suas causas e culpavam a mudança do clima e não a ação humana pelos problemas da erosão. Estava além do seu entendimento tais questões por falta de uma visão crítica da sociedade em que estava mergulhado. Até hoje as instituições oficiais e grandes corporações utilizam de desculpas semelhantes para os graves impactos da ação do homem no seu meio. Vastas áreas na China, África, América do Sul e sul da Europa estão sofrendo esse processo de degradação irreversível que se torna mais perigoso conforme mais gente nasce e precisam ser alimentadas, o que faz aumentar ainda mais a pressão sobre as terras agricultáveis.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">A equação quantidade do aumento populacional versus destruição do solo é assustadora. Apesar de muitas culturas terem encontrado soluções interessantes de preservação do meio e produção agrícola sustentável, como por exemplo os Incas, com seus cultivos em terraços e sistemas de irrigação que transformaram desertos em áreas cultiváveis, tecnologias que posteriormente foram destruídas pelos invasores europeus condenando milhões a fome inclemente em um genocídio programado. No geral a prosperidade imediata que gera o aumento da população não é garantia de sobrevivência da espécie humana. A superpopulação no passado obrigou que sociedades com relativo sucesso agrícola aumentassem cada vez mais suas produções ao custo da fertilidade dos terrenos. O insucesso por anos seguidos de safras por motivos vários, que vão de mudanças climáticas até mau uso do solo geraram verdadeiras catástrofes e extinções de civilizações inteiras que se acreditavam eternas em todo o planeta.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Atualmente vivemos uma única civilização planetária, urbana e industrializada. O ferro é apenas um dos materiais utilizados para satisfazer nossas necessidades de consumo. Metais de todos os tipos e hidrocarbonetos são extraídos dos locais mais profundos da terra. Sociedades que antes viviam em relativo atraso tecnológico hoje são verdadeiros celeiros de mão de obra barata para as grandes corporações que já não possuem pátria. As plantas industriais são responsáveis por 80% de resíduos não degradáveis no meio ambiente do planeta. A degradação do meio ambiente ocorre justamente nos países onde as condições sociais são mais precárias. As matrizes dessas corporações procuram afastar para longe das suas metrópoles do hemisfério norte processos industriais danosos ao meio, de preferencia localizá-las em regiões do planeta onde não existe regulamentação ambiental rígida para redução dos seus custos de produção. Regimes políticos tanto à direita quanto à esquerda acreditam que o aumento constante das produções nacionais e exportações refletem de forma cartesiana uma evolução de suas economias e garantem a manutenção dos seus sistemas de poder. O mundo vive uma inter-relação delicada entre meio ambiente e humanidade como nunca antes.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Um pequeno desvio da curva de crescimento da produção de alimentos X população, em termos globais pode gerar uma crise sem precedentes. Essa crise já vem ocorrendo de forma lenta e gradual. Como Platão estamos mergulhados em nossa cultura particular e portanto sem distanciamento crítico suficiente para perceber a locomotiva da tecnologia de consumo descendo lomba abaixo em velocidade ascendente em direção ao abismo. Não é por coincidência que os lugares do mundo onde por milênios se intensificou a exploração do meio vivam em conflito constante, com distúrbios sociais, guerras e revoluções. A descoberta de jazidas de hidrocarbonetos, um recurso natural não renovável, no Médio Oriente trouxe uma falsa prosperidade e um aumento demográfico consequente nessas populações. A pouca ou nenhuma infraestrutura gerada pelos mandatários desses países, quase todos criações artificiais no antigo período colonial europeu criaram uma massa de jovens sem horizontes maiores a não ser emigrar para as metrópoles que já não absorvem mão de obra e possuem uma grande população ociosa vivendo do seu passado de opulência recentemente perdida. Os recursos naturais existentes na Europa já não sustentam sequer suas populações autóctones e o fantasma da xenofobia e do etnocentrismo que se acreditava enterrado após a II Guerra Mundial ressurge como a ave fênix das chamas de uma região dividida em guetos de prosperidade e atraso social. Para os Europeus e Norte Americanos só resta garantir uma hegemonia econômica que lhes permita a manutenção de seus sistemas de poder que vem sendo ameaçados por outras nações emergentes com objetivos hegemônicos e necessidades demográficas de igual monta ou com pressões ainda maiores a médio prazo. Os alemães tem um bom termo para este tipo de economia explorativa: <i>Raubwirtschaft </i>(economia de saque).</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Enquanto uma guerra sectária religiosa e por espaço vital no Médio Oriente travestida pelo Ocidente de "primavera árabe", com requintes de carnificina típicos desses conflitos, transcorre na surdina e com o beneplácito das grandes potências interessadas no enfraquecimento dessas sociedades, de olho nas reservas de hidrocarbonetos, na Palestina os invasores europeus dão prosseguimento ao saque dos recursos minerais, e do espaço vital dos povos autóctones em um verdadeiro conflito antropofágico que lembra os antigos<i> herems </i>bíblicos. Nada de novo, pois a religião sempre foi a mola motora de todos os tipos de atrocidades. Em nome dos deuses a humanidade sempre sacrificou o direito do próximo. Na África povos que antes lutavam com lanças e flechas agora utilizam modernos fuzis e lança rojões fabricados alhures, armas que são adquiridas pela troca de riquezas minerais inestimáveis para as grandes corporações do planeta. Todos esses conflitos são considerados da "baixa intensidade" e animados pela explosão demográfica desenfreada e luta pelo espaço vital, herança do colonialismo europeu e do escravismo no continente africano. Teorias de conspiração à parte é um genocídio programado e tolerado pelos países do mundo que lavam suas mãos sujas de sangue.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">O que acontecerá aos europeus e norte americanos se as regiões do hemisfério sul e Ásia não tiverem mais matérias primas excedentes exportáveis para garantir suas manufaturas ? Os primeiros sinais de fadiga dessas economias de predação começam a se fazer sentir. </span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">A tradição dos arianos é expansionista. Descendentes de tribos de pastores que se espalharam pela Ásia e Europa, vagamente federados se dispersaram nos fins da Idade do Bronze e impuseram sua presença entre os povos autóctones, palavras da sua linguagem, o védico, deixaram marcas nos idiomas de muitos países. Seu modo de vida se assemelhava fortemente com o dos gregos pré-homéricos, teutões e celtas e são os ancestrais os formadores dos estados na Europa e Sudoeste da Ásia. Após conquistar os povos de agricultores mais fracos, tomaram suas terras férteis e desbravaram as florestas, construindo aldeias permanentes e fundando uma série de pequenos reinos nos quais se estabeleceram como governantes dos vencidos. Essa é a lógica da cultura ariana nos últimos milhares de anos. Com sua expansão constante invadiram os demais continentes e impuseram sua cultura de predação para todos os povos sem exceção e agora vivem seus descendentes o impasse pela falta de novos espaços para conquistar e povos para subjugar antevendo o declínio de sua forma de encarar a humanidade como presa de seus valores bélicos.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">A ideologia antropofágica, da economia de predação, ainda está vigente no planeta. Graças a esse pensamento ordinário de antigos nômades agora sedentários, nossa casta dominante, o mundo atravessa uma fase de extremo perigo. O aumento desmedido da população do planeta não é a afirmação da humanidade sobre seu domínio mas um desequilíbrio biológico grave que torna sua existência em risco iminente de extinção. Para o futuro próximo governos antes democráticos irão se tornar cada vez mais autoritários para poder manter as crescentes populações em ordem. A liberdade individual está se tornando uma quimera em todos os países do mundo. Inimigos verdadeiros ou falsos irão ser utilizados para que o controle individual aumente. Os meios de comunicação, em evolução vertiginosa, deverão ser o principal alvo para esses controladores. </span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">Concluir esse trabalho com uma mensagem pessimista é extremamente difícil Como todos acredito que um novo mundo é possível, mas infelizmente não o será nem na minha e nem na próxima geração. Teríamos que estar correndo o dobro que estamos correndo agora e a realidade bate a nossa porta todos os dias com suas notícias desalentadoras. A percepção do seu meio como macroestrutura interligada e a análise de informações dele de forma cientifica é atributo exclusivo do ser humano. Como organismo senciente está no ponto mais elevado da escala alimentar do planeta, posição conquistada pela evolução de suas técnicas, as quais possuí domínio exclusivo em relação aos seus parentes, os demais mamíferos superiores que habitam esse pequeno planeta. Os valores éticos da maioria das pessoas estão se modificando aos poucos, em relação à natureza, o homem já não está sozinho e percebeu que faz parte dessa grande unidade que é a biosfera planetária. Mas o tempo urge, as mudanças deveriam ter sido implementadas ontem. Se não educarmos as populações do mundo logo a lei do mais forte será imposta novamente. Os dois caminhos que se apresentam HOJE é o caos ou a coerção. É necessária a criação de uma terceira via<i>.</i></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><i><br /></i></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><i>"O que a experiência e a história ensinam é isso - que as pessoas e os governos jamais aprendem nada com a história, nem agiram por princípios dela deduzidos" - (Hegel - Filosofia da História, Introdução)</i></span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><i><br /></i></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><i><br /></i></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><i><br /></i></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Bibliografia:</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">1) Ferreiros e Alquimistas - Mircea Eliade - Ed. Relógio D'agua - Lisboa</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">2) Mito e Realidade - Mircea Eliade - Ed. Perspectiva - 2011 - 6° Ed.</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">3) Canibais e Reis - Marvin Harris - Ed. 70 - 1977 - Lisboa</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">4) A Situação Humana - Aldous Huxley - Ed. Globo - 1977 </span><br />
<span style="color: #660000; font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif;"> </span></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-70892549005514234242012-11-27T18:39:00.000-08:002016-10-11T18:26:13.652-07:00Que Animal Somos ?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOcPIBuRDdGky0mdcpVgE-o-oX5EBrifqvOUqcCAm7zXX7pPOcWlxNDhTKkzS26ZMuZQSz5HmrLo27FW_du8dO8AEQ1SVudnjVP4E1A3r9b2gSVi2YwCHdQfgYUsyPBODKS_drrzMihag/s1600/079.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOcPIBuRDdGky0mdcpVgE-o-oX5EBrifqvOUqcCAm7zXX7pPOcWlxNDhTKkzS26ZMuZQSz5HmrLo27FW_du8dO8AEQ1SVudnjVP4E1A3r9b2gSVi2YwCHdQfgYUsyPBODKS_drrzMihag/s1600/079.JPG" width="300" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<b><span style="color: #0c343d;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Tinha prometido não retornar mais ao assunto da Odisséia Antropofágica por acreditá-lo esgotado como estudo, uma análise da violência humana e suas causas através de seus hábitos alimentares onívoros e antropofágicos. Ao fazer contudo uma retrospectiva da obra percebi algumas lacunas no meu ensaio, como pensamento original. Foi quando caiu em minhas mãos o livro "O Animal que Logo Sou" de Jacques Derrida, o grande pensador francês, que discorre em uma aula ministrada sobre a condição humana e sobre a perplexidade de estar nu perante um gato, quando instintivamente ele sente vergonha perante o olhar casual do animal para sua nudez e sente vergonha de sentir vergonha de seu gato. Na verdade, conforme apreendi na sua aula magistral, que </span><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">desde o Velho Testamento até nossos dias,</span><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> historicamente, todos os filósofos e teólogos Ocidentais, sem exceção, colocaram nossos semelhantes, os animais, em condição inferior a nós e subalterna aos nossos desejos e sujeitos às nossas vontades, como relação evidente ao fato de estarmos no ponto mais alto da cadeia alimentar, ideia hoje em dia consubstanciada em uma sociedade industrial vertiginosa. Seu argumento é contundente:</span></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>"Ninguém mais pode negar seriamente e por muito tempo que os homens fazem tudo o que podem para dissimular ou para se dissimular essa crueldade, para organizar em escala mundial o esquecimento ou o desconhecimento que alguns poderiam comparar aos piores genocídios (existem também os genocídios animais: o número de espécies em via de desaparecimento por causa do homem é de tirar o folego). Da figura do genocídio não se deveria nem abusar nem se desembaraçar rápido demais. Porque ela se complica aqui: o aniquilamento das espécies, de fato, estaria em marcha, porém passaria pela organização e a exploração de uma sobrevida artificial, infernal, virtualmente interminável, em condições que os homens do passado teriam julgado monstruosas, fora de todas as normas supostas da vida própria aos animais assim exterminados na sua sobrevivência ou na sua superpopulação mesmo. Como se, por exemplo, em lugar de jogar um povo nos fornos crematórios e nas câmaras de gás, os médicos e os geneticistas (por exemplo, nazistas) tivessem decidido organizar por inseminação artificial a superprodução e supergeração de judeus, de ciganos, e de homossexuais que, cada vez mais numerosos e mais nutridos, tivessem sido destinados, em um número sempre crescente, ao mesmo inferno, o da experimentação genética imposta, o da exterminação pelo gás ou pelo fogo, Nos mesmos abatedouros....Todo mundo sabe que terríveis e insuportáveis quadros uma pintura realista poderia fazer da violência industrial, mecânica, química hormonal, genética, à qual o homem submete há dois séculos a vida animal." (Jacques Derrida - Cerisy - 1997)</b></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O discurso do mestre que finaliza com uma definição de um pathos de compaixão, ainda reprimida, uma voz minoritária, que fraca pretende se fazer ouvir como um direito aos sem direitos e se choca contra ondas culturais e econômicas avassaladoras, verdadeiro tsunami de poder emanado do grande deus canibal que impõe como um leviathan sua força persuasiva através dos meios e telas do marketing mundial com grandes orçamentos de propaganda. Muitos ditos especialistas de plantão, matéria paga, poderão tentar arrogar a necessidade de alimentar as massas com a proteína animal produzida nas linhas de produção em série. Mas infelizmente esse argumento não se sustenta levando em conta o imenso gasto energético para alimentar e manter os grandes rebanhos e o custo ambiental inestimável do impacto da criação de pastagens em áreas que antes ocupavam florestas e cerrados e a difusão de gases do tipo estufa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Mas a questão que se levanta não é mais econômica, mas sim ética. A questão primordial da aula é: <i>"Eles podem sofrer?"</i> Ele se refere aos animais é claro. Segundo o neurocientista Philip Low em parceria com o físico Stephen Hawking e outros cientistas, a partir de sua pesquisas, assinaram um manifesto afirmando que todos os mamíferos, aves e outras criaturas, incluindo polvos, tem consciência. Ele e mais 25 pesquisadores entendem que as estruturas cerebrais que produzem a consciência em humanos também existem nos animais. <i>"As áreas do cérebro que nos distinguem de outros animais não são as que produzem a consciência"</i>, afirma Low. Isso quer dizer que esses animais sofrem. É uma verdade inconveniente: sempre foi fácil afirmar que animais não têm consciência. Agora, temos um grupo de neurocientistas respeitados que estudam o fenômeno da consciência, o comportamento dos animais, a rede neural, a anatomia e a genética do cérebro. Não é mais possível dizer que não sabíamos. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Como podemos interpretar esses dados em nosso cotidiano? Fazem justamente duzentos anos que os campos em todo o planeta vem sendo esvaziados paulatinamente de seus povos originários. O êxodo promovido pelo processo econômico para os grandes centros urbanos e a dominação de grandes áreas para a expansão das monoculturas desenvolvem um novo tipo de criação, a de humanos, alimentados pela ração produzida nos campos dos latifúndios da agroindústria. O processo de domesticação dessa criação humana é subliminal e intenso. O não-poder das pobres bestas que aguardam melancólicas no abatedouro para servir de repasto se estende aos homens tangidos para os centros urbanos, onde permanecem melancolicamente servindo aos novos senhores do curral da polis onde as multidões vão perdendo a condição de garantir a própria suficiência como arte perdida de uma cultura que ao fim do processo canibaliza o próprio homem na condição de mão de obra barata e dispensável. Esse não-poder submete o ser humano à mesma condição das aves, porcos e bovinos que são destroçados nas fábricas para alimentar as multidões tangidas para as quadras infestadas de cada vez mais gente. E quando não forem suficientes os campos e as criações ? Num mundo superlotado com sete bilhões de viventes, em futuro próximo, quem servirá e quem será servido na hecatombe?</b></span><br />
<b><span style="color: #0c343d;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Bem vindo à casa de doces - </span></span></b><br />
<b><span style="color: #0c343d;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Outra lacuna importante de minha pesquisa histórica sobre o comportamento predador humano diz respeito à Inquisição, que de santa não tinha nada. É sintomático que o recente papa que renunciou seja fruto desse meio obscuro, como ex-militante ativo, da Congregação para a Doutrina da Fé, que ainda sobrevive nas entranhas da Igreja Católica, e hoje cumpre seu faustoso ostracismo, como rebento tumoroso extirpado de um corpo moribundo, um sistema monárquico teocrático em franca decadência, como se apresenta a Igreja Católica hoje. Sempre tive profundo desprezo sobre essa parte da história humana com a mesma intensidade do desprezo que voto aos nazistas. Talvez por essa razão me afastei do assunto como é normal nos afastarmos quando os dejetos sujam nossa travessia na rua. Mas percebi que virar as costas para as atrocidades dos papistas e reformadores do cristianismo seria o mesmo que considerar levianas as suas faltas contra a espécie humana. Fui beber na fonte daqueles que sabem mais do que eu sobre o assunto, como por exemplo, Carlo Ginzburg em sua "História Noturna", ou Marvin Harris em "Vacas,porcos,guerras e bruxas", ou "A Caminho da Fogueira" de Michael Kunze que colecionam relatos estarrecedores da condição humana enquanto presa e predador.</span></span></b><br />
<b><span style="color: #0c343d;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
</span></b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPJIefosR2wXhEs2gjvyXw7xS-HI3ItrHTCk2WTVROqCndzOYDiYSLPxYudmXY7-9w0OOqGUdSYCGWSceNu18p9_cNjVZt-yNj81UkXK_ZuW9GIRkmCKWlgftlIOtPqq13EileUnKBp6A/s1600/Principal+07.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><b><span style="color: #0c343d;"><img border="0" height="230" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPJIefosR2wXhEs2gjvyXw7xS-HI3ItrHTCk2WTVROqCndzOYDiYSLPxYudmXY7-9w0OOqGUdSYCGWSceNu18p9_cNjVZt-yNj81UkXK_ZuW9GIRkmCKWlgftlIOtPqq13EileUnKBp6A/s1600/Principal+07.jpg" width="400" /></span></b></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b><span style="color: #0c343d;"><br /></span></b></div>
<b><span style="color: #0c343d;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A maioria das pessoas acredita que a Inquisição é fruto das trevas da Idade Média. Pretendem com isso exorcizar da mente no passado distante o tanto de crueldade humana, do homem contra o próprio homem, que se ilude sobre o argumento da religião da bondade, da imposição da fé em Cristo, que nada mais pregou a não ser o amor ao próximo. Com certeza é a distorção mais nefasta, de uma falsa razão teológica, que se impôs como verdade absoluta em meio a uma humanidade, em sua grande maioria, na época, imersa na peste, nas guerras, e na fome constante, para a manutenção do poder do estado que era projeção do poder religioso e portanto infalível na sua justiça e guardião dos costumes de uma elite e clero dominantes. Foi assim que pessoas foram acusadas de feitiçarias, perseguidas, torturadas em processos que foram uma caricatura canhestra de justiça e depois condenadas pela simples suspeita, na aplicação extemporânea da "doutrina do domínio do fato", e jogadas nas fogueiras como carne, para libertação de suas almas impuras da inevitável presença demoníaca de satã. Assim primeiro os leprosos, depois os judeus e mais adiante qualquer um que aparentasse diferir do credo oficial ou estivesse na condição de marginal na sociedade de então podia ser imolado nas fogueiras, verdadeira benção para alguns depois das violentas sessões de tortura escruciante nas masmorras. A heresia e o paganismo, termo que etimologicamente (paganus) significa aquele que vive em uma aldeia ou meio rural, e portanto afastado das influências homogeneizadoras do catolicismo imposto pela Igreja, e zelosos das velhas tradições milenares do culto à fertilidade da terra representada pela deusa tectônica de cada região, eram comportamentos que precisavam ser eliminados pelos novos senhores da fé.</span></span></b><br />
<b><span style="color: #0c343d;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
</span></b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9p5TDOJwwsG4R5F8I8su3qCDf8W3KwauWXEgtN2tNbWs_jt_EqaKUR6yKXcEG383Ve1Bf-p59MJBJNt1mnDpc5cPcLzRoxLGvh3x2pnKdfMx5PNRsTRE9xrxFV0zUXwbCI1y-rJRLcY8/s1600/1+a+a+a+a+hom+inquisicao+igreja+catolica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><b><span style="color: #0c343d;"><img border="0" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9p5TDOJwwsG4R5F8I8su3qCDf8W3KwauWXEgtN2tNbWs_jt_EqaKUR6yKXcEG383Ve1Bf-p59MJBJNt1mnDpc5cPcLzRoxLGvh3x2pnKdfMx5PNRsTRE9xrxFV0zUXwbCI1y-rJRLcY8/s1600/1+a+a+a+a+hom+inquisicao+igreja+catolica.jpg" width="400" /></span></b></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #0c343d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<b><span style="color: #0c343d;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Para escapar aos horrores, pais denunciavam os filhos, e seus filhos corroboravam as denuncias, firmavam falsas confissões e imploravam o suplício final para fugir daquele tormento interminável. Na maioria das vezes eram acusados de envenenar os poços, matar as criações com sortilégios, praticar rituais onde crianças eram assassinadas e devoradas em rituais antropofágicos em louvor à satã. Tais relatos de canibalismo comuns na época podem ter sido tirados de situações limite onde pessoas transtornadas pela miséria e a fome se alimentaram de carne humana ou praticaram a necrofagia para sobreviver. Nos contos infantis permanecem suas lembranças, como no conto de Hansel e Gretel (João e Maria), crianças que são deixadas a própria sorte na floresta por seus pais pela absoluta miséria e falta de recursos para alimentá-los e que encontram uma velha canibal que os atraem e pretende cevar o menino preso em uma jaula enquanto utiliza os serviços de sua irmã. Verdadeiras ou não são essas as reminiscencias macabras colhidas pelos irmãos Grimm nas aldeias do interior da Alemanha que permaneceram vivas até nossos dias. </span></span></b><br />
<b><span style="color: #0c343d;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas qual o nexo da constatação da Inquisição medieval com a exploração econômica dos abatedouros industriais de animais? Afinal que animal somos? Somos vorazes onívoros, filhos dos deuses que inventamos desde os primórdios dos tempos? Somos seres sociais e sectários que vivem conflitos permanentes com o meio e com o próximo que chamamos de animais e lhe negamos a humanidade quando se tratam de estranhos? E apesar dos genocídios e morticínios sazonais, dos milhares de mortos de todos os campos de batalha da terra, a população humana cresce descontrolada e cobre com sua presença todo o planeta. Que animal somos ? A questão permanece sem ser respondida... está no ar. </span></span></b><br />
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #0c343d;"> </span></b><span style="color: red;"> </span></span><br />
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<i style="text-align: left;"> </i></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-12690548025235558242011-12-19T17:38:00.002-08:002014-09-21T21:03:08.690-07:00O Fim da Odisséia Antropofágica ?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<blockquote class="tr_bq">
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">"Os animais e as aves lutam entre si pela posse da fêmea, pela defesa de sua presa ou o domínio da manada, mas não é um combate de morte, como o dos seres humanos na guerra,... Estes atos indicam que a instituição humana da guerra é algo mais que a encarnação no homem do instinto de agressão inerente a todo animal. A guerra tem que ser uma alteração ou uma hipertrofia no homem do instinto de agressão e também um produto da tradição e não do instinto". (Toynbee)<o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">“O que é bom? – Tudo o que eleva o sentimento de poder, a vontade de poder, e o próprio poder do homem”.<o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">“O que é mau? – Tudo o que provém da fraqueza”.<o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">“O que é felicidade? – O sentimento de que o poder aumenta – de que uma resistência foi superada”. (Nietzsche)<o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">“Só os que se aproximam sem preocupação <o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">daquilo que as multidões se ocupam seriamente<o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">podem ocupar-se seriamente<o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">daquilo que as multidões percebem sem preocupação”.<o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">(Provérbio chinês)<o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">“A explicação mais simples de um fenômeno é, em noventa por cento dos casos, mais verdadeira do que uma explicação realmente sofisticada”. <o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">(A navalha de Occam ou Princípio da Parcimônia) <o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</blockquote>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9-MLoLD3At2JK2oP6f-4Skq_TYdYRTDlFNOsbbllMjMavzfZC7fZf1oroY17B5rbcXe7-L3NQ_I2KlMj-suuzvJemK3d6paChCbrnc_7K7HtpUr1Prp_yTY7jFqGVkQaWv-3b4iLUgcE/s1600/Morella+la+Vella%252C+Castel%25C3%25B3n%252C+Espanha+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9-MLoLD3At2JK2oP6f-4Skq_TYdYRTDlFNOsbbllMjMavzfZC7fZf1oroY17B5rbcXe7-L3NQ_I2KlMj-suuzvJemK3d6paChCbrnc_7K7HtpUr1Prp_yTY7jFqGVkQaWv-3b4iLUgcE/s400/Morella+la+Vella%252C+Castel%25C3%25B3n%252C+Espanha+3.jpg" height="380" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #cc0000;">Morella la Vella, Castelón, Espanha - Arte Rupestre<br />
Cena de Luta</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #cc0000;"> </span></b><br />
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">A capacidade bélica do ser humano nunca foi tão imensa. Desde bombardeiros invisíveis a mísseis inteligentes, aviões robôs e no futuro próximo até mesmo infantaria cibernética teledirigida, sem soldados que possam pisar em minas ou cobrar soldos elevados e pensões. Basta um apertar de botão, um mirar de uma tela e imagens infravermelhas de "inimigos" explodem em mil pedaços milhares de quilômetros distantes. Os gestos apaziguadores, os pedidos de clemência, os choros das crianças e das mulheres não são mais ouvidos. O homem passa a ser uma extensão da própria tecnologia. Para diminuir sua culpa despersonaliza o oponente e lhe dá apelidos estranhos, nomes que menosprezam e tiram o que seria de humano ou seja igual. A guerra como um game. Game como "gamo" que se caça na floresta, presa que se come entre os iguais. As palavras denunciam suas próprias raízes arquetípicas de caçadores na defesa de seu território de caça. O homem como extensão de um mecanismo, burocrático, carimbando passaportes de pessoas que seguem para campos de extermínio, sem dó e sem culpa, são imagens recentes de uma civilização que se acreditava "culta" e "superior".</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">A guerra é cultura dizem alguns especialistas, faz parte de nossa excessiva especialização com ferramentas de morte. A aversão ao estranho é inata. A criança estranha o colo de uma pessoa com quem nunca teve contato. É desse instinto básico que o mecanismo de antagonismo é colocado em movimento. Mas existe aí uma complexidade natural do ser humano. O que mais amamos é também o que mais odiamos. Antropófagos ancestrais só comiam a carne de inimigos sabidamente heróis. Não iriam conspurcar-se com a carne de seres inferiores, medrosos ou deficientes. O ciclo permanente de vingança deve ser mantido para que mais guerreiros possam servir de presas, eles são amados pelos seus captores, mas devem por isso serem exterminados. Um dia é da caça outro do caçador em um ciclo interminável, uma espiral onde a dominação do território é só uma desculpa para infligir a derrota ao inimigo. Batido, o inimigo deve ser devorado</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">Não estamos falando só de costumes de tribos primitivas perdidas no passado dos tempos destruídas pelas espadas vingadoras dos europeus. Não foi o Cristo crucificado pelo seu povo? Não é sua a carne consumida no ritual da comunhão? Ele não é o "Bem Amado"? O conceito de agressão intergrupal do homem enquanto espécie explica também o "por quê" das doutrinas da Graça como expressão supraindividual terem sempre se difundido através da agressão ao outro, denegrindo a elevada mensagem filosófica que pretendiam difundir, como processo antropofágico velado. Se não tem fé morre, assim diz o pregador. A religião do amor ao próximo foi levada aos povos com a força de arcabuzes e canhões, ditaduras militares se impõem em nome da liberdade e da democracia e para livrar os trabalhadores da opressão se criaram ideologias e partidos governantes. Todo esse processo é resultado da evolução cultural humana. Nós precisamos desses heróis que se sacrificam por suas causas. Os mártires são alimento, o óleo que lubrifica as engrenagens de nossa sociedade onívora. Não é apenas pelo alimento ingerido, precisamos de nossas geringonças que andam, que escrevem, que apitam, e para seu funcionamento precisamos do espaço do "outro", de suas riquezas, de seus minerais, de suas mentes, de sua mão de obra, precisamos de heróis para nos sentir melhores, superiores, hábeis. É um erro considerar a guerra um simples assassinato, uma degeneração patológica como tentou explicar Erich Fromm. Ela é tudo isso, e também algo mais que apenas simplesmente sadismo e necrofilia. Ela é a base da cultura da horda que se sedentarizou e se promiscui na metrópole, uma multidão heterogênea composta de vários nexos ou nações-tribos obrigadas ao convívio. A cidade moderna não planta e não colhe alimento algum. Ela é predadora, voraz, globalizante, unificadora de todos os apetites. Ser onívoro define nosso padrão de agressão onde a antropofagia é apenas uma conseqüência direta, a razão de todos os conflitos, de nosso sistema financeiro, de nossas bolsas de valores. Ser onívoro define como observamos nosso habitat e como percebemos o próximo. Devorar montanhas e seres humanos, derrubar florestas para estabelecer "plantations", tirar das entranhas da terra hidrocarbonetos para fazer funcionar nossa cultura de dominação plena do planeta, consumir recursos sem limite são uma tradição de sucesso adquirida por nossa civilização, que evoluiu como expansão devoradora sobre a biosfera.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">O resultado dessa expansão já se faz sentir. Sete bilhões de habitantes concentrados principalmente nas grandes áreas urbanas do mundo todo, bairros inteiros que se degradam em velocidade assustadora. Um curral imenso onde a atividade econômica historicamente declina. A automação substitui a mão de obra humana em ritmo acelerado. Um número cada vez menor de pessoas, que possuem capacitações técnicas particulares, controlam a maioria dos processos tecnológicos. As linhas de produção cada vez menos dependem do homem simples urbano. A profecia de um cientista de comportamento pode ser encontrada em uma pequena obra hermética, lida por poucos especialistas: ...<i>"parece que as revoluções não acontecem nas fases de maior miséria e repressão, mas quando o bem- estar substituí a um período de privações e em continuação se desencadeiam novas privações (motivadas por exemplo por uma recessão)". (Irenaus Eibl-Eibelsfeldt - Guerra y Paz) </i>O colapso que fez desaparecer muitas civilizações nunca esteve tão próximo como agora. Estamos entrando no limiar de uma nova era de instabilidade mundial.</span></b> </div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<br />
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableGrid" style="border-bottom-style: none; border-collapse: collapse; border-color: initial; border-image: initial; border-left-style: none; border-right-style: none; border-top-style: none; border-width: initial; text-align: justify;"><tbody>
<tr style="height: 46.15pt; mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0;"> <td colspan="3" style="border: solid windowtext 1.0pt; height: 46.15pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 409.4pt;" valign="top" width="546"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA AGRESSÃO HUMANA INTERGRUPAL E DA GUERRA </span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">como tradição de cultura onívora da humanidade<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 14.9pt; mso-yfti-irow: 1;"> <td colspan="3" style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 409.4pt;" valign="top" width="546"><div class="MsoNormal">
<br /></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 14.9pt; mso-yfti-irow: 2;"> <td colspan="3" style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 409.4pt;" valign="top" width="546"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;"> Conflito Primário Conflito Secundário<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 15.65pt; mso-yfti-irow: 3;"> <td colspan="3" style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 409.4pt;" valign="top" width="546"><div class="MsoNormal">
<br /></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 14.9pt; mso-yfti-irow: 4;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">100.000 - 30.000 anos<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">30.000 - 8.000 anos<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">8.000 anos - Atual<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 15.65pt; mso-yfti-irow: 5;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<br /></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<br /></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<br /></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 14.9pt; mso-yfti-irow: 6;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Ser Onívoro<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Ser Canibal<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Ser Religioso<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 14.9pt; mso-yfti-irow: 7;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Supercarnívoro<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Antropófago<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Tabu e Ritual<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 15.65pt; mso-yfti-irow: 8;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Culto aos Mortos<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Totemismo<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Religião<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 14.9pt; mso-yfti-irow: 9;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Naturalismo<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Territorialismo<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<span style="color: #cc0000;"><b>Império</b></span></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 15.65pt; mso-yfti-irow: 10;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Equilíbrio<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Disputa do Meio<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Genocídio/Escravidão<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 14.9pt; mso-yfti-irow: 11;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Caçador<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Guerreiro/Xamã<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Sacerdote<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 15.65pt; mso-yfti-irow: 12;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Clã<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Tribo<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Civilização<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 14.9pt; mso-yfti-irow: 13;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Caça<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Batalha Ritual<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Guerra Total<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 14.9pt; mso-yfti-irow: 14;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Lança e Maça<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Arco e Flecha<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 14.9pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Fissão Nuclear<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
<tr style="height: 15.65pt; mso-yfti-irow: 15; mso-yfti-lastrow: yes;"> <td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Instinto<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 135.8pt;" valign="top" width="181"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Intuição<o:p></o:p></span></b></div>
</td> <td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; height: 15.65pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 137.8pt;" valign="top" width="184"><div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #cc0000;">Razão<o:p></o:p></span></b></div>
</td> </tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">A humanidade em seus primórdios (100.000 anos a 30.000 anos) coabitou com outros hominídeos que haviam alcançado um nível razoável de desenvolvimento e florescente cultura. Isso não impediu que progredisse a expansão humana no planeta. Possivelmente mudanças climáticas favoreceram o desenvolvimento da cultura humana em detrimento de outras espécies de antropóides que não possuíam a mesma capacidade de adaptação às mudanças ocorridas. Nesse intervalo de tempo da humanidade como nos milhares de anos anteriores a atividade pela sobrevivência era contínua tarefa de tempo integral. O homem primitivo não fazia distinção entre caça e carniceria. Aproveitava o que encontrava na natureza para sua sobrevivência. E inclusive se alimentava de seus semelhantes já que não distinguia diferença ou semelhança do fruto da caça, proteína arduamente extraída da natureza, necessária para a evolução dos seus. Era naturalista, na acepção da palavra, em sua selvageria de predador e seu instinto aguçado que lhe permitia sobreviver no seu meio. Tanto o exocanibalismo, quanto o endocanibalismo eram atividades comuns e não envolviam questionamentos morais, pois estavam associadas ao saciamento da fome permanente e da preocupação constante com a continuidade do núcleo parental. O culto aos mortos favorecia a idéia de perpetuidade através do consumo da carne dos parentes do clã para a absorção de suas qualidades de força e magia. A constante perseguição e morte da presa acabaram por criar um sistema de relação mágica entre o caçador e os animais abatidos, a “solidariedade mística”, a partir do sangue derramado do animal, que se assemelha ao humano revelando o parentesco intrínseco entre as sociedades humanas e animais. Abater o animal caçado equivale a um ritual de “sacrifício” em que as vítimas são intercambiáveis. Milênios mais tarde, com a domesticação dos animais e sua criação essa idéia arcaica sacrifical sobreviveria universalmente, não só com o uso de animais como substitutos de vítimas humanas, como também homens sendo sacrificados no lugar de animais. Como a descendência se fazia pela linha matrilinear, já que eram desconhecidos os mecanismos da reprodução, o culto à fertilidade feminina era disseminado como primeira forma de uma proto-religião, pois estava associada à magia do ciclo da vida. <o:p></o:p></span></b></div>
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<b><span style="color: #cc0000;">A preferência pela carne de outros primatas é até hoje comum entre os ameríndios. Os chipanzés também organizam expedições de caça para conseguir essa importante fonte protéica suplementar, suas presas, outros primatas que habitam as copas das árvores das florestas ou até mesmo seus semelhantes. Os tupinambás não se faziam de rogados para caçar e comer seus congêneres e podemos considerar esses costumes reminiscências da pré-história humana. O uso de lanças com suas pontas endurecidas ao fogo e maças utilizadas pelos homens primitivos deve ter causado profunda impressão entre os outros primatas que pela excessiva especialização não conseguiram adotar as novas técnicas. O extermínio de várias espécies de outros primatas e hominídeos que coabitavam o mesmo espaço e competiam pelos alimentos deve ter sido prática usual entre os humanos. Não havia mercê, o que caía na rede era alimento, diz o dito popular, virava sustento.<o:p></o:p></span></b></div>
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<b><span style="color: #cc0000;">O Cro-Magnon, indivíduo que nada difere do homem moderno, chegou na Europa aproximadamente a 30.000 anos e deparou-se com um outro grupo de hominídeos mais primitivos, os Neandertais, que habitavam o continente e já haviam sobrevivido as rigorosas glaciações da Era do Gelo. A rápida extinção dos Neandertais nunca é associada diretamente pelos estudiosos à presença devastadora do Cro-Magnon, como fator decisivo pelo seu extermínio provocado pelos recém chegados invasores. Cinco mil anos de coabitação no mesmo território foi o suficiente para a extinção total do grupo autóctone mais primitivo. A tecnologia bélica superior, a capacidade de comunicação privilegiada por novos símbolos vocais, a inventividade fonética que favorecia o aprimoramento de táticas e estratégias de caça mais inovadoras e eficientes e talvez o uso de matilhas de cães de caça que viviam em simbiose oportunista com os homens, tornou a concorrência do Cro-Magnon mortal para os Neandertais. Como fizeram os conquistadores espanhóis quando aportaram no Novo Mundo, mastins foram usados para rastrear os indígenas trânsfugas que se escondiam nas florestas, em furnas escondidas no meio da mata, onde imaginavam manter santuários. Seus armamentos superiores, o aço e a pólvora, não podiam ser igualados ou repetidos pelos autóctones que estavam em estágio de evolução técnica inferior. Assim os homens eram mortos e as mulheres e crianças eram destroçadas pelos cães ou aprisionadas pelos espanhóis para serem escravizadas e corrompidas causando um descenso vertiginoso da procriação dos vencidos. Pode-se imaginar que o Cro-Magnon, numa dinâmica própria, em condições técnicas superiores de competição pelo meio, atuava da mesma forma com outras espécies, que ousassem atravessar seu caminho, e promoviam intencionalmente a extinção do inimigo. Seus conflitos eram sempre de caráter primário e antropofágico.<o:p></o:p></span></b></div>
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<b><span style="color: #cc0000;">A organização social tribal do Cro-Magnon era mais complexa que a dos Neandertais mais primitivos. O estabelecimento de alianças entre clãs favoreciam o trabalho em equipe e aumentavam o poderio dos aliados contra possíveis inimigos ou competidores do habitat. As trocas de mulheres e alimentos sedimentavam esses contatos de amizade e evitavam conflitos que podiam resultar no aniquilamento de dois grupos rivais. Cada clã era identificado pelo seu Totem particular. A descendência ainda era estabelecida através da linha matrilinear com proeminência de autoridade do tio em relação ao sobrinho, o que marcava a identidade do clã ao seu totem correspondente, relação familiar que é mantida em algumas culturas até hoje. Era comum o duelo simulado entre os clãs onde uns poucos se feriam, em ocasiões especiais do seu calendário rudimentar, quando então se firmava o compromisso entre os aliados após o combate ritual, fechando um ciclo sazonal relacionado às forças criadoras da vida, como opostas, mas intrinsecamente complementares. Nestes combates pais e filhos podiam se enfrentar já que integravam clãs diferentes. Os armamentos utilizados pelos homens como as lanças de arremesso, azagaias que utilizam o processo de alavanca para aumentar sua velocidade e força, o bumerangue, o arco e flecha, a boleadeira e a funda eram inovações balísticas importantes para a caça de grandes mamíferos, mas também tiveram grande impacto nos confrontos entre as tribos sem parentesco comum. As grandes movimentações de Cro-Magnon motivadas possivelmente por questões climáticas ou de mudança do habitat em busca da caça farta, perseguindo as migrações dos grandes rebanhos, levaram as hordas a ocuparem novos territórios que seriam disputados com seus antigos donos com flechas e lanças que atingiam seus inimigos a distância. <o:p></o:p></span></b></div>
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<b><span style="color: #cc0000;">A antropofagia ritual que envolve o aprisionamento do inimigo para ser devorado pela tribo </span></b><b><span style="color: #cc0000;">e o culto animista aos entes da floresta que propiciava a caça</span></b><b><span style="color: #cc0000;"> eram as tradições que lançavam as bases de novas crenças, que iriam formar mais tarde as grandes religiões, que nessa época eram intermediadas pelo xamã, personagem incomum que incorporava a ligação entre os homens e seus duplos espirituais simbolizados pelos totens dos clãs das tribos. O xamã é o agente humano incorporado no proto deus cujas manifestações e efusões emocionais levam à catarse coletiva do grupo. Ele aconselhava o andamento da guerra ou profetizava a paz com o inimigo de acordo com os sinais recebidos dos espíritos ancestrais ou da natureza. Os totens possuíam denominações de animais que identificavam cada clã da tribo e determinavam sua origem. O mito do herói começa a ser formado na figura do "Bem Amado", o prisioneiro de outra tribo, cativo em alguma emboscada ou aprisionado no combate, ele é a presa, vítima que concentrava os valores de coragem e perícia que seus algozes pretendiam absorver. Ele também é o cunhado, o fertilizador das várias donzelas a ele consagradas, os vasos onde deixava seu sêmen para procriação, ritual que garantia a diversidade genética para a tribo e a absorção de novos atributos físicos, verdadeira seleção forçada que privilegiava e fortalecia a descendência e minimizava os efeitos do incesto ainda não transformado em tabu. Sua honrada posição e sua morte ritual davam origem ao culto do mito, a aura da divindade heroica, que iria formar as raízes dos sistemas de crenças surgidos posteriormente. O culto à "Grande Mãe" era universalizado, evidência deixada nas pequenas estátuas que foram posteriormente escavadas nas cavernas pré-históricas do mundo todo. A fertilidade, preocupação constante de povos com baixa população e altos níveis de mortalidade, era propiciada pelos espíritos do totem com a realização de orgias rituais e práticas de sangue estabelecidas periodicamente pelos xamãs.</span></b></div>
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<b><span style="color: #cc0000;">A intuição era o dom preponderante desses povos que estavam em pleno apogeu criativo de novas técnicas e formação de mitemas que iriam se tornar arquétipos da humanidade nos anos vindouros. Um grande salto evolucionário que ocorreu em apenas alguns milhares de anos lançou as bases para a criação das grandes civilizações que, entretanto, ainda não existiam. Os ideais do guerreiro, a vingança como forma de conflito perpétuo entre grupos estranhos que mantinham a constante disputa pelas zonas de caça, o nomadismo, o sistema de crenças na fertilidade e na antropofagia ritual iriam marcar a forma como a humanidade percebe seu meio ambiente e os mistérios insondáveis da natureza. Esses paradigmas iriam penetrar profundamente e permanecer imutáveis nas eras subseqüentes no caráter dos povos das estepes determinando a mentalidade desse caçador transformado em guerreiro. Um onívoro fenomenal.</span></b></div>
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<b><span style="color: #cc0000;">Não deixava de ser o guerreiro acometido pela culpa dos seus atos sangrentos, como </span></b><b><span style="color: #cc0000;">uma inibição natural,</span></b><b><span style="color: #cc0000;">, inata de comportamento para esses onívoros recentes,</span></b><b><span style="color: #cc0000;"> já que a guerra, um processo cultural induzido, levava-o depois a necessitar uma limpeza ritual para afastar os "maus espíritos" que assombravam sua mente, pois matar crianças e mulheres, mesmo estranhos a tribo e praticar sacrifícios dos prisioneiros inimigos causavam traumas que precisavam ser exorcizados através de suas crenças. Por isso estabeleceu em seus rituais de reclusão, após os morticínios, o couvade, quando o guerreiro só podia comer determinados alimentos ou era obrigado a se banhar diariamente durante o retiro usando folhas de certos vegetais para “limpar” o corpo, para purificar-se mais depressa de sua falta. Assim afastava os “maus espíritos” que ele identificava com suas vítimas, já que sua consciência denunciava seus atos contra sua natureza humana. Segundo Freud, eles assim expressavam suas emoções, os problemas de consciência, que eram sublimados através de reclusão e rituais mágicos para expiar suas faltas.</span></b></div>
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<b><span style="color: #cc0000;">Os eventos do fim da Era Glaciária ocorrida nos últimos 8.000 anos mudaram de maneira radical o clima e a paisagem, e, por conseguinte a flora e a fauna na Europa ao norte dos Alpes e marcaram as expansões e contrações de povos oriundos das estepes asiáticas partindo em todas as direções em busca de seus rebanhos e seus fluxos migratórios de pastagens e os conseqüentes choques com povos relativamente autóctones, suas assimilações, e a correspondente sedentarização dos invasores em camadas sucessivas no tempo num processo civilizatório onde, com a fixação e criação de centros urbanos, se misturava religião e política, como extensão dos assuntos da "polis", a cidade estado que florescia como império, coletor da produção agrícola do seu entorno, processo econômico parasitário estabelecido pela classe dominante de guerreiros. A cultura dos cereais e a domesticação do carneiro e da cabra no Levante, a partir do séc. XVII a.C. representaram uma revolução social de origem tecnológica importante que logo se propagou por todos os quadrantes em alguns séculos influindo na sedentarização dos povos. A mitologização desse confronto está registrada no texto bíblico, conforme Mircea Eliade, no Gênese, o episódio de Caim e Abel. Nele está representado o confronto entre lavradores e pastores, sendo Abel o pastor e Caim o lavrador, uma apologia explícita da vida nômade pastoril como preferencial para apreciação de Javé, o deus da guerra Hebreu. Entretanto lembra Mircea que enquanto Abel significa "pastor", Caim quer dizer "ferreiro". Segundo o texto bíblico Javé negou aceitar a oferenda de Caim e acolheu a oferenda de Abel gerando o conflito entre os irmãos. Irado, Caim se lançou sobre seu irmão e o matou. Conforme o estudioso, o "ferreiro" possuía uma posição ambivalente em certas sociedades pastoris, desprezado ou respeitado, mas sempre temido pelo domínio de sua técnica de transformação do ferro e do bronze, como "senhor do fogo" e seu temível poder mágico. A tradição conservada no relato reflete a idealização "simples e pura" do herói pastoril e nômade, e a resistência contra a vida sedentária dos lavradores e moradores dos centros urbanos. Caim simboliza o "contrutor de cidades" e um dos seus descendentes é Tubalcaim, "o patrono" dos laminadores dos metais conhecidos, o cobre, o bronze e o ferro. O primeiro homicídio então é atribuído àquele que encarna o símbolo da tecnologia e da civilização urbana na concepção desses nômades arcanos. Mas como iremos ver adiante, o que mais odiamos pode ser o que mais cobiçamos.</span></b></div>
</blockquote>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW6XLqRYF8BIubw3Ih5qI5xA62JDLv-Ob7gyGx3Gbpm8W02etNR06bKk5kpDfIXKxvIxQFwaPAWkAQrCVWFRoxiJN7CC_wPz3mvi8fJlq41MBq1luIANWUTAupBaFj_koDD5-DKVlXefA/s1600/caim+e+abel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW6XLqRYF8BIubw3Ih5qI5xA62JDLv-Ob7gyGx3Gbpm8W02etNR06bKk5kpDfIXKxvIxQFwaPAWkAQrCVWFRoxiJN7CC_wPz3mvi8fJlq41MBq1luIANWUTAupBaFj_koDD5-DKVlXefA/s400/caim+e+abel.jpg" height="324" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #990000;">Caim e Abel</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;"> O fluxo migratório dos povos nômades, tribos de pastores, convergiu justamente para a busca das riquezas das civilizações emergentes, que absorveram como puderam esses invasores "bárbaros" ao novo sistema agrário e transformaram os recém chegados em escravos vencidos ou classes guerreiras de mercenários. As guerras podiam, a partir de então, ter maior duração e magnitude, pois o excedente da produção agrícola permitia a subsistência de grandes contingentes de guerreiros, então transformados em soldados e permitiam uma campanha mais prolongada. Assim também se resolvia o problema do excedente de mão de obra, pois na vitória o território inimigo poderia ser incorporado para novos assentamentos de povos aliados e na derrota as baixas dos mercenários, principalmente de jovens do sexo masculino, proporcionavam a redução da pressão sobre a ocupação de terras cultiváveis e sobre os excedentes alimentares controlados pelos mandatários. Os povos seminômades ou defendiam os reinos que lhes pagavam tributos ou saqueavam seus hospedeiros conforme as relações de força e poder ocorriam. No Crescente Fértil, no vale do Indo e do Nilo, na China, e na Europa chegavam levas de invasores trazendo consigo sua cultura pastoril e guerreira, seus cavalos e carros de guerra, impondo seu poderio bélico aos camponeses sedentarizados que viviam do plantio. O nomadismo pastoril, a estrutura patriarcal da família, o gosto pelas incursões de saque e a organização militar voltada para as conquistas são os traços característicos dos povos indo-arianos.</span></b> <b><span style="color: #cc0000;">De tropas auxiliares, na maioria das vezes, pelas mãos da fortuna, se transformavam nas elites dominantes dos povos conquistados, o embrião de todas as dinastias de reis e aristocratas europeus. </span></b> </div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">A grande difusão ariana só teve uma parada temporária com o fim da Segunda Guerra Mundial no séc. XX, mas vem novamente tomando um folego crescente, sua expansão, com a ocupação e o superpovoamento de seus territórios santuário no hemisfério norte e a necessidade cada vez maior de recursos naturais de suas nações-tribos para fazer funcionar suas economias agrícolas extrativistas. Como abelhas buscam novos campos para enxamear.</span></b></div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">A religião como fator de dominação é a grande invenção da Antiguidade. Os cultos à "Grande Mãe", a deusa da fertilidade, que já possuía uma presença inquestionável na pré-história, adquiriu poder extraordinário com a revolução agrícola em todos os quadrantes do mundo antigo. Um mitema bastante difundido explica que as produções vegetais teriam nascido de uma divindade imolada. Esse assassínio primordial transformou radicalmente a condição humana e instaurou as instituições religiosas e sociais ainda vigentes que são a origem de uma casta que iria impor sua vontade por milênios, e que teve influência total e poder até bem pouco tempo atrás, os sacerdotes. O cerimonial de ligação do homem com a deidade foi assumido por esse grupo de religiosos que serviam de ponte com o divino. Todas as celebrações religiosas, como os ritos de passagem, sacrifícios de animais ou de homens, o canibalismo e as cerimonias funerárias que são propriamente a projeção do assassínio primordial ficavam a seu cargo, como responsáveis pela sua regulação e coleta de oferendas sacrificais junto aos então agricultores que praticavam seus cultos de sangue e acreditavam ingerir a energia da divindade através dos produtos da terra a ela atribuídos. Enquanto os guerreiros obrigavam os camponeses a suprirem suas necessidades alimentares, essa casta administrava os recursos produzidos em nome da deusa que precisava ser aplacada para garantir condições favoráveis do clima e uma boa colheita. Os tabus e interditos foram sacralizados, os rituais mágicos foram transformados em "mistérios" que eram revelados através de cerimônias onde os neófitos eram integrados na religião oficial. Os rituais de passagem, as doações dos crentes, seus tributários, e a influencia sobre os reis garantiam o poder dessa casta que vivia como poder religioso da cidade estado. O rei garantia a construção do templo, seu poder dependia da aceitação da divindade sobre seu reinado na terra.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">Por volta do ano 700 a.C., o ferro tornou-se de uso comum promovendo um salto tecnológico na arte da guerra, o cidadão da “polis” grega era obrigado a dispor de armas ofensivas e armaduras de proteção dando origem às falanges. Nas eras mais remotas, no apogeu de Micenas, a guerra era domínio exclusivo dos aristocratas, os únicos com condições de comprar cavalos e carros de guerra, e portar armaduras de bronze. Uma elite coroada tangia os homens para a guerra e partilhava entre si os frutos da vitória. Quando a nova tecnologia do ferro foi colocada ao alcance de todos, o simples soldado de infantaria adquiriu uma nova importância estratégica. A cavalaria pesada tinha dificuldade de penetrar nas linhas de soldados encouraçados e protegidos com longas lanças e escudos, da retaguarda protegidos os arqueiros lançavam seus projéteis: dardos, flechas e fundas faziam suas vítimas entre os cavaleiros e aurigas. A falange hoplita (hoplita deriva da palavra grega <i>hoplon, </i>que significa instrumento) fazia suas manobras e revoluções em terreno plano de forma ordenada para manter sua formação, chave do sucesso de sua estratégia de choque. Alguns historiadores acreditam que do cidadão soldado surgiu a primeira experiência humana com a democracia, mas foi a tirania de homens comuns que se firmou já que era a destreza militar e a capacidade de liderança que definia o poder do tirano e não sua ascendência familiar. Péricles, Dioniso de Siracusa, homens ilustres, aventureiros que deixaram marcados, pelo ferro de suas espadas, seus nomes na história da humanidade são os exemplos da tirania que tomou forma no militarismo grego. Era a aclamação popular do líder que definia seu poder, antigo costume dos invasores Dórios, arianos que invadiram a Grécia e expulsaram os Micênios, povos também arianófonos originários da Ásia, mas quando perdia o líder seu carisma ou seu exército era derrotado, acabava o chefe político militar executado ou no ostracismo. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;"> A religião sempre serviu para atenuar a culpa do fiel. As guerras santas são até hoje justificativas suficientes para os homens cometerem seus atos antropofágicos sem culpa, pois o fazem em nome dos seus deuses. A carnificina e o canibalismo são traços característicos das deusas arcaicas da fertilidade, elemento comum da velha civilização agrícola que se estendia do Mediterrâneo oriental até o vale do rio Ganges. (cfme. Mircea Eliade) O devoramento do próximo, que aos poucos se tornou tabu, foi sendo substituído pelos sacrifícios humanos e depois de animais propiciados aos deuses, que ajudaram a mitigar a culpa do homem comum na Antiguidade. Sacrificar donzelas e crianças para tornar fértil a terra ou realizar obras arquitetônicas com sucesso duradouro, promover o genocídio de inimigos para ocupar suas cidades e plantios, tudo é realizado em nome da divindade e, portanto, é justo e correto. O homem não faz guerras só por ser antropófago, ele as faz por ser um animal onívoro, e como tal ansioso, voraz, pronto para acumular o que é do próximo e matar se preciso for para atingir seus objetivos. Mas ele precisa de uma desculpa, e a religião preenche essa lacuna como uma moldura dourada que adorna um quadro hediondo de coisas mortas. São muitas as passagens de seus livros sagrados onde a ocupação e o genocídio é incentivado pela "deidade" já que existe uma inibição natural do homem em matar mulheres e crianças e ele necessita de uma justificativa religiosa para cometer seus crimes sem culpa. O monoteísmo, religião mais recente, que surgiu na Pérsia com o zoroastrismo, de invocação ariana de um deus macho, guerreiro que lutava pela luz firmou-se como crença predominante trazida por esses arianos seminomades, era o reflexo evidente dessa ânsia de destruição que deveria ser desculpada pelo estabelecimento do "bem" na terra e justificava a imposição de um império terrestre que fosse a imagem, o reflexo imediato do império celeste na figura de seu representante humano. Os hebreus iriam copiar essa idéia e fazer de Javé seu vingador divino que exigia a destruição dos povos dominados, sem piedade, já que seus objetivos eram primários e antropofágicos de ocupação de território enquanto os persas queriam estabelecer um império e, portanto já tinham a noção da guerra secundária que é a escravização dos povos dominados para manter um fluxo constante de riquezas ao reino e tropas para seus exércitos. Enquanto Ahriman era tolerante Javé é vingativo e etnocêntrico</span></b></div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">A ligação do poder temporal com o divino iria perdurar por milênios e influenciar as culturas até o séc. XX quando as teocracias perderam definitivamente sua aura divina e os reis passaram a depender cada vez mais do poder secular para permanecerem em seus tronos, como meros símbolos do estado, sem verdadeira autoridade. </span></b><b><span style="color: #cc0000;">A civilização inventada na revolução agrícola em poucos milhares de anos sofreu um novo salto evolucionário decorrente da prosperidade alcançada que permitiu o homem, bem alimentado, a filosofar e refletir sobre sua posição no Universo. A fé religiosa que foi consagrada pela herança filosófica greco-romana e escolástica serviu de sustentáculo, fonte, semente de onde brotou, das entranhas de lojas maçônicas, uma nova forma de entender o mundo exterior denominada Razão, considerada pelos sacerdotes da nova crença, os filósofos puritanos e naturalistas, como livre expressão da realidade da Criação. A Razão era então evocada como uma faculdade superior com o poder de controlar paixões e direcioná-las para objetivos mais elevados. Dentro desta visão, são atribuídas à Razão qualidades sagradas; a humanidade, embora induzida pelo desejo irracional, poderia se redimir pela busca de uma união com a Razão Divina. Esta certeza reducionista dos fenômenos físicos que toldou, como uma nova religião, o pensamento do seu novo clero, por quase três séculos, logo mostrou sinais de cansaço e decadência ante a oposição enunciada pelos mesmos filósofos, a partir da experimentação, e as descobertas dos próprios cientistas e físicos sobre a verdadeira composição e inter-relação do Universo. O átomo, que, como diz o nome era até bem pouco tempo atrás a menor partícula da matéria concebida pelo homem, foi novamente desmembrado pela ciência quântica em porções ainda mais ínfimas situadas em regiões infinitesimais onde os fenômenos de energia e matéria são facilmente confundidos.</span></b> </div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">O sentimento inato característico de culpa, nossa herança ancestral, se choca com a noção de dever, valor adquirido de âmbito exclusivamente cultural,</span></b><b><span style="color: #cc0000;"> na sociedade dita como "racional"</span></b><b><span style="color: #cc0000;">. O choque entre homens “primitivos” e “civilizados” distorce os conceitos de razão alardeados pelos filósofos de uma civilização judaico-cristã que se pretende racional e superior em seus valores religiosos e filosóficos. </span></b><b><span style="color: #cc0000;">Ameríndios, esquimós, bosquímanos, os caçadores coletores remanescentes, desde o séc. XV sentiram na própria carne como a ideia de poder e hierarquia pode subverter os primitivos instintos de bondade, e o “não matarás” nada mais é do que expressão de retórica. Os xamãs nativos que tentaram a resistência ao colonialismo, ganharam poderes especiais junto aos seus enfraquecidos povos nas nações invadidas, e foram denunciados pelas autoridades dominantes como energúmenos, tratados como bruxos, canibais, ou comunistas, de acordo com a demonologia colonialista vigente. Ao mesmo tempo a tentativa de perpetuação das suas tradições e cultos pelos nativos foram denegridos pelos invasores, como degradantes, poluidores e destrutivos. Os ingleses, por exemplo em suas muitas interferências contra povos dominados, rapidamente encarceraram as lideranças dos clãs de xamãs dos Dinka e Nuer, tribos nilóticas da África setentrional, que resistiam aos abusos coloniais e hoje vivem um conflito fratricida em seu país no Sudão do Sul, agora armados pelos europeus com fuzis e artilharia pesada. Irenäus Eibl-Eibesfeldt relata em sua obra magistral sobre a guerra e os conflitos humanos, como se realizaram esses contatos entre o mais "desenvolvido" e o "primitivo" em relato pungente onde a consciência individual de um personagem anônimo, em pleno séc. XIX impede que o passado ainda recente da expansão ariana sobre esses povos seja definitivamente esquecido:</span></b></div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">“Os novos colonos (na África Meridional) e os bosquímanos nativos viviam então em um estado de guerra permanente. Os primeiros haviam se estabelecido como criadores de gado em condições ambientais muito duras e consideravam os segundos uma praga que ameaçava sua existência, pois os bosquímanos – a partir de sua própria ótica, com toda a justiça – julgavam de sua prioridade as vacas que pastavam nas suas terras, as matavam e as comiam sem nenhum tipo de inibições. Tentou-se um acerto pacífico, mas sem êxito. Lichteinsten escreveu: Faz quatro anos, para satisfazer-los, se reuniu de todos os distritos no norte um rebanho de mais de 1.600 ovelhas e 30 cabeças de gado e se lhes ofereceu, como um presente voluntário aos habitantes para que se acostumassem administrar seus recursos, apascentassem os rebanhos, criassem aos seus filhos e começassem a viver uma vida ordenada. Entretanto a experiência fracassou estrepitosamente. Sendo que vivem sem governo, sem residência fixa, sem normas sociais e que não conhecem a propriedade privada, não tardaram a chegar seus compatriotas dos mais distantes lugares e entre eles comeram e comeram até não restar nada”.<o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">O pastoreador ariano, tradicionalmente um individualista, em sua expansão colonial e de conquista pelo mundo sempre coloca sua atividade econômica como questão fundamental para justificar seus atos de violência contra outros povos. Assim garante impor seus assentamentos em terras que não são suas e quando é confrontado pelos nativos, os quais sempre denomina de "primitivos", parte para a guerra de extermínio, organiza milícias e pratica seu “herem” como faziam os antigos hebreus. Ou então armam as tribos com armas modernas, mais letais, para resolverem suas disputas e promoverem seu morticínio mútuo. Seu sistema de crenças tudo justifica. Só alguns relatos permaneceram em velhos arquivos para denunciar esses atos que marcaram para sempre a consciência dos vencedores independente dos apelos culturais induzidos na época, que ao contrário sujeitavam as vítimas ao estigma de não pertencerem à “raça humana”. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">“Ainda fico estremecido ao lembrar – relata um respeitável corneteiro do Veld – numa das primeiras cenas que tive que presenciar na minha juventude, quando recém havia sido engajado na milícia. Era integrante de um destacamento sob o comando de Karel Kotz. Havíamos atacado e matado um grande número de bosquímanos. Quando cessou a fuzilaria achamos cinco mulheres ainda com vida. Depois de uma longa deliberação, concordaram todos perdoar-lhes a vida, pois havia bóers que necessitavam escravas para certas tarefas. As desgraçadas criaturas receberam ordens de caminhar a passo ligeiro adiante do destacamento, mas logo nos demos conta que elas obstaculizavam nossa marcha, pois eram incapazes de andar com suficiente rapidez. Deram a ordem de matar-las a tiros. Transcorreu então uma cena que me persegue na memória. As vítimas indefesas se abraçaram em nós quando perceberam nossas intenções e se agarraram com tanta força a alguns do grupo que durante um bom tempo foi impossível disparar nelas sem por em perigo a vida dos soldados que elas se haviam agarrado. Quatro delas foram, ao final, eliminadas, mas a quinta não houve jeito de arrancar-la de um dos nossos camaradas, pois, presa de uma angústia mortal, se grudava nele com desespero, assim tivemos que ceder aos seus rogos e levá-la para casa”. (T. Hahn, Die Buschmänner-1870)<o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">Poderíamos citar muitos outros exemplos similares do choque entre caçadores coletores e invasores mineradores, criadores de gado ou madeireiros de origem européia que invadiram terras, que pela localização se tornaram cada vez mais valiosas para praticar sua atividade econômica e impor seu modo de vida de onívoro destruidor. A antropofagia se faz de forma dissimulada e o ataque se justifica pela manutenção da ordem, como prevenção de um mal, e assim tudo se justifica. Seus participantes, cúmplices no assassínio, alegam que estavam apenas obedecendo a ordens.</span></b> </div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">De acordo com Noam Chomsky, intelectual norte americano, professor no Massachusetts Institute of Tecnology (MIT) : <i>"As estimativas sugerem que podem ter havido cerca de 80 milhões de aborígenes americanos na América Latina quando Colombo 'descobriu' o continente - como costumamos dizer - e cerca de 12 a 15 milhões ao norte do Rio Grande". E ele prossegue: "Já em 1650, cerca de 95% da população da América Latina havia sido dizimada; e na época que as fronteiras dos Estados Unidos foram estabelecidas restavam cerca de 200.000 da população indígena".</i></span></b> </div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">A civilização moderna criada na revolução industrial que se acreditava no princípio do séc. XX estar posicionada num pedestal inatingível de sistema político democrático, cosmopolita, e no pleno domínio dos instintos humanos, impondo a legalidade e a fé da religião redentora e da razão forjou um turbilhão de fogo e aço que esmagou seus próprios valores racionalistas humanos, recém conquistados, e protagonizou duas guerras totais globais, holocaustos e milhares de conflitos localizados que dizimaram populações inteiras por pretensas razões ideológicas e religiosas que disfarçaram a ganância de seus protagonistas. Seus processos de produção em série, a multiplicação em escala geométrica de suas ferramentas de morte condicionaram a forma como milhares são mortos nas guerras, como produção em massa. </span></b></div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">Foi no séc. XX que começou um dos mais sangrentos conflitos, quando os arianos se enfrentaram para decidir quem herdaria o cetro do poder do mundo colonialista em franca modificação após a “Grande Depressão” de 1924. No começo do conflito, a invasão da Polônia pela Alemanha, seu estopim, pareceu aos olhos do mundo como um ato de justiça e legítima defesa e foram ressaltados pelo Führer os esforços inúteis que haviam sido feitos para garantir a paz:</span></b> </div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">“Vocês conhecem muito bem minhas reiteradas intenções para lograr um acordo pacifico para a questão do problema Austríaco, e dos Sudetes, da Boemia e da Morávia. Tudo foi inútil. Em meus encontros com os estadistas poloneses tenho repetido as idéias que expus em meu último discurso perante o Reichstag (28 de Abril de 1939). Hoje tenho que repetir uma vez mais que minhas propostas são das mais sinceras e comedidas, e assim quero gritar perante o mundo. Em resumo, eu pranteava tais propostas por que sabia que minha opinião era contrária a de milhões de alemães. Minhas sugestões foram rechaçadas... Passei dois dias reunidos com meu governo esperando que os poloneses tivessem por bem enviar um negociador...Não há que confundir meu amor a paz e minha interminável paciência com debilidade ou covardia!...Por conseguinte, decidi falar à Polônia com a mesma linguagem que a Polônia utiliza conosco faz meses!...”<o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><b><span style="color: #cc0000;">“Esta noite tropas regulares polonesas irromperam pela primeira vez em nosso território. Desde às 5:45 estamos respondendo ao fogo e a partir deste momento responderemos às bombas com as bombas” (Discurso pronunciado por Adolf Hitler em 1 de Setembro de 1939 citado de W. L. Shirer) <o:p></o:p></span></b></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">O povo ariano sempre soube utilizar a estratagema do ataque preventivo para cometer seus conflitos de interesse. Norte-Americanos, Franceses, Alemães, e Ingleses em função de suas aspirações de hegemonia deflagraram nessa primeira parte do séc. XX um conflito que matou mais de 70 milhões de pessoas em nome da justiça e da democracia. A ameaça nazista de fato tinha que ser contida, pois representava o pior dessa filosofia de pastores nômades, agora transformados pelo processo industrial em capitalistas com sua renovada sede de genocídio e escravização do próximo que consideravam inferiores. Nesse caso veneno foi combatido com veneno. A Rússia estalinista, nação onde a classe dominante é descendente dos antigos vikings arianos que se impuseram militarmente sobre os povos eslavos convertida ao comunismo pela revolução bolchevique em União Soviética foi o fiel da balança contra os interesses imperialistas desses outros povos arianos. A imago nietzscheana do Übermensch, o super homem estava no seu auge, como volição ideal do eurocentrismo, que se acreditava acima das demais culturas do mundo, como herança ideal do passado clássico, divinização do princípio da superioridade racial ariana revestida de filosofia materialista e anticlerical. Nietzsche alegava simplesmente que, se o desejo é tudo o que existe, então que seja gargantuesco, e que os mais poderosamente apaixonados devorem o mundo para saciar seus apetites. Ele então afirma: <i>“Um grande homem... não requer corações ‘compassivos’, mas servos, instrumentos na sua lida com os homens, seu único objetivo é produzir alguma coisa a partir deles”.</i> Ele assim elaborou uma síntese da ideologia ariana, a partir dos retalhos do seu passado histórico antropofágico, com uma nova roupagem de cultura pseudo materialista, divinizadora do homem. Revestiu, de forma romântica, a imagem das sociedades secretas tribais germânicas dos "bersekers" ( literalmente "camisas de urso" ), guerreiros "enlouquecidos" que se identificavam com a ferocidade do urso, e nas quais o jovem ingresso era obrigado na sua iniciação a adotar os atributos de agressividade que o igualava a fera colérica e aterradora. Tendencia naturalista que os "camisas pardas" de Hitler iriam adotar como modelo dentro de uma sociedade pretensamente civilizada, movidos por uma fúria sagrada, que visava à destruição como suprema realização de sua visão religiosa, revivendo seus desejos mais profundos do "assassínio ritual" em relação às etnias e grupos que consideravam dispensáveis, primeiro contra os deficientes e judeus, depois contra os estrangeiros, e a seguir contra o próprio povo alemão sacrificado em holocausto à guerra e finalmente contra seus próprios familiares no rito final da completa destruição na iminência da derrota. </span></b><b><span style="color: #cc0000;">Não fosse a resistência valorosa desses servos eslavos, considerados inferiores, que se negaram a serem novamente escravizados pelos seus novos senhores arianos talvez hoje estivéssemos subjugados pelos fascistas. Mas ainda hoje as grandes corporações e seus homens de negócio, burocratas gananciosos, oportunistas ávidos de poder que legitimaram e deram gás para esse regime racista tanto dentro como fora da Alemanha mantem suas produções a pleno vapor com plantas industriais espalhadas pelo mundo. Um pintor medíocre, de baixa patente militar, não teria chegado tão alto sem o apoio do capital fascinado pelo seu anticomunismo canhestro divulgado aos quatro ventos, cujo carisma encantava as multidões. Como escreveu Robert Waite: <i>"o nazismo era uma religião completa, com um messias, um livro sagrado, uma cruz, adornos do aparato religioso, um clero e uma elite ungida e trajada de negro, excomunhão e morte para os hereges, e a promessa milenarista do Reich de Mil Anos".</i></span></b></div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">Com a derrocada do nazismo, outros personagens se ungiram e com os novos uniformes e flamulas, ostentando os símbolos da liberdade e da democracia, como</span></b><b><span style="color: #cc0000;"> soberanos da verdade envolveram o mundo em</span></b><b><span style="color: #cc0000;"> uma nova cruzada cristã </span></b><b><span style="color: #cc0000;">a ser implantada pela força</span></b><b><span style="color: #cc0000;">. A guerra fria que se seguiu entre o Ocidente e o Bloco Soviético, teve como seu primeiro ato de guerra, um atentado contra populações civis, no fim do conflito mundial, a destruição impune de duas cidades japonesas, para afirmar a superioridade bélica norte americana perante o mundo, ao custo de milhares de civis inocentes calcinados pelos artefatos, abrindo um novo capítulo na Odisseia Antropofágica, o das armas de destruição de massa. Foi dada a largada para a corrida armamentista e o início do terror nuclear. Daí para adiante o singelo toque de um botão vermelho pode significar, a qualquer momento, o começo de uma hecatombe irreversível sem precedentes. O planeta poderia ser destruído várias vezes tal é a quantidade de ogivas atômicas estocadas hoje pelas potências. As bombas de Hiroxima e Nagasaki se assemelham a brinquedos ante o poder destruidor dos atuais artefatos. </span></b><b><span style="color: #cc0000;">O uso do átomo como arma de guerra, já experimentada com sucesso contra civis, é a espada de Dámocles que se mantém suspensa sobre todas as cabeças na atualidade, mas mesmo esse delicado equilíbrio estratégico entre as potências nucleares, que garantiu uma paz armada até o momento, parece estar sendo subvertido por interesses no Ocidente de grupos poderosos em busca desenfreada de mais recursos naturais e poder.</span></b> </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">O Bloco Soviético faz parte do passado. É interessante lembrar que seu desmonte ocorreu a partir de um custoso conflito contra guerrilheiros primitivos que viviam as antigas aspirações das tribos arianas do centro da Ásia fanatizados por uma religião monoteísta de origem abraâmica, o que soa quase como uma ironia poética. Foi no Afeganistão que a ação do importante e até então invencível poderio soviético foi posto a prova. Iniciar conflitos sem objetivos claros já destruiu muitos impérios do passado. O grande arsenal nuclear, legado da guerra fria, de nada serviu para fazer frente a esses homens simples e com moral elevada de combate e seus armamentos de infantaria leve, os novos hoplitas, cidadãos soldados defendendo seus valores religiosos e suas áreas de influência tribal contra ideologias exógenas.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">Os Estados Unidos da América também tentaram impor sua supremacia militar na região sob a desculpa de capturar Bin Laden, o terrorista mundialmente demonizado pela mídia pelos atentados do 11/09. Em vez de buscar a captura, como uma ação policial do seu antes aliado contra os soviéticos, que se tornou líder terrorista proscrito e, a partir das facilidades que só a tecnologia dispõe, a nação americana foi em busca da aventura e movimentou uma grande força militar através do mundo, pois pretendia mandar uma mensagem inquestionável a cerca de seu poderio, sua pax deve ser imposta aos povos “primitivos”, mais uma vez demonizados, tratados como exóticos, como impedimento à evolução da humanidade e que, portanto devem ser sujeitados a qualquer custo. Mais um fracasso amargado pelos poderosos contra esses insurrectos que não querem aceitar a “Nova Ordem”, seja lá o que isso for. </span></b><b><span style="color: #cc0000;">O líder terrorista, na figura do bem amado, criatura que se mirou na sombra do seu criador em seus atos de sangue e morte, ícone da mídia mundial, verdadeiro astro "pop" do mal, sofreu o destino que a tradição da aldeia global proporciona, seu imolamento em praça pública, divulgado pelos meios eletrônicos, em cadeia televisiva e informática, para gaudio da audiência seleta do mundo ocidental. No interminável ciclo de terror e vingança assim o algoz se torna em vítima. </span></b><b><span style="color: #cc0000;">Chama atenção a reação eufórica do povo norte americano, encenaram um verdadeiro "carnaval" pagão, quando finalmente, na ação de busca e destruição, o que deveria ter sido o primeiro ato no começo do conflito, o assassinato frio do terrorista demonstrou que a humanidade ainda vive os mesmos valores do circo romano. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">Enquanto isso o homem comum está em um estado hipnótico. Imerso em suas tecnologias de ponta, que deveriam transformá-lo no ser mais bem informado do mundo. Mas na verdade é a própria fonte essencial de sua alienação. A virtualidade desconecta o indivíduo da realidade. Não ouvimos os estampidos da artilharia, nem vemos as naves despejando bombas "inteligentes" sobre alvos humanos. Não escutamos os gritos de sudaneses, palestinos, iraquianos, afegãos, ruandeses, colombianos e haitianos. Em uma sociedade analgésica evitamos escutá-los. Nossa formação narcisista já não contém as antigas tradições que tornavam o ser humano coeso com seu meio. O individualismo do homem comum é incentivado pelos meios de produção como forma de incrementar o consumo. O vazio existencial provoca a busca constante de novas experiências sensoriais que são fornecidas para uma sociedade cada vez mais hedonista. Depois de experimentar o excesso de tudo o vazio retorna com ainda mais força. Mentiras constantemente repetidas possuem um efeito transformador, redefinindo a realidade, não só para os receptores, mas também para o emissor da mensagem, que vê a ilusão propagada tornar-se realidade exterior e a afirmação do poder da mensagem, como imagem transcendente, associar-se à experiência real interior dos poderosos que a controlam. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;"><i>Esta imagem afirma de forma perturbadora um profundo desejo da multidão “regredida” e “afeminada” de se submeter à dominação do ativo, e de adular aqueles que são opressores. A dominação e a adulação se misturam “naturalmente”, e uma lei irrevogável diz que o passivo não só deveria obedecer ao ativo, como também adorá-lo, já que através da obediência o fraco e o vazio ganham identidade, e também a necessária ilusão de potência e vontade. Como coloca um psicólogo de massa contemporâneo, os membros da multidão paradoxalmente “tem um forte sentimento de liberdade apesar de viverem e respirarem num clima de estrita adesão a princípios e ordens”.(Hoffer) E, apesar de perdidos na subserviência, sentem-se imersos no amor. (Charles Lindholm - Carisma)</i></span></b></div>
</blockquote>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL21U9s5YuRzGHQcDftwQxvNOBuuAM-y4BK7ZZSLQGgsdHEXnO5QaEr84JTNC9_BdfvOVyyPGBCh4qB7UdeADZSDTIJVeTBZfkEAt1B1rSdCIRFYzInbgPWCaZGVVPDa_T7Luw9kJBYUE/s1600/2762709-Dinka_Soldiers_Sudan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL21U9s5YuRzGHQcDftwQxvNOBuuAM-y4BK7ZZSLQGgsdHEXnO5QaEr84JTNC9_BdfvOVyyPGBCh4qB7UdeADZSDTIJVeTBZfkEAt1B1rSdCIRFYzInbgPWCaZGVVPDa_T7Luw9kJBYUE/s400/2762709-Dinka_Soldiers_Sudan.jpg" height="300" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #990000;">Milicia Dinka</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">A Odisseia Antropofágica irá um dia chegar ao fim? É cada vez mais dificil prever. Os Nuer e os Dinka, são povos africanos que possuem uma origem étnica e uma fé comum, ambos foram cristianizados por missionários, e como já vimos resistiram ao colonialismo inglês de forma heroica e também contra as influências impostas pelo governo central do Sudão, de formação islamita, conseguindo a duras penas, no ano passado, sua independência. Recentemente a região do sul do país, onde subsistem esses povos, tornou-se independente com o apoio das grandes potências planetárias e passou a ser denominada Sudão do Sul, país com grandes reservas de hidrocarbonetos ambicionados pelos países do primeiro mundo e pelas companhias de petróleo. Ambas as tribos são tradicionalmente de criadores de gado. Até pouco tempo atrás resolviam suas rixas </span></b><b><span style="color: #cc0000;">com suas lanças, arcos e flechas e pedras</span></b><b><span style="color: #cc0000;">, contendas que eram originadas por uma pauta de cunho antropofágico velada, da acusação do mútuo roubo de gado e sequestro de mulheres. Suas batalhas eram travadas, quase sempre, com poucas mortes, mas que traduzem um ciclo de ódio e vingança interminável entre os dois grupos. Tiveram alguns momentos de alianças de interesse contra inimigos comuns durante o colonialismo e o processo de independência, mas foram pouco duradouras. A escalada de suas lutas por autonomia motivou uma mudança técnica dos arsenais utilizados nos conflitos, suas armas milenares foram substituídas por fuzis automáticos, lança-rojões, metralhadoras provenientes do mundo "civilizado" aumentando assim em escala geométrica a letalidade de seus confrontos. Os Nuir, historicamente são os incitadores iniciais dos conflitos contras os Dinka, sempre com a mesma desculpa do roubo de gado, o motivo preferido de suas escaramuças tribais. Na primeira semana de 2012 cerca de 8 mil jovens armados da tribo Lou Nuer atacaram um vilarejo denominado Pibor, uma localidade da tribo dos Dinka Murle na província de Jonglei, acusando seus moradores de roubo de gado. O grupo só se retirou quando tropas do governo abriram fogo. Muitos fugiram antes do ataque. Atiradores queimaram cabanas e saquearam um hospital mantido por um grupo de asistência humanitária. Segundo relatos de fontes independentes morreram 2.182 mulheres e crianças, assim como 959 homens. Com a evolução da guerra que antes habitava a pré-história em termos de ferocidade e agora ingressou no século XXI, para esses simples moradores do Sudão do Sul o fim do seu mundo, como ocorreu para os Peles Vermelhas, Maias e Tupinambás, está próximo, logo adiante em seu futuro imediato, pois não bastasse a profunda pobreza em que vivem, agora com a introdução de armas sofisticadas de fora, seus conflitos armados promovem morticínios em escala nunca imaginada por eles. Com a pressão demográfica evidente sobre sua atividade de pastoreio que exige, cada vez mais, áreas consideráveis de pastagens, os atritos entre as duas tribos, com origem étnica comum, são inevitáveis a curto prazo. O livro sagrado introduzido recentemente pelos missionários cristãos para eles agora está começando a fazer sentido, no que diz respeito ao "arrebatamento" e às suas "revelações" de "fim dos tempos". Enquanto seus grupos tribais exercitam suas guerras primárias de controle do meio ambiente, como nossos antepassados faziam na pré-história, agora com modernas armas fornecidas por estrangeiros, as grandes corporações extrativistas exercitam o conflito secundário de apropriação dessas riquezas inestimáveis nas mãos de "pobres primitivos" de forma indireta. A história sempre se repete.</span></b></div>
</blockquote>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4WdvZYs2w4SMv96sIfhiXObjU9QYRMARaZ4eRyXnOj0O8xJxY9c8uIe3J1jC_npSeKXd-o75SOvEYay8bNv1v-GMB0aEcFJZsQGLE98LVbSCnzAaQnjLnvC_3to36o0AanHPBKoyt72g/s1600/2762708-Dinka_Soldiers_Sudan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4WdvZYs2w4SMv96sIfhiXObjU9QYRMARaZ4eRyXnOj0O8xJxY9c8uIe3J1jC_npSeKXd-o75SOvEYay8bNv1v-GMB0aEcFJZsQGLE98LVbSCnzAaQnjLnvC_3to36o0AanHPBKoyt72g/s400/2762708-Dinka_Soldiers_Sudan.jpg" height="300" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="color: #990000;">Milicia Dinka</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;"><i>"Numa situação instável, os membros de uma sociedade, devem estar bem informados e transformar sua cultura, isto é, o conjunto de informações coletivas. Se podem fazê-lo e avançam para uma nova forma de funcionamento da sua organização social, econômica e política, ou se sua sociedade mergulha na anarquia, tornam-se, em ambos os casos, uma presa fácil para adversários mais estáveis e mais poderosos, arriscando-se a desaparecer no caos". </i>(Ervin Laszlo - Conselheiro da UNESCO e Reitor da Academia de Viena, fundador do General Evolution Research Group) </span></b></div>
</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #cc0000;">Do canibalismo primitivo ao cristianismo e zen-budismo, a raça humana tem dado poucas respostas a respeito da questão da existência e do próximo. Em nossa cultura Ocidental quase todos julgam dar a resposta das religiões cristã ou judaica, ou a resposta de um ateísmo esclarecido humanista, mas se pudéssemos fazer uma radiografia mental de cada um, constataríamos ainda inúmeros adeptos do canibalismo, outros seguidores do culto tribal totêmico, ainda outros adoradores de ídolos de diferentes tipos e uns poucos cristãos, judeus, budistas e taoistas de fato. </span></b><b><span style="color: #cc0000;">O homem ocidental comum acredita que tais questões existenciais não podem lhe afetar o cotidiano, nem se sente responsável por elas. Sentado em algum café climatizado do mundo "civilizado" lê tais notícias como se tivessem ocorrido em outro planeta, numa dimensão própria onde tudo é possível. Ele se acha imune ao que ocorre lá fora. Seus aparatos eletrônicos, a comunidade de informação onde habita, o sistema econômico e seus recursos energéticos que acredita inesgotáveis são todos os produtos dessa afetada indiferença. Caso ele percebesse o quanto são sangrentos esses recursos em sua fonte, se escutasse de seus artefatos os gritos de agonia de mulheres e crianças chacinadas como gado em algum país distante. Se fosse obrigado a sentir o cheiro dessa carne putrefata dos corpos exalando dessas "coisas tão necessárias" talvez um dia a Odisseia Antropofágica chegasse ao fim. </span></b> </div>
</blockquote>
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
</blockquote>
<br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br />
</span></b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/2YrM3it4RrU?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"> </span></b></div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-76523315291545832362011-11-20T06:19:00.006-08:002022-01-14T07:56:00.515-08:00O Relatório da Montanha de Ferro<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br />
</span></b><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgptqktoDp6VUyieDWHL5OZyYUJxZaJDJ30ZULE8PHNuhkP8q5_lZ4hbhNZ-LaFjG0vAvaxuIcPJwQ13305ND2U0P_K3KH-zPRBbyuLzX7ZnIs6RgmyKMy6BZb1VhGh6Ems1RK_6kpOpPw/s1600/obamawar.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="283" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgptqktoDp6VUyieDWHL5OZyYUJxZaJDJ30ZULE8PHNuhkP8q5_lZ4hbhNZ-LaFjG0vAvaxuIcPJwQ13305ND2U0P_K3KH-zPRBbyuLzX7ZnIs6RgmyKMy6BZb1VhGh6Ems1RK_6kpOpPw/s400/obamawar.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000; font-size: small;">Barack Obama, presidente filho de imigrantes e afrodescendente incorpora <br />
o ideal do herói para as massas menos favorecidas e imigrantes dos EUA.<br />
Nobel da Paz, tornou-se a imagem simpática do sistema,<br />
um ídolo forjado de um país cada vez mais belicista. </span></b></td></tr>
</tbody></table>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br />
</span></b></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>A herança ancestral da cultura indo ariana permeia toda a cultura do Ocidente como estrutura arcana dos processos econômicos e políticos que regem as massas desse lado do planeta, e sua influência, por difusão, alcançou os quatro cantos da terra e as outras culturas planetárias de forma abrangente. Nos últimos quatro mil anos ou mais, desde que os primeiros guerreiros pastores deixaram as planícies da Ásia e se espalharam pelo planeta, o arrefecimento de seus ideais de nômades para o sedentarismo não modificaram entretanto sua mentalidade belicista e escravocrata, de cunho antropofágico, estruturada de forma subliminal no mito do herói. Por mais que tentem personagens isolados como Jesus e Buda, ícones pacifistas que foram adorados e deificados pelas religiões oficiais, e pregaram contra os aspectos desumanos e antropofágicos dos conflitos humanos, por mais pesquisas realizadas pelos cientistas sobre o comportamento agressivo da humanidade e suas origens, nada ou muito pouco mudou no ideário dos governantes em relação a necessidade do conflito permanente para manter sua autoridade sobre as massas, cada vez mais numerosas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Pelo contrário, estudiosos, "especialistas em conflitos", tem reforçado o aspecto competitivo e os choques inevitáveis de diferentes civilizações, pois as mentalidades desses indivíduos, inerentes a sua própria cultura, mesmo sendo sociólogos e analistas de comportamento, estão impregnadas por seus conceitos sócio-políticos darwinistas realçados pela necessidade de competição entre os grupos humanos onde só os mais fortes sobrevivem. Nesse caso falta distanciamento crítico e sobra viés cultural.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>O séc. XIX marcou mais uma grande expansão dos povos de origem indo ariana oriundos da Europa, um poderio sem precedentes, que em comparação aos poderes de Roma, Espanha, Bagdá ou Constantinopla, em seu apogeu, eram esses muito menores. Grã Bretanha e França e depois os Estados Unidos com sua ideologia expansionista de busca de terras e riquezas fizeram desse século o que se denominou a "ascensão do Ocidente", e esse poderio crescente assegurou aos respectivos centros metropolitanos imperiais a aquisição e acumulação de territórios e súditos a uma escala verdadeiramente assombrosa. Considere-se que, em 1800, as potências ocidentais reivindicavam 55% mas detinham na verdade 35% da superfície do globo, e em 1878 essa proporção atingiu 67%, numa taxa de crescimento de cerca de 220 mil quilômetros quadrados por ano. Em 1914, a taxa anual havia subido para vertiginosos 620 mil quilômetros quadrados, e a Europa já detinha um total aproximado de 85% do mundo, na forma de colônias, protetorados, dependências, domínios e commonwealths. Nunca existiu em toda a história um conjunto tão grande, sob domínio tão completo, com um poder tão desigual em relação às metrópoles ocidentais, relação essa que só seria contestada após o fim da II Guerra Mundial pelos movimentos de independência nacionais influenciados pelo marxismo, ideologia de origem também européia. Seus reflexos no que diz respeito à liberdade das nações ainda hoje se fazem sentir.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Como diz Michael Dole: <i>"O império é uma relação, formal ou informal, em que um Estado controla a soberania política efetiva de outra sociedade política. Ele pode ser alcançado pela força, pela colaboração política, por dependência econômica, social ou cultural. O imperialismo é simplesmente o processo ou a política de estabelecer e manter um império". </i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Desde 1917 os governos imperialistas tem investido na propaganda como forma de influenciar os públicos internos e externos sobre a necessidade da guerra para impor a democracia e a justiça no mundo. Os seus principais objetivos junto ao público, na I Guerra Mundial, como nas outras que iriam posteriormente acontecer foram: 1) mobilizar e dirigir o ódio contra o inimigo e solapar a moral deste; 2) convencer o público interno da justiça da causa aliada e aumentar e manter seu espírito combativo; 3) desenvolver a amizade de neutros e fortalecer seus espíritos e crença de que não só os aliados estavam certos como no fim seriam vitoriosos, e, se possível aliciar seu apoio e cooperação ativos; 4) Desenvolver e robustecer a amizade das nações que combatiam ao seu lado. O slogan que ingleses e franceses utilizavam na época era: <i>"A guerra para acabar com todas as guerras".</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Quaisquer que fossem as técnicas usadas por ambos os lados, a ideia básica era formar atitudes e sentimentos fortes no seu próprio grupo, acompanhadas de atitudes contrárias de ódio voltado contra o inimigo como perigoso grupo estranho, mecanismo esse que parece quase inato no homem quando se defronta com frustrações e ansiedades. Desde que inicia sua amamentação o nascituro interpreta o seio gratificador como objeto "bom", o frustrador como objeto "mau", até que em época posterior de maturação os aspectos positivos e negativos dos progenitores levam o individuo a uma ambivalência onde coexistem sentimentos de amor e ódio. De onde se originam vários pares de opostos como preto e branco, bom e mau, conceitos apelativos largamente utilizados pelos técnicos da comunicação para induzir através da propaganda os sentimentos de ódio exacerbado ao inimigo, bem como aliviar nosso próprio sentimento de culpa quando também nos comportamos brutalmente contra o inimigo e, por projeção identificamos nossos próprios instintos maus nos antagonistas fortalecendo nosso sentido de moral e aumentando nosso sentido de unidade grupal.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Não existe nada como a guerra, dizem os especialistas, para derrubar os obstáculos de classe e outros e para criar sentimentos de irmandade e cooperação dentro de um país, porque toda a agressividade e ressentimento anteriormente voltados para dentro do sistema passam a ser dirigidos contra o inimigo externo (ou até mesmo um inimigo interno composto por algum grupo ou minoria ), e após terminado o conflito mais uma vez a desunião de classes volta a imperar. Foi o caso quando na I Guerra Mundial as forças do patriotismo predominaram sobre os sentimentos do marxismo internacional que até então haviam unido os proletariados da França e Alemanha e levaram milhões de soldados para a luta de trincheiras e que resultaram baixas de ambos os lados em escala industrial. Devemos lembrar que nessa época as comunicações ainda eram escassas e estavam baseadas em panfletos, jornais e filmes, pois o rádio ainda não tinha sido difundido.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>As notícias de atrocidades do inimigo, muitas vezes veiculadas como boatos, possuem função motivadora nos conflitos. Razões psicológicas são despertadas de nosso inconsciente pelos especialistas para que tais informes sejam aceitos como verdadeiros no tempo de guerra: 1) são em parte uma projeção de nossos próprios instintos sádicos em relação ao próximo, que consideramos como "o inimigo", que quase sempre são inibidos pela lei e costumes, e atende a função de, por comparação, fazer-nos sentirmos "bons" e de assim elevar a moral do público; 2) como o homem civilizado foi criado de maneira a achar maus muitos dos atos ligados à guerra, e a própria guerra, estórias de atrocidades agem justificando até certo ponto as coisas desagradáveis que temos que fazer ou presenciar; 3) a mente humana possui uma espécie de molde de tal modo que quando aparecem lacunas devidas à falta de conhecimento a tendência natural é enchê-las com detalhes imaginários para corroborar nossa opinião desfavorável sobre os acontecimentos. 4) por fim, a guerra por sí mesma é uma regressão a padrões mais primitivos de comportamento, um reviver de fantasias primitivas de cunho antropofágico que logo se torna aparente no comportamento de combatentes e não combatentes tanto no campo da agressão como no campo da líbido, de fato, os civis, que tem menos oportunidade de uma válvula de escape, através da ação de combate, são geralmente piores que os militares quando postas em ação as massas para odiar inimigos coletivos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Sobre a disposição das massas em relação ao direcionamento de seus ódios contra os inimigos nacionais foi Le Bon em 1896, quem pela primeira vez chamou a atenção para o fato de que: <i>"Sejam quais forem os indivíduos que a compõem, quer sejam parecidos ou diferentes seus estilos de vida, suas ocupações, seu caráter, ou sua inteligência, o fator de terem sido transformados em uma multidão coloca-os na posse de uma mentalidade coletiva que os faz pensar, sentir e agir de maneira assaz diferente da forma que cada indivíduo dentre eles pensaria, sentiria ou agiria achando-se isolado".</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Sua explicação é baseada nos seguintes fatores: 1) o sentimento de poder invencível que torna a multidão mais primitiva e menos sujeita ao controle pela consciência pessoal ou ameaçada pelo medo à punição; 2) o fato do contágio ou imitação de comportamento social, instinto natural dos primatas; 3) a sugestionabilidade excessiva da multidão reforçada pelo anonimato do indivíduo e do sentimento de permissividade ao observar o comportamento dos outros o que o leva a crer poder sem riscos exprimir emoções e sentimentos normalmente reprimidos que ele teria vergonha de expressar de outra maneira. Em seguida, há a libertação de um sentimento de culpa, ou até mesmo um sentimento oculto inibido desenvolvido a um grau anormal, que se libera quando a culpa total de uma nação é projetada sobre um inimigo externo, tratando-se os mesmos motivadores constituídos de forma análoga ao ódio e aos ressentimentos normalmente disjuntivos da unidade social. Dentro das fronteiras nacionais todos ficam mais tolerantes, mais delicados para com os outros que são congeneres de sua opinião e etnia, a moral sexual convencional desmorona e o índice de natalidade sobe, ao mesmo tempo que os índices de violência, neuroses e suicídio caem. O suicida encontra a possibilidade de voltar sua auto-depreciação para fora e o neurótico encontra terreno fértil no conflito onde pode se sentir útil. Os homens e mulheres comuns sujeitos a empregos frustadores, desempregados ou em situação familiar frustradora encontram nova finalidade na vida, possivelmente um outro trabalho, outro convívio pessoal e liberdade em relação aos vínculos domésticos. Na medida em que os fatos reais são censurados pelos meios de comunicação, espalham-se os boatos, que são compensados pelos toques das fanfarras, pelas canções patrióticas e os discursos vibrantes de lideres políticos e sacerdotes ao garantirem estarem do lado certo da lei e de Deus para fazerem as pessoas sentirem-se bem. Embora essas emoções e vantagens psicológicas se alternem com a fortuna ou fracasso da guerra de cada lado em conflito é possível concluir que muitas pessoas inconscientemente desejam o conflito. Após as duas grandes guerras que ocorreram no século passado muitos confessaram que nunca haviam achado a vida tão rica e significativa como quando estavam combatendo o inimigo. Inibições e dúvidas foram afastadas e as paixões primitivas de ódio a um grupo e amor a outro receberam plena expressão, ao mesmo tempo ficou mais fácil a concentração sem restrições no desempenho de uma atividade profissional repetitiva. A identificação de um objetivo comum, uma grande finalidade comunal, eliminou a mesquinharia particular e o egoismo da vida cotidiana reforçando seus instintos gregários como sensação de integração e significação pessoal nunca antes alcançado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Foram esses fenômenos de massa que levaram Freud em 1918 a postular um instinto de destrutividade inata, ou instinto de morte, nessa teoria ele descreveu duas pulsões naturais do ser humano: a pulsão de vida ou Eros, e a outra pulsão da destruição irracional que denominou Tanathos. Se o impulso para a morte fosse dirigido para objetos externos manifestava-se como uma ânsia para destruir, enquanto permanecendo dentro do individuo sua meta era a auto-destruição. Em essência a teoria do instinto de morte afirma termos de destruir outros para evitar a agressão a nós mesmos. A teoria não postula a inevitabilidade da guerra, pois os homens possuem muitas maneiras de destruir a sí mesmos e a outros, psicológica ou fisicamente, total ou parcialmente. São muitos os exemplos que podemos destacar no mundo de hoje como a violência das gangues urbanas, as drogas, o alcoolismo e os acidentes auto impostos. Entretanto Freud ficou bastante cético da possibilidade de deter a repetição de grandes conflitos patrocinado pelas nações sem uma força coercitiva que lhes fosse superior. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Essa é uma teoria psicológica deprimente que não é aceita por todos os especialistas de comportamento. Mas ao observarmos os acontecimentos da história recente talvez expliquem-se muitos dos fenômenos psicológicos negativos das guerras advindos das massas quando a agressividade ativa cessa, ou o entusiasmo transforma-se em tédio na medida que nosso lado parece estar perdendo, então surge a ruptura da unidade nacional e o reaparecimento da luta de classes, a cisão dos iniciais grupos de aliados, e o retorno do sentimento de culpa face a conduta na guerra, todos são resultados do pós-guerra que foram observados em duas gerações nos EUA e na Europa.</b></span><br />
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV9GCB1RxkmDsId9atBvh1GQ_gkrMoWGzd7IoqrV9toMd-pfqZqwLwW1UnS35PpiD_BuVcyEfWTgOlh1f8RIU5UPVpJlnRdu3T2BdAqPSMyC1rkViNIvRqkvYXce26IfgikDyfjp4isqY/s1600/3Guerra-02.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV9GCB1RxkmDsId9atBvh1GQ_gkrMoWGzd7IoqrV9toMd-pfqZqwLwW1UnS35PpiD_BuVcyEfWTgOlh1f8RIU5UPVpJlnRdu3T2BdAqPSMyC1rkViNIvRqkvYXce26IfgikDyfjp4isqY/s400/3Guerra-02.JPG" width="261" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>O Relatório da Montanha de Ferro - </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Em 1963, uma comissão de alto nível integrada por quinze eminentes pesquisadores, selecionados por seu alto saber e ilibada reputação começou a reunir-se no local denominado Montanha de Ferro, antigo abrigo antinuclear perto de Nova York, por convocação provável do governo americano em plena "Guerra Fria", para analisar, realística e objetivamente, as conseqüências que advirão para a humanidade se, e quando, for adotado universalmente um sistema permanente de paz.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Após três anos e meio de estudos profundos e de sérias investigações sócio-científicas, o grupo deu por encerrados os trabalhos e emitiu unânime e sigiloso parecer, segundo o qual a paz definitiva, além de provavelmente inatingível, não seria útil à sociedade humana, cuja estabilidade, pelo menos no estágio atual, não pode prescindir da guerra.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>"A Paz Indesejável (Original: Report from Iron Mountain, 1969) é o surpreendente e chocante relatório da comissão da Montanha de Ferro tornando ostensivo, sem qualquer corte, e pela indiscrição de um de seus membros alcunhado de "John Doe" que assumindo elevado risco pessoal liberou para a imprensa seu conteúdo. Foi acrescido de material introdutivo com explicações, preparado pelo jornalista do The New Yorker, Leonard C. Lewin..."</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Leonard C. Lewin apresenta o livro como um verdadeiro furo de reportagem. Em agosto de 1963, um cientista social o procurou para lhe passar as conclusões do estudo feito por uma comissão da mais alta importância, convocada por Washington, para determinar de forma sigilosa, realística e precisamente, a natureza dos problemas que os Estados Unidos teriam de enfrentar se, ou quando, o mundo atingir uma condição de paz permanente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>No Relatório da Montanha de Ferro, como ficou conhecido, lemos:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>"A guerra não é, como geralmente se crê um instrumento de política utilizado pelas nações para expandir ou defender seus valores políticos expressos ou seus interesses econômicos. Ao contrário, ela é por sí mesma , a principal base de organização sobre a qual todas as sociedades modernas estão construídas. A causa próxima comum da guerra é a aparente interferência de uma nação com as aspirações de outra. Mas na raiz de todas as diferenças ostensivas de interesse nacional está a exigência dinâmica do sistema de guerra de conflitos armados periódicos. Prontidão para a guerra é o que caracteriza os sistemas sociais contemporâneos muito mais largamente que suas estruturas econômicas e politicas, aos quais ela inclui".</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Podemos refletir sobre o texto conforme foi exposto que o pensamento antropofágico nunca foi tão bem confessado como nessa sentença, de forma pragmática, sem culpa e sem vício aparente, como norma a ser seguida pelos interlocutores de nossa civilização dita democrática. Essa afirmação equivale a noção de incorporar o instinto predador do jaguar expresso por Cunhambebe para Hans Staden. Não foram militares que expressaram essas idéias, mas sim sociólogos, psicólogos e antropólogos da mais alta categoria, civis profundamente preocupados em defender sua cultura contra o assédio na época dos "malvados" comunistas que habitavam o leste da Europa. Os tupinambás tinham a mesma percepção da questão, para eles a guerra era um fim em si.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i>"A possibilidade da guerra fornece o senso de necessidade externa, sem o qual nenhum governo pode permanecer longamente no poder... A organização de uma sociedade para a possibilidade da guerra é seu principal estabilizador político" (pág. 69).</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i>"Em geral, o sistema de guerra dá a motivação básica para a organização social primária. Desta forma, ele reflete no nível social os incentivos do comportamento individual humano. O mais importante deles, para propósitos sociais, é o argumento psicológico individual para submissão a uma sociedade e a seus valores. A submissão requer uma causa; uma causa requer um inimigo" (pág. 73).</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i>"Um substitutivo viável para a guerra como sistema social não pode ser uma mera charada simbólica. Ele deve envolver um risco factual de destruição pessoal real, numa escala compatível com a envergadura e a complexidade dos modernos sistemas sociais. Credibilidade é a chave... a menos que forneça uma ameaça crível de vida e morte, não satisfará a função socialmente organizadora da guerra. A existência de uma ameaça externa aceita é, assim, essencial à coesão social, bem como à aceitação da autoridade política" (pág. 76).</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i>"A guerra é a principal força motivadora do desenvolvimento da ciência, em qualquer nível, desde o abstratamente conceitual ao estritamente tecnológico... Todas as descobertas importantes sobre o mundo natural foram inspiradas por necessidades militares, reais ou imaginárias, de suas épocas... Começando com o desenvolvimento do ferro e do aço, passando pelas descobertas das leis do movimento e da termodinâmica, à era da partícula atômica, do polímero sintético, e da cápsula espacial, nenhum progresso científico importante deixou de ser, pelo menos indiretamente, iniciado com uma exigência implícita de armamento" (pág. 82).</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>É indubitável que os saltos de desenvolvimento tecnológico ocorreram durante os grandes conflitos da humanidade. Do invento do ferro até a criação da computação e da internet, o desenvolvimento e aperfeiçoamento da balística que propiciou avanços na pesquisa espacial, o rádio e a televisão, todas essas inovações foram frutos das guerras que mataram milhões de pessoas. O que podemos perceber não é a inexorabilidade desse paradigma, mas sim a forma como os homens em geral e os povos de origem ariana em particular pensam sua cultura, como processo de devoramento (instinto de morte), onde o esforço competitivo só alcança sucesso e desenvolvimento pleno quando envolve conflito e conquista de terras e gentes. Tornar a paz inviável é um esforço hercúleo dessas elites que, como geração mais velha, se esforçam na manutenção do litígio permanente e assim podem desovar seus excedentes de mão de obra mais jovens nas áreas de conflito e com isso diminuir a pressão da competição interna e o desassossego das classes menos privilegiadas em relação a desigualdade da distribuição do capital e do poder. É o velho arquétipo da disputa entre os velhos reprodutores donos do poder versus os jovens reprodutores, relação comum entre os primatas. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i>"O projeto espacial mais ambicioso e fora da realidade não pode, por si só, gerar uma ameaça externa crível. Argumenta-se, fervorosamente, que uma tal ameaça poderia se constituir na última e melhor esperança de paz, unindo a humanidade contra o perigo de destruição por criaturas de outros planetas, ou do espaço sideral. Foram propostas experiências para testar a credibilidade de uma ameaça de invasão extraterrena; é possível que alguns dos mais inexplicáveis incidentes com discos voadores, nos últimos anos, sejam de fato experiências primárias desse tipo" (pág. 95).</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i>"Um substitutivo político efetivo da guerra exigiria inimigos substitutivos... Pode ser, por exemplo, que a brutal poluição do meio-ambiente possa eventualmente substituir a possibilidade de destruição em massa, através de armas nucleares, como a principal ameaça aparente à sobrevivência das espécies" (pág. 96).</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Como fator educacional e de formação de opinião a guerra sujeita a moda, influencia as vestimentas entre os jovens, desenvolve a indústria veicular, a cinematografia e os meios de comunicação da forma mais abrangente possível. Roupas camufladas, veículos 4x4 de grande porte e alto consumo de combustível são vendidos aos milhares, produções cinematográficas onde os vilões identificados com o inimigo vestem longos turbantes e se comportam como mensageiros do próprio lúcifer, e seus jogos eletrônicos correspondentes infestam as telas das casas e salas de exibição, a eterna profecia da guerra total prometida e do fim dos tempos são alardeadas em altos brados por fanáticos adventistas nos templos que mais parecem lojas de consumo religioso, notícias que ridicularizam os comportamentos cotidianos dos inimigos e expõem seus hábitos e vestimentas como exóticas e sua pseudo intolerância contra os direitos de mulheres e crianças são veiculadas todos os dias pela mídia histérica. Assim identificamos algumas das ações primárias daqueles que preparam terreno para insuflar animosidades entre os povos e preparar conflitos de ódio. São especialistas da comunicação a serviço dos seus senhores, as grandes corporações. Onde viceja a guerra vicejam os lucros.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Muitos especialistas alegam que veicular violência nos meios de comunicação e nos jogos eletrônicos ajuda como válvula de escape para liberar pulsões agressivas. Entretanto já existem hoje em dia, pesquisas realizadas por etólogos, os estudantes do comportamento animal e humano, que discordam dessa opinião. Pelo contrário, insistem que incentivar as pulsões agressivas por meios eletrônicos só aumenta a agressividade do espectador. Mesmo que o filme ou jogo eletrônico tenha sido planejado no sentido de descarregar a pulsão, devemos ter em conta que a ativação repetida de um sistema fisiológico tem o poder de colocá-lo em marcha, criando um condicionamento permanente para a violência via ontogênese. Por esta razão imaginar que incentivando as crianças e os jovens a participarem de jogos violentos eles se transformarão em pessoas pacificas no futuro é um sofisma perigoso que peca pela ingenuidade ou má fé. As sociedades belicosas ensinam aos seus membros a serem agressivos e cultivam as práticas de lutas reais ou virtuais. Essa prática cultural implica um condicionamento para a agressão a longo prazo, que hoje pode ser praticada sem maiores remorsos, graças a tecnologia, por apenas o apertar de um botão ou o manejar com perícia um joystick, e ao mesmo tempo procura a catarse interna do grupo a curto prazo. As guerras e os esportes de luta não funcionam como canais alternativos para descarregar as tensões agressivas acumuladas. Mais que alternativas funcionais a guerra e os esportes de luta, e por extensão os jogos eletrônicos cada vez mais reais, parecem ser dentro de uma sociedade componentes de um modelo cultural mais amplo de afirmação dos valores de competição intergrupal tão conhecidos. O que Freud analisou a partir de vivências subjetivas dos instintos primários, Lorenz concluiu das condutas objetivas onde o padrão de cultura e a educação tem um papel fundamental na forma como reagem os seres humanos em relação ao instinto de agressão no seu meio onde o reforço ontogenético influi no filogenético. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i>"Um substitutivo de qualidade e magnitude críveis, deve ser encontrado, se uma transição para a paz é possível sem desintegração social. É mais provável, a nosso ver, que uma ameça tenha de ser inventada ao invés de ser criada a partir de condições desconhecidas" (pág. 96, 97).</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i>"É inteiramente possível que o desenvolvimento de uma forma sofisticada de escravidão possa ser um pré-requisito absoluto para o controle social, num mundo de paz" (pág. 99).</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Como já vimos antes, a escravidão nada mais é do que o viés utilitário do processo antropofágico da cultura ariana, em vez de devorar seus corpos, como produção da mais valia utilizar seus braços cativos, para servirem os povos vencidos como classes indigentes, massa de manobra e estoque permanente de mão de obra que só será descartada quando a automação ocupar suas funções laborais de forma eficiente e lucrativa. Buscam desviar as atenções internas para os inimigos do exterior, para que os menos favorecidos e marginalizados etnicamente olvidem as lutas internas taxadas de impatrióticas pelos seus meios de comunicação.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Considerada obra ficcional pelos seus críticos, o Relatório da Montanha de Ferro poderia ser mais um texto redigido por algum excêntrico, uma teoria conspiratória, como tantas outras, surgida de alguma mente paranoica se na sua essência não contivesse um fundo verdadeiro e os fatos e eventos históricos não tivessem confirmado seu teor verídico de forma precisamente extraordinária. A crise econômica mundial, e seus efeitos diretos sobre os países mais desenvolvidos pode ser uma razão ou causa evidente do atual rufar de tambores que escutamos dessas paragens. Mais uma vez forças poderosas foram colocadas em marcha para demonizar culturas e criar antagonismos. Uma das vantagens de criar mentalidades antagonistas é a polarização. Não podem existir mais que duas opiniões num conflito, as nossas e a dos nossos inimigos. Não existem meio termos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>Essa fórmula do conflito permanente, originada na antiguidade dos tempos, está com seus dias contados. A cultura ariana que sempre foi o importante fator do crescimento tecnológico exponencial da humanidade hoje é a maior ameaça ao meio ambiente planetário. A teoria de conflito permanente já não serviu para alavancar as economias da Europa e EUA. Os recentes conflitos são provas evidentes desse desgaste. Para obter os resultados esperados pelos "especialistas de conflitos" seria necessário o extermínio de grande parte da população do planeta. As armas de destruição de massa tem o defeito de serem utilizadas de forma definitiva o que negaria o objetivo primordial da guerra que é a apropriação, o saque dos bens do inimigo, ou dominação de mercados, negando sua utilidade econômica, e se transformando num tiro pela culatra para os poderosos, os donos dos meios de produção. O grande deus canibal se esconde dentro de nós, infiltrou-se faz pouco nos meios eletrônicos, e hoje transita nas redes sociais livremente a espreita de vítimas. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i>GUERRA É PAZ ( Afirmava o Grande Irmão em 1984 de George Orwell ) </i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i>..."há experiência não contaminada pelo passado? Se uma experiência está contaminada pelo passado, ela é, meramente, uma continuidade do passado e, por conseguinte, não é uma experiência original".</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif" style="color: #660000;"><b>( Krishnamurti - A Cultura e o Problema Humano</b></span><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"> </span><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">)</span><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"> </span></b></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></i></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
</div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-50627568295420048472011-10-06T15:59:00.001-07:002015-07-26T20:40:38.515-07:00A Negação do Karma Antropofágico<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_I4RqfAxR9viYSUYxLPiDUgIgpC5IntXUxukFwo_WImPBd4VpfI_2Vp5u5_RrPpw5Z407apD0gmGSg4HygcqHpwjJ3q4OiOZgPf5dqgHKUSPw4Ba9DOXVPXl50wFGlHkGMjNC_Mx9YdI/s1600/cibernesis+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_I4RqfAxR9viYSUYxLPiDUgIgpC5IntXUxukFwo_WImPBd4VpfI_2Vp5u5_RrPpw5Z407apD0gmGSg4HygcqHpwjJ3q4OiOZgPf5dqgHKUSPw4Ba9DOXVPXl50wFGlHkGMjNC_Mx9YdI/s400/cibernesis+2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Imagem do Hubble</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>O hidrogênio, o elemento químico que possui apenas um próton e um elétron em sua órbita, compõe as estrelas que permeiam o Universo, verdadeiras forjas alquímicas onde, a partir de suas atividades titânicas, todos os elementos que geram as diferentes formas de matéria são produzidos. A emergência do ciclo evolutivo cósmico transforma a energia das explosões estelares em corpos planetários, em alguns planetas da matéria se forma a vida, e da vida sensível evolui a vida senciente. 85 % da história da vida no planeta, isto é, 3 bilhões e 700 milhões de anos foi ocupada unicamente com a evolução de seres unicelulares, dos quais todos descendemos. Esse é o ciclo cosmogônico conhecido.</b></span><br />
<br />
<b><span style="color: #0c343d;">Podemos negar a existência do Karma caso nossas crenças particulares não incluam a idéia de reencarnação ou não possamos acompanhar seu entendimento. Mas se considerarmos o karma como atributo de nossa carga genética, aquilo que nos faz humanos, ainda carregamos em nossos gens a herança antropofágica de nossos ancestrais hominídeos, condicionamentos que nos mantém na samsara do ciclo evolutivo humano. As pulsões de eros e tânatos, vida e morte enraizadas na humanidade continuam atuantes, em oposição às inibições e tabus criados nos últimos dois mil anos e não foram suficientes para gerar uma mutação de nosso comportamento e inibir a agressividade, pelo contrário somos diretamente responsáveis pelo aumento fenomenal do nosso poder bélico. O arquétipo da guerra persiste na maioria dos continentes cada vez mais superlotados de seres humanos. Ainda são sacrificados nos conflitos multidões de seres em nome de ideais e crenças particulares, O sectarismo humano faz suas vítimas e imola à Moloch milhares de crianças que habitam áreas de conflito. A violência nas grandes cidades em todas as latitudes aumenta junto com a pobreza das suas periferias que abrigam os imigrantes do grande êxodo das populações que fugiram do campo em busca da prosperidade prometida pela revolução tecnológica e pelo consumo. Não utilizam mais os mortos nesses conflitos para rituais antropofágicos sagrados, pelo menos por enquanto.</span></b></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>A negação do karma de que tratamos no título, nesse caso, significa a negação do "eu" personalista, detentor do ciclo interminável da guerra, do conflito interpessoal que possui nossa essência particular animal onívora. Uma mudança de paradigmas de dentro para fora do individuo é necessária, com uma reconstrução do nosso imaginário da figura do herói, que simboliza a existência desse "eu" competitivo e conflituoso. As pistas que dispomos para empreender essa nova jornada estão próximas. Foram veladas com o propósito de que só alguns iniciados tivessem acesso a esse conhecimento. As grandes corporações que controlam os meios de comunicação não tem interesse nessa mudança de paradigmas pois imaginam uma ameaça aos seus lucros já exorbitantes. O conflito permanente movimenta grandes somas de dinheiro e garante um fluxo constante de recursos naturais para os países mais ricos onde as sedes dessas corporações estão localizadas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Das arenas de gladiadores aos espetáculos televisivos de guerra e morte o ser humano recria sua luta interminável contra o próximo como entretenimento. O culto à violência perpetua o coração do canibal que hoje anda disfarçado nas grandes cidades morando na porta ao lado. Não somos nós mas o outro, essa é a desculpa que o individuo interioriza. Para cada um, o inimigo se esconde nas sombras. O medo da morte provoca a acumulação de bens e produtos de toda a ordem de que nada ou pouco precisamos para alcançar nossa felicidade plena.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>A antropofagia ritual é a semente, a origem natural, de todas as religiões humanas, com uma única exceção no budismo. Em seus primórdios os budistas desaconselhavam o sacrifício como forma de devoção e temor ao deus. Com certeza conheciam suas sangrentas origens razão da negação da fé dos deístas. Mas com o passar dos tempos mesmo seu culto sofreu a influência dos credos naturais onde se estabeleceu, sincretizado com as religiões xamânicas asiáticas mais antigas e suas litúrgias com raiz antropofágica. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>"Transitórias são todas as coisas. Como é possível que tudo o que nasceu, tudo o que veio a ser e é organizado e perecível, não deva perecer? Essa condição não é possível". Afirmou o Buda nos seus últimos momentos de vida junto aos seus discípulos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Nosso sistema de crenças promete para o individuo a vida além da morte e portanto esquecemos que a vida, transitória ou não como disse o sábio, e só ela é real no aqui e agora. Só esse planeta gerador da vida proporciona o abrigo para os seres que aqui habitam que evoluíram da matéria bruta para a senciência. Entretanto a humanidade, o ponto mais alto da escala evolutiva do planeta, ainda se debate com seus conflitos e seu sistema de crenças que promete nas religiões oficiais o final dos tempos. Assim a divindade exigente de holocaustos é recorrente e sua adoração justifica suas guerras etnicidas e sua violência.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>"Irmãos se combaterão entre sí e se matarão,</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>E os filhos de irmãs macularão o parentesco;</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Difícil será a vida na Terra, tomada por forte corrupção;</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Tempo do machado, tempo da espada, de escudos</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b> /partidos</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Tempo do vento, tempo do lobo, antes de o mundo</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b> /desabar</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>E os homens não mais se pouparão uns aos outros</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Ensina os versos do Edda sobre o Ragnarok, o final dos tempos da mitologia germânica.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Assim disse Krishna ao matar o tirano, usurpador de seu trono ao ver o choro lamentoso de suas viúvas: "não vos lamenteis. A ninguém é dado viver e não morrer. Imaginar que possuímos alguma coisa é incorrer em erro; ninguém é pai, mãe ou filho. Há apenas o movimento contínuo do nascimento e da morte".</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Essas palavras proferidas por Krishna aparentemente assustadoras para nosso sistema de crenças são colocadas na boca do Cristo com mais força ainda: "Eu não vim para trazer a paz, mas a espada. Pois eis que vim para colocar o homem contra o pai, a filha contra a mãe e a nora contra a sogra. E o inimigo do homem será um do seu meio. Aquele que amar mais o pai ou a mãe do que a Mim não é digno de Mim" ( Mateus: 10: 34-37)</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>A mensagem está velada para entendimento da maioria, somente alguns deixam por momentos a hipnose do cotidiano e vislumbram a verdade de nossa sociedade mergulhada no consumo desenfreado, do culto da destruição do nosso habitat para o lucro imediato de uma geração hedonista que ao alcançar o ponto mais alto de sua prosperidade já vislumbra sua decadência com precisão científica. Por fatalismo ou por acreditarem de fato nos dogmas judaicos cristãos que norteiam sua sociedade a maioria aguarda o fim dos tempos como um fato inexorável negando às futuras gerações uma oportunidade de redenção.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Contam sobre a vida de Krishna quando ainda vivia entre os vaqueiros, esses costumavam cultuar Indra, a divindade ariana que se assemelha a Zeus, senhor dos raios e trovões, rei do céu e da chuva. Um dia, depois que eles tinham feito suas oferendas, Krishna, já moço, disse: "Indra não é divindade suprema, embora seja rei do céu; ele teme os titãs. Além disso, a chuva e a prosperidade que pedis dependem do Sol, que drena as àguas e as deixa cair outra vez. Que pode Indra fazer? Tudo acontece pelas leis da natureza e do espírito". E ele chamou a atenção das pessoas para as florestas, cursos de água e colinas próximos, especialmente para o monte Govardhan, dizendo que eles mereciam mais sua adoração que o remoto mestre do ar. E elas então ofereceram frutos, flores e guloseimas à montanha.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>O próprio Krishna assumiu a segunda forma: tomou a forma de um deus da montanha e recebeu as oferendas das pessoas, ao mesmo tempo que mantinha entre elas sua forma original, cultuando o deus da montanha. O deus recebeu as oferendas e as comeu para desgosto de Indra. Ao fim do embate inevitável entre as divindades Indra rende homenagem à Krishna personificação da totalidade suprema.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>A mensagem milenar que nos alcança do passado expõe a sabedoria perdida em meio a profusão de informação que recebemos todos os dias. O homem do tempo nos anuncia as condições climáticas e reafirma a normalidade das órbitas celestes, garante que teremos mais um dia sobre a face do planeta dentro de condições bióticas suportáveis enquanto desfiguramos nosso mundo com gases e produtos químicos não degradáveis que permanecerão por milhares de anos contaminando a superfície da nossa biosfera. Nada nos preocupa apesar de conhecermos as implicações. Nenhum ser supremo, apóstolo do Cristo, Dalai Lama ou qualquer outro pontífice clama contra os males que acometem o planeta, nosso templo da Criação, mas se preocupam profundamente com seus seguidores em países de onde não recebem seu dízimo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Crescei-vos e multiplicai-vos dizem, pois precisam encher seus templos de crentes e reafirmar suas cruzadas contra os outros, aqueles que consideram ímpios. Seus altares ainda clamam por sacrificios de carne e sangue. Um mundo superpovoado cultua seu próprio fim em seus mitos e crenças no grande deus canibal formador primevo de todas as religiões. Não estamos aqui falando de imagens do passado distante, mas de ontem pela manhã nas notícias do jormal matutino. As palavras tem poder, os mestres ensinam. Nossas profecias acabam se tornando realidade pela própria fé que temos delas:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>"E estando Jesus assentado no monte das Oliveiras, aproximaram-se dele seus discípulos, perguntando-lhe: Dize-nos, quando sucederão essas coisas? E que sinal haverá de tua vinda? E da consumação do mundo?"</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>"E respondendo, disse-lhes Jesus: Vede, não vos engane alguém. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou Cristo, e a muitos enganarão. Haveis pois de ouvir de guerras e rumores de guerras: olhai, não vos turbeis: pois importa que assim aconteça, mas ainda não é o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá pestilência, fomes e terremotos em diversos lugares. E todas essas coisas são princípios de dores. Então vos entregarão à tribulação, e vos matarão; e sereis aborrecidos por todas as gentes por causa de meu nome...." (Mateus, 24 3-36)</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Assim construímos nosso Karma em direção à extinção com fatalismo. É nosso ato de volição inconsciente. O inconsciente coletivo da humanidade assemelha-se ao gigante primordial Purusha ou ao Ymir dos germanos, não sabe a cabeça o que fazem seus membros que foram decepados e esses não informam seus movimentos ao cérebro e seguem o caminho do louco. Esse desmembramento de corpo e espírito condena a vida sobre o planeta e leva ao abismo o gigante sem rumo das grandes massas. Mas as corporações já perceberam que essa pode ser uma grande oportunidade para novos lucros. Os estudiosos de comportamento querem mitigar a culpa das populações consumidoras, seu principal público alvo, em relação a eminente e constante destruição dos recursos naturais do planeta. Campanhas já foram produzidas sobre produtos inócuos, padrões de excelência que não provocam impacto ao meio ambiente e processos sustentáveis. Seus magos já projetaram bilhões em lucros que obterão desses novos produtos que por serem "verdes" podem ser vendidos com margens de lucro ainda maiores em relação à concorrência e sem problemas para a consciência dos consumidores. Chancelados pelos produtores, os comportamentos tradicionais de consumo permanecem inalterados, sob a nova camuflagem "verde". Enquanto isso milhões de toneladas de dejetos, produtos químicos poluentes, são lançados na natureza pelos processos industriais incontroláveis, os verdadeiros responsáveis pelo grande volume da poluição ao meio ambiente segundo os estudiosos, rejeitos de suas fábricas em algum país distante são despejados todos os dias na natureza. Lugares insuspeitos nos confins do planeta já presenciam a poluição criada pelo homem, o centro das grandes correntes marítimas dos oceanos, longe dos olhos do homem comum, já virou o receptáculo de toneladas de produtos da indústria de hidrocarbonetos, uma imensa maré plástica comprometendo a origem da vida em todos os quadrantes, como denunciam os cientistas. Parece que a humanidade, para manter seu conforto temporário, pretende tornar realidade o sonho de seus profetas, uma "profecia auto realizável", numa aposta de peso para o fim dos tempos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Mas o que é a fé? -</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Conforme a doutrina do Zen, uma variação do budismo mahaiana surgida na China taoísta, de onde sofreu grande influência, a fé é um processo individual de iluminação ou conhecimento da Verdade Última do ser. Através de práticas respiratórias e meditação pode-se aos poucos exercitar o desapego das coisas mundanas e perceber nosso inconsciente não como um lado sombrio da mente mas ao contrário como raiz da consciência, a fonte da qual esta provém. A consciência aparece e desaparece continuamente na base inconsciente ou, melhor dizendo, do<i> supraconsciente.</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Para aceitarmos essa ideia, não é necessário acreditar em reencarnação, no sentido de possuirmos uma alma ou centro individual permanente, que vem à existência repetidas vezes. Os praticantes do Zen se dividem com relação a isso, pois o objetivo final é o retorno à Fonte Primordial, de preferência sem escalas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Quando os mestres discorrem sobre o contínuo reaparecimento da individualidade e da consciência a partir da base, referem-se simplesmente àquilo que todos podemos observar. Schopenhauer em seu estudo "Da Morte", utiliza justamente o exemplo budista para consagrar sua teoria: "O terror da morte repousa, em grande parte sobre essa aparência ilusória de que o eu desaparece, enquanto o mundo permanece. Mas é o contrário que é verdadeiro: o mundo desaparece, enquanto a substância intima do eu, o suporte e o criador desse sujeito, em cuja representação constituía toda a existência do mundo, persiste. Com o cérebro cessa de existir o intelecto e, com esse, o mundo objetivo, que não é mais que a sua mera representação. Que em outros cérebros continue, antes como depois, um mundo semelhante a viver e pairar, é algo indiferente no que diz respeito ao intelecto que deixa de existir". Em sua hipótese sobre a existência a vontade do ser é a parcela imanente do espírito universal, a Consciência Cósmica, enquanto o intelecto é passageiro, fluída manifestação, ilusão de breve individualidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>O filósofo com fina ironia escreve: "O indivíduo vitimado pelas angústias da morte nos oferece um espetáculo verdadeiramente estranho e até mesmo risível: o senhor dos mundos, que preenche tudo com o seu ser, aquele que confere existência a tudo o que é, possui a sua existência, perde a coragem, teme morrer e afundar-se no abismo do nada eterno; e na verdade tudo está cheio dele, e não há lugar algum no qual ele não esteja, ser algum no qual ele não viva; pois não é a existência que o sustém, e sim ele que é o suporte da existência. É ele, no entanto, quem no indivíduo sofre e se desespera com o medo da morte, uma vez que fica sob a influência daquela ilusão produzida pelo <i>principium individuationis, </i>de que a sua existência esteja limitada à do ser que morre neste momento: essa ilusão faz parte do sonho opressivo, no qual ele mergulhou enquanto vontade de vida. Mas se poderia dizer ao moribundo: 'Tu cessas de ser alguma coisa que terias feito melhor nunca ter sido'".</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Os monges Zen concordam com boa parte dessa explicação e daí tiram toda a sua audácia registrada pelos historiadores nos países por onde transitaram predicando seus valores no mundo antigo causando forte impressão aos guerreiros com quem tiveram contato. Como os monges eram frequentemente atacados por bandoleiros, Bodhidharma, mestre fundador do budismo de meditação Zen (Ch'an) na China, por volta de 520, ensinou-lhes o combate, um combate de monges frente a um combate de bandidos. Ele ensinava que a "natureza de Buda" é inata a todos os seres, que ela ocorre através de uma brusca tomada de consciência. Ele meditou longamente diante de uma parede branca. Os elementos se esclareceram mutuamente, adivinhou-se que sua meditação não era uma fantasia e que seus combates, longe de representarem simples empurrões, também não eram massacres. Bodhidharma sabia se imobilizar em meditação e imobilizar o adversário em combate; ele conhecia a arte de imobilizar e convencer. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Quando surgiram no Japão encaravam de frente os samurais. Esses guerreiros se orgulhavam de suas qualidades viris e belicosas, mas não conseguiam amedrontar os monges Zen, por que estes não temiam a morte. Os samurais, perplexos, viam os monges como uma espécie de magos. No período Kamakura o Zen tinha grande influência sobre essa casta. Nessa época o Japão estava dilacerado por disputas de clãs, com os diversos senhores feudais em guerra pelo controle do poder imperial.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Como soldados, os samurais começaram a estudar o Zen com o objetivo de aprender com os monges sobre a mente alerta e o autocontrole para manter a coragem e a eficiência nos combates. Pediam-lhes que os ensinassem seus segredos, por que sentiam que, se tivessem a mesma coragem não seriam jamais derrotados. Os samurais, como alunos gratos, garantiram aos monges Zen grandes espaços bem localizados nas montanhas para construírem seus templos. Eles ensinavam que aquilo que sentimos como individualidade é na verdade algo passageiro, como as folhas de uma árvore. No outono elas secam e caem. O Zen é como a nascente da montanha. Ela não fluí para matar a sede dos viajantes, mas se ele quiser beber de sua fonte não há problema algum. Cabe a cada um decidir o que fará com a água; o trabalho da fonte é apenas fluir.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>O Zen nos ensina através de conceitos de negação. Ele não explica a fé mas nos diz o que ela certamente não é. A fé não é fanatismo, nem serve a algum dogma em particular, Deus, se de fato existir, não é um ente sectário, com sede de sangue que promove povos e destrói com raios seus desafetos. A Consciência Cósmica não necessita de sacrifícios de qualquer ordem. O universo não é uma extensão do ser humano, mas o todo do qual pertencemos como ínfima condição de energia. Não é a energia do Criador mas a da criatura que deve buscar a Fonte que é inexaurível.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Enquanto o corpo é prisioneiro do espaço a mente se percebe prisioneira do tempo. Os eventos se sucedem conforme nossos sentidos nos indicam, como um fluxo constante, uma sucessão de dias e noites, um empilhar de acontecimentos passados e projeções futuras. Mas o Zen nos ensina que só o sempre agora existe. Os demais eventos estão subjacentes, milhares de anos ou segundos são apenas conceitos relativos criados pela mente do homem aprisionada na estrutura de sua própria tênue existência. O passado e o futuro estão tão longe como sempre pois são alvos inatingíveis da mente que se acredita consciente, presa no eterno presente, que nada mais é do que o infinito em movimento. Portanto estamos ainda vivendo a consequência direta da Criação, do alvorecer do dia de Brahman, do Big Bang que ocorreu bilhões de anos ou apenas alguns segundos atrás.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitl9m4eKQWC5DSZLUOsKhL2LBU-hV5SlC1Jd6Q3ozrfqce_JCtgWZmj7ndS80G7TFvVVCeprydIgNy0ytRJGieguScPPc5vq2D5FT3VCGAFZGWq9sNq7Y6eL608VVYN2JS5uQQBhJJ5aQ/s1600/cibernesis1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitl9m4eKQWC5DSZLUOsKhL2LBU-hV5SlC1Jd6Q3ozrfqce_JCtgWZmj7ndS80G7TFvVVCeprydIgNy0ytRJGieguScPPc5vq2D5FT3VCGAFZGWq9sNq7Y6eL608VVYN2JS5uQQBhJJ5aQ/s400/cibernesis1.jpg" width="318" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Willian Blake - Dragão</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b> </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Homem cibernético -</b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span><br />
<div style="text-align: center;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><i>"Somos todos robôs quando envolvidos sem consciência crítica com nossas tecnologias"</i></b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>(Marshall Macluhan - Guerra e Paz na Aldeia Global)</b></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>A internet foi a responsável pela grande transformação de costumes ocorrida nos últimos 10 anos. A humanidade deu os primeiros passos para a comunhão global. Hoje a conectividade, as redes sociais, e os avanços tecnológicos quase diários do meios eletrônicos vão criando uma nova realidade para o indivíduo comum que passa a ser quase uma extensão, um terminal periférico sensível da rede global. As implicações dessas transformações ainda se fazem sentir. Estudiosos acreditam que esse é o primeiro passo para a transferência de nossa humanidade para sistemas sensíveis virtuais, cada vez mais avançados, que substituirão a necessidade da nossa existência no planeta como estruturas de carbono perecíveis em um processo de evolução inexorável que nos promete a imortalidade. A tecnologia para o ser humano é uma extensão de suas capacidades. Como a carapaça para o caranguejo, o caracol da lesma, nossas máquinas são adaptações, extensões e próteses com que nos vestimos e que auxiliam nossa sobrevivência no planeta e a atual dominação dos seus recursos. Já previa Macluhan na década de setenta sobre o ambiente tecnológico da rede mundial: "é, em sí mesmo, um fenômeno de auto amputação sobre a ordem de nossas sensibilidades vitais". Segundo o mestre da comunicação: "Toda a inovação tecnológica é literalmente uma amputação que praticamos em nós mesmos para que possa ser amplificada e manipulada para ação e poder social".</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Como podemos encarar essa nova realidade tecnológica, que parecia, até pouco tempo atrás, fruto de obras de ficção cientifica? Quais as implicações dessa revolução digital para nossas liberdades individuais?</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Platão, na sua obra "Diálogos", utiliza o termo cibernética para denominar a arte de navegar e de administrar províncias. No livro "Górgias", diz: "A cibernética salva dos maiores perigos não apenas as almas, mas também os corpos e os bens". Pôs a palavra na boca de Sócrates, também como substantivo, com o sentido de "ciência da pilotagem". Atualmente a cibernética e a robótica tratam de aperfeiçoar a percepção visual e o controlo motor dos robots e de encontrar linguagens de programação que permitam uma melhor comunicação ou interface entre homem-máquina, máquina-máquina e máquina-homem.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Andrés Maria Ampère, no vasto "Ensaio sobre a Filosofia das Ciências", obra inacabada que ele dizia ser "uma exposição natural dos conhecimentos humanos", colocou a cibernética no capítulo da política, definindo-a como a parte da política que trata dos meios de governar, criando a palavra kybernesis.</b></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>A internet criada no início para auxiliar as forças armadas dos EUA nas suas comunicações em seu domínio global e depois franqueada para universidades e entidades de estudos científicos é com certeza a maior invenção da humanidade no campo cibernético. A rede como é apresentada hoje expressa o melhor e o pior do ser humano, foi construída à nossa semelhança e compreende uma imagem antropocêntrica, reflexo de nossas estruturas econômicas e políticas, nossa sexualidade, nossa agressividade e nossa forma de perceber o mundo ao redor.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Os interfaces entre homem e máquina estão se tornando cada vez mais sofisticados e eficientes permitindo uma interação cada vez maior de ambos os organismos, ao ponto de, no futuro próximo não possamos distinguir quem é quem. Os sistemas de controle criados pelos governos com o apoio das grandes corporações de informação buscam aprimorar a vigilância sobre os indivíduos com crescente eficiência e alcançá-los com seus tentáculos onde quer que estejam. Governos e corporações sabem que a curto prazo terão que controlar massas cada vez mais revoltadas com as crises econômicas endêmicas, num regime de lucro para poucos, provocadas por sistemas econômicos cada vez mais automatizados onde a mão de obra vem perdendo seu valor pela difusão do obsoletismo forçado humano. Pequenos grupos de técnicos substituem multidões de trabalhadores em uma nova visão da cibernética como senhora e serva da cultura humana cada vez mais complexa e informatizada. Superpopulação x automação é uma equação mortal com um fim trágico para a humanidade. Estamos partindo da visão adocicada de uma vida de conforto prometida pela tecnologia nos desenhos animados dos Jetsons nos anos 60 para um filme de terror classe B onde o homem será o servo da máquina em um mundo com sua biodiversidade reduzida. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Então se por um lado a evolução técnica deu um salto exponencial, o ser humano nunca esteve tão ameaçado pela tecnologia que virou um fim em sí. Conforme Ampére escreveu a tecnologia de informação é uma forma de politica, um meio para governar os homens e difundir idéias. É disso que se trata a cibernética. A automação é uma consequência direta dessa ciência que integra o ser humano como um novo iniciado de um esoterismo com sua fé cega no deus ex-machina que virá para resolver todos os problemas que afetam a humanidade. Associada ao progresso humano atual negar sua necessidade hoje já é um ato de apostasia sacrílega que poderá no futuro próximo ser tratado, até mesmo, como crime grave. Na revolução industrial se criminalizava quem destruía maquinas nas linhas de produção, foi de onde surgiu o termo sabotador.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><br />
</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Os seres cibernéticos serão as divindades do futuro como resultado final da evolução do soma? Nada mais somos HOJE que uma fase de evolução intermediária, um estado larval fadado à extinção? O homem em sua busca insana da imortalidade e sobrevida da sua personalidade e do seu intelecto criará golems com suas impressões pessoais visando a sua perpetuidade? Veremos esses seres superlativos conquistar outros sistemas e planetas do Universo, como nossos antepassados, com suas armaduras e pólvora, fizeram ao planeta Terra destruindo onde chegaram seus habitantes e meio ambientes? </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
</div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-56054457750626395062011-09-06T17:38:00.000-07:002016-05-22T21:08:29.078-07:00Assassinos, Kamikazes e Homens Bomba –<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Certa vez um príncipe foi instruído por conhecido mestre nas artes bélicas e estudos militares. Recebeu como símbolo de distinção o título de Príncipe das Cinco Armas. Ele recebeu do mestre as cinco armas e partiu em direção ao reino de seu pai, de volta para casa. No caminho se deparou com uma densa floresta. Na entrada da floresta foi advertido pelos moradores que ali vivia um ogro poderoso chamado Cabelo Pegajoso e ele matava todo o homem que encontrava. Mas o príncipe era destemido como um leão adulto. Entrou na floresta assim mesmo. Quando chegou no coração da floresta encontrou o ogro. O monstro possuía o tamanho de uma palmeira, sua cabeça era grande como um pavilhão e seus olhos pareciam tijelas enormes, duas enormes presas saíam de sua boca que parecia um bico de falcão. A barriga era coberta de manchas e as mãos e pés eram verde-escuros. "Para onde vais?" Trovejou ele. "Alto! És minha presa!"</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O Príncipe Cinco Armas respondeu cheio de confiança nas artes aprendidas e sem medo: "Ogro, eu sabia que me esperava quando entrei na floresta. É melhor teres cuidado antes de me atacar; pois com uma flecha envenenada perfurarei tua pele e te farei cair num átimo". </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O jovem príncipe armou o seu arco e atirou sua flecha embebida em poderoso veneno. A flecha se prendeu indefesa aos cabelos do ogro. E assim uma depois da outra, cinquenta flechas foram desferidas pelo principe sem causar mal ao ogro que se defendeu de todas fazendo-as cair aos seus pés. O monstro avançou em direção ao principe.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O Principe Cinco Armas desembainhou a espada e desferiu exímio golpe contra o inimigo. A espada, de quase um metro de comprimento, ficou presa nos cabelos do ogro. E então o principe tomou sua lança e arremessou contra o ogro e mais uma vez sua arma ficou presa nos cabelos do ogro. Percebendo a falha usou sua poderosa maça que também ficou grudada.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Quando viu sua maça grudada o principe disse: "Mestre ogro, jamais ouviste falar de mim antes. Sou o Principe Cinco Armas. Quando entrei nessa floresta que infestas, não dei importância as armas como arcos e outras coisas desse tipo; confiei apenas em mim mesmo. Agora vou derrotar-te e reduzir-te a pó!" Tendo assim falado desferiu violento golpe com sua mão direita enquanto dava um grito. Sua mão grudou nos cabelos do ogro. Então ele usou sua mão esquerda, que também grudou. Fez o mesmo com o pé direito que igual ficou grudado. Usou o pé esquerdo e também grudou. "Vou derrotá-lo com a cabeça"- pensou. Mas ao golpear o ogro sua cabeça também ficou grudada nos cabelos do monstro.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O Principe Cinco Armas, que tinha sido derrotado cinco vezes, e estava bem preso por cinco lugares viu-se suspenso no corpo do ogro. Mas, apesar de tudo, não tinha medo, nem ficou assustado. O ogro pensou: " Eis um leão humano, um homem de nobre berço - não é um simples homem! Pois embora tenha sido aprisionado por um ogro como eu, ele não demonstra temer ou estremecer! Por todo o tempo que tenho assolado essa floresta, jamais ví outro homem que lhe chegasse aos pés! Por que ele, valha-me o Senhor, não tem medo?" Sem se atrever a comê-lo, o ogro perguntou: "Meu jovem, por que não tens medo? Por que não estás terrificado com o terror da morte?"</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">"Ogro, por que eu deveria ter medo? Pois, na vida, a morte é absolutamente certa. Além do mais tenho na barriga uma arma, um relâmpago. Se me comeres, não serás capaz de digerir essa arma. Ela fará teu interior em tiras e fragmentos e te matará. Nesse caso, morreremos os dois. Eis por que não tenho medo!"</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">"O que esse jovem diz é verdade", pensou o ogro terrificado pelo terror da morte. "Meu estomago não seria capaz de digerir nem um pedaço desse leão humano, ainda que fosse do tamanho de um feijão. Vou deixá-lo ir!" E libertou o Principe Cinco Armas.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Seu interior possuía a "Arma do Conhecimento", já que o principe era uma das reencarnações do futuro Buda. Ele pregou a Doutrina ao ogro, fê-lo tomado de compaixão e então tranformou-o num espírito encarregado de receber oferendas na floresta. Assim conta o mito.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Caso a humanidade tivesse utilizado o principio da não violência na Segunda Guerra Mundial, não seríamos senão um imenso rebanho domesticado por um senhor, e toda dignidade humana teria radicalmente deixado de existir, assim o próprio sentido da integridade humana não teria mais valor.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">A integridade humana se aplica à integridade física, corporal, já que a integridade moral só é violada se o seu detentor o permitir. Nem ameaças, nem as piores torturas podem triunfar contra a integridade moral.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">A dignidade humana, que não pode ser aumentada nem pela força, nem pelo poder, nem pela riqueza, ao contrário, está acima do plano físico, e não pode ser diminuída nem pela miséria, nem pelo sofrimento, nem pela morte. Àquele que a despreza na pessoa do seu próximo é que a perde; a não ser que a vítima voluntariamente aceite sua queda, e assim sendo torna-se cúmplice do agressor.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">No enredo do BHAGAVAD Gíta, sagrado livro da tradição yogue, trata na sua epopéia alegórica desta questão aparentemente contraditória:</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Arjuna em seu carro de guerra guiado pelo próprio Krishna, comandava seu exercito contra seu tio Bhishma que havia usurpado seu reino. O auriga divino levou o futuro rei ao alto de uma colina de onde se avistavam os dois exércitos em formação de combate. Arjuna foi tomado pelo desespero, em ambas as formações pessoas da mesma etnia e parentes entre si se preparavam para a matança.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Citamos de forma abreviada a passagem onde Arjuna dirige palavras de aflição ao amigo divino:</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">“Oh!Krishna, vendo meus pares abrasados pelo desejo do combate, meu corpo treme e minha boca se resseca. Não gostaria de matá-los mesmo se com isso viesse a possuir o reino do mundo. Se matarmos estes que são parentes cometeremos grave crime. Seria melhor para mim ser morto pois não quero a eles resistir. Tomado pela dúvida não mais percebo meu dever. Suplico-te Krishna, instrui-me”.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Arjuna não tem em vista senão a integridade física dos combatentes. Krishna contesta que esta integridade é ilusória, pois os corpos são só aparências efêmeras, enquanto que a alma que os habita de forma passageira é indestrutível.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">“Aquele que acredita que pode matar e aquele que acredita que pode ser morto, são ambos ignorantes: ninguém pode matar e ninguém pode ser morto”.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">“Aquele que sabe que é indestrutível, permanente, pode cometer um assassinato? Do mesmo modo que um homem rejeita suas roupas velhas para se vestir de novas, do mesmo modo a alma rejeita seus corpos gastos para se revestir de novos. As armas não podem penetrá-la, nem o fogo queimá-la, nem a água molhá-la, nem o vento ressecá-la”.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Krishna explica à Arjuna que para cumprir seu dever (Dharma), é necessário, sem paixão, medo ou ódio, que desempenhe seu papel da melhor forma possível como chefe guerreiro.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">“Reconhecendo como de importância igual o prazer e a dor, o ganho e a perda, a vitória e a derrota, assim cumprirás teu dever”.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O Eu individual parece ser aqui misturado, por Krishna, com Brahma, o Eu último, Universal, mas o que a mente Ocidental toma por uma confusão ou amálgama parece claro para o semideus Krishna que proclama a doutrina do Atman, o Ente indivizível, ou Eu que não pode matar nem ser morto, filosofia basilar do bramanismo até hoje, herança filosófica dos antigos povos indo arianos na crença da transmigração da alma. A morte significava para Hindús, Mestres do Xintoísmo, Taoísmo e para os antigos zoroastrianos que influenciaram o pensamento dos hebreus cabalistas, e as idéias do catolicismo primitivo e do sufismo xiíta, em particular a seita dos Batinis e o "Velho da Montanha", apenas uma passagem, uma transformação do ser para uma ascenção espiritual de retorno à Fonte. O Eu é indestrutível. Esta foi uma evolução filosófica fundamental para helenos e hebreus que nos primórdios acreditavam que a vida após a morte era uma existência nas sombras do Hades ou do Scheol semita para todos àqueles que não desfrutavam das graças dos deuses ou não tinham sido mortos em batalha.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Enquanto no bramanismo a criação do Universo é atribuída ao sacrifício de Prajapati e as oferendas de humanos e de animais eram incentivadas pelos cléricos, o budismo antigo se absteve do sacrifício e, em relação à cosmogonia, ateve-se ao mais estrito agnosticismo.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Sidarta Gautama tinha se pronunciado contra o ato sacrificial; o Carma traduz a inutilidade como ilusão de atingir um fim de expiação à custa de destruição, mas a violência em si é impura e o desejo intelectual do fim um fardo escravizante. O budismo não pretende nenhum fim terreno, nem mesmo a salvação da alma, nada nega, nada destrói, nada quer a não ser o despertar para o real como ele é além do mundo sensível.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Doutrina moderada em seus primórdios foi aos poucos assaltada pelas emoções religiosas arquetípicas humanas, os gestos de sacrifício ressurgiram com sua difusão entre várias culturas de origem xamânica, como um sincretismo, como estranha forma de interpretar as palavras do Bhuda.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Nos muitos relatos míticos criados após sua morte, sobre suas vidas passadas ele é incorporado como o príncipe Maasatva. Conforme contam, encontrando uma tigresa faminta com seus filhotes resolve sacrificar-se como ato sublime. Fica, no entanto, a dúvida sobre o ato: Será compaixão o que move o iluminado ou preocupação com a própria salvação? Entretanto, sem vacilar ele se sacrifica. Joga-se aos pés da tigresa. Mas ela enfraquecida pela fome não esboça reação. O Bodisatva percebe a fraqueza do animal, incapaz até mesmo de seguir seu instinto natural. Corta então, o piedoso, a própria garganta com uma lasca de bambu. Ao sentir o cheiro de sangue que jorra do ferimento e o animal o devora deixando apenas os ossos</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Acreditando em tão belos exemplos os conselhos de moderação não eram mais ouvidos. A volta da idéia sacrificial, que normalmente permeia as crenças humanas e a obsessão das especulações metafísicas após cinco séculos da morte do fundador da doutrina, particularmente no sutra do Lótus da Verdadeira Lei (Saddharmapundarika-sutra) onde é descrita a cremação voluntária do Bodhisatva Bhaisajyaraja com a irradiação solar vira novo tema recorrente no budismo e evoca o tema religioso asteca que deu origem aos seus ritos mais cruéis: “o sol provem do sacrifício, portanto a vida dele se nutre, e a ele deve se submeter”. É com o sacrifício de sangue que contavam os astecas aplacar seu deus e manter o equilíbrio universal, nascido o astro de um sacrifício voluntário da divindade, devia ser mantido em sua trajetória regular e sustentado em sua irradiação por outros sacrifícios tão generosamente ofertados como o dele, e assim seus sacerdotes levantavam o coração fumegante de suas vítimas para aquele que propicia a vida.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Que sociedade humana pode existir que não exija um gesto sacrificial real ou simbólico? Os deuses têm sede, eles querem servir-se de vidas humanas.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">No Japão uma antiga lenda da região de Akita fala de uma jovem oferecida ao deus-dragão da chuva, para cessar a inundação. É o sacrifício de Ifigênia revivido. Lá persistiu por séculos o costume propiciatório do pilar humano, “Hitobashira”: para aplacar e conciliar os deuses do lugar onde seria erguida uma estrutura e garantir forças vitais à obra enterrava-se vivas (sem sangue) uma ou várias vítimas impúberes nas fundações de pontes, diques e fortalezas.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">A violência contra vítimas inocentes como é o caso de Isaac na narrativa bíblica dos hebreus e a imolação de Ifigênia nos mitos gregos possuem similares no mundo todo. Numerosas são as lendas sobre o devotamento e abnegação de mulheres que se entregaram ao sacrifício que podemos supor que as práticas rituais de propiciar fertilidade a terra, bons ventos e mar calmo para a navegação estejam associados diretamente a glorificação e morte de uma eleita. Quando não sacrificadas eram confinadas nos templos como as vestais em Roma ou as Miko no Japão, colocadas ao serviço de um deus e condenadas ao celibato perpétuo. Segundo alguns estudiosos, maneira menos violenta para evitar-se o infanticídio no nascimento ou a venda de meninas em época de miséria e como controle da fecundidade da mulher sempre associada com a fecundidade da terra.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Para outros matar-se era a suprema liberação espiritual. Na seita digambara, composta de piedosos jainistas, incapazes de esmagar sequer um inseto por descuido, seu desprendimento com a vida, que consideravam um fardo, era total. Podiam simplesmente suprimi-la pela inanição auto imposta. Alguns chegaram até mesmo a autocremação. Um desses ascetas indianos, que os gregos chamavam “ginosofistas”, isto é, sábios nus, mandou preparar uma pira e imolou-se diante de Alexandre, o Grande. Outro asceta fez o mesmo diante de Cesar. Perante o Senhor do Mundo, o senhor de si, não menos orgulhoso demonstra seu poder. O homem que cede a própria força de vontade não tem necessidade de outro carrasco além de si próprio.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Já o guerreiro dá a morte e a recebe, se necessário ele a dá a si – mas não pensa nela. A morte é o objeto, a curto ou longo prazo, de todos os seus atos, jamais de sua reflexão. Ela não passa de um meio que ele emprega, sem jamais se deter nela. Quando ela está ali, ele tem medo como qualquer outro, mas passado o perigo, obriga-se a esquecê-la. Tanta paixão pela guerra pode levar ao temor de renascer na condição daqueles Ashuras que contam as lendas búdicas, encarniçados num eterno combate sem repouso:</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">“Uma vez caído</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Na via dos Ashuras</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Ao longe, bem perto</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">As árvores não passam de inimigos</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">A chuva, pontas de flechas</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O solo, lâminas bem temperadas</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Os montes, cidadelas de ferro</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">As nuvens, pendões, broquéis que se chocam</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Cruza-se o sabre do orgulho</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">A loucura faz brilharem as pupilas</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Tudo é paixão, desejo, inveja, cólera, cegueira”...</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Só a graça do Bhuda, dizem os monges, podem libertá-los do eterno reviver das batalhas no mundo negro do inferno.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O budismo é portanto impiedoso quanto ao desejo humano de durar, que ele não estimula com alguma esperança de eternidade. Mas também não encoraja o desejo de desaparecer. Pois o homem não desaparece. Morrer é dar lugar a outras vidas. Só a vontade de despertar para a justa visão do real interessa para além dos pares de opostos do mundo sensível. No enunciado do antigo cânone, em páli, da segunda das Quatro Nobres Verdades é igualmente condenado “1 – A sede pelos prazeres dos sentidos, 2 – A sede pela existência e pelo devir e 3 – A sede pela não existência. As propensões suicidas, as paixões melancólicas não acham sustento nessa doutrina que se situa para além das pulsões de vida e das pulsões de morte e propõe o Caminho do Meio das práticas: nem o amor nem o ódio a vida, nem o horror nem a atração do nada. A sabedoria do budismo inicial evitava as práticas sacrificiais e todas as mortais austeridades dos ascetas indianos. Desconhecia a doutrina também a culpa e o pecado. </span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">"O conhecimento, ao contrário, bem longe de ser causa do apego à vida, atua em sentido oposto; ele revela o pouco valor da vida, e combate, desse modo, o medo da morte. Quando prevalece o conhecimento o homem avança ao encontro da morte com o coração firme e tranquilo, e daí honramos sua conduta como grandiosa e nobre; celebramos então o triunfo do conhecimento sobre a vontade de vida cega, sobre aquela vontade que nada mais é do que o princípio da nossa própria existência". (Arthur Schopenhauer - Da Morte)</span></b><br />
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Schopenhauer propunha que se a morte é o fim das sensações, a aniquilação total, já que a vida se resume ao período da existência do ser sobre a Terra, não devemos temer o não-ser, pois seria apenas uma suspensão da existência sensorial, e portanto, por mais temida que seja, a morte não pode ser um mal. Nada somos então antes de nascer e nada seremos após a morte. Então porque nos preocuparmos pelos milhares de anos passados que não existimos e os infinitos anos vindouros em que nada seremos? Por outro lado ele argumentava usando o budismo e o bramanismo como referência, afirmam ambas as crenças ao lado de uma existência após a morte, uma existência antes do nascimento. Essas religiões milenares tem uma consciência muito clara da relação necessária entre essas duas idéias. No sistema de crença do Bhagavatas, a parte onde é atribuído seu maior peso é a de que a alma se fosse uma coisa criada e por consequência tivesse um princípio não seria eterna. Na doutrina do Buda de Upham diz ainda: os que rejeitam seu testemunho aderem à doutrina herética de que todos os seres viventes tem o seu começo no ventre da mãe e alcançam seu fim na morte. Quem concebe sua existência como simples efeito do acaso, sem dúvida deve temer perdê-la pela morte. O filósofo alemão reafirma ainda a sabedoria milenar ao postular que o "eu" é uma abstração ilusória do ser como individuo perante a estrutura holística do Universo. "Não sou mais que uma parte infinitamente pequena do mundo, assim como também minha forma pessoal não é mais que uma parcela igualmente pequena de meu ser verdadeiro". E também: "Eu serei sempre" e "Eu sempre fui". Assim é definida a totalidade que transcende a lógica da razão pura e apreende a intuição da existência de nossa imortalidade no aqui e agora como o fio condutor da vida em contato direto com a Fonte da Criação.</span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Esse pensamento tem permeado a cultura indo européia desde seus primórdios e permite em seu núcleo a idéia do sacrifício dos reis e de que os heróis tem direito a posição privilegiada junto aos deuses, como também assim pensavam os tupinambás no Novo Mundo. Influenciaram de forma fundamental as religiões que se formaram posteriormente, a partir do zoroastrimo persa, incluindo o judaísmo e seus derivativos </span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"> o cristianismo e </span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">o islamismo e evoluíram como promessa de vida post morten aos comuns. A distorção da idéia visou adaptá-la aos povos que foram domesticados pelos cavaleiros arianos em suas muitas conquistas como alento à uma vida de servidão e uma promessa de redenção além túmulo para os imolados em uma vida de trabalho e escravidão. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O conceito clássico grego de herói está relacionado com uma personagem mítica vinculada às potencias telúricas, é um homem filho de deuses, que foi rei, mas está morto, e que possui personalidade humana e não atingiu a deidade por pequeno detalhe, uma falha de percurso. Seu culto como o dos antepassados familiares, os manes, era privilegiado entre os antigos na Grécia e na Índia.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Semelhante conceito do ente familiar, a idéia do “bem amado” também adotada pelos ameríndios, o inimigo que é imolado e se deixa imolar como ponto de honra, já que sua fuga representaria uma vergonha para seu clã particular e sujeitaria seus familiares ao opróbrio da sua comunidade lhes privando do direito da vingança certa dos seus era uma instituição </span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">que possivelmente regulava o controle social entre as tribos humanas na pré-história dentro de sua humanidade como espécie animal. A entrega de sí ocorre para manter o “status quo”. Os estudiosos se dividem: de um lado, para acinte de antropólogos pacifistas escandalizados que ainda querem acreditar no "bom selvagem" em harmonia com seu meio ambiente, e do outro, analistas militares contemporâneos que negam o carácter sangrento da guerra civilizada e por diferentes razões impõem sua visão pseudo humanista, política e civilizadora nos conflitos humanos e afirmam a partir de seu viés ocidental esteriotipado ser esta tradição antropofágica pior, uma atitude primitiva, como se a morte no conflito ainda não fosse o objetivo final. Ambos estão equivocados.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Os yanomani como já vimos são muito dados a rivalidades, crimes de morte, negócios de honra e viver em paz não dá mérito, nem atrai seguidores nessas sociedades. O tuxaua ambicioso quer fama e fiéis. Assim anos atrás um chefe chamado Fusiwe, que tinha fama de guerreiro bravio, tornou-se tão zeloso da própria reputação que matou vários dos seus partidários por questões menores de honra. Nem amigo, nem inimigo ousou atacá-lo depois disso, mas um dia foi convidado a dar a questão por encerrada num grande festival na aldeia vizinha. Aceitou, comparecendo no dia marcado e como era de se esperar foi morto pelos anfitriões.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O mais curioso desse relato não é a traição, que é comum nesses casos, mas o fato de Fusiwe saber de antemão que o festim era uma cilada. Avisado com antecedencia achou plausível a traição e teve o cuidado de levar com ele o filho predileto, pois a vida de um orfão é muito triste. Seu filho foi morto sem dificuldade mas Fusiwe deu trabalho. Não que tivesse se defendido. Ficou de pé, desafiador, silente e implacável enquanto seus inimigos atiravam flechas em sua direção. Atiraram-lhe tantas flechas que ele ficou espetado como um ouriço-cacheiro.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Tombou não sem antes emitir um ronco terrificante. Seu prodigio de resistência causou profunda impressão nos seus inimigos que tiveram medo até mesmo de arrastá-lo depois para fora da aldeia. Fusiwe conhecia os costumes de seus algozes que lhe eram afins e em função de seu virtual suicidio sabia que iria assombrar-lhes a imaginação ainda por muito tempo. Esta é a astúcia do guerreiro que sabe imprimir o terror absoluto ao inimigo, quando esse percebe o menosprezo do outro pela própria vida. Dentro de seu sistema de crenças particular talvez acreditasse ser o desafio grande demais para que seu sentido de honra deixasse passar. Talvez entendesse que o destino de um guerreiro verdadeiro só se completa quanto ele morre voluntariamente, em terra inimiga, cumprindo sua missão com a Paixão correta para sua alma ser transladada para o outro mundo. Com sua atitude destemida e de menosprezo aos adversários concentrou contra sí todo o potencial deles em seu aniquilamento garantindo a própria absolvição final que só o herói atinge.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">No Ocidente apesar das crenças de origem cristã afirmarem um paraíso após a morte para os que são isentos de pecado, que seguem para o éden como cordeiros santificados, o individuo comum em seu inconsciente particular percebe a morte como um castigo divino ou no mínimo azar, pois representa o fim de sua existência na terra onde poderia ainda usufruir suas vantagens sensoriais e de consumo. Quase sempre o homem ocidental se apega com todas as forças a sua vitalidade, muitas vezes vivendo uma vida abjeta e sem sentido em alguma atividade similar a uma máquina ou seqüência de processos.</span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">A principal motivação que leva, como já vimos, o herói cumprir seu paradigma ou destino, na acepção do conceito grego da palavra, ao doar o seu corpo físico por um ideal ou por sua nação contém e repete os mesmos elementos antropofágicos do sacrifício humano que os povos alguma vez já cultuaram em seus primórdios, para aplacar a ira dos seus deuses e em rituais de devoramento. Faz parte desse ritual esta prática da doação do herói para seu grupo social de forma subjetiva ou objetiva na busca do auto-extermínio para beneficio do todo ou como renúncia de um poder maior sobre sí. Entre àqueles que por alguma razão, por medo ou falta de oportunidade lhes é vetado o direito de auto imolação, como nos casos dos poucos kamikazes que sobreviveram ao ataque ou não puderam cumprir sua missão, passaram anos amargando sua vergonha perante os seus na síndrome conhecida de sobreviventes de grandes conflitos. Muitos preferiram o suicídio cerimonial. O mesmo acontece com vítimas de genocídios em massa que conseguiram escapar e passam o resto dos seus dias cheios de culpa por terem sobrevivido ao morticínio. A idéia de que alguém deva por-se à prova e morrer, como Fusiwe, a fim de ganhar o céu, é então correta nesse contexto. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Em sociedades onde a religião é o controle social e o poder secular se confunde com o sagrado, suas regras de convivência podem valorizar a vida do individuo ou condicionar seu término e regrar seu comportamento num plano mais profundo da psique. Correto ou não do ponto de vista ético do ponto de vista materialista ocidental, pois isso agora não está em julgamento, esse controle subliminar da crença sobre o individuo sempre estabeleceu a verdadeira força de uma civilização, pois a liberdade consagrada ao individuo nem sempre é garantia absoluta da sobrevivência de uma nação ou tribo.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Na medida deste raciocínio encontramos dois fatos históricos que ilustram tal afirmação: os autos de fé da Santa Inquisição e o sacrifício de jovens japoneses em seus ataques suicidas na II Guerra Mundial. Os primeiros com seus dogmas religiosos influenciaram as hordas de fanáticos religiosos que desbarataram civilizações inteiras dos povos ameríndios no Novo Mundo, em certa medida muito mais livres que os invasores. E os segundos com seu sacrifício pessoal, disciplina e determinação tornaram prudente o vencedor que buscou evitar uma custosa invasão ao país nipônico.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">De novo surge a polemica da eterna questão entre os estudiosos sobre o confronto entre Atenas e Esparta, ambas as civilizações com semelhanças viscerais nas suas primitivas origens e mitos, mas que adotaram modelos distintos de civilização e valores diversos em sua evolução mesmo possuindo um passado antropofágico comum.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Nesta eterna confrontação das nações quem é Atenas e quem representa Esparta hoje?</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">"Há uma reação humana que, mais que nenhuma outra, afirma Konrad Lorenz, pode demonstrar quão imprescindível pode ser uma pauta de comportamento inequívocadamente 'animal', herdada de nossos antepassados os antropóides, precisamente para ações que não somente consideramos humanas e muito morais, mas que efetivamente o são. É a reação chamada entusiasmo ou inspiração. Esta palavra por sí só expressa o alto sentido de origem absolutamente humano, que significa: o espírito que domina o homem. Enquanto entusiasmo, termo que se origina no grego, significa que um deus se apossou do homem. Mas em realidade é nossa antiga e novíssima inimiga, a agressão intraespecífica, quem domina o inspirado, e na forma de uma primitiva e nada sublimada reação de defesa social".</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">"Essa reação se desencadeia, de forma reflexa perfeitamente previsível, por situações externas que exigem combater por algo de interesse social, em especial se a tradição cultural o tem como consagrado. Isso pode estar representado pela familia, pela nação, pela universidade ou pelo clube desportivo, ou também por conceitos abstratos, como os bons tempos de estudante, a probidade da criação artística ou a ética da investigação indutiva".</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Esse comportamento de origem filogenética primordial, define segundo Lorenz, a reação de entusiasmo militante, graças a qual um grupo defende suas normas e ritos sociais próprios contra outro grupo que possua outros diferentes. A sociedade humana sem esse apoio baseado no amor as normas tradicionais programado pela filogenesis ficaria sem sua indispensável estrutura no passado para estabelecer seus núcleos sociais. Outro comportamento de origem filogenético de particular importancia é a "cruel sevicia" com que o grupo trata aquele membro que não obedece as "boas normas" de comportamento aceitas pelos demais.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Uma classe de estudantes ou uma companhia de soldados, ambas modelos de estruturas grupais primitivas, são perfeitamente capazes de crueldade coletiva contra alguém estranho ao grupo. As reações puramente instintivas ante um indivíduo fisicamente diferente, por exemplo, um rapaz obeso, são totalmente as mesmas para a discriminação contra uma pessoa cujas normas sociais de origem cultural diferem do grupo. Por exemplo um estrangeiro que pode ser considerado como um inimigo, mesmo que faça parte do mesmo esforço de guerra e lute pela mesma facção ou trabalhe na mesma linha de produção. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O entusiasmo que significa estar "cheio de Deus", palavra que no século passado impregnou-se de um cunho ideológico e politico marcante que paradoxalmente questionava o culto às divindades transcendentes e afirmava o império do homem sobre a religião e o culto à dialética materialista, o que levou milhares de jovens para o sacrifício das câmaras de tortura do "mundo livre" e da "cortina de ferro". O esgotamento das ideias utópicas, consequência direta da falta de evolução da humanidade e de suas lideranças, sempre em busca do conforto imediato, levaram ao declínio do ideologismo e já no novo milênio o velho deus canibal ressurgiu com um furor renovado, incentivado pelos novos recursos de uma sociedade tecnológica que ele promete no fim dos tempos derrotar. Com novas roupagens e novas armas o fundamentalismo religioso cresce de forma vertiginosa tanto em países com tradição religiosa renomada quanto em regiões onde as populações em certa medida estão laicizadas pelo culto ao mercado. Países onde a liberdade antes relativamente vicejava passaram a fazer do controle social uma forma para conter as multidões de imigrantes com seus credos exógenos que foram em busca da prosperidade prometida, como contingentes de mão de obra barata, já que a fé possui em sí um apelo preponderante de firmar raízes para o indivíduo acima de qualquer outra questão politica ou social, que sentindo-se banalizado pelo sistema de produção busca na religião o "entusiasmo" para transcender uma sociedade onde é apenas a extensão de uma máquina ou de um terminal de rede. É a afirmação cultural do ser em busca de suas origens ante a imposição de sua anulação forçada pelo sistema produtivo cada vez mais automatizado e menos multiculturalista.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">No dicionário de ciência social o termo “controle social” possui uma primeira definição: se baseia na ação individual que preenche funções sociais para o grupo de que faz parte o individuo, enquanto uma segunda definição de cunho marxista ortodoxo define: que os meios sociais podem ser usados como poder coercitivo ao individuo desde que seja para uma vantagem da sociedade em geral, ou para vantagem de um grupo de exploradores individuais. “O controle que é social em seus mecanismos, pode não ser social ou societário em suas funções e muito do controle que parece ser societário em suas funções pode, na realidade, estar servindo aos interesses dos grupos dominantes", como agora acontece, pela ascenção das grandes corporações como ditadores dos interesses politicos mundiais de exploração de recursos e mão de obra cativa dócil e a decadência do controle estatal.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Em larga medida, nas sociedades ameríndias e entre os caçadores do paleolítico, é o individuo que estabelece o controle social, pois a justiça primitiva estava estabelecida essencialmente pelos costumes, convenções e tradições estratificados desde tempos imemoriais. O poder do Tuxaua é basicamente nominal e emana de sua função na tribo como individuo. A convivência e a cooperação entre os indivíduos eram de uma naturalidade óbvia, para cuja regulação bastava a força e a eficácia dos costumes e da tradição. Em suma, as sociedades caçadoras coletoras do paleolítico e seus similares entre os ameríndios eram uma sociedade homogênea, sem diferenciação de classes e estranha a qualquer tipo de poder político coercitivo que se orientasse à base de critérios ideológicos, o que não impedia a prática das discussões em conjunto para tomada de decisões sobre os problemas do interesse da comunidade.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Nas civilizações européias e asiáticas sedentarizadas, onde nações foram estabelecidas a ferro e fogo são os grupos sociais dominantes descendentes dos povos indo-arianos, antes nômades, que por etnia e descendência firmaram suas raízes e estabeleceram o controle social sobre os povos agrícolas dominados para atingimento dos seus fins formando uma elite guerreira. Celtas, teutões, dórios na Europa, turcos e mongóis na Índia e China, onde se estabeleceram e como possuidores de bom instinto de caçadores se mimetizaram com a paisagem, camuflaram suas crenças, eles são e sempre foram predadores antropófagos que observam os movimentos de seus rebanhos. São lobos em pele de ovelha</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Foram estes predicados que serviram de sustentáculo para a escalada deste prédio, verdadeiro templo para alguns estudiosos insuspeitos, que foi construído sobre os crânios e os ossos dos vencidos, e a partir dele os grupos vencedores desenvolveram suas leis e crenças para criar a figura do cidadão da cidade estado, com seus compromissos inalienáveis, para um “bem maior”. É o homem servindo à máquina, da frátria tribal para a pátria onde o pai eterno é o grande deus canibal devorador de almas</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Como são formados estes combatentes? A civilização tem um importante papel pois deslegitimiza a violência no convívio social, mas mantém através da formação militar de grupos de jovens a idéia belicista do cavaleiro nomade como ideal para proteger sua soberania e seus interesses e nesta instrução bloqueia os freios naturais e inibições destes grupos e assim libera a agressão ao próximo sempre justificada pela bandeira, raça ou religião do inimigo. Os seres humanos na puberdade e logo após esse período tem uma facilidade maior para desprender-se das normas e ritos de sua cultura, sendo presas fáceis ao novo adestramento com objetivo marcial. Influenciado pela liderança da caserna, o jovem antes sem objetivo e candidato a delinquencia pode ser moldado para criar uma nova fixação voltada aos objetivos políticos onde possa canalizar seu "entusiasmo militante". </span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">“Quando ratos em condições naturais lutam, suas reações emocionais consistem principalmente em arrepiar o pelo e fazer vibrar a cauda. Quando se colocam juntos dois ratões machos, freqüentemente os vemos aproximarem-se um do outro cautelosamente, empolando o pelo e sacudindo o rabo, para logo, repentinamente, iniciar a lutar. Contudo, se o rato é treinado a lutar, concedendo-lhe uma série de vitórias fáceis, este nunca demonstrará sua conduta emocional costumeira, mas saltará sobre sua vítima seguinte em frações de segundo”. (Scott,1958, pág 59)</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">A conclusão de Scott é que o “comportamento emocional não é uma parte necessária da luta”. Pelo contrário, o ponto é que estes desdobramentos (que podem ser emocionais no sentido de ser gerados por conflitos) são uma parte integral da luta, que podem ser suprimidos por meio de um adestramento. Tudo isto é o mesmo como dizer que os controles sociais da agressão nos animais, e por extensão, nos humanos podem ser destruídos, modificando as ações antes ritualizadas que regularmente acompanham a luta, e que muitas vezes podem ser substituídos por gestos e manifestações apaziguadoras de cessação do conflito.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">As danças rituais dos guerreiros, as marchas, hinos e desfiles militares são uma preparação para a agressividade que precisa ser despertada entre as massas visando liberar no inconsciente dos grupos a chama de caçadores que nas sociedades “civilizadas” fica sepultada numa tênue camada, uma veste leve que é jogada na fogueira de archotes para queimar na chama da xenofobia e do etnocentrismo já tão conhecido dos homens. As pinturas de guerra e os uniformes promovem a transformação necessária para desencadear, muito mais que nas bestas mais ferozes a violência incontida de um onívoro caçador liberto afinal de seus tabus da vida mansa na capoeira. Do rebanho de animais do cercado para a matilha de predadores livres para matar e trucidar seus inimigos basta os toques de clarins e os chamados para o supremo sacrifício alardeados sempre por homens insuspeitos que clamam pela vingança e se mantém sempre a distancia confortável dos conflitos. Diz um velho provérbio ucraniano: "Quando tremula a bandeira, a razão está no clarim".</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Nesse tipo de comportamento já objetivamente observado entre os humanos, o tônus de todos os músculos estriados se eleva, o corpo se põe tenso, os braços se afastam um pouco do corpo e giram para o centro ficando os cotovelos para fora. A cabeça se ergue orgulhosamente, o queixo para adiante, e os músculos faciais assumem a expressão do herói, essa cara que conhecemos dos filmes de cinema. Nas costas e na parte exterior dos braços se arrepiam os pelos num "estremecimento sagrado".</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Em relação ao caráter "sagrado" desse estremecimento e ao "espiritual" desse entusiasmo, qualquer um que já tenha visto o comportamento correspondente em um chipamzé macho quando se lança com bravura sem igual para defender sua familia ou seu clã, ficará em dúvida. Porque o chipamzé também coloca seu queixo para frente, tensiona o corpo e eleva os cotovelos; também nele se eriçam os pelos do corpo, coisa que o faz parecer maior visto de frente, com um imponente efeito de intimidação. O movimento para dentro dos seus braços objetiva expor sua parte mais peluda para fora, para reforçar o efeito aterrorizante. Todas essas atitudes de eriçamento dos pelos tem a mesma função , como o eriçamento dos pelos de um gato que se protege de um ataque, um blefe, para parecer maior e mais perigoso do que realmente pode ser. Igual ao nosso "estremecimento sagrado" não é outra coisa que o natural eriçar da pele e a penugem que ainda permanece, atrofiada pela evolução.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Sobre esse comportamento Lorenz ensina: "Quando ao ouvir velhas canções ou música militar sinto que um "estremecimento sagrado" percorre minha espinha dorsal, me defendo do sentimento dizendo-me que também os chipamzés quando querem incitar-se ao combate social, emitem sons ritmícos. Nesse caso, cantar no coro é fazer ouvido ao diabo" O ritmo é o elemento mais primitivo da música. As bandas militares tocam num compasso mais rápido que o batimento cardíaco normal e, com isso, fazem os corações baterem mais depressa.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">No adestramento militar moderno o soldado aprende a matar a distancia e assim evita qualquer ação apaziguadora que porventura pudesse ocorrer no conflito. Mesmo na Antiguidade os exércitos “civilizados” adotaram as formações em falange para evitar a luta corpo a corpo que adquire aspectos mais pessoais. É o exemplo da legião romana que permanece até hoje, homens de estatura baixa, atarracados enfrentavam bandos de grupos tribais que possuíam estatura superior e na maioria das vezes atingiam a vitória pela capacidade de manter a disciplina e o sangue frio sem deixar que a barreira de escudos e lanças fosse rompida pelo forte impacto dos “bárbaros” que buscavam o combate singular mais primitivo e agressivo mas ineficiente. Estas estratégias de formações cerradas são utilizadas pelas policias anti-motim contra as multidões até nossos dias. É na impessoalidade que reside a guerra total, o franco atirador evita o contato direto com a presa centenas de metros distante. Pode ser um combatente inimigo que se aproxima, um velho, uma criança, nada impede ao profissional da guerra exercer seu ofício pois a razão maior inculcada pelo treinamento torna subjetivo qualquer compromisso emocional com o ato.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Independente das seqüelas que tais treinamentos trazem para a psique do individuo como podemos observar nos veteranos retornados de guerras recentes, estes métodos são eficientes para despertar no intimo do homem seu lado bestial que quando uma vez é despertado não pode ser mais contido. Por outro lado sua porção reptiliana ainda existente no cérebro lhe garante uma pronta resposta ao estímulo do ataque voraz e até mesmo a capacidade da iniciativa em qualquer evento onde porventura se sinta vulnerável.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
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<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Ao tentarmos interpretar a eficiência da seita dos Assassinos em atingir seus objetivos de sangue podemos considerar que a visão simplista de seus adeptos estarem sob o efeitos de drogas é em certa medida preconceituosa pelo simples fato de que a maioria das drogas conhecidas criam confusão mental e dificuldade de concentração no individuo e perda de eficiência para atingir seu objetivo. Na II Guerra Mundial, vários estudos foram realizados pela resistência para que fossem usadas drogas que dificultassem aos captores nazistas descobrir segredos dos cativos. Buscavam uma droga que impedisse e insensibilizasse o capturado para qualquer tipo de tortura possível. Logo perceberam que a maioria das drogas conhecidas, ao contrário, deixava o prisioneiro mais facilmente suscetível de ser confundido para fornecer qualquer tipo de informação sigilosa. Por outro lado seu uso, como o pentatol, por exemplo, facilitava para o captor quebrar a moral do cativo e com mais facilidade obter seus segredos.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Só um treinamento rígido associado a uma profunda educação ideológica pode formar o bom combatente. Exemplos não nos faltam. Mas é com certeza entre os Assassinos que podemos encontrar a origem deste novo tipo de educação onde o sagrado se mistura com o profano para conseguir forjar-se um soldado que não necessita da formação do campo de batalha para manter-se nas fileiras e cumprir de forma solitária sua missão que após cumprida, como razão de vida, o adepto se entrega ao suplício com um sorriso nos lábios e a certeza da missão cumprida.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Mais uma vez a religião é o fundamento onde se forja o individuo, como pedra angular, e o malho ideológico tempera seu treinamento físico e mental, semelhante aos ensinamentos do Zen, vistos no Ocidente como teoria exótica de monges fora da realidade, mas que tanto influenciaram os Samurais do Japão medieval e seus seguidores do séc. XX, aviadores que destruíram grandes objetivos militares sem vacilar, certos de estar cumprindo com seu mandato pessoal de vida que era uma extensão do objetivo de sua comunidade, manter a soberania de sua nação. O sacrifício humano se evidencia tanto entre os kamikazes como entre os Assassinos, a vítima se entrega ao seu deus-nação ou ao seu deus-visão interior.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Não fosse o ser humano um antropófago latente orientado pelo seu instinto de onívoro seria talvez mais difícil transformar um lavrador ou pastor numa fera ou em um suicida pertinaz e desencadear sua fúria interior assassina. Transformar Abel em Caim é nosso grande dilema e a razão deste estudo realizado com afinco. Não somos mais facilmente influenciáveis pelo grande número de informações dirigidas pelos meios de comunicação, mensagens de ódio subliminar contra outras etnias e culturas, para nos impor convicções de rejeição</span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">, e de bons pacifistas nos tornarmos máquinas assassinas ou até mesmo insensíveis à violência que cada vez mais nos cerca a volta?</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">O único ponto em comum entre o prisioneiro Tupi ou Asteca que aguarda sua imolação pacientemente, o Assassino, o Kamikaze e o homem bomba é a certeza que após suas mortes terão abertas as portas do paraíso para si, onde viverão na eternidade uma existência divina. O controle a eles imposto do ponto de vista cultural e formativo não lhes permitem perceber o quanto tal certeza lhes foi inculcada através de fatores de assimilação exógenos que permitem dar um sentido predestinado às suas efêmeras vidas. O herói, verdadeiro manes da nação neste caso é mana e tabu, figura sagrada que se oferece para morte como sacrifício ao deus antropófago da guerra como mártir contra o mal supremo.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Será mesmo possível ainda acreditar que pessoas em outros países com formas diversas de cultura sejam inferiores a nós e suas crenças menos significativas ou arcaicas, e que a maldade habite alhures de nossas fronteiras, pois não são semelhantes eles e aquelas as ideias que elegemos como prioritárias? A história nos ensina que os mais perseverantes vencem, sejam eles pacifistas ou guerreiros cruéis. A moral vale muito mais que o material como nós do ocidente estamos a cada dia mais a aprender. Não devemos cometer os mesmos erros que acusamos os outros, a lição a ser aprendida é não deixar nossas liberdades nas mãos de uns poucos ou a serviço de suas tecnologias e evitar o fanatismo obscurecedor de falsas crenças.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-22359461325129783132011-09-01T10:21:00.002-07:002020-07-25T10:32:21.207-07:00Racionalismo – O Devoramento do Conhecimento.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: red;"><b><br />
</b></span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQeowE9kO5OHGSSi6KWHVE5oZ-W3VWOgfL4QuGIi0XFi2QUJ0GdY-w-_iWgXILvEjuzHfDjXDAaMhZUI-ncn1iZ11e-09TWid9RnL8KEGlB_y5PJD4quw3004YHGIFssV6tAyE6BL1iR0/s1600/Blake.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQeowE9kO5OHGSSi6KWHVE5oZ-W3VWOgfL4QuGIi0XFi2QUJ0GdY-w-_iWgXILvEjuzHfDjXDAaMhZUI-ncn1iZ11e-09TWid9RnL8KEGlB_y5PJD4quw3004YHGIFssV6tAyE6BL1iR0/s400/Blake.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Newton -Willian Blake</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: red;"><b><br />
</b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b><i>"O fato é que as imagens arquetípicas tem um sentido a priori tão profundo que nunca questionamos seu sentido real. Por isso os deuses morrem, porque de repente descobrimos que eles nada significam, que foram feitos pela mão do homem, de madeira ou pedra, puras inutilidades. Na verdade o homem apenas descobriu que até então jamais havia pensado acerca de suas imagens. E quando começa a pensar sobre elas, recorre ao que se chama 'razão', no fundo porém, esta razão nada mais é do que seus preconceitos e miopias" ( Carl Jung - Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo - Ed. Vozes - 5º Ed. - pág. 24 ) </i></b></span><br />
<span><span class="Apple-style-span" style="color: red;"><b><br /></b></span>
<b><span class="Apple-style-span"><font color="#0c343d">O Cro Magnon, guerreiro caçador que suplantou os demais hominídeos na escalada da evolução dando origem ao homem moderno, usava do instinto para pensar seu meio em contato direto com sua totalidade animal, ferramenta fundamental num habitat hostil para garantir sua sobrevivência e reprodução. Da observação instintiva acurada da natureza para a intuição, aos poucos ocupou espaço importante e crescente como função na mente humana, ampliando suas expectativas e dando condições para a criação de um sentido de espiritualidade que resultou no animismo, como explicação primordial do mundo a sua volta, da sua existência e a dos outros seres. O xamã da tribo ocupava um papel central na articulação desse importante atributo de encarar o plano dos espíritos, estabelecendo as primeiras normas, os interditos e as permissões através de analogias e experiências mágicas, desenvolvendo esse novo pensar voltado aos entes da natureza e aos ancestrais do clã e mais tarde às divindades</font></span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Isso não impediu que no surgimento das protocivilizações agrícolas uma visão mecanicista fosse surgindo como explicação dos processos da natureza que influenciaram suas criações funcionais e artísticas em paralelo com uma teologia cada vez mais complexa desenvolvida pelos primeiros reis sacerdotes que usavam da fé dos homens como sua ferramenta de poder nas cidades estado. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Mas é no império da razão que o homem acreditava ter atingido o apogeu do seu pensamento lógico colocando-o definitivamente como centro do Universo. Tendência de revalorização do período Clássico pelos eruditos elaborada a partir do séc. XV, o Renascimento criou uma imagem idealizada de um período áureo do pensamento humano entre gregos e latinos na antiguidade e colocou a razão, herança dessa era Clássica, como a forma de pensar mais evoluída da abstração humana.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Como explica Hobbes em sua obra “Leviatã”: “Os latinos chamavam aos cômputos de moedas ‘rationes’, e ao cálculo ‘ratiocinatio’ e àquilo que nós, (o autor em sua época), em contas ou em livros de cálculo denominamos ‘itens’, chamavam ‘nomina’, isto é, ‘nomes’; parece daí resultar a extensão da palavra ‘ratio’ à faculdade de contar em todas as outras coisas. Os gregos têm uma só palavra, ‘lógos’, para linguagem e razão. Não que eles pensassem que não havia linguagem sem razão, mas, sim, que não havia raciocínio sem linguagem”. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Razão é a divisão ou relação entre duas grandezas no conceito matemático. Dissecação, dilaceramento de um processo complexo em suas etapas mais simples. Só mesmo um ser onívoro ansioso e voraz pode associar sua forma de pensar mais especializada como desmembramento. É no reducionismo que o racionalismo foi procurar amparo. Tudo precisa ser dividido até seu elemento primordial para explicar seu significado. O Todo da natureza precisa ser esquartejado como foi o gigante Purusha que com suas partes deu origem a Criação conforme a cosmogonia hindu. É no conceito alimentar, presente no inconsciente coletivo da humanidade, que os conhecimentos são absorvidos, mastigados e digeridos em pequenos elementos. O universo é fracionado em partículas elementares, e seus atributos são degustados através de instrumentos de precisão cada vez mais especializados. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Átomos, neutrinos, células, DNA, vão sendo desvendados em escala fragmentária, racionalizados pela mente dos cientistas como pequenas máquinas e analisadas suas funções em escalas cada vez menores, dando lugar a novas explicações sobre o meio físico por filósofos cientistas colocando a teologia num segundo plano na explicação do universo e na análise de sua totalidade. Razão, divisão, fracionamento vão criando uma nova ordem lógica e mecanicista para os homens que pretendem desvendar e devorar os conhecimentos do cosmo.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Mas por ironia suprema a própria razão desmente o pensamento racionalista e põe em xeque a visão mecanicista e reducionista do cosmo. Os estudiosos deram de cara na “Muralha do Paraíso”. Kant usando o mais puro racionalismo restabelece o mistério da alma. Demonstra com sua lógica que nada podemos conhecer de uma realidade supostamente objetiva, além do que nos chega através de modos subjetivos da percepção e cognição. Einstein, por sua vez, prova matematicamente que a teoria newtoniana é válida apenas para uma espécie de compreensão mecanicista e superficial do mundo “real”. O tempo e o espaço estabeleceu Einstein, não são o que percebemos ou pensamos. Heisenberg descobriu que não há maneiras de observar fenômenos subatômicos sem o observador interferir nos resultados. Foi o físico que revelou a natureza misteriosa da dimensão subatômica. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>Numa espiral de evolução ascendente, o que tinha sido classificado pelo pensamento ocidental racionalista como superstição primitiva, pelos herdeiros dos iluministas, os cientistas vitorianos, agora a nova visão pós-moderna aceita como conhecimento empírico intuitivo dos sábios orientais sobre a realidade além da ilusão de maia, o mundo do conflito dos opostos. Chegaram ao ponto de buscarem exemplos e socorro no sagrado para explicar adequadamente os fenômenos da natureza. </b><b>Na cosmogonia taoísta consta que o aparecimento do Dois assinalou o começo do mundo criado a partir do Um.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;">Na hipotética visão da mônada anterior ao Big Bang, denominada Era de Planck pelos físicos, os cosmologistas especulam que as quatro forças do universo estavam reunidas em duas e as duas em uma única. Antes do dois havia o Tao afirma Lao Tzu, o incognoscível em sua essência pura. Nas mitologias do Crescente Fértil, o universo começou quando Marduk matou Tiamat e dividiu-a em duas, em mais uma idéia sagrada de dilaceramento da unidade suprema. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #0c343d;"><b>O pensamento intuitivo/instintual associado antes aos povos primitivos parecem agora assumir uma nova função complementar na compreensão da totalidade, e são consagrados pelos novos símbolos na emergente visão científica pós-moderna. Os ensinamentos das grandes tradições espirituais não parecem mais absurdos. </b><b>Estamos no caminho de uma nova remitologização do papel do herói, que do ponto de vista global obriga um maior conhecimento do inconsciente coletivo como patrimônio da humanidade para refundar as novas atitudes humanas com seu próximo e por extensão em sua relação com o planeta. Assim como nossos antepassados, que estavam em sintonia permanente com a natureza, devemos interiorizar a certeza de que tudo no universo está conectado.</b></span><br />
<b><span style="color: #0c343d;"><br />
</span></b><br />
<b><span style="color: #0c343d;">Dentro dessa visão de conexão do individuo ao Cosmo, como uma matriosca, a boneca russa que sucessivamente preenche um espaço dentro de sua réplica similar maior, o homem preenche sua posição no Universo, mas dentro de uma concepção mais materialista nega sua integridade com o meio, analisando o exterior físico como um observador fora do processo, olhando e percebendo somente as paredes lisas de seu nicho como sendo a realidade. O grande mestre Zen T. D. Suzuki sobre essa visão Ocidental do mundo, onde prevalece a lógica mecanicista, escreveu:</span></b><br />
<b><i><span style="color: #0c343d;"><br />
</span></i></b><br />
<b><i><span style="color: #0c343d;">"No estudo da realidade, o método cientifico consiste em encarar um objeto do ponto de vista chamado objetivo. Suponhamos que uma flor aqui em cima da mesa seja o objeto do estudo cientifico. Os cientistas a submeterão a toda a espécie de análises, botânica, química, física, etc., e nos dirão tudo o que tiverem descoberto a respeito da flor vista através dos respectivos prismas, e afirmarão que se esgotou o estudo da flor e que já não há mais nada para acrescentar, a não ser que se descubra alguma coisa nova, acidentalmente, no decurso de outros estudos... ( )e quando está tudo terminado, sintetizar essas abstrações analiticamente formuladas e tomar o resultado pelo próprio objeto".</span></i></b><br />
<b><i><span style="color: #0c343d;"><br />
</span></i></b><br />
<b><i><span style="color: #0c343d;">"Mas ainda assim permanece a pergunta: 'Terá sido todo o objeto realmente apanhado na rede?' Eu diria: 'Decididamente não!" O enfoque Zen, conforme Suzuki: "Esse modo de conhecer ou ver a realidade pode chamar-se conativo ou criativo. Ao passo que o modo cientifico mata. assassina o objeto e, dissecando o cadáver e tornando-lhe a reunir as partes, tenta reproduzir o corpo vivo original, o que é efetivamente um feito impossível, a maneira Zen toma a vida tal como é vivida, em lugar de espostejá-la e tentar restaurá-la pela intelecção, ou colando abstratamente, umas às outras, as partes quebradas. A maneira Zen preserva a vida como vida; nenhum bisturi a toca".</span></i></b><br />
<b><span style="color: #0c343d;"><br />
</span></b><br />
<span style="color: #0c343d;"><b>Essa visão do pensamento Ocidental expressa por Suzuki, que evoluiu da prática de esquartejamento da realidade para seu entendimento marca como o ser Onívoro percebe seu meio em oposição direta com o "</b><span style="color: red;"><b>approach"</b></span><b> Zen. A filosofia do Ocidente está ligada a lógica, mas como diz o mestre Zen:<i> "não há liberdade na lógica, onde tudo é controlado pelas rígidas regras do silogismo". </i></b></span></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-47811573145067945752011-06-22T11:38:00.000-07:002023-10-14T07:15:26.567-07:00Levantes Islâmicos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;"><b><br />
</b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfISXjqXq00rBPHUx4a9PVDNTMVYF6h4_fjhqT84V3j6lYh0lz24nf8-7h3wmT_a1gs8xEMXR-Kuv2dJrGkhysIsBC2P0A-6_gVPlNM8-shBO_9KpSOgmwNPwr8gQWGnwMQ0zqWgq1Yj0/s1600/WE+ARE+NOT+TERRORISTS.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfISXjqXq00rBPHUx4a9PVDNTMVYF6h4_fjhqT84V3j6lYh0lz24nf8-7h3wmT_a1gs8xEMXR-Kuv2dJrGkhysIsBC2P0A-6_gVPlNM8-shBO_9KpSOgmwNPwr8gQWGnwMQ0zqWgq1Yj0/s400/WE+ARE+NOT+TERRORISTS.jpg" height="400" width="336" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;"><b><br />
</b></span><br />
<span style="color: #660000;"><b>É difícil escrever sobre eventos quando ainda estão acontecendo e suas conseqüências são fruto de especulação de parte dos comentaristas e estudiosos, os chamados especialistas de plantão. Mais difícil ainda se torna o esforço quando olhamos os acontecimentos através da mídia globalizada identificada com a sensibilidade das grandes corporações com suas muitas ofertas irrecusáveis. Portanto deve-se recorrer ao passado histórico para comentar sobre o presente e tentar vislumbrar um futuro inteligível para poder ser objetivo e manter a isenção de julgamento sobre os acontecimentos, por mais difícil</b><b> que isso possa ser, já que estamos todos sempre submersos em nosso sistema de crenças próximo ditado pelo meio, que envolve aspectos de julgamento parcial de nossa percepção da ética, da estética e do comportamento, e muitas vezes não nos damos conta disso.</b></span></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">O iminente choque de civilizações, tão propalado por cientistas políticos e filósofos ocidentais da atualidade, tanto à esquerda quanto à direita, numa unanimidade perigosa veiculada nos salões acadêmicos, que difunde seus argumentos sobre como o liberalismo econômico e a democracia ocidental são superiores e libertam os homens, ou como as organizações de trabalhadores são fundamentais para o estabelecimento do paraíso socialista, enquanto que, em oposição ao seus ideais libertadores e progressistas, no outro lado do mundo, conspiram aqueles homens e mulheres vestidos de negro que cultuam uma crença cega de adoradores da morte em nome de um deus desconhecido e satânico, e que pretendem implantar sua fé a qualquer custo, esta é a mensagem, o conceito oficial, o clichê ideológico do momento. Demonstram seus discursos o equívoco maneiroso, a falta de distanciamento crítico e a carência de perspectiva desses intelectuais que habitam e frequentam os sofisticados canais de comunicação do dito primeiro mundo, com sua visão estreitamente eurocêntrica, para não dizer pior. Acreditam no monolitismo de culturas que se chocam e esquecem que intercâmbios naturais entre diferentes civilizações sempre existiram no passado, existem ainda hoje e existirão sempre. Em contrapartida, por trás desse discurso falacioso da libertação do atraso de povos distantes, o cidadão comum, o ocidental, em larga medida, nunca viu suas liberdades individuais serem tão ameaçadas como agora pela influência nefasta das grandes corporações que utilizam-se dos artifícios dos meios de comunicação para criar uma estrutura de dominação onde o conflito permanente e a demonização do "outro" desvia a atenção dos povos sobre suas próprias mazelas e incentiva o sectarismo religioso em nome de uma nova ordem laica que não explica seu fundamento e nem sua adoração fanática pelo deus do consumo, o grande deus canibal de coisas e gentes. Criminalizar o imigrante, o trabalhador em terra estrangeira tem sido a voga nos países "desenvolvidos", adotar leis de exceção para o cidadão comum, criar guetos e ilhas prisionais onde direitos básicos são suprimidos em nome de uma ordem global, seja lá isso o que for, tem sido a pauta desse comportamento adotado pelas "democracias ocidentais". Querem globalizar seus produtos mas não o trabalho e a cidadania dos seres humanos.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">Ditaduras e ditadores sempre existiram em muitos graus, alguns exercem um poder regional, outros um poder nacional e algumas entidades podem ser imperiais, como nos ensina a história, alguns permanecem no poder pelo uso das armas, mas a maioria se estabelece por representar o produto final de sua elite nacional que toma de assalto o poder. No séc. XX no Oriente Próximo, muitos líderes foram forjados à sombra da Guerra Fria. Uns apoiados pelos soviéticos, outros pelos norte americanos e de uma forma ou de outra prometeram aos seus povos a prosperidade e igualdade que no seu imaginário soberbo iriam importar das respectivas metrópoles a custa dos recursos naturais nacionais. O laicismo foi o tópico adotado por essas lideranças inspiradas no Iluminismo racionalista europeu, berço das ideologias materialistas que pareciam ditar um novo caminho para antigas sociedades, que os modernistas acreditavam paradas no tempo.</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">Após décadas de revoluções salvadoras e imposição de ideologias políticas exógenas, a partir de caudilhos que, ao tomar o poder, se tornavam ditadores de seus povos, pouco ou nada mudou e a prosperidade prometida não aconteceu em função do próprio modelo adotado de centralização do poder que independente do viés progressista num primeiro momento, só favorecia a nova elite empossada, verdadeiros intermediários das metrópoles e seus ideários.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">Numa retrospectiva histórica obrigatória, já no séc. XIX podemos encontrar os primeiros sinais da adoção do preconceito dos europeus colonialistas em relação ao Islã. Surgiram na época os termos "orientalista" e "orientalismo" para designar os estudiosos da matéria e seus esforços em traduzir textos orientais para o inglês. Os europeus em geral e os ingleses em particular pretendiam conhecer os povos conquistados para melhor exercerem sua dominação. Tentava-se assim traçar uma fronteira entre o pensamento ocidental e o oriental destacando o racionalismo europeu como superior em relação ao subdesenvolvido, aberrante e inferior pensamento dos povos colonizados. Esta sempre foi a justificativa aliás para promover a intervenção da civilização ocidental nos assuntos de outros países além mar e legitimou a ação do imperialismo de todas as épocas.</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">Ainda hoje esse tipo de pensamento repercute entre os filósofos e cientistas do Ocidente que, de forma oportuna, esquecem que sem a existência da expansão do islamismo possivelmente a Europa estaria condenada ao atraso e isolamento. Pois foram os árabes que conservaram os conhecimentos dos clássicos durante a Idade Média e promoveram seu estudo e aprimoramento enquanto a Europa se arrastava nas trevas da decadência do Império Romano presas às cadeias da superstição católica. Os árabes, tradicionais mercadores, assim absorviam os conhecimentos da antiga Pérsia e do oriente distante em conjunto com a herança helênica. O experimentalismo, a astronomia, a matemática e a filosofia vicejaram no Islã que na época era mais tolerante com as diferenças e tinha construído suas fronteiras na distante Ásia, norte da África, e em boa parte da Europa sendo obrigados a conviver com diferentes povos e etnias. Nessa época, por exemplo, os judeus viviam em paz nos territórios islâmicos enquanto eram perseguidos onde a Igreja Católica dominava.</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">O legado cultural deixado pelos árabes influenciou diretamente a península européia enriquecendo sua cultura pela inovação de conceitos e sua presença marcante definiu a filosofia dos grandes pensadores europeus no que iria desembocar no Iluminismo. Sem o império árabe a Europa não poderia ter desenvolvido a ideia da Razão Pura, ícone essencial do seu ideário filosófico pós escolástico. No séc. XVII o Islã, diferentemente de hoje, era visto na Europa como o corolário da tolerância e da razão. O ocidente estava fascinado pela ênfase do Islã "no equilíbrio entre a adoração e as necessidades da vida, e entre as necessidades morais e éticas e as necessidades corporais, e entre o respeito ao individuo e a ênfase sobre o bem estar social". A análise da época pode ser parcial, ou até mesmo discutível, mas afasta de qualquer forma o preconceito de que o islamismo observaria um especial desprezo pela individualidade humana em relação às outras religiões monoteístas, o judaísmo e o cristianismo.</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
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<span style="color: #660000;"><b>Dentro desse contexto o Islã foi um produto positivo da história humana, ferramenta essencial da evolução da civilização. Foi revolucionário ao abalar estruturas criando uma nova relação social que mudou a mente do homem. Mas da mesma forma que ultrapassou e substituiu estruturas apodrecidas pelo curso do tempo, o Islã por sua vez foi também ultrapassado por desenvolvimentos sociais novos, dos quais abriu caminho, para novas ideologias que iriam criar as revoluções subsequentes. Esses novos instrumentos são a ciência experimental e a filosofia racionalista. Com essas ferramentas a ilustre burguesia européia enfrentou a Igreja Católica, enterrou a barbárie</b><b> medieval e criou o mercantilismo ressuscitando os valores dos sábios da Grécia que haviam sido preservados pelos estudiosos árabes.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">Voltando o foco ao final do séc. XX, os países de formação islâmica eram disputados pelos EUA e pela URSS, cada uma das potências querendo ampliar seu campo de influência e garantir com isso o fornecimento de produtos básicos para seus respectivos esforços nacionais, loteando as riquezas naturais desses países com a ajuda de títeres que criaram para garantir o fluxo constante de hidrocarbonetos. Para citar apenas alguns: Kadafi, Nasser, Assad, Saddam Hussein do lado soviético, o rei Faisal na Arábia Saudita, Hussein da Jordânia e o Xá do Irã do lado dos EUA, mantidos em nome de suas políticas particulares de manutenção de poder e de opressão do povo que governavam com mão de ferro, e obviamente, com o apoio irrestrito das potências que apoiavam seus regimes.</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
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<span style="color: #660000;"><b>A monarquia saudita surgiu no séc. XVIII com o reformador religioso Abd al-Wahhab na parte central do deserto de Nejd, com o apoio dos As-Saud. Esta aliança, que combinava as guerras entre clãs dos beduínos com o puritanismo religioso, acabou dominando a maioria do território da península árabe. Com a união de Nejd e Hejaz no oeste da península, finalmente, em 1932, foi estabelecido o reino da Arábia Saudita, oficialmente. Isso aconteceu um ano antes do primeiro acordo de exploração do petróleo estabelecido com a Standard Oil da Califórnia, que começou a extrair petróleo dois anos depois. Deste modo o reino adquiriu um crescimento econômico baseado na exploração dos recursos minerais pelos estrangeiros, já em 1942 um primeiro acordo permitiu o estabelecimento de bases aéreas dos EUA e Grã Bretanha em seu território. Esse acordo deixou claro que o mais importante para os governantes sauditas eram seus interesses e a manutenção do seu poder em detrimento dos ideiais islâmicos. Por outro lado implantaram as formas mais conservadoras do Islã no reino para manter o controle sobre o povo, ao mesmo tempo em que a família real desfruta dos prazeres ocidentais, na Europa e América do Norte. Com o crescimento da proeminência saudita, protegida pelas potências ocidentais, o wahhabismo espalhou-se, em especial após o choque do petróleo de 1973, e o consequente crescimento da fortuna da família</b><b> real. Abrindo um parêntesis dessa história de poder e fortuna temos no centro de atenções o rei Faisal, que tentou introduzir algumas mudanças no sistema conservador saudita e quando ocorreu o conflito árabe israelense, de forma inusitada, promoveu o bloqueio do fornecimento de petróleo para o ocidente que na época apoiou Israel no conflito. Sua liderança mexeu com os interesses das grandes empresas petrolíferas e causou grave crise à economia ocidental e seus respectivos governos. Algum tempo depois, em 1975, quando estava em uma solenidade formal da monarquia, um sobrinho homônimo, recém chegado dos EUA, de forma insuspeita aproximou-se e ao fingir cumprimentá-lo lhe desferiu dois tiros, causando esses ferimentos a morte do rei. Até hoje pouco se sabe de suas motivações, logo depois seria o executor ele mesmo executado por ordem dos familiares.</b></span></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">Na década de 1920, Hassan Al Bana criou a Irmandade Muçulmana com o objetivo de unir o mundo do Islã numa comunidade transnacional (umma). É necessário distinguir "islamismo político" de "fundamentalismo", sendo o primeiro composto pelos movimentos e partidos que tem o Islã como base de uma ideologia política, enquanto o segundo é um movimento teológico que surgiu no Egito no começo do séc. XX, baseado na volta aos fundamentos do Islã, e nos seus textos sagrados. Fundamentalismo é um termo cristão, originado nas crenças protestantes dos EUA que se fundaram nos meados do séc. XIX. Era uma tendência de fiéis e pregadores de tomarem ao pé da letra o texto bíblico. Pensavam que se Deus consignou seu testamento nos escritos sagrados, então cada palavra e cada sentença deveriam ser sagradas e imutáveis. Eram contra a teologia "liberal" que enxergava nos textos bíblicos alegorias morais e que utilizava o método histórico-crítico para interpretar escritos elaborados na antiguidade dos tempos.</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">Esse procedimento de análise crítica do texto sagrado, para as seitas protestantes era ofensivo ao seu Deus. Portanto até hoje questionam tudo o que se refere à ciência, à história e à biologia, em especial ao evolucionismo de Darwin, conhecimentos que vão de encontro ao texto criacionista da Bíblia conforme a interpretação religiosa parcial dos crentes. Enquanto os fundamentalistas cristãos creem numa divindade metafísica, além da ciência e no arrebatamento apocalíptico dos fins dos tempos, e nos textos literais do Velho Testamento, os fundamentalistas islâmicos são legisladores, normativos, e estabelecem suas regras nos princípios do Alcorão. O que chama atenção é o fato de que nem Jesus, nem Maomé não escreveram sequer uma letra sobre suas crenças que foram decifradas por sucessores, profetas e sábios, ao gosto de suas interpretações pessoais, e posteriormente tiveram esses dogmas sacralizados e transformados em religiões.</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;">A mídia ocidental resolveu adotar o termo "fundamentalista" para designar os combatentes islâmicos das várias nações sem explicar exatamente ao que se refere e por extensão adotou essa visão paroquial do Islã esquecendo que atualmente justamente são, do seu lado, esses grupos fundamentalistas cristãos os que mais militam na rejeição ao islamismo no mundo e cerram fileiras com as mais obscuras forças para promover a ideia de um apocalipse iminente, o arrebatamento divino do fim dos tempos, a demonização de Maomé e Alá e a necessidade religiosa urgente de intervir nas nações muçulmanas para erradicar o mal. Muitos pensadores ocidentais de peso, formadores de opinião são conscientes dessa dicotomia exacerbada, mas escolheram fazer vistas grossas, embarcaram na mesma canoa, e querem com esse comportamento leviano assim promover a "superioridade" da sociedade ocidental criando o imaginário do "novo inimigo" a ser enfrentado pelas forças do "bem" e da "luz", seja lá o que isso signifique.</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">Durante os anos 1940-1950, a Irmandade Muçulmana penou seu declínio na luta pela libertação da Palestina. O nacionalismo árabe de Gamal Abdel Nasser, que em sua juventude tinha militado na suas fileiras, ao implantar um regime de origem laica, proibiu no Egito suas atividades. O pan-arabismo promovido pelo líder egípcio derrubou a monarquia daquele país que se apoiava nas potências estrangeiras para manter seu poder. Os oficiais nacionalistas do exército egípcio, capitaneados por Nasser, em oposição ao domínio britânico, não deixaram de demonstrar no início simpatias pelas forças do eixo, com o apoio de milhares de trabalhadores e pobres que na época tomaram as ruas para dar vivas ao exército alemão que aparecia como uma força libertadora do jugo inglês. Em 1952 uma sublevação dessas forças derrubou o rei Farouk abrindo uma nova era desenvolvimentista, deixando esses grupos nacionalistas como lideres na luta anti-imperialista na região. Mais de uma geração foi necessária para que se experimentassem as limitações desse nacionalismo laico, com grande apelo popular, ao preço de várias derrotas banhadas em sangue.</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">O pan-arabismo, que acabou dando forma posterior ao grupo dos países não alinhados, pretendia uma via alternativa entre capitalismo e comunismo, na busca de uma identidade árabe e na perseguição de um estado coeso que integraria povos com culturas, tradição e língua comuns. Não se tratava de um movimento religioso. A sua maior realização foi a República Árabe Unida, fusão do Egito e da Síria, na década de 1950, mas que teve duração curta.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;">Enquanto isso, acontecia uma discussão interna no movimento da Irmandade Muçulmana, levou a confrontação de duas vertentes, uma delas "neo-tradicionalista", cuja via de ação política era a "não violência" e a "islamização das bases da sociedade", e outra mais "radical" propunha uma "islamização a partir da conquista do poder". Em 1958-1959, a corrente "radical" se aliou, na Palestina, ao movimento Al-Fatah (laico), liderado por Yasser Arafat.</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;"><br />
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<b><span style="color: #660000;">O Xá Rehza Pahlevi foi colocado no poder do Irã pelos interesses das corporações petroleiras inglesas. Necessitavam de um governo títere para manter a secular exploração dos recursos petrolíferos daquele país e manter o custo baixo da extração negando divisas ao país e salários justos aos trabalhadores dos campos petrolíferos iranianos. A nacionalização dos recursos minerais promovidas por Mossadegh para a ira dos britânicos em 1951, leva o país pela primeira vez a sofrer sanções externas e um embargo mundial, sendo proibida a compra do petróleo iraniano, ação levada a cabo pelos ingleses com apoio incondicional dos EUA que se recusava a emprestar fundos ao Irã até que o litigio fosse resolvido. A conspiração promovida pela CIA e pelo M16 tem início e um país antes democrático, em pouco tempo, sucumbiu ao golpe militar com prisões, torturas e milhares de mortos e o assassinato de Mossadegh. Não se pode compreender o atual Irã sem recuar até o golpe de estado de 1953. Incentivado pelas corporações do petróleo, ele abortou as reformas em curso, fortaleceu a tirania do Xá e abriu caminho para a revolução islâmica de 1978-1979.</span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;"><b><br /></b></span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIcnh8CkwoBmxK9wmOdbrvJ4QubHrZZ2BABfTRkAFqIYXh9HGSSbQN-7CQrwUrk87IgZAWIAyWc8Oh_Y5vCKjkUsktWBDVlu3iAyUyDIPBxiQY-6WVQVsBH1iHFfzYvv9natxmDmT445Y/s1600/mosadegh.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIcnh8CkwoBmxK9wmOdbrvJ4QubHrZZ2BABfTRkAFqIYXh9HGSSbQN-7CQrwUrk87IgZAWIAyWc8Oh_Y5vCKjkUsktWBDVlu3iAyUyDIPBxiQY-6WVQVsBH1iHFfzYvv9natxmDmT445Y/s1600/mosadegh.jpg" height="400" width="298" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Mossadegh na Capa da Time</span><br />
<span style="color: #660000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;"><a href="http://vertigensdiarias.blogspot.com.br/2013/08/no-coracao-das-trevas-cia-admite-golpe.html">http://vertigensdiarias.blogspot.com.br/2013/08/no-coracao-das-trevas-cia-admite-golpe.html</a></span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;">Com a crise da URSS, sua derrota militar no Afeganistão patrocinada pelos sauditas e pelos EUA com as vultuosas somas de dinheiro enviadas aos "combatentes da liberdade" de maneira ilegal e antes disso, a Revolução islâmica que derrubou o Xá Reza Pahlevi, novas peças entraram em jogo no tabuleiro de interesses globais. Os EUA e suas corporações se viram prejudicadas com a perda de influência no Irã e estabeleceram uma estratégia de cercamento daquele novo regime que desafiava o poderio norte americano na região e criava uma nova variável desconhecida e incontrolável. A presença militar dos EUA na Arábia Saudita, lugar sagrado do Islã foi o estopim de uma nova faceta inesperada do conflito. Os antes aliados no Afeganistão, os conhecidos "combatentes da liberdade" passaram a tramar contra seus instigadores e foi quando, com suas ações militares contra os interesses norte americanos passaram a ser taxados de terroristas pela imprensa ocidental, já que não mais atendiam os interesses das corporações dos EUA e da UE. Personagens como Bush e Bin Laden possuem muito mais ligações do que se pode imaginar e uma origem comum que antecede aos atentados do WTC. Eram ambos filhos de famílias religiosas fundamentalistas e conservadoras, responsáveis por grandes corporações que tinham na exploração do petróleo e na construção civil uma fachada para imiscuir-se nas zonas de poder dos seus respectivos países e estavam intimamente ligadas por interesses.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
</span></b></div>
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<b><span style="color: #660000;">Os atentados de 11 de Setembro serviram para uma nova cruzada estabelecida pelos fundamentalistas norte americanos. Bush filho aproveitou o atentado para voltar suas armas para o Iraque, comandado então por Saddam Hussein, que nada tinha a ver com o atentado mas possuía sob seu controle grandes reservas de petróleo e mesmo com as sanções impostas pela Guerra do Golfo, vinha mantendo o seu país fora da influência da Al Qaeda e outras organizações terroristas congêneres. As invasões no Iraque e no Afeganistão foram realizadas com grande carnificina a partir da superioridade de poder aéreo dos atacantes. Toda a estrutura logística desses países, já carentes, propriedades e vidas humanas foram destruídas em nome da democracia a partir da Doutrina Powell ( "Nós atiramos e eles morrem" ) Assim os norte americanos evitaram as grandes perdas de soldados como as ocorridas no Vietnam onde encontraram feroz e constante resistência de seus habitantes durante a ocupação. A repressão armada que se seguiu pode combater os sintomas, porém não poderia combater suas causas. Essas causas se encontram nas desigualdades, nas injustiças, nas negações históricas ocorridas nos países atacados. Assim como as resistências dos povos oprimidos são qualificadas de terroristas pelas mídias dos opressores, a "guerra ao terrorismo" determinou uma aliança das hegemonias globais das potências nucleares contra as resistências nacionais. A palavra terrorismo usada de forma genérica camufla os terrorismos de Estado, do Iraque ao Afeganistão, na Chechênia pela Federação Russa de Putin e principalmente em Israel, onde favoreceu os atentados impunes dos respectivos regimes contra as populações civis autóctones. Assim, mais uma vez, o termo utilizado pelos nazistas para se referir aos resistentes europeus foi redutor, e ele é hoje aplicado com mesmo sentido pelas potências em relação a luta armada que se processa contra seus interesses estratégicos no mundo todo. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;">No Afeganistão, para firmar seu poder, os EUA apoiaram os Senhores da Guerra locais que a partir da ocupação norte americana voltaram a plantar sem problemas o ópio exportado para todo o mundo com o auxílio e a proteção dos ocupantes. Esse plantio, proscrito pelos Talibans em 2000, voltou com toda a força após a ocupação. Hoje suas produções ocupam quase todo o país e são novamente as maiores do mundo. Enquanto isso o povo afegão está a mercê do grupo mafioso usado pelos ocupantes como testas de ferro no poder. Quem luta contra essas forças é considerado criminoso e inimigo do país.</span></b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsOz5knnsvWkhz4irEL12srt2aWN3fvcIyC_R1p3BylFZmBvTRu4Ixq9cfKBAvabSrzCwiQyk75nTwreHKrQckqpeSOh1A2qk3zDl3ibGR1NBOxyssZnSagRxFzk3Yb8d9MY1r9apuLmE/s1600/%C3%93pio+e+OTAN-militar+patrulha-Cultivo-papoula5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsOz5knnsvWkhz4irEL12srt2aWN3fvcIyC_R1p3BylFZmBvTRu4Ixq9cfKBAvabSrzCwiQyk75nTwreHKrQckqpeSOh1A2qk3zDl3ibGR1NBOxyssZnSagRxFzk3Yb8d9MY1r9apuLmE/s1600/%C3%93pio+e+OTAN-militar+patrulha-Cultivo-papoula5.jpg" height="260" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><a href="http://vertigensdiarias.blogspot.com.br/2014/02/o-opio-como-politica-de-estado-no.html"><span style="font-size: small;">http://vertigensdiarias.blogspot.com.br/2014/02/o-opio-como-politica-de-estado-no.html</span></a></td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;">A questão palestina permaneceu intocada. Grupos de resistência à ocupação sionista, taxados de terroristas pela mídia ocidental, botaram à mostra a questão de que terrorismo refere-se ao ataque do mais fraco sobre o mais forte. Se os palestinos dispusessem dos mesmos recursos bélicos que seus inimigos, isto é, aviões de combate F16, helicópteros Apache, mísseis teleguiados e outros armamentos fornecidos pelos EUA à Israel poderiam ser considerados de outra forma? Usar armamentos artesanais e comandos suicidas são as únicas armas que os palestinos dispõe, isto é, seus próprios corpos. Os seus antagonistas mesmo assim pretendem ditar as regras do combate ao seu favor.</span></b><br />
<span style="color: #660000;"><br /></span>
<strong><span style="color: #660000;">O apoio incondicional dos EUA à Israel, sua cabeça de ponte na região, leva seus vizinhos a considerar essa nação mais um instrumento de dominação dos EUA, bem como a colocar a América do Norte como instrumento político de Israel, isso quer dizer, dos judeus. É uma simbiose nefasta de interesses de colonização do O. Médio promovida pelos judeus com o apoio de grupos fundamentalistas cristãos do país ocidental, que veem nessa dominação a introdução e manutenção de um elemento civilizatório de crenças comum. Agravada a situação pelo extremismo nacionalista de direita dos seus atuais governantes, essa identificação é fatal tanto para os EUA quanto para Israel. </span></strong><br />
<span style="color: #660000;"><br /></span>
<strong><span style="color: #660000;">A atual conduta desses dirigentes nacionalistas israelenses não é apenas abominável, ainda mais para um povo que sobreviveu aos suplícios de um holocausto, mas conduz sua nação a um beco sem saída onde só a força militar constante e ajuda externa impede sua total aniquilação. Israel como é hoje está fadada ao suicídio final, mesmo que proporcionado pela força de muitos quilotons de duzentos artefatos nucleares guardados em seus porões, ao arrepio das leis internacionais de não proliferação dessas armas. As poucas distâncias entre seu povo e outras nações vizinhas não permite mais que um tiro a queima roupa de consequências militares imprevisíveis para uma nação pequena e densamente povoada.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;">Desde 1995, o sonho de uma nação soberana palestina sofreu um recuo, pela ocupação territorial sem limites promovida pelos ocupantes. Milhares de mortos, milhares da casas demolidas, seus locais de cultos cristãos e muçulmanos profanados de forma contumaz só aumentaram a revolta e fomentaram o radicalismo daqueles que estão dando suas vidas contra a opressão estrangeira asfixiante. Mesmo que os ocupantes devolvessem hoje grandes áreas conquistadas, boa parte de seus recursos naturais, principalmente os recursos hídricos foram e continuam sendo exauridos pelo aumento exponencial das populações de imigrantes europeus e seus descendentes e uma exploração econômica desmedida, transformando a Palestina, a longo prazo, numa terra arrasada e infértil. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000;"><b>A região erroneamente denominada de O. Médio já que sua situação geopolítica encontra-se situada na esfera econômica do Ocidente desde a época do Império Romano e que já foi denominada Crescente Fértil por ser lá o local do surgimento da agricultura, atravessa uma fase politica e econômica de grandes transformações ditadas pelo meio ambiente. A ocupação sem controle das terras, as antigas invasões asiáticas de hordas de cavaleiros que no passado esgotaram a terra com suas manadas de equinos e rebanhos, e o mau uso dos recursos naturais desertificou grandes áreas e afetou de forma fundamental as condições de crescimento econômico dos povos que ali habitam. O petróleo trouxe um alento temporário e uma falsa prosperidade para as nações que surgiram após a II Guerra Mundial, mas é uma prosperidade com os dias contados, pois os hidrocarbonetos não são recursos renováveis. Como não são renováveis as águas que são extraídas do subsolo desses países, nem as reservas hídricas usadas na Palestina para os plantios de frutas exóticas de exportação dos agricultores israelenses que transformaram a região num "paraíso" com data de validade. Os israelenses estão exportando a água</b><b> de sua região transformada em frutas exóticas. Grandes extensões de bacias fluviais estão sendo comprometidas irremediavelmente e o lucro dessa exploração não está sendo socializado, sendo apenas propriedade de alguns.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;">As verdadeiras causas dos levantes islâmicos, muito mais que políticas ou religiosas, estão diretamente associadas a um crescimento populacional descontrolado ocasionado por uma prosperidade passageira, melhores índices de saúde, diminuição da mortalidade infantil, e que gerou um grande excedente de mão de obra que impedido de emigrar para os grandes centros europeus superlotados, onde já não necessitam de sua força barata de trabalho braçal, se comprimem nas favelas das cidades do norte da África e Península Arábica, sem ocupação e sem horizonte. O chamado à Jihad, ou a revolta pura e simples contra seus governantes corruptos e incompetentes possui um poder de atração irresistível. Enquanto isso contingentes de mão de obra qualificada européia e asiática invadem esses países para ocupar as vagas de trabalho ainda existentes das grandes corporações com o beneplácito desses governantes, cada vez mais ricos e corruptos, e assim ajudam a mitigar a grande crise de empregos nos países desenvolvidos que se avoluma motivada pela automação crescente dos meios de produção. O problema é basicamente ambiental, como aliás são todos os problemas da macroeconomia mundial, cada vez mais interdependente. As grandes potências incentivam conflitos locais em busca de riquezas e os governos antidemocráticos e corrompidos dos países são prestigiados ou derrubados conforme os interesses delas e das corporações extranacionais. Assim grandes arsenais são desovados e armamentos que estavam condenados ao sucateamento são distribuídos no terceiro mundo, em vez de comida e trabalho.</span></b><br />
<span style="color: #660000;"><br /></span>
<strong><span style="color: #660000;">O risco econômico gerado pela interdependência do mercado globalizado, é o calcanhar de aquiles da Europa e dos EUA. O abismo provocado pelo insucesso das políticas intervencionistas gerou um déficit de 14 trilhões de dólares no balanço da dívida dos EUA e abalou os mercados europeus altamente subsidiados pelos seus Estados. A crise generalizada é caldo fértil para os totalitarismos e ditaduras emergentes. "Todo o regime tirânico é antropofágico" - nos lembra Frank Lestringant em sua memorável obra: "O Canibal". Os gregos, a começar por Homero, já denominavam os tiranos de "démoboroi", demóvoros, comedores de gente, é assim que Philon de Alexandria mais tarde denominaria Calígula, o saguinário imperador romano. </span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
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<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;">Nos dez anos transcorridos desde que os soldados norte-americanos desembarcaram no Afeganistão para perseguir os líderes da Al-Qaeda, responsáveis pelos atentados de 11 de setembro de 2001, em sua "cruzada", os gastos nos conflitos totalizaram uma soma de US$ 2,3 a US$ 2,7 trilhões. Mas a cifra promete continuar aumentando, pois precisa levar em conta custos muitas vezes ignorados, como as pensões vitalícias para veteranos feridos e os gastos futuros estimados para o período de 2012 a 2020. A estimativa não inclui pelo menos outro US$ 1 trilhão decorrente de juros a serem honrados da dívida bélica, e bilhões de dólares em gastos impossíveis de contabilizar de custos indiretos.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;">Em termos humanos, as atuais guerras dos EUA causaram 224 a 258 mil mortes diretas, o que inclui 125 mil civis no Iraque. Muitas outras pessoas morreram em consequência direta dos conflitos, por desnutrição e falta de acesso à atendimento médico e água potável. Outras 365 mil pessoas ficaram feridas, e 7,8 milhões de pessoas precisaram deixar suas casas.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;">A pesquisa elaborada sobre custos de guerras e perdas dos EUA acima mencionada reuniu mais de 20 acadêmicos para tentar destrinchar informações veladas, que nunca aparecem na mídia. O povo norte americano está pagando um alto preço para garantir os interesses de suas elites governantes, em termos de desconforto, recessão e falta de estabilidade econômica. Por outro lado os bombardeios contínuos de áreas habitadas, antes no Iraque e na Sérvia, e agora no Afeganistão e na Líbia demonstram que houve um desvio estratégico dos reais objetivos do conflito, revelam um outro tipo de terrorismo contra populações civis inocentes, vítimas não apenas das bombas "inteligentes" e dos mísseis lançados de naves robots, de muito alto e de muito longe, vendetta sangrenta pelo 11/07 proporcionada pela alta tecnologia do Ocidente, que condena milhares de seres humanos ao êxodo e a fome. Seus gritos e choros em países distantes, que consideramos lugares exóticos não serão conhecidos, e dificilmente podem ser devidamente mensurados. </span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;"><br />
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #660000;">Quem são os verdadeiros terroristas?</span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;"><b><br />
</b></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0OOhGr8EcXgEKEHJUbwdA7ebdu4VvdaGk3Ay9HVj-THC2UGUaXKUNDaVGgfqLRVoAbVHDz5hfS5L6EBdJ3Xu-TPag4bkisJX_ErOfaHabFdctjw60OH9GELbvl-Q_zBX4b0BmGQRS_Qw/s1600/CHILD+AND+TANK.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0OOhGr8EcXgEKEHJUbwdA7ebdu4VvdaGk3Ay9HVj-THC2UGUaXKUNDaVGgfqLRVoAbVHDz5hfS5L6EBdJ3Xu-TPag4bkisJX_ErOfaHabFdctjw60OH9GELbvl-Q_zBX4b0BmGQRS_Qw/s400/CHILD+AND+TANK.jpg" height="363" width="400" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;"><b><br />
</b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;"><b><br />
</b></span></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-38179301974205521412011-01-30T11:02:00.001-08:002015-10-08T06:03:11.494-07:00Yugoslávia, Ruanda, Palestina - As guerras canibais.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"></span></b><br />
<div>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></b></span></b></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyuXXsS3fTruT1_k7sRG9UHYaaOQhUo29UTV_lnn9avpleMb6nd422QNruJ7tBfwi0bFqce_lBI-8xG30dgCVwlSzcdcjWA98em2kImAexrO7R2yUubNbXmwM_Lc4-ZkhCthQk875hhKg/s1600/Israel_Palestinos.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyuXXsS3fTruT1_k7sRG9UHYaaOQhUo29UTV_lnn9avpleMb6nd422QNruJ7tBfwi0bFqce_lBI-8xG30dgCVwlSzcdcjWA98em2kImAexrO7R2yUubNbXmwM_Lc4-ZkhCthQk875hhKg/s400/Israel_Palestinos.jpg" width="370" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">David e Golias</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #990000;"><b></b>"Seja como for, hoje não há como negar a existência de Israel, e este, tal como o sionismo, não possui nenhum fundamento histórico. Antes, é algo que vai em sentido oposto ao de toda a história do povo judeu, desde a época do Império Romano até o final do séc. XIX. A única história que Israel pode usar a fim de justificar sua existência é uma história de no minimo dois milênios atrás. Tudo o mais que aconteceu nesse intervalo é colocado entre parênteses, pois não justifica a fundação de Israel e as guerras travadas por este Estado. A descoberta de que o Templo estava situado em Jerusalém foi transformada em um fato político moderno, como parte do argumento de que a cidade sempre havia sido o centro da religião judaica, e portanto a capital do povo judeu (além disso, fazia pouco sentido falar de capitais em um período anterior ao Império Romano, mas esta é outra questão). De qualquer modo, isso foi usado pelos judeus não só para justificar a fundação de seu Estado, mas a escolha de Jerusalém como sua capital".</span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #990000;"><br /></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #990000;">"Esse argumento é similar ao usado pelos sérvios em Kosovo. Com isso, uma situação politica atual é justificada por algo que nada tem a ver com o presente, ainda que tenha sido válido seis séculos ou dois milênios atrás, e que funcione como um substituto de tudo o que se passou nesse intervalo, Assim, uma história suficientemente heroica e militante é criada, adaptada ao Israel de 1945 e à Sérvia atual". ( Eric Hobsbawm - O Novo Século - Companhia das Letras - pág. 30 )</span></i><br />
<i><span style="color: #990000;"><br /></span></i>
<span style="color: #990000; font-family: inherit;"><i> "A cooperação inicial entre nazistas e sionistas, que Hannah Arendt chama de “não-criminosa”, estava relacionada ao projeto do estabelecimento de um Estado Judeu na Palestina, “mutuamente benéfico” às partes envolvidas (nessa época, não havia ainda o projeto da Solução Final e os nazistas discutiam diferentes saídas para a “Questão Judaica”, como a emigração forçada, a deportação de milhões de judeus europeus para o Leste ou a criação de um estado judeu na Palestina, Uganda ou em Madagascar, esta última uma ilha de possessão francesa com 4.370.000 habitantes e uma área de 365 mil quilômetros quadrados. “O ‘Estado Judeu’ deveria ter um governador policial sob a jurisdição de Himmler”, escreve Arendt. (O plano não deu certo pela dificuldade óbvia de se transportar 11 milhões de judeus pela via marítima durante a guerra.) Em 21 de setembro de 1939, o chefe do serviço de inteligência (SD) da SS, Heydrich, convocou uma reunião de “chefes de departamento” do RSHA (2) e dos Einsatzgruppen (grupos de extermínio que já operavam na Polônia) na qual anuncia que todos os judeus nos territórios ocupados seriam concentrados em guetos, administrados por Conselhos de Anciãos Judeus escolhidos pelos nazistas. Começa uma nova etapa na solução da “Questão Judaica” e na colaboração entre sionistas e nazistas para a Solução Final. Conforme escreve Hannah Arendt<br /><br />Eichmann e seus homens informavam aos Conselhos de Anciãos Judeus quantos judeus eram necessários para encher cada trem, e eles elaboravam a lista de deportados. Os judeus se registravam, preenchiam inúmeros formulários, respondiam páginas e páginas de questionários referentes a suas propriedades, de forma que pudessem ser tomadas mais facilmente; depois se reuniam nos pontos de coleta e embarcavam nos trens. Os poucos que tentavam se esconder ou escapar eram recapturados por uma força policial judaica especial. No entender de Eichmann, ninguém protestou, ninguém se recusou a cooperar (Idem, 131)." </i></span><br />
<i><span style="color: #990000;"><br /></span></i>
<span style="color: #990000; font-family: inherit;"><i></i></span><i><span style="color: #990000;">Fonte:<a href="https://www.blogger.com/goog_1766056497"> </a></span></i><span style="color: #990000;"><i><a href="http://www.vermelho.org.br/noticia/233162-9">http://www.vermelho.org.br/noticia/233162-9</a></i></span><i><span style="color: #990000;"> </span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">No final do séc. XIX as ideologias nacionalistas estavam em franca ascensão. O ovo da serpente d</span></b></span></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">o sectarismo era chocado pela intolerância religiosa travestida de patriotismo doentio. O sionismo surgiu das constantes perseguições sofridas pelos judeus na Europa que ocorreram por volta de 1880. A palavra foi criada em 1886 por Nathan Birnbaum (Mathias Archer) para designar um movimento nacionalista de retorno dos judeus à Palestina e o estabelecimento de um estado judeu. Seu nome é uma alusão ao Sião, nome que dão o judaísmo e o cristianismo a Jerusalém. Esse ideal encontrou sua justificação nas escrituras do Velho Testamento com as promessas feitas por Javé a Abraão, Isaac e Jacó no sentido de que sua semente herdaria Canaã, onde hoje fica a Palestina. O movimento foi lançado por Theodore Herzl (1860-1904), jornalista húngaro, judeu de nascimento, que organizou em 1897 o primeiro congresso sionista na Basiléia, para obter para o povo judeu uma pátria na Palestina legitimada pelo direito público.</span></b></span></span></b></span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br /></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b>
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Testemunha do seu tempo Salomon Reinach escreveu: “Um dos resultados das perseguições tem sido dar vida nova a velha quimera da volta dos judeus à Palestina destinada a ser um Estado judeu de refúgio; é o objetivo especial que seguem os sionistas. Outra sociedade, a dos territorialistas, busca somente um território qualquer em que os judeus perseguidos possam estabelecer-se em massa e constituir um corpo político. Mais práticas e menos ambiciosas, a Aliança Israelita Universal (1860) e outras sociedades análogas de Londres, de Berlim e de Viena se ocupam de melhorar os judeus orientais por meio de criação de escolas; uma sociedade inglesa, fundada pelo rico financista Mauricio de Hirsch, cria colônias para os perseguidos na República Argentina, no Brasil e no Canadá. A emigração aos Estados Unidos tem chegado a ser tão considerável desde 1881 que Nova York é hoje, com seus 850.000 israelitas, a verdadeira metrópole do judaísmo”.</span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">E sobre seus costumes relacionados com a discriminação religiosa em voga na época ele comenta: “Os que se convertem ao cristianismo são ou bem mendigos astutos..., ou bem jovens pobres, mas trabalhadores, a quem as leis restritivas impedem de ingressar nas escolas e ganhar a vida (sobretudo na Rússia), ou, finalmente, ricos que não crendo em nada compram com o batismo o direito de serem mal recebidos nos salões. Seus filhos são geralmente anti-semitas”.</span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Até a morte de Herzl o movimento sionista foi dirigido de Viena, e então seu quartel general foi transportado para Colônia em 1904 e depois para Berlim em 1911. Durante a I Guerra Mundial Chaim Weizmann, um bioquímico que havia emigrado da Polonia e que desenvolvia explosivos para os britânicos, sendo a cabeça do sionismo inglês, ganhou o apoio britânico para certos objetivos do movimento e obteve a “Declaração Balfour” de 1917 e o mandato da Sociedade das Nações para a Palestina. Na época alguns judeus assimilados se opuseram contra o movimento sionista acreditando que minaria a confiança e a posição nos países em que viviam, mas no período entre guerras o movimento ganhou apoio de quase todas as facções da comunidade judaica. Weizmann acabaria sendo o primeiro presidente de Israel em 1948.</span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">A Palestina formava parte do Império Otomano em 1517. Foi conquistada pelas tropas britânicas dirigidas por Allenby em 1917-1918, e se converteu em mandato britânico em 1920. A “Declaração Balfour”, que prometia aos judeus uma pátria nacional, foi incorporada na atribuição do mandato. Na época a administração britânica ficou paralisada pelas contradições evidentes entre os direitos dos autóctones, isto é, as populações que sempre habitaram a região, árabes de origem semita, e as obrigações assumidas com os judeus. Em 1921 e 1929 se produziram sérios distúrbios anti-judaicos. As tentativas de limitar a imigração crescente provocaram desordens e revoltas por parte dos judeus em 1933. As perseguições nazistas na Europa intensificaram a agitação na Palestina. O informe Peel de 1937, proposição para criação de um Estado Judeu e outro Árabe, ao mesmo tempo em que mantinham uma região sobre mandato britânico foi aceito pela maioria dos sionistas mas foi rechaçado pelos Árabes, descendentes dos que ali viveram por centenas de anos. No mesmo ano uma guerra sectária começou entre as duas populações que continuou até 1938. Um oferecimento dos britânicos de independência definitiva gerou mais distúrbios entre as populações. A iniciativa britânica foi suspensa com o início da II Guerra Mundial. O terrorismo sionista atuou de forma efetiva culminando com a explosão em 1946 do Hotel Rei David, quartel general britânico em Jerusalém, com 91 mortos. Em novembro de 1947 as Nações Unidas votaram pela divisão da Palestina em dois estados: Israel e um Estado árabe que seria mais tarde assimilado ao reino da Jordânia. Uma nova diáspora ocorreu com as populações palestinas deslocadas em massa pelo medo e pela força dos vitoriosos imigrantes judeus.</span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><br />
</span></b></span></span></b></span><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b></span></span></b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Com o fim da II Guerra Mundial imaginava-se que o mundo entraria numa nova fase de paz e harmonia entre os homens. O sofrimento e a destruição infligidos às populações da Europa e a ascensão do poderio bélico dos EUA e URSS pareciam garantir um mundo, mesmo que dividido ideologicamente, sem grandes conflitos. A “guerra fria” como foi chamada parecia significar enfrentamentos pontuais entre as potências onde o número de vítimas era limitado e localizado em algum lugar distante do mundo. Entretanto o próprio conflito mundial havia acionado bombas de tempo localizadas regionalmente, conseqüência direta, na Europa, das forças envolvidas no combate ao nazifascismo, no Oriente Médio, na perseguição das populações judaicas pelos europeus xenófobos e do grande contingente de emigrantes da religião judaica de origem eslava e ariana em busca de uma pátria segura e na África, antes dominada pelas potencias européias e conforme a demarcação artificial dos seus territórios pelos dominadores obrigou nações agora independentes a conviver suas etnias ocupantes com origens culturais diversas</span></b></span></span></b></span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #5d5850; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 12px; line-height: 16px;"><br />
</span></span><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit;">O final do séc. XX foi marcado pelos enfrentamentos, e nem sempre a ideologia foi motivador principal da disputa. Em conflitos provocados pela ocupação do espaço vital e uso dos recursos naturais em espaços geográficos limitados foram ressuscitadas as diferenças religiosas, históricas ou étnicas para determinar as causas dos conflitos entre seus protagonistas como desculpas para justificar sua crueza e mortandade e encobrir suas verdadeiras causas.</span></b></span></span></b><br />
<br />
<b style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">O primeiro deles foi deflagrado na Palestina logo após o final do conflito mundial. Baseados na promessa inglesa de um território onde poderiam fundar seu estado, os judeus europeus, antes perseguidos pelas forças sombrias de uma Europa sectária, se abateram sobre o território palestino que era dito como um espaço geográfico com baixa densidade demográfica pelos “especialistas de plantão” e que afirmavam, portanto poderia a região suportar tal colonização. </span></b></span></span></b></b><br />
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><br />
</span></b></span></span></b></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span></b></span></span></b></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Não era essa a realidade. Populações semitas milenares já habitavam a região e tinham sido islamizadas há tempos pelas influencias históricas que tinham sofrido já que o Oriente Médio foi sempre uma via onde exércitos invasores tinham atravessado para conquistar territórios na Ásia e África e onde a influência do Islã estava já arraigada entre os autóctones com uma população judaica semita residual que vivia já culturalmente assimilada com seus vizinhos.</span></b></span></span></b></span></div>
</div>
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><br />
</b></span></div>
<b style="color: #990000; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Quando os imigrantes começaram a chegar em levas, primeiro foram recebidos com atenção pelos palestinos. A compra de terras desérticas desvalorizadas dos chefes tribais parecia um negócio atrativo para os naturais que viam uma possibilidade de transformação econômica para uma região esquecida do planeta até então atrasada composta de criadores de ovinos e plantadores de olivais, atividades econômicas milenares comuns aos povos semitas assentados na região desde a época do império romano. </span></b></span></span></b><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><br />
</span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span></b></span></span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Aos poucos os palestinos foram percebendo que as multidões de imigrantes não cessavam de chegar. Endurecidos pelas perseguições na Europa e fanatizados pelos seus lideres terroristas atacavam as autoridades inglesas que administravam a região. Já não queriam negociar terras, mas apropriar-se dos seus recursos, as fontes de água potável e expulsar seus moradores com o uso das armas que recebiam ao desembarcar no país de seus aliados do exterior. Simples agricultores e pastores, sem a vivencia da guerra, os palestinos foram facilmente tangidos para longe de suas terras e onde ocorria a resistência era rapidamente sufocada por guerrilheiros armados pelas comunidades sionistas internacionais que enviavam farto material bélico e suprimentos aos invasores.</span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span></b></span></span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">- A campanha militar com atentados contra os soldados e policiais britânicos se intensificou a partir de 1942. Estima-se que entre 1944 e 1948 quando foi fundado Israel, foram mortos em ações armadas dos “terroristas sionistas” 224 soldados e policiais britânicos.</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"></span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">- Além de usarem de métodos terroristas contra as forças de ocupação britânicas, os sionistas praticaram diversos atentados terroristas contra a população Palestina. Pouco tempo antes da proclamação do Estado de Israel, a Irgun e a Stern passaram a ter os palestinos como seus principais alvos de seus ataques terroristas.</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></b></span></b></span></span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">- A 10 de abril de 1948, a população de Nasr el Din foi massacrada. A 5 de maio de 1948, foi a vez de homens, mulheres e crianças da aldeia de Khoury. No último dia de mandato os aldeões de Beit Drass foram chacinados. Na aldeia de Deir Yassin foram chacinados 250 árabes. Esses massacres sucessivos foram apenas o início da campanha de extermínio que os sionistas utilizaram para expulsar a população árabe da Palestina. Esta campanha se intensificou a pós a fundação do Estado de Israel em 1948.</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br /></span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2Xsr301NlmhvC9cMK2OmhtmHGSVpxQfziH38KRDlBSm9Ve8Z6FrMMkb-2J6W8g_S6ohMZJVHDrMU50YOW6qwI7NmWpHtQZXgoDtvIIrtIXGrWZERrPzHzxjymrbAZ-3uPpWXH0sylgsI/s1600/deir+iasin.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="207" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2Xsr301NlmhvC9cMK2OmhtmHGSVpxQfziH38KRDlBSm9Ve8Z6FrMMkb-2J6W8g_S6ohMZJVHDrMU50YOW6qwI7NmWpHtQZXgoDtvIIrtIXGrWZERrPzHzxjymrbAZ-3uPpWXH0sylgsI/s1600/deir+iasin.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b style="color: #990000; font-size: medium; text-align: justify;">Deir Yassin</b></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"></span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">- Em 1945 com vitória dos aliados, o imperialismo norte-americano estabeleceu com a burocracia soviética um acordo que permitiu a criação do Estado de Israel. O acordo previa a constituição de um Estado judeu com 57% do território e um Palestino com 43%, os árabes rejeitaram a proposta. Naquele momento viviam no território da palestina, 1,3 milhões de árabes e 600 mil judeus. Frente ao impasse a Grã-Bretanha apelou para a intervenção da ONU.</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"></span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">- Em 29 de novembro de 1947, a assembléia geral da ONU presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha, o plano britânico de divisão da palestina é aprovado. Os países da Liga Árabe (Egito, Líbano, Síria e Jordânia), rejeitaram o plano.</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></b></span></b></span></span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">- Em 30 de novembro de 1947 se iniciou o conflito entre forças sionistas e as palestinas, ao mesmo tempo em as forças britânicas se retiravam do território. Com a derrota das forças palestinas cerca de 400 mil palestinos foram expulsos iniciando o êxodo que continua até os dias de hoje.</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"></span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">- Em 14 de maio de 1948, termina o mandato britânico sobre a Palestina, sendo proclamado o Estado de Israel, com o reconhecimento imediato do imperialismo e da burocracia soviética. Os países árabes não reconhecem a decisão e se inicia o conflito entre as forças de Israel e os exércitos do Egito, Síria, Jordânia e Líbano. É a primeira guerra entre Israel e os países árabes. A guerra de 1948-1949 termina com a vitória de Israel que passa a controlar 20mil km² (75% do território da Palestina), o restante do território foi controlado pela Jordânia, que anexou a Cisjordânia, e o Egito que anexou a região de Gaza. 900 mil palestinos foram expulsos da Palestina, iniciando o êxodo que persiste até hoje.</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"></span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">- A criação do Estado de Israel mostra que os sionistas utilizaram largamente os métodos que hoje chamam de terroristas. Assaltos a bancos, atentados a bomba contra cafés, automóveis, mercados, hotéis e embaixadas. São os mesmos métodos que hoje condenam no Hamas, foram largamente utilizadas pelos sionistas contra os ocupantes britânicos e a população árabe da palestina.</span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><br />
</span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"></span></b></span></span></b></span></b></span></span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">O resto da história é bem conhecida. Várias guerras foram deflagradas contra a invasão, de ambas as frentes questões religiosas e territoriais foram evocadas para determinar a razão do confronto da cada lado e o povo palestino sucumbe hoje no exílio, dependendo das condições políticas e favores dos países hospedeiros, e sofrendo uma sangria constante da ação do muito bem armado ocupante, que possuí o apoio irrestrito dos poderosos países do Ocidente, onde vivem suas ricas comunidades exógenas, livre para o cometimento de seus atos belicosos contra os palestinos. O enclave, verdadeira cabeça de ponte das comunidades arianas européias na região estabeleceu um apartheid social baseado em questões raciais criando um estado religioso onde a cidadania é baseada na origem e no culto do cidadão. Ironicamente, o que os arianos germânicos não conseguiram implementar em seu “Reich dos Mil Anos”, os judeus de origem ariana e eslava estabeleceram como lei no antes território livre da Palestina, e graças ao insucesso militar de seus vizinhos forçados, grandes nacos de território foram adicionados ao seu pequeno império religioso. Rabinos fundamentalistas entenderam então que as "profecias bíblicas" estavam se tornando realidade.</span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><br />
</span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span></b></span></span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Na Yugoslávia, país criado por Tito, um partisan comunista, que na II Guerra Mundial com seus guerrilheiros expulsou os nazistas daquele território sem o apoio militar direto das forças aliadas, várias etnias conviviam até a década de noventa de forma pacifica, sob o regime imposto pelo seu líder, que pretendia além das diferenças religiosas e culturais dos cantões criar uma grande nação com um objetivo nacional comum. Parte da população dos Balcãs, os sérvios, segue a tradição religiosa da Igreja Ortodoxa e as comunidades Bósnio-Croatas possuem uma influência religiosa do Islã introduzido pelo império Otomano nas invasões turcas que ocorreram na região. Durante a ocupação alemã pelo menos uma divisão SS foi formada com voluntários croatas, e quando os nazistas foram expulsos seus efetivos foram completamente chacinados pelos vitoriosos comunistas. Nos campos de concentração nazista, com a ajuda dos Bósnios-Croatas, 750.000 sérvios, judeus e ciganos foram mortos pelos invasores e seus aliados fascistas dos Balcãs.</span></b></span></span></b></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><br />
</b></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMuKrwtFLiLnttLXSb3inDZYPg-RaWso18ifASelNOnBFTzdTGmMlrffsARhsKCQZkf0cGeIC-PkMvGGy2xI5gCOy-IpDv-dT9FrHvxhtQoMntr6Gd5bsckYi5qPG99wn88Ry-jMNKxwc/s1600/ss+croatas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="307" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMuKrwtFLiLnttLXSb3inDZYPg-RaWso18ifASelNOnBFTzdTGmMlrffsARhsKCQZkf0cGeIC-PkMvGGy2xI5gCOy-IpDv-dT9FrHvxhtQoMntr6Gd5bsckYi5qPG99wn88Ry-jMNKxwc/s400/ss+croatas.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Croatas SS </span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span></b></span></b></span><br />
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Com a morte de Tito em 1980, que governava com mão de ferro seu povo, e com o declínio e fragmentação da URSS, antigos rancores religiosos e questões territoriais foram invocadas entre católicos ortodoxos e muçulmanos. Mais uma vez o espaço vital e os recursos naturais em um território limitado pelo crescimento populacional ocasionado pelo pós-guerra foi o estopim do conflito. Cenas que pareciam sepultadas nos tempos da invasão nazista ressurgiram. Vilas destruídas, populações chacinadas por milicianos, campos de concentração, o circo de horrores foi novamente encenado resultando na desagregação final de um sonho de nação eslava forte e independente soterrado nas valas comuns dos morticínios e execuções sumárias de prisioneiros, com o beneplácito de uma Europa que via na destruição da Yugoslávia o atingimento de seus objetivos inconfessáveis.</span></b></span></span></b></b></span></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><br />
</b></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi379yCL5q5OHgR4ylx13Epy8CED8yxqTD_vWeWZIHd-6htx3ouZmSv9dHfSGydzI8jXWSvJ_apI5t5Ext7mEjSsRd1KeS5QbJlqDlNtxra2IcZMlhnCBr9lKblxEp3yVJbVhL03clivQc/s1600/partisan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi379yCL5q5OHgR4ylx13Epy8CED8yxqTD_vWeWZIHd-6htx3ouZmSv9dHfSGydzI8jXWSvJ_apI5t5Ext7mEjSsRd1KeS5QbJlqDlNtxra2IcZMlhnCBr9lKblxEp3yVJbVhL03clivQc/s400/partisan.jpg" width="271" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Partisan Sérvia</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000;"><b><br /></b></span>
<span style="color: #990000;"><b>A OTAN usou de toda a sua força destrutiva para reduzir os sérvios. Bombardeios massivos sobre alvos de infraestrutura deixaram a Sérvia em ruínas e assim a estrutura nacional daquele povo fragmentou-se de forma quase definitiva. Na época razões humanitárias foram utilizadas como argumento pelas potências européias e EUA para justificar a morte e destruição levada a cabo com seus avões e armas de alta tecnologia e capacidade de destruição. Na nova linguagem, com matriz orwelliana, guerra é paz.</b></span><br />
<span style="color: #990000;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDg_Eei3HgU6flsMX9JziL_nssuubVcrVP7mjw7A3n4nbAK0dR5lk0o9c4q95oUmIse3Y8zCrSiA4KjDjYhwFLys5ObHccRy4suComSmgH0K4Z8T5OUoHOjtwGENsYaPiq5_XtRlSYTtk/s1600/BOMBARDEIO+SERVIA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDg_Eei3HgU6flsMX9JziL_nssuubVcrVP7mjw7A3n4nbAK0dR5lk0o9c4q95oUmIse3Y8zCrSiA4KjDjYhwFLys5ObHccRy4suComSmgH0K4Z8T5OUoHOjtwGENsYaPiq5_XtRlSYTtk/s1600/BOMBARDEIO+SERVIA.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<b style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Em 1994 numa pequena nação africana chamada Ruanda onde duas etnias conviviam até então em paz as disputas étnicas foram sendo exacerbadas pelos lideres e formadores de opinião hutus que pretendiam tomar o poder da nação. Os meios de comunicação e instituições promoveram a idéia de uma limpeza étnica, machetes foram distribuídos pelos simpatizantes do movimento hutu para milicianos ensandecidos que recebiam apoio integral do exército local e eram incentivados ao genocídio todos os dias pelos meios de comunicação. 800 mil tutsis e hutus moderados foram mortos em chacinas organizadas nas comunidades. </span></b></span></span></b></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><br />
</b></span></div>
<b style="color: #990000; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Em Abril de 1994 a morte num atentado ao avião do presidente Juvenal Habyarimana e o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, e causou um deslocamento maciço de pessoas para campos de refugiados situados na fronteira com os países vizinhos, em especial o Zaire (hoje República Democrática do Congo). Em Agosto de 1995 tropas do Zaire tentam expulsar estes refugiados para Ruanda. Quatorze mil pessoas são devolvidas a Ruanda, enquanto que outras 150.000 se refugiam nas montanhas. Mais de 500.000 pessoas foram assassinadas e quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foram violentadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados. O Tribunal criminal internacional, teve voto unanime contra o Dr. Gerard Ntakirutimana, médico missionário que exercia a medicina no hospital pertencente a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Mungonero, o qual foi condenado por genocídio e por crimes contra a humanidade e sentenciado a 25 anos de prisão por assassinato e por atirar em refugiados Tutsis em vários locais. Ele foi condenado por fazer parte de ataques contra Tutsis na Colina de Murambi e Colina de Muyira em várias datas. Elizaphan Ntakirutimana, pai do Dr. Gerard Ntakirutimana e pastor presidente da associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Mugonero, no oeste de Ruanda, foi também condenado a 10 anos de prisão por crimes menores. Elizaphan levou os atacantes para Igreja Adventista de Murambi em Bisesero onde era pastor presidente e ordenou a remoção do telhado do edifício, a fim de localizar os Tutsis que lá estavam abrigados. O ato conduziu às mortes de muitos dos que estavam no local. Ele também levou os atacantes a vários locais para localizar e matar Tutsis.</span></b></span></span></b><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><br />
</b></span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDgclyN1Th3dGgOr2MVO4jgCUQm3PVC7cmdGUi5UOcrg76qZL1vN4Ak8Knh1TEywMRl1ljfolBStvoDCUWNzpzfoZ431xYd4xm_TyMGXzTIVF-u1DTj7-3AFe5G3rBK6P7-jwbACnKoMQ/s1600/civis+mortos+ruanda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="292" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDgclyN1Th3dGgOr2MVO4jgCUQm3PVC7cmdGUi5UOcrg76qZL1vN4Ak8Knh1TEywMRl1ljfolBStvoDCUWNzpzfoZ431xYd4xm_TyMGXzTIVF-u1DTj7-3AFe5G3rBK6P7-jwbACnKoMQ/s400/civis+mortos+ruanda.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Vitimas dos Facões</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span></b></span></b></span><br />
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">De acordo com a BBC, centenas de Tutsis que procuraram refúgio na igreja e no hospital Adventista enviaram uma carta a Elizaphan pedindo socorro. A carta, segundo a BBC incluia a frase: " Nos desejamos informar-lhe que amanhã seremos mortos juntamente com nossas famílias". A resposta de Elizaphan Ntakirutimana foi de que eles deviam se preparar para morrer. As Milícias de Hutu, segundo as testemunhas chegaram pouco tempo depois com ambos os Ntakirutimanas. Só alguns Tutsis sobreviveram. Os Ntakirutimanas disseram no tribunal que eles tinham deixado a área antes das matanças. Elizaphan Ntakirutimana fugiu para os Estados Unidos depois das matanças, mas foi extraditado para a Tânzania. Seu defensor foi um dos mais caros advogados dos Estados Unidos, Dr. Ramsay Clark. O ICTR já realizou nove julgamentos, com 10 condenações e uma absolvição. Oito casos envolvendo 20 suspeitos. A expectativa é que mais seis casos deveriam ser concluídos até o ano de 2003. Foram mortos pelo menos meio milhão de pessoas, a maior parte da minoria étnica Tutsi, em atos de violência praticados pela maioria Hutu que estava governando o pais. No entanto, outro adventista foi o responsável pela salvação de 1268 tutsis e hutus abrigando-os no Hotel Mille Collines em Kigali. Paul Rusesabagina ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme Hotel Ruanda. Paul Rusesabagina, hoje residente na Bélgica, afirma que se não forem tomadas posturas duras contra o Tribalismo em Ruanda o genocídio poderá ocorrer novamente, desta vez pelas mãos dos tutsis, governantes do país desde o fim da matança.</span></b></span></span></b></b></span></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><br />
</b></span></div>
<b style="color: #990000; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Ruanda tinha em 1993 uma população de 8,1 milhões de habitantes. Feito o censo de 2003, 9 anos após o bárbaro assassinato em massa feito em 1994, o país contava com apenas 7,8 milhões de habitantes. Realmente, houve um descenso, um decrescimento da população e, certamente, o genocídio foi a causa. Mas as coisas não aconteceram por acaso. A Rádio e Televisão Livre de Mil Colinas (RTLM), através de seu proprietário, Ferdinand Nahimana, e o jornal “Kangura”, por intermédio também de seu dono, Hassan Ngeze, extremista hutu, fizeram diversas reportagens conclamando os hutus à vingança. Outro articulador que foi responsabilizado diretamente pelo genocídio, conforme julgamento realizado na própria ONU, foi o jornalista Jean-Bosco Barayagwiza, co-proprietário da RTLM. As transmissões da TV eram feitas sob toques marciais de tambores para incitar o ódio dos hutus contra os tutsis. Os jornalistas, em suas reportagens, exortavam abertamente a população ao massacre. Um ex-repórter da RTLM, Georges Ruggin, declarou que a emissora recebia informações de milicianos hutus sobre operações que pretendiam desencadear e emitia boletins radiofônicos que ajudavam a localizar e capturar as vítimas, a grande maioria civis, e até mesmo padres e freiras. (dados tirados da “Folha de São Paulo”, 04.12.2003, A-13)</span></b></span></span></b><br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-3hBRJiJip4YRRkRYlvo2L4-_dRVBB94MiS8DIlgU5ZyNmks2isk7BayRh6V4_Pop-PTrfJvKghl1DQ7_Ph45cwoQsX9G2zp45hTUJYKd2_MIBPqX7iid-eiDsr37zUYQl4_TTocbTww/s1600/cranios+em+ruanda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="283" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-3hBRJiJip4YRRkRYlvo2L4-_dRVBB94MiS8DIlgU5ZyNmks2isk7BayRh6V4_Pop-PTrfJvKghl1DQ7_Ph45cwoQsX9G2zp45hTUJYKd2_MIBPqX7iid-eiDsr37zUYQl4_TTocbTww/s400/cranios+em+ruanda.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Cranios Exumados</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span></b></span></span></b></span><br />
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important;">
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important; text-align: justify;">
<div style="display: inline! important;">
<div style="display: inline! important;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><b><b><b><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Os relatos das atrocidades são diversos. Um dos testemunhos de sobreviventes mostra uma impressionante história de uma menina que assistiu à morte do pai. O assassino cortou um dedo do seu pai e obrigou-a a comê-lo. Uma angustiante constatação: os assassinos eram pessoas comuns, sem traços de ferocidade. Pais de família, jogadores de futebol, professores e lavradores que deceparam os corpos de amigos íntimos sem constrangimento algum diariamente por mais de cem dias. Ao fim de cada “expediente” iam tomar cervejas com os amigos e comentar sobre os acontecimentos do dia, suas pequenas trivialidades. Matar pessoas era melhor do que plantar a terra diziam.</span></b></span></span></b></b></b></b></b></span></b></span></b></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><b><b><b><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><br />
</span></b></span></span></b></b></b></b></b></span></b></span></b></span></b></span></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b>A religião e a etnia são aspectos relevantes para a deflagração desses conflitos recentes num mundo cada vez menor. O caldeirão fervilhante das crenças é fervido em fogo brando até que transborda o terror genocida com força avassaladora e os traços da antropofagia se manifestam com a naturalidade que só seres humanos podem manifestar. Enquanto pessoas indefesas eram mortas a golpes de facão os países mais poderosos do mundo faziam vista grossa pois não havia interesse imediato que justificasse uma ação ou intervenção. A humanidade foi e continua sendo cúmplice desse e de outros eventos semelhantes. A ocupação do solo, a explosão demográfica, o conflito de interesses e a luta pelo poder são as verdadeiras causas desses conflitos que passam a fazer parte da história recente num mundo que já foi denominado uma “aldeia global”. A globalização como vem sendo adotada, imposta dos mais ricos para os mais pobres não parece ser a solução. Quando esses conflitos “de baixa intensidade” ocorreram a União Européia estava exercitando seus primeiros passos e o ataque às torres gêmeas ainda não havia ocorrido. De lá para cá a prosperidade anunciada pelo mundo às vésperas da globalização não ocorreu e a crise econômica e o desemprego assolam países antes prósperos no hemisfério norte, sendo suas soluções de desenvolvimento colocadas em cheque todos os dias. </b></span></span></b></span></b></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span></b></span></span></b></span><br />
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<b style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Apesar de terem ocorrido na segunda metade do século vinte essas guerras possuem todas as características dos conflitos primários que envolvem personalismo e que não pretendem a escravização do inimigo para trabalhos forçados, mas seu total extermínio como faziam nossos agressivos antepassados das estepes no paleolítico. Apesar de não ficar evidente o canibalismo, os relatos dos acontecimentos em Ruanda identificam essas práticas e nos outros lugares o consumo da carne humana foi substituído pelo assassinato impune como foi em Sabra e Chatila onde milícias de cristãos maronitas com o apoio do exército de ocupação judeu no Libano assassinaram mulheres, velhos e crianças palestinas indefesas. Não terem consumido suas carnes é apenas um mero detalhe.</span></b></span></span></b></span></span></b></span></b></span></b></span></b></span></b></span></b></span></b></span></b></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><br />
</span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Encontramos nessas manifestações desveladas do comportamento predador do ser humano todos os elementos que definem o antropofagismo: a religião e o apelo ao Deus vivificador como desculpa para ocupação da terra, o menosprezo pelo outro, o inimigo que deve ser ultrajado, o uso indiscriminado de qualquer forma para premeditar o genocídio. A aceitação da comunidade dos agressores sobre as violências cometidas com aprovação das respectivas mídias regionais que até mesmo incentivam os matadores com discursos ufanistas e racistas.</span></b></span></span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><br />
</span></b></span></span></b></span></span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span></b></span></span></b></span><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">A guerra santa como motivação hoje divide a comunidade judaica na Palestina. De um lado humanistas pregam a convivência pacifica com os vizinhos e do outro, grupos radicais buscam ressuscitar a idéia de “Herem”, isto é, a oferenda do inimigo e seus bens para Deus como relata a Bíblia, prática usual de Josué, o líder militar hebreu ao invadir Canaã, o genocídio puro e simples das populações vencidas e de suas cidades e ofertório de seus bens ao seu deus da guerra. Essa palavra de cunho votivo significava que tinham de ser completamente destruídos e queimados os despojos de guerra e os habitantes deviam ser imolados no fogo, com exceção "o ouro e a prata, e os artigos de bronze e ferro", que deveriam ir para o tesouro de Javé. Os estudiosos no assunto afirmam que ainda hoje os sionistas militantes identificam os palestinos com os cananeus e filisteus que foram chacinados pelos hebreus no passado, e, portanto, como alvos eternos da violência étnica conforme mandato divino dado aos descendentes do povo de judá, tendo como referencia a leitura literal de seu livro sagrado. Tal referencia religiosa serviu também aos católicos para provocar o genocídio dos povos indígenas nas Américas. O colonialismo europeu apropriou-se ideologicamente do texto judaico para justificar suas ações de dominação e extermínio de povos que eles consideravam pagãos. </span></b></span></span></b></span></span></b></span></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQ-ckSpDFyo5S7tEsWt-Pyb5BsEtIvuin4qWVlwDx7CPwMXW5oSCF5c3qP0OXqAb-RjEMtXkmabftJt6jBq3vnpMbqT1uhbTBqEW-BfrmKM6zjaeS4XZhX7QOgHwYu-RXebnCSzo-UiZg/s1600/crian.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="274" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQ-ckSpDFyo5S7tEsWt-Pyb5BsEtIvuin4qWVlwDx7CPwMXW5oSCF5c3qP0OXqAb-RjEMtXkmabftJt6jBq3vnpMbqT1uhbTBqEW-BfrmKM6zjaeS4XZhX7QOgHwYu-RXebnCSzo-UiZg/s400/crian.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Criança Rendida</span></td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
</div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-20222846791384632782010-12-26T05:30:00.000-08:002014-09-21T19:52:50.121-07:00Dresden, Hiroxima, Nagasaki<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNn4X1osKKb7fZDsiBthaL2fOfw2f0RpfEJ2Hy84GM2U9PtFFOriS0JKR7C5Js8m0OJ7dOl1GpYtsPQjrWxu_HNAVMJthIxxsDR1FhqQp2x3XzoRCgFirIDaNlnj9nhs5EVDQd-Otmxew/s1600/dresden_ruine.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="color: black;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNn4X1osKKb7fZDsiBthaL2fOfw2f0RpfEJ2Hy84GM2U9PtFFOriS0JKR7C5Js8m0OJ7dOl1GpYtsPQjrWxu_HNAVMJthIxxsDR1FhqQp2x3XzoRCgFirIDaNlnj9nhs5EVDQd-Otmxew/s320/dresden_ruine.jpg" height="221" n4="true" width="320" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Dresden</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">Ao analisar a natural pulsão agressiva do ser humano em sua condição tecnológica atual onde o distanciamento proporcionado pelas armas mais avançadas criadas pelo homem impede um julgamento consciente do ato, o prêmio Nobel Konrad Lorenz explica através das teorias da agressão animal os bombardeios sobre alvos civis na II Guerra: “Nenhum homem mentalmente normal iria jamais caçar coelhos se tivesse que matá-los com os dentes e com as unhas, ou seja sentindo plenamente, emocionalmente, o que fazia”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">“O mesmo princípio se aplica, em medida ainda maior, ao emprego de armas modernas controladas a distancia. Aquele que aperta o botão disparador está perfeitamente protegido das conseqüências de seu ato, e não pode vê-las nem ouvi-las por mais imaginação que tenha. Por isso pode cometê-lo impunemente. Só assim pode explicar-se que homens cabalmente bons e incapazes de dar uma bofetada em uma criança malcriada que mereça a punição, tenham sido capazes de apertar o botão que lançava bombas voadoras sobre cidades onde centenas de crianças amáveis receberam uma horrível morte entre as chamas. O fato de que foram bons e normais pais de família os que fizeram tal coisa é tão terrivelmente inexplicável como qualquer outra barbaridade bélica”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">“Em fevereiro de 1945, Dresden, na Alemanha, foi destruída e, com ela mais de cem mil seres humanos. Eu estava lá. Não são muitos os que sabem como os Estados Unidos pegaram pesado”. </span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">Relata Kurt Vonnegut, um dos maiores escritores norte americanos da nossa época que foi prisioneiro de guerra dos nazistas e testemunha ocular do bombardeio aliado na indefesa Dresden. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">Ele e mais um grupo de 150 prisioneiros de guerra foram forçados a trabalhar em Dresden, cidade que tinha escapado dos pesados bombardeios aéreos até então. Não era a cidade considerada um alvo militar pela inexistência de fábricas de armas e possuir hospitais, cervejarias, fábricas de enlatados e serviços do gênero. Desde o início do conflito os hospitais eram sua principal atividade. Todos os dias trens lotados de feridos chegavam do leste e oeste ao tranqüilo santuário. Ao longe dava para escutar o ruído abafado dos bombardeios da noite.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">Milhares de refugiados vinham numa lastimável correnteza humana das ruínas de Berlim, Leipzig, Breslau, Munique inundando a cidade e aumentando sua população ao dobro em busca de um refúgio do apocalipse que se avizinhava.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">Não havia guerra lá, segundo o escritor, pois os aviões passavam e as sirenes tocavam, mas sempre de passagem, para atingir outros alvos mais importantes. Os alarmes eram um momento de alívio para os trabalhadores, que tinham oportunidade de ter uma chance de “jogar conversa fora” nos abrigos. Esses locais eram adegas e porões improvisados onde eram colocados bancos e sacos de areia que bloqueavam as janelas. Havia alguns bunkers mais adequados no centro da cidade, onde estavam localizados os prédios administrativos, mas nada parecido com o que existia em Berlim por exemplo. Dresden simplesmente não acreditava que devia se preparar para um ataque.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">“A cidade era sem dúvida uma das mais encantadoras do mundo. Tinha ruas largas, cheias de árvores frondosas. Era pontilhada por inúmeros parques e estátuas. Tinha igrejas antigas maravilhosas, bibliotecas, museus, teatros, galerias de arte, cervejarias ao ar livre, um zoológico e uma renomada universidade”, conta Vonnegut.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">“À sombra da suástica, esses símbolos da dignidade e da esperança da humanidade estavam em suspenso, eram monumentos à verdade. Tesouro acumulado em centenas de anos. Dresden fala eloqüentemente daquelas coisas excelentes da civilização européia para com as quais nossas dívidas são profundas. Eu era um prisioneiro faminto, sujo e cheio de ódio por nossos captores, mas amei aquela cidade e vi a maravilha abençoada do seu passado e a rica promessa do seu futuro”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">Em fevereiro de 1945 a cidade foi reduzida a escombros calcinados, destruída por toneladas de bombas convencionais que mataram em uma noite mais pessoas que todos os raides aéreos nazistas sobre Londres. A artilharia aérea insuficiente disparou uma dezena de tiros contra os atacantes. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">“Alemão bom é alemão morto: mais de cem mil homens, mulheres e crianças do mal (os homens saudáveis estavam no front) para sempre purificados dos seus pecados contra a humanidade”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">Os prisioneiros aliados passaram a noite do bombardeio num frigorífico subterrâneo de um matadouro. Tiveram sorte, pois era o melhor abrigo da cidade. Primeiro as explosões esparsas periféricas, depois a aproximação e o estrondo ensurdecedor das explosões sobre a cabeça, depois mais uma vez foram se afastando para longe. A cidade foi varrida de um lado a outro. Um “bombardeio de saturação”, chamavam os militares. Eles continuavam vindo em ondas, sem trégua, sem possibilidade de rendição.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">“Nossa pequena prisão queimou totalmente. Devíamos ser evacuados até um campo remoto ocupado pelos prisioneiros sul africanos. Nossos guardas eram um bando melancólico, milicianos idosos e veteranos deficientes. A maioria deles era de moradores de Dresden que tinham amigos e parentes em alguma parte do holocausto. Um cabo, que perdera um olho depois de dois anos no front russo, soube antes de marcharmos que sua mulher e seus dois filhos e os pais haviam sido mortos. Ele tinha um cigarro. E o dividiu comigo”.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfn1pB74T8il7H43e5E-sxO2lWuylyw7sl9cgcryvmukpSlT9Tg9wCAXJZbrCMfBpnxpzndV-i-Ta3B_L2i5I3CtLQ2mJ4edAqGzqEtnQ_hNlk9r8Cu-1VW3s24JjlUujzvbg6Idb3e3Q/s1600/DRESDEN.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfn1pB74T8il7H43e5E-sxO2lWuylyw7sl9cgcryvmukpSlT9Tg9wCAXJZbrCMfBpnxpzndV-i-Ta3B_L2i5I3CtLQ2mJ4edAqGzqEtnQ_hNlk9r8Cu-1VW3s24JjlUujzvbg6Idb3e3Q/s320/DRESDEN.jpg" height="258" n4="true" width="320" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">O calor era tão intenso em meio aos incêndios que mesmo no frio do dia que amanhecia os homens suavam. O dia que deveria estar claro e limpo estava possuído por uma nuvem opaca e espessa que impedia a passagem da luz e transformava o meio dia em crepúsculo. Uma procissão desolada de pessoas feridas, com os rostos enegrecidos, sujos de lágrimas, carregando corpos sem vida fechava o caminho da estrada. Reuniram-se como podiam nas campinas enquanto alguns poucos atendentes da Cruz Vermelha tentavam prestar algum socorro às vitimas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9S6CM5n3FbZR2E4mXxm91F0MW2fQFRlHW4dLpu9Tyu2Lxh0K1J6T-pTgXO1iLrSeUVqzcTYTqjskVpSwTuE-Rj1ttICxXpu2Euzajtccs9ZgvGo1EtyYeIEBQHzGmFMK9ilTM8Tur508/s1600/dresden_leichen.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9S6CM5n3FbZR2E4mXxm91F0MW2fQFRlHW4dLpu9Tyu2Lxh0K1J6T-pTgXO1iLrSeUVqzcTYTqjskVpSwTuE-Rj1ttICxXpu2Euzajtccs9ZgvGo1EtyYeIEBQHzGmFMK9ilTM8Tur508/s320/dresden_leichen.jpg" height="260" n4="true" width="320" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">“Instalados junto aos sul africanos ficamos uma semana sem trabalho. Ao fim desse período, as comunicações com os quartéis generais foram restabelecidas, e recebemos ordens de caminhar por onze quilômetros até o ponto mais crítico da região. Nada no distrito tinha escapado da fúria. Uma cidade de cascas de edifícios entalhadas, estátuas estilhaçadas e árvores derrubadas. Todos os veículos estavam parados, retorcidos e queimados, abandonados para enferrujar ou apodrecer no caminho da força ensandecida. Os únicos sons além dos nossos próprios eram os de argamassa caindo e o eco que produziam”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">“Para o trabalho de ‘resgate’, fomos divididos em pequenas equipes sob o comando de um guarda cada uma. Nossa mórbida missão era procurar corpos. Aquele dia foi uma caçada profícua, assim como os muitos que os seguiram. Começamos em pequena escala – uma perna aqui, um braço ali e um bebê de vez em quando - , mas encontramos um veio principal antes do meio dia. Atalhamos através de uma parede de um porão onde encontramos uma pilha malcheirosa de mais de cem seres humanos. As chamas devem ter varrido o local antes de a queda do prédio ter lacrado as saídas, porque a carne dos que estavam lá tinha a textura de ameixas secas. Nosso trabalho, explicaram-nos, era ingressar nas ruínas e trazer os restos para fora. Estimulados por abusos verbais agressivos e guturais, afundamos no trabalho. E foi exatamente o que fizemos, já que o piso estava coberto por um repugnante caldo formado pela água que saía dos canos estourados e por vísceras. As vítimas que não morreram imediatamente tentaram fugir por uma estreita saída de emergência. De qualquer maneira havia vários corpos espremidos na passagem. O líder do grupo havia conseguido chegar até a metade da escada antes de ser enterrado até o pescoço por tijolos e argamassa. Creio que tinha mais ou menos quinze anos de idade”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjADYKMPRU6Phar0TWQ5Vl84Xx5oRTJBe8Fly1f55FDm95VQgZT_07s-H_eBKmvUqYja7UpAywOERwIbNOKW47ohWMrNyBCJHcwg97KPfGwSJG9tB1klxNbCvejYd1NBR3xYYhBsQZlX1U/s1600/DRESDEN2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjADYKMPRU6Phar0TWQ5Vl84Xx5oRTJBe8Fly1f55FDm95VQgZT_07s-H_eBKmvUqYja7UpAywOERwIbNOKW47ohWMrNyBCJHcwg97KPfGwSJG9tB1klxNbCvejYd1NBR3xYYhBsQZlX1U/s320/DRESDEN2.jpg" height="249" n4="true" width="320" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">“O abrigo que descrevi e inúmeros outros como esse que encontramos estavam cheios delas (mulheres e crianças)”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">“Eu teria dado a vida para salvar Dresden para as próximas gerações do mundo. É como todos deveriam se sentir a respeito de todas as cidades da Terra”</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">Kurt Vonnegut – “Armagedom em Retrospecto”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div>
<span style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;">Conta o autor que o objetivo do raide aéreo era destruir as linhas ferroviárias do inimigo, entretanto alvos a cinco quilômetros das vias férreas foram incompreensivelmente atingidos pelas bombas. No dia seguinte em menos de 48 horas ao bombardeio os operários alemães rapidamente refizeram os caminhos de trilhos que tinham sido danificados e o entroncamento ferroviário estava mais uma vez funcionando perfeitamente. Enquanto isso o flagelo da destruição tomava conta de uma cidade paralisada e em estado de choque. O bombardeio valeu por um campo de concentração inteiro dos nazistas em termos de crime hediondo de guerra. Os arianos independentemente de que lado combatem tem o sentido histórico do genocídio vingativo como forma ideal de sujeitar populações através do terror paralisante.</span><br />
<span style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br />
</span><br />
<span style="color: #990000; font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: verdana; line-height: 18px;"><b>Eram 8:15 horas da manhã do dia 6 de Agosto de 1945 e os habitantes de Hiroshima estavam tranquilamente a começar o seu dia...<br />
<br />
O piloto norte americano viu com prazer e espanto, antes de regressar à base, um cogumelo de chamas que se ergueu no céu.</b></span></span><br />
<span style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><br />
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjF-YaHJ2vXlTRIAT4gsvVIGAEn6pNNPKA37tv1XaH_tltuzNzydbphQ3iamJPM9YSFvyALc82Y602pD8gMqPtKA1Xu7ta0215hcpU0lW4VX1SDHWd80ufC1yHSwewOxAzDJN0dd_0m3lo/s1600/BOMBA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjF-YaHJ2vXlTRIAT4gsvVIGAEn6pNNPKA37tv1XaH_tltuzNzydbphQ3iamJPM9YSFvyALc82Y602pD8gMqPtKA1Xu7ta0215hcpU0lW4VX1SDHWd80ufC1yHSwewOxAzDJN0dd_0m3lo/s1600/BOMBA.jpg" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">Hiroshima - John Hersey</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000; font-size: large;">Harold Ross, o lendário fundador da revista "The New Yorker" encomendou a John Hersey, seu colaborador, uma matéria sobre o que significava uma cidade ser atingida por um artefato atômico. Um ano antes, Hiroxima, uma graciosa cidade em formato de leque situada em seis ilhas formadas pelos braços do rio Ota tinha sido aniquilada, com metade de sua população morta depois da passagem de um único bombardeiro norte americano. Em instantes os dez quilometros quadrados de sua área urbana foram tranformados em destroços e pilhas de cadáveres calcinados. Poucos sobreviveram para salvar os milhares de civis feridos. Eles contaram suas histórias: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">"Praticamente ninguém em Hiroxima se lembra de ter escutado qualquer barulho produzido pela bomba. Entretanto um pescador que estava em uma sampana, no mar interior, perto de Tsuzu, viu o clarão e ouviu uma tremenda explosão; ele se encontrava a quase 32 quilômetros da cidade".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">"A sra. Nakamura observava o vizinho (que demolia a própria casa para evitar a propagação de incêndios nos bairros em caso de bombardeio) quando um clarão de um branco intenso, que nunca tinha visto até então, iluminou todas as coisas. Ela não se importou com o que estaria acontecendo com o vizinho; o instinto materno a direcionou para sua prole. No entanto, mal deu um passo (encontrava-se a 1215 metros do centro da explosão), alguma coisa a levantou e a fez voar até o cômodo contíguo, em meio a partes de sua casa"</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">"O dr. Sasaki tinha apenas 25 anos e acabara de se formar na Faculdade Japonesa do Leste de Medicina, em Tsingtao, na China. Era bastante idealista e se angustiava com a precariedade dos serviços médicos na cidade de sua mãe. Por sua conta e sem a devida licença passara a visitar alguns doentes de Mukaihara à noite, depois de cumprir seu expediente de oito horas e de viajar por quatro horas. No trem resolveu não atuar mais em Mukaihara, pois achava impossível obter a licença, já que as autoridades declarariam esse trabalho incompatível com seus deveres no hospital da Cruz Vermelha".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">"Chegando a Hiroxima, tomou o bonde imediatamente. (Mais tarde calculou que, se tivesse viajado no horário de costume e se tivesse esperado o bonde por alguns minutos, como acontecia com freqüência, estaria perto do centro no momento da explosão e certamente teria morrido.) Às sete e quarenta entrou no hospital e se apresentou ao cirurgião-chefe. Pouco depois foi a um quarto do primeiro andar e tirou sangue do braço de um homem para realizar um teste Wassermann. O laboratório que continha as incubadoras para o teste se situava no terceiro andar. Encontrava-se a um passo de uma janela aberta quando o clarão da bomba se refletiu no corredor como um gigantesco flash fotográfico. Agachou-se rapidamente, apoiando-se no joelho, e, como só um japonês diria, falou para si mesmo: 'Sasaki, gambare!Coragem!' Então a explosão sacudiu o prédio (a 1485 metros do marco zero). Os óculos do médico voaram longe; o frasco de sangue se espatifou contra a parede; as sandálias saíram-lhe dos pés..."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">"O dr. Sasaki gritou o nome do cirurgião-chefe, correu para sua sala e o encontrou todo retalhado pelos cacos de vidro. Uma terrível confusão se instalara no hospital: pesadas divisórias e tetos despencaram sobre numerosos doentes, camas viraram, janelas se espatifaram e cortaram diversas pessoas; havia sangue nas paredes e no chão, instrumentos esparramados por todo o lado, vários pacientes correndo e gritando, e muitos mortos. (Um médico que trabalhava no laboratório do terceiro andar havia morrido; o homem que o dr. Sasaki havia acabado de deixar, e que momentos antes estava apavorado com a sífilis, também tinha morrido.) O dr. Sasaki constatou que era o único médico do hospital que nada sofrera".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">"Acreditando que o inimigo atingira apenas o edifício onde se encontrava, o jovem cirurgião se muniu de ataduras e começou a enfaixar os ferimentos dos que se achavam no interior do hospital; lá fora, por toda a Hiroxima, cidadãos mutilados e moribundos dirigiam-se tropegamente para o hospital da Cruz Vermelha, dando início a uma invasão que faria o dr. Sasaki esquecer seu pesadelo particular durante muito tempo."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">"...logo após a explosão, com seus consultórios e hospitais destruídos, seu equipamento disperso, seus próprios corpos incapacitados em diferentes graus, explica por que tantos feridos não receberam cuidados e por que morreram tantos cidadãos que podiam ter sido salvos. Dos 150 médicos existentes em Hiroxima, 65 estavam mortos e os restantes se encontravam, na maioria, feridos. Das 1780 enfermeiras, 1654 estavam igualmente mortas ou impossibilitadas de agir. No hospital da Cruz Vermelha, o maior da cidade, apenas seis médicos de uma equipe de trinta, e dez enfermeiras, dentre mais de duzentas, tinham condições de trabalhar". </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">"Numa cidade de 245 mil habitantes, cerca de 100 mil haviam morrido ou iriam morrer em breve; outros 100 mil estavam feridos. Pelo menos 10 mil feridos se arrastaram até o melhor hospital de Hiroxima, que não tinha condição de abrigá-los, pois contava com apenas seiscentos leitos e todos já estavam ocupados. A multidão que se aglomerava no interior do hospital gritava e chorava para o dr. Sasaki - 'Sensei!Doutor!' -, enquanto os que apresentavam ferimentos de menor importância o puxavam pela manga e lhe suplicavam que acudisse os feridos mais graves. Agarrado ali e acolá pelos pés, perplexo com o número de vítimas, zonzo com tanta carne exposta, o dr. Sasaki perdeu todo o senso profissional e parou de agir como cirurgião habilidoso e homem solidário; tornou-se um autômato, limpando, engessando e enfaixando mecanicamente".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">"A noite estava quente, e o calor parecia mais intenso por causa dos incêndios, porém uma das meninas que os religiosos resgataram se queixou de frio. O padre Kleinsorge a cobriu com sua túnica. Com várias parte do corpo em carne viva - consequência de enormes queimaduras produzidas pela radiação térmica da explosão -, a menina ficara horas dentro do rio, com sua irmã mais velha, e a água salgada do Kyo seguramente lhe causara uma dor excruciante. Ela se pôs a tremer e novamente se queixou de frio. O padre Kleinsorge pediu um cobertor emprestado e a agasalhou, porém ela tiritava cada vez mais. 'Estou com muito frio', disse. De repente parou de tremer e morreu".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">"Uns vinte homens e mulheres estavam no banco de areia (onde haviam se abrigado dos incêndios que tomaram a cidade ). O sr. Tanimoto aproximou-se (com uma embarcação) e os convidou a embarcar. Eles não se mexeram: estavam fracos demais para se levantar. O pastor estendeu os braços e tentou puxar uma mulher pelas mãos, porém a pele se desprendeu como uma luva. Profundamente abalado, o sr. Tanimoto teve de se sentar por um instante, ao fim do qual entrou na água e, embora fosse um homem miúdo, carregou vários feridos para a chalana. Todos estavam nus e tinham as costas e o peito pegajosos, frios e úmidos. O reverendo se lembrou das queimaduras que tinha visto durante o dia: amarelas a princípio, depois vermelhas e intumescidas, com a pele solta, e, à noite, supuradas e fétidas. Com a montante da maré a haste de bambu se tornara curva demais, e ele teve que usá-la como remo na maior parte da travessia. Chegando ao lado oposto, carregou os corpos viscosos ribanceira acima. E repetia para si mesmo, sem cessar: 'São seres humanos'. Precisou fazer três viagens para transportá-los até a barranca. Então resolveu descansar no parque".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">"No dia 7 de agosto a rádio japonesa transmitiu, pela primeira vez, um sucinto comunicado que pouquíssimas (ou nenhuma) das pessoas interessadas - os sobreviventes da explosão - puderam ouvir: 'Hiroshima sofreu danos consideráveis, em função de um ataque de alguns B-29. Acredita-se que se utilizou um novo tipo de bomba. Investigam-se os detalhes'. Tampouco é provável que algum sobrevivente tenha escutado uma retransmissão em ondas curtas de um extraordinário pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, que identificou a nova bomba como atômica: 'Era mais potente que 20 mil toneladas de TNT. Tinha um poder explosivo 2 mil vezes maior que o da Grand Slam britânica, a maior bomba já utilizada na guerra'. As vítimas que tinham condições de se preocupar com o que acontecera imaginaram a causa da catástrofe em termos mais primitivos e infantis - gasolina lançada de um avião, talvez, ou gás combustível, ou um bando de incendiários, ou obra de paraquedistas. Ainda que soubessem a verdade, a maioria estava atarefada demais, cansada demais ou ferida demais para se importar com o fato de que tinham sido objeto da primeira grande experiência com o emprego de energia atômica que (como apregoavam as vozes em ondas curtas) só os Estados Unidos, com seu know how industrial e sua disposição de arriscar 2 bilhões de dólares num importante jogo de guerra, poderiam ter realizado".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><br /></span></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;"><b>OS HOMENS BOMBA </b></span></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: large;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O primeiro grande desafio do Projeto Manhattan foi justamente produzir urânio enriquecido em grande quantidade para sustentar uma reação em cadeia, numa época em que o urânio-235 (U-235) era muito difícil de extrair. Suas pesquisas amparavam-se em avanços em série, conquistados nos anos anteriores, nos estudos do núcleo do átomo e do poder de sua fissão. Neil Bohr descobrira que o isótopo U-235 era um bom combustível nuclear devido a sua característica instável e poderia sustentar uma reação em cadeia. Já Glenn Seaborg descobrira que o isótopo plutônio-239 (P-239) também poderia ser usado em um armamento nuclear.O segundo grande obstáculo era sustentar uma reação em cadeia, que dá à bomba atômica sua força. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao longo de seis anos, de 1939 a 1945, cerca de US$ 2 bilhões foram gastos e quase 150 pessoas participaram do programa, criando meios de enriquecer o urânio. O Projeto Manhattam resultou em três bombas atômicas: Gadget, uma bomba de teste feita de plutônio; "Little Boy", a bomba de urânio que devastou Hiroshima; e "Fat Man", a bomba de plutônio que destruiu Nagasaki. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Presidente Harry Truman </b>- Coube a ele, como presidente dos Estados Unidos, a decisão sobre o lançamento das duas bombas sobre o Japão. Era um defensor da solução nuclear. Assumiu a presidência em 1945, com a morte do presidente Roosevelt. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Julius Oppenheimer -</b> Com apenas 38 anos, este físico, considerado um dos mais brilhantes de seu tempo, comandou o Projeto Manhattan, que reuniu uma centena de cientistas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Coronel Paul Warfield Tibbets -</b> Comandou a tripulação de 12 oficiais do B-29 Enola Gay, o bombardeiro de onde foi despejada a Little Boy, a primeira bomba atômica em área povoada. Era um veterano de bombardeios na Europa. O nome Enola Gay foi uma homenagem à mãe dele.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 17px;"><b>Numa entrevista após a guerra, o General Eisenhower, que mais tarde viria a ser presidente dos EUA, disse a um jornalista:</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- (...) os japoneses estavam prontos para se renderem e não era necessário atacá-los com aquela coisa terrível.</span></i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><br />
O Almirante William D. Leahy, chefe do grupo de trabalho de Truman, escreveu:</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><br />
<i>- Na minha opinião o uso desta arma bárbara em Hiroshima e Nagasaki não ajudou em nada na nossa guerra contra o Japão. Os japoneses já estavam vencidos e prontos a se renderem ... Sinto que sendo os primeiros a usá-la, nós adoptamos o mesmo código de ética dos bárbaros na Idade Média (...) As guerras não podem ser ganhas destruindo mulheres e crianças...</i></b></span></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><i><br />
</i></b></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: inherit; font-size: large;"><i></i></span><br />
<div style="font-weight: bold; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
</div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-5510415907554392312010-11-20T12:25:00.000-08:002014-09-21T19:44:21.148-07:00Kamikaze - O Vento Divino<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirkoJYFvjc8NOHUCUdJ28HCiWF8KvryHhkI5-b71stHJBO7sQcV1qPCaNhHm611xpZ1eJ0AnN6W3TUv-7SOlyLqLjSCyYAIChn1br5bTxSyEELiueOzjl6xy9G7UqAz9HOd5H0nbC0xUc/s1600/kamikaze+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirkoJYFvjc8NOHUCUdJ28HCiWF8KvryHhkI5-b71stHJBO7sQcV1qPCaNhHm611xpZ1eJ0AnN6W3TUv-7SOlyLqLjSCyYAIChn1br5bTxSyEELiueOzjl6xy9G7UqAz9HOd5H0nbC0xUc/s1600/kamikaze+3.jpg" ox="true" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="color: #990000; font-family: Calibri;"><strong>No Japão as tradições relacionadas com a morte voluntária remontam desde seus primórdios numa sociedade completamente hierarquizada e podem ser classificadas em vários tipos, com diversos significados conforme seus objetivos primários. O suicídio de vassalos ou guerreiros pode significar uma reprimenda ao senhor que por algum motivo demonstrou fraqueza perante seus subordinados. Ou pode servir para cumprir uma sentença recebida de seu senhor por alguma falta cometida, através do sepuku o faltoso tranquilamente se entregava ao suplício para cumprir seu papel de homem honrado.</strong></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Mas foi no início do séc. XX, com o surgimento de várias sociedades secretas de cunho nacionalista, que as ações de suicídios seriam precedidas de violentos atentados contra dignitários, que por alguma razão tinham despertado a ira dos nacionalistas. O Japão atravessava uma difícil fase, pois seus interesses nacionais estavam sendo confrontados pelas potencias emergentes como os EUA e pelos europeus que detinham já uma antiga hegemonia no Oriente e os militares nipônicos que integravam estas sociedades viam com desagrado o imobilismo das instituições em modificar ou estabelecer uma estratégia de domínio coerente com seus interesses armamentistas que imaginavam corresponder com o inexorável destino glorioso de sua pátria.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Da censura sacrifical imposta aos superiores até o terrorismo, impuro eticamente, mas eficaz como estratégia dissuasória e eficiente como arma política foram evoluindo os acontecimentos, o atentado político causava mais impacto junto à opinião pública quando acontecia contra um homem ilustre e possuía mais divulgação dos meios de comunicação que um mero suicídio de um subalterno, assim as ações desses oficiais fanáticos e descontentes foram se especializando.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Muitos ainda seguiram as tradições pagando com a própria vida seus atentados. Em 1898, após ter explodido a caleche do marquês Okuma, o culpado, Kurushima Tsuneki, membro da Sociedade do Sombrio Oceano, cortou o próprio pescoço. Alguns anos mais tarde, em 1913, as boas maneiras ainda não tinham sido esquecidas: julgando tíbia a atitude oficial para com a China, um jovem adepto da Sociedade do Dragão Negro matou o diretor do Escritório de Assuntos Políticos do Ministério das Relações Exteriores. Depois resolutamente estendeu no chão um mapa da China, sentou-se na posição de descanso e aí abriu seu ventre da forma ritual. Assim vítima e assassino seguem, o couvade desse guerreiro é sublimado através da própria vitimação, tradição perseguida em toda a história do nacionalismo japonês. Como no amok das tribos malasianas, quando num frenesi mortal o homem em transe enlouquecido cumpre sua função num ataque sangrento e sem sentido, no caso japonês, perpetra seu crime cego pelo ódio chauvinista nascido de seus ideais. Assim repetiu a ação em 1921 Asahi Heigo, jovem dirigente de uma “Liga da Virtude do País dos Deuses”(Shinshu gidan): apunhalou o banqueiro Yasuda Zenjiro, que tinha cometido o grande erro de ficar conhecido como o homem mais rico do Japão, depois cometeu suicídio para purificar seu ato e dar um valor moral de exemplo, como arma política. Ele se insurgia contra a classe dominante como um anarquista, mas com claras influencias do extremismo nacionalista de direita.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>As ligas patrióticas pretendiam ressuscitar os antigos valores num mundo em franca mudança onde o capital ocupava o espaço deixado pelos antigos oligarcas, os ricos industriais ocupavam as funções do poder e mantinham uma política oficial muito tímida no exterior, segundo imaginavam os extremistas, e submissa aos mais ricos no interior do país. Corrupção e covardia, duplo aspecto de um mesmo vício complacente das elites, fazia o Estado se afastar das antigas tradições guerreiras de onde se originara.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Tinham absoluta fé em sua virtude ancestral que lhes dava o direito de matar, mantinham as mesmas motivações antropofágicas dos antepassados, as vitimas atingidas não tinham o direito de viver. Não tinham particularmente muito interesse pelos programas sociopolíticos, em geral o culto a utopia monárquica da imagem imperial ocupava todo o seu escopo de objetivo nacional. Seus atos tinham o moto de despertar a nação, os maus conselheiros seriam dissipados pelo vento do sacrifício, como nuvens, enfim deixariam brilhar o sol da perfeição soberana ofuscada pelos novos tempos. Seus golpes desfechados contra o sistema e seu sacrifício posterior era uma demonstração de seu coração puro, uma justificativa para eles mesmos de sua intenção reta. Assim demonstravam seu desinteresse pessoal pelas conseqüências que haviam servido ao projeto pessoal de limpeza da sua sociedade. Com tais atitudes, seu martírio desculpava o que de odioso tinha sido o atentado contra a ordem que pretendiam reformar, sem esperar julgamento divino ou da posteridade.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Os terroristas souberam aproveitar o prestigio secular da morte voluntária. Os componentes das ligas de extrema direita usavam como artifício esta medida extrema para afastar seus inimigos. Permitiam-se admoestar suas vítimas para que reconhecessem suas “culpas”, assumissem suas responsabilidades, se imolassem para manter a honra. Sabiam que seus “conselhos” não seriam seguidos, mas estavam convencidos do prejuízo moral sofrido por suas vitimas, denunciando finalmente sua covardia e corrupção. Com a morte do imperador Meiji, um dos fundadores da Sociedade do Dragão Negro, Toyama Mitsuru injuriou os ministros de Estado do império por não terem aconselhado devidamente ao monarca para cuidar melhor de sua saúde. Questionou publicamente porque não haviam pedido demissão ou até mesmo se sacrificado pela falta cometida. Toyama não pretendia que atendessem às suas sugestões, mas pretendia colocá-los na sua dimensão de liberais ausentes de fibra moral e longe dos ideais da antiga tradição de governança. E o convite ao suicídio passou a ser o prelúdio ritual, a desculpa antecipada para o assassinato do faltoso com a honra. Utilizava-se assim a tradição como arma para conferir dignidade à intimidação política. Antes de ser vitima de um atentado organizado em 1932 pela Liga do Juramento pelo Sangue (Ketsumeidan), Inoue Junnosuke, ministro das finanças que havia atraído sobre si o ódio dos militaristas pela sua política de austeridade orçamentária, recebeu pelo correio, à guisa de mensagem, um estojo de laca que continha uma adaga. Quando, a 18 de maio de 1930, voltando de uma conferencia naval de Londres, onde o Japão tinha firmado um acordo de redução de tonelagem embarcada, o almirante Takarabe quando desembarcou em Yokohama, recebeu de um jovem adepto da extrema direita igual lembrança como um convite ao seppuku.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>A usurpação do Estado pelo militarismo foi forjada desde o início do século XX, pois a partir de 1889 a legislação constitucional já garantia que o imperador era o comandante supremo do exército que não prestava contas ao governo estabelecido. O exército crescia então dentro do Estado, como força autônoma, ainda presa nominalmente ao poder sagrado do mandatário. O soberano em sua função divina não se rebaixava a controles e sanções. Seu papel era manter-se intocável, imutável e silencioso, transcendente de toda decisão mundana. Com o objetivo de torná-lo impermeável aos acasos e sortes do poder político secular através dessa estrutura legal, o exército tornou-se irresponsável com esta proteção da influencia da política civil que provocou como conseqüência o efeito contrário, a supremacia do exército que tinha vínculo direto com o poder supremo imperial.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>As ligas de extrema direita, múltiplas, sectárias, fracionadas e há muito corrompidas pelos subsídios secretos recebidos desses mesmos grupos financeiros que odiavam e pretendiam reformar, não eram o maior de todos os perigos. Alguns de seus ideólogos pretendiam restaurar um socialismo nacional, como Kita Ikki, esboçavam planos de reconstrução do país a partir do nivelamento de fortunas, apelando para um segundo renascimento, batizado como Showa Ishin, a Restauração da Era Showa. Nada demais haveria de muito inquietante nesta ideologia nascente enquanto o exército mantivesse suas tradições de lealdade ao Estado. Mas paulatinamente tudo se degradou na linha de comando: tenentes, coronéis, generais aos poucos foram esquecendo seus princípios de submissão ao Estado constitucional.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Nos escalões mais baixos os tenentes com emoção patriótica davam ouvidos às ligas nacionalistas e passaram a fomentar complôs e atentados. Em 1927, duzentos jovens oficiais formaram uma sociedade secreta para velar pela salvação do Império. Em 1931, outro grupo fundou a Sociedade das Cerejeiras ( Sakurakai ) e planejaram um complô logo descoberto e abafado. Meses mais tarde planejaram um bombardeio de avião a uma sessão do governo e assim aniquilar de um só golpe seus ministros. Era o tempo dos assassinos. Na noite de 15 de maio de 1932, nove oficiais comandados pelo tenente Koga penetram na residência oficial do Primeiro Ministro. O velho ministro Inukai, de setenta e cinco anos, acende um cigarro e os convida a se explicarem. Um segundo grupo chefiado pelo tenente Yamagishi irrompe na sala e o oficial ordena- “não conversem, atirem”. Desta vez nada de suicídio. Seu desprezo pela vida se resume ao assassinato puro e simples disfarçado de ato político. Bastou-lhes se entregar a policia. São condenados a apenas quatro anos de prisão graças a complacência de seus pares que justificam a ação pela “sinceridade” deles. A vida de um Primeiro Ministro valia pouco no Japão da época.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>São soldados dirá em 1934 o barão Kikuchi, ele mesmo general de patente, num discurso à Camara dos Pares, eles tem direito a nossa indulgencia: aqueles que estão convencidos de estarem agindo por patriotismo devem poder fazer o que acreditam dever fazer. Se o apego à doutrina imperial inocentava o frenesi de alguns com certeza ela servia à estratégia de outros. Pois esses atos de terror cometidos pelos subalternos serviam aos interesses dos generais mais sábios. Lamentavam-se os arroubos juvenis, mas usavam desses cometimentos para mais intervir nas decisões do Estado e aumentar seus orçamentos de armas. O exército subia ao poder de ano a ano, como outrora, no fim de Heian, quando se tinha fortificado os clãs Taira e Minamoto.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>E como a história se repetia, esse exército não era menos dividido. Uma facção dita da Via Imperial (Kodoha), que contava com oficiais vindos dos antigos clãs do sul e dos quais se poderia traçar a origem até Saigo Takamori, distinguia-se pelos seu radicalismo: suas idéias de profundas reformas, uma nova Restauração, o imperialismo justificando o dever de expansão e de renovação. A facção rival, Toseiha, queria controlar este ardor meridional e pretendia viver em paz com o Estado, com a condição precípua de controlá-lo. Estrategicamente, Kodoha pregava a guerra contra a União Soviética, Toseiha queria dirigi-la contra a China e a Ásia do Sul.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>O fracasso de uma intentona favorecida por certos generais da Kodoha (Araki, Mazaki, Honjo) permitiu a vitória dos adversários ainda mais conservadores e chauvinistas. Na noite de 26 de fevereiro de 1936, vinte e um jovens oficiais da primeira divisão, tenentes e capitães se amotinaram. Em nome do imperador e da salvação nacional, ordenaram aos seus subordinados, uns mil e quinhentos soldados que ocupassem o bairro dos ministérios. De forma coordenada, equipes de matadores partiram para assassinar ainda na cama seis personagens mais importantes do Estado. Ao acreditarem em sua boa causa, sentiam justificadas suas ações e se consideravam juízes das vidas dos outros. Aliás após os crimes cometidos, acreditando na vitória de sua causa, eles beberam, puseram-se a cantar e a festejar. As velhas tradições do Bushido, o Caminho do Samurai tinham se perdido.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Eles se alegraram cedo demais. De forma inusitada o jovem imperador, saindo de sua costumeira reserva ritual opôs firme resistência a qualquer compromisso com a quartelada. Ele percebia que usavam seu nome para cometer esses abusos sangrentos. Sua divinização tinha por objetivo anulá-lo de vez mantendo-o como um símbolo inerte do Estado. O imperador não permitiu então que o mais violento se apropriasse de sua autoridade. A suposta pureza invocada pelos rebeldes não lhe parecia justificar tais atos brutais. Os rebeldes, cercados de arame farpado, montaram seus acampamentos nas ruas, onde derretia a neve do inverno. As negociações se prolongavam sem que os jovens oficiais terem conseguido nenhuma de suas reivindicações. Em meio ao murmúrio dos soldados já descontentes, cercados pelas tropas fiéis ao Estado, em 28 de fevereiro fizeram saber que se renderiam e se matariam, com a condição de que um mensageiro do imperador (chokushi) viesse lhes trazer a ordem. Até mesmo essa satisfação lhes foi recusada. O imperador contestou que se eles quisessem podiam se matar, mas que em função da revolta e das mortes eles tinham deixado de serem soldados e, portanto, nenhuma ordem podia esperar do Estado. Então como ultima demonstração, voltando os olhos cheios de lágrimas para o Palácio Imperial, cujas muralhas avistavam dentro da noite, os rebeldes cantaram o hino nacional, Kimigayo, da forma mais lenta e pungente.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>A alguns quilômetros dali, em sua casa de Setagaya, o tenente Aoshima comete o seppuku. Não tinha feito parte da rebelião, mas estava ligado aos companheiros por laços de amizade e não queria combatê-los caso fossem considerados rebeldes. A morte voluntária resolveria seu conflito interior. Com ele matou-se sua jovem esposa. Ainda nesse caso brilhava a chama da tradição pura.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Dos vinte e um oficiais da rebelião, somente dez se mataram no momento da derrota. Se o jovem tenente Aoshima tinha a certeza de preceder seus amigos e incentivá-los com esse ato de honra enganou-se profundamente. Após a rendição, na manhã de 29 de fevereiro foram conduzidos todos à residência oficial do ministro da Guerra e foi-lhes perguntado se desejavam também se matar. No primeiro momento concordaram e lhes foram propiciados os lençóis brancos e as armas necessárias para cumprirem o ritual. Eles então se reuniram e mudaram de opinião. Uma morte tão rápida não trairia a causa? Por que em vez disso não deviam encarar o tribunal, denunciar os abusos que eles tinham pretendido combater, a miséria do campo, a escassez dos recursos militares, a inércia do governo, a corrupção dos políticos civis? Samurais que pretendiam ser, tinham virado em oradores, advogados: o Ocidente que tanto contestavam tinha marcado bastante os novos tempos e os costumes da caserna. Aliás seus generais que eram cúmplices, nem sequer foram detidos. Logo ficaram desiludidos: o processo em recinto fechado correu célere em maio e junho de 1936. A maioria, treze sobre dezenove, foi condenada à morte por fuzilamento. A vergonha não lhes foi poupada, foram lembrados da desonra de uma morte por condenação, não tinham sabido morrer, como homens de armas tinham se mostrado indignos do Bushido. Não se tendo matado, mereciam viver? O argumento utilizado até então pelos terroristas para difamar suas vítimas tinha se virado contra eles. Nenhum oficial de escalão mais alto foi condenado. Toseiha, a facção junto ao poder mais uma vez tomava as rédeas do exército. Havia assim interesse em apresentar o caso como desvario de jovens. Mas os ideólogos sofreram a maior impiedade: Kita Ikki e Nishida Zei, que tinham querido introduzir idéias socialistas nas ações dos militares e tentar formular em palavras o resultado dessas agitações como fruto direto da insatisfação da sociedade, foram acusados, como Sócrates, de tentar corromper os jovens. Eles foram prontamente presos, condenados e executados.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Apesar da derrota dos jovens oficiais, o desenrolar dos acontecimentos levou a um maior poder dos militares que usaram as agitações como motivo para controlar ainda mais a política do Estado com a justificativa de impedir que novas perturbações voltassem a ocorrer no país. Por um acordo tácito os dirigentes civis deram para o exército mais liberdade nas ações externas, e com isso evitariam que novas revoltas ou até mesmo um golpe militar eclodissem garantindo assim seus interesses agrários sobre os camponeses desfavorecidos. A política externa foi dominada pelos coronéis nas fronteiras do Império. No continente suas ações eram no sentido de criar um fato consumado que pudesse sabotar a diplomacia oficial e levar o governo de qualquer maneira para o caminho do expansionismo territorial. A 7 de Julho de 1937, mais uma provocação perto de Pequim desencadeia à escalada do conflito na China. A Segunda Guerra Mundial garantia para os militares, ocupação certa para os anos vindouros.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>A tradição de honra do Bushido já não influenciava o militarismo japonês como antes. Soldados e oficiais levados pelo frenesi da violência, de 14 de dezembro de 1937 a 14 de janeiro de 1938, durante quatro sangrentas semanas massacraram as populações civis em Nanquim. A falta de controle das tropas de infantaria incentivada pelos oficiais demonstra o lado mais cruel do militarismo, como em qualquer época, piores que quaisquer animais enlouquecidos, deliciavam-se com as atrocidades contra os vencidos: pessoas indefesas, velhos, mulheres e crianças que sem culpa foram caçadas porta a porta e chacinadas ou brutalizadas pelos invasores. Em 1941 e 1942, as mesmas crueldades se repetiram em Hong Kong, nas Filipinas, na Indonésia, na Malásia, na Birmânia. A antropofagia xenófoba embriagava de sangue homens que se consideravam letrados, profissionais liberais, camponeses, intelectuais que ao envergarem seus uniformes militares agiram como bestas assassinas contra populações que consideravam inferiores racialmente por motivações outras que transcendem as simples condições de garantir interesses de Estado.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Desde 20 de novembro de 1937 que as operações militares e até mesmo os assuntos civis nos territórios dominados tinham escapado do controle do governo, eram comandadas diretamente por um quartel general que só prestava contas, em tese, ao imperador. Os interesses em relação ao continente não eram mais tratados pelo ministério das Relações Exteriores, passando em agosto de 1938 a um “Escritório de desenvolvimento da Ásia” criado e controlado pelos generais. </strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Enquanto isso no Japão o ufanismo dominava, o país todo foi requisitado por uma lei de Mobilização Nacional promulgada em 16 de março de 1938. Uma brochura com dois milhões de exemplares foi distribuída reafirmando a unanimidade da nação: bastava esquecer-se de si próprio, elevar-se acima dos interesses privados para banhar-se nas graças do Tenno. O novo ministro da Educação, general Araki, apreciava divulgar um slogan: ichioku isshin, cem milhões de homens, um só pensamento. No front das idéias, pretendia-se colocar de lado os conceitos de luta de classes e de individualismo burguês por uma nova ordem que se assemelhava ao conceito étnico tribal dos antepassados da época da revolução agrícola numa estranha nostalgia de uma época de ouro inexistente que vivia no imaginário dos poderosos. Todo o mal provém do egoísmo: do individuo, da família, do clã, das classes laborais. Todo o bem provém da abnegação para construir um projeto nacional de um país pobre de recursos naturais e por isso mesmo faminto para crescer além de suas fronteiras nacionais e saquear as riquezas incomensuráveis dos povos inferiores que acreditavam habitar alhures. A verdade para o individuo era saber morrer para esse eu de ilusão, eco profundo dos ensinamentos búdicos desviado, distorcido, alterado pelos interesses dos poderosos que exigiam de seu povo o sacrifício supremo da imolação ao deus canibal da guerra. Oposto ao espírito do Buda, esta utopia unanimista servia para negar os conflitos internos que dilaceravam uma sociedade e justificar o expansionismo que subjugava as nações vizinhas, resultado do militarismo exacerbado ao máximo. Em 1940 os partidos políticos foram dissolvidos pelos autoritarismo e foi criado em seu lugar uma “Associação Nacional para o Serviço do Império” (Taisei yokusankai) onde as divisões foram camufladas em doces discursos. Os súditos do imperador foram exortados a se anularem unindo-se a uma alma coletiva. A dissolução do eu induzida pelo programa ideológico da classe dominante como ferramenta de dominação impõe uma totalidade sem contradições e sempre serviu em todos os tempos para mover as massas em um determinado sentido. Mas o Japão não era exceção. Multidões hipnotizadas nos quatro cantos da terra escutavam os discursos magnéticos desses líderes nacionalistas que brotaram numa mesma época, colheita farta, verdadeira maldição mortal que prosperou nas nações mais civilizadas e deixou uma herança de morte e destruição de milhões.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>O príncipe Konoe, jovem e brilhante representante da nobreza, rodeado de nacionais socialistas, estava inebriado pelas primeiras vitórias que pareciam anunciar um resultado positivo afinal. O supremo sacrifício estava sendo preparado pelos generais que viam no ato da confrontação a possibilidade de garantir um futuro de prosperidade ao país e só uma ação audaciosa poderia elevar a nação ao seu destino merecido de império milenar. Pearl Harbor representava este ato insano de ousadia que só os jogadores acostumados com a sorte e o azar podem apostar. O general Tojo, o homem da guerra, se considerava herdeiro de Yamagata, o grande fundador do exército japonês. Mas os princípios que haviam dado renome ao estadista escapavam-lhe: o aventureirismo deve servir e não pode nada decidir – toda a audácia na tática, toda a prudência na estratégia. Neste ponto de reflexão também a tradição foi esquecida, pior ainda, não foi reconhecida. O almirante Yamamoto, enquanto elaborava os planos para atacar Pearl Harbor, durante o verão de 1941, já sabia que a frota não agüentaria mais de um ano em combate. Mas naqueles tempos tinha se tornado doutrina entre os militaristas que a vontade é a única medida da força e obedecer a verdade era injuriar a vontade. Concluía-se assim que era importante atacar sem demora, para intimidar o adversário. Um país com recursos escassos como o Japão, para continuar a guerra necessitava ampliar a guerra, para terminar a conquista da China, necessitava conquistar o sul da Ásia e garantir assim o fornecimento do petróleo. A expansão sempre é seguida pela retração ensinam as mais antigas doutrinas. </strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Até 1931, a expansão do Império tinha sido lenta, prudente, regular. Depois impulsionada por dez anos de vitórias assumiu um crescimento temerário. Subitamente, foi a explosão em alguns meses, até os confins da Austrália e da Índia. Mas em junho de 1942 começa a derrocada com a batalha perdida de Midway. E o refluxo confirmou-se nos primeiros dias de 1943, em Guadalcanal, depois de ilha em ilha foram minguando os recursos e os contingentes de veteranos até a batalha de Okinawa em abril, maio, junho de 1945. As baixas cresciam, mas eram poucos os que se rendiam. Vencer ou morrer era a divisa levada a sério pelos soldados japoneses. Quando uma posição tornava-se insustentável a carga derradeira contra os lança-chamas e metralhadoras do inimigo aos gritos de banzai, acabava o combate. Os feridos arrancavam o pino de uma granada ou pediam a morte ao melhor amigo. Os oficiais que carregavam o sabre, instrumento da tradição do comando, anacrônico numa guerra na era da pólvora, utilizavam seus préstimos para não sofrer a desonra de cair em mãos do inimigo seguindo o velho ritual da morte voluntária. Os inimigos viam com horror e até certa repugnância o ato acusando o fanatismo desse estranho povo oriental. Não esperavam com isso vencer moralmente nem muito menos convencer os adversários, tinham plena consciência de seguir a antiga tradição do suicídio de derrota.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Aos milhares, os civis também jogaram-se para a morte, por fatalismo e por temor pela derrocada que se aproximava quando teriam que enfrentar uma nova realidade incerta e ficar nas mãos do vencedor vingativo. Em julho de 1944, a pequena ilha de Saipan sofreu o assédio do inimigo e acabou por sucumbir ao fogo intenso das forças americanas. O almirante Nagumo, que tão bem tinha organizado e executado o golpe de Pearl Harbor, preferiu o seppuku, e o velho general Saito matou-se diante de seus oficiais, após ter ordenado o ultimo assalto das forças remanescentes. A população civil japonesa estava refugiada nas grutas que dominavam o mar. Muitos foram os pais e mães que se precipitaram com os filhos no colo dessas falésias. Em Tóquio a imprensa controlada aproveitou para ampliar os acontecimentos, em celebrar o sacrifício dessas vítimas, como exemplos de patriotismo. De batalha em batalha, de uma ilha para outra em Okinawa os obstinados defensores já não tem nenhuma esperança de mudar o curso da guerra, a 22 de junho de 1945 os generais Ushijima e Cho realizam um duplo ritual de seppuku, doze mil americanos e cento e trinta mil japoneses jaziam no campo de batalha. Com a guerra se aproximando do solo nacional, a resistência se tornava mais áspera, mais sangrenta. O general Tojo não estava mais no poder desde a queda de Saipan e o cerco se fechava sobre o país. Mas como parar o sangrento sacrifício? O grande deus canibal da guerra cada vez exigia mais vítimas. Quanto mais mortos mais os sobreviventes se apressavam em seguir o mesmo caminho, envergonhados pela própria existência. Em 1869, o imperador Meiji tinha fundado em Tókio, sua nova capital, um templo dedicado ao repouso das almas dos guerreiros que morriam em combate, Yasukuni jinja, o Santuário da Nação em Paz. “Nós nos encontraremos em Yasukuni”, diziam os soldados antes do ataque. Um armistício nesta altura da guerra parecia uma afronta contra tantas vidas já sacrificadas. O argumento dos mortos servia como motivo para não parar o combate que alimentava o ciclo vicioso de cada vez mais vítimas. A guerra virou um fim em si. Reinava a penúria, a fome já ameaçava as populações e os bombardeios aéreos não davam trégua. Bombas incendiárias caíam nos centros urbanos fazendo vitimas entre os civis. Mas por toda a parte só se clamava para multiplicar os sacrifícios, a inércia do deus devorador de vidas não concebia outra saída.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Após os militaristas terem dissipado toda a resistência interna contra seus atos belicosos, assassinado uns, intimidando outros, sabotando toda a diplomacia e partido para uma guerra de agressão, como suportar a vergonha de uma capitulação perante os olhares da nação ferida e seu imóvel rei deus? Na guerra do Pacifico o exército tinha apostado todas as fichas, a derrota representava sua morte e de seu modo de vida, o fim do sonho antropofágico arrojado pelos ancestrais ao destino nacional de dominação de outros povos para eles sempre inferiores. Enquanto isso no front europeu, outra nação tentava afirmar seus valores de superioridade racial, levando multidões ao sacrifício baseados no sofisma de que ao vencedor tudo é permitido e que só a derrota é a culpa cabal no tribunal da história, idéia que sempre é perseguida pelos sistemas imperialistas de todos os tempos. A tradição militar japonesa sugeria a saída para a contradição da derrota: morrendo fica-se invencível. Cada combatente tinha essa alternativa em mãos, no século das ideologias que consagraram o espírito de liberdade, a morte voluntária era a suprema libertação ao jugo do vencedor vingativo. Tinham os japoneses, plena consciência que depois de tudo feito não podiam esperar maior complacência do vitorioso.</strong></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgda3iS-yGQEpLuIsC3_HqJDrb24N-hnvw0R2VnjpX0gNai9VXal7laZhacuGSF2ICHSksucSgTuN4QohN3Rfb4P_hAodogfz98y5y7400E88hnhBdJz7KIK2_vFcmC4PRkMPDYls91txk/s1600/fotokamikazega.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgda3iS-yGQEpLuIsC3_HqJDrb24N-hnvw0R2VnjpX0gNai9VXal7laZhacuGSF2ICHSksucSgTuN4QohN3Rfb4P_hAodogfz98y5y7400E88hnhBdJz7KIK2_vFcmC4PRkMPDYls91txk/s320/fotokamikazega.jpg" height="320" ox="true" width="220" /></a></div>
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Enquanto nos EUA a casta de cientistas, muitos deles fugidos do nazismo na Alemanha, trabalhava incansavelmente em armamentos de destruição de massa, no projeto Manhattan, e na Alemanha seus cientistas criavam e lançavam suas V1 e V2, os japoneses se gabavam de possuir a arma absoluta, terror do inimigo, segredo espiritual da raça nipônica. Esta receita de invencibilidade, que não requeria novas descobertas científicas, se prendia ao arquétipo de criação da nacionalidade, os antigos costumes de sacrifício tribal oriundos de um passado antropofágico, tradição longínqua, identidade da nação que pela profunda falta de recursos tornou-se rica de abnegação dos seus jovens mais promissores. Para vencer era requerido deles a força de vontade suprema ao ponto de querer vencer até a morte. Bastava organizar a vontade do ponto de vista estratégico para fazer bom uso do sacrifício consentido. Quando os americanos desembarcaram em Saipan, alguns pilotos, conscientes do estado precário das forças japonesas, e da iminência do bombardeamento do solo pátrio tomaram a extrema decisão de se jogarem com seus aviões sobre os navios inimigos: a 20 de junho de 1944, uma esquadrilha decolou da base de IwoJima. A maior parte das aeronaves foi abatida, nenhum alvo foi atingido, de dezessete pilotos, cinco se perderam e acabaram por voltar à base, estavam decididos a tentar a sorte do ataque mais uma segunda vez. A idéia foi bem vinda pelo comando, não era a primeira vez que um projeto de uma ação suicida era concebido. Jibaku eram denominados esses suicídios ofensivos por auto-explosão e todos conheciam os três heróis que, a 20 de fevereiro de 1932, durante os combates de Xangai, tinham rompido as defesas inimigas, munidos com longos bambus carregados de TNT, abrindo uma brecha nas cercas de arame farpado chinesas. Mas com a antevisão da derrota, as façanhas perderam o sentido de improvisação, já não traduziam à emoção de um momento, para se tornarem estratégias sistemáticas, maciças, regulares de quem pretende uma defesa desesperada. </strong></span></span></span></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Calibri;"><strong>A 19 de Outubro de 1944, o vice-almirante Onishi, comandante das forças aeronavais das Filipinas, na base de Mabalacat dirigiu-se aos seus subordinados e comunicou suas conclusões aos pilotos reunidos. Os americanos tinham acabado de realizar seu desembarque, ia travar-se uma batalha naval decisiva, mas havia a possibilidade de grandes danos ao inimigo se caças do tipo Zero, carregados com uma única bomba de duzentos e cinqüenta quilos, fossem explodir contra os porta-aviões inimigos. Solicitou o comandante, voluntários para a missão, entre seus comandados. Não havia a mínima chance de sobreviver a ação, diferente de outras missões onde uma ínfima possibilidade de retorno ainda é possível, segurança ilusória que em condições normais dá forças aos soldados. Nem a decisão foi tomada no calor da batalha, quando exemplos de heroísmo ocorrem em meio ao fragor dos canhões e um herói sucumbe para destruir um alvo e preservar seus companheiros da morte.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG3pbAUqW2LQqOhbYDY3e-kVG0xmObAWI9dLerMZgVae6SQ8o0w5vgiskq09Kg4mfIDpnmjgeP6nAQrhpMPZikXogPPppEHQLkJypjNqhxyezzxLf0Dwxliik274G6aY2A_Rmtc5HKJcY/s1600/kamikaze.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG3pbAUqW2LQqOhbYDY3e-kVG0xmObAWI9dLerMZgVae6SQ8o0w5vgiskq09Kg4mfIDpnmjgeP6nAQrhpMPZikXogPPppEHQLkJypjNqhxyezzxLf0Dwxliik274G6aY2A_Rmtc5HKJcY/s320/kamikaze.jpg" height="219" ox="true" width="320" /></a></div>
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Os pilotos de Mabalacat silenciosos ouviram as palavras de Onishi, pesaram os argumentos, depois deram seu assentimento unânime. A 20 de outubro de 1944, três dias após o desembarque norte americano nas Filipinas, três dias antes da terrível batalha naval de Leyte, “Unidades especiais de ataque por choque corporal”, Taiatari tokubetsu kogekitai, abreviado Tokkotai, foram criadas, a principio quatro esquadrilhas. Na manhã de 25 de outubro, uma primeira vitória, dos cinco aparelhos da esquadrilha Shikishima, quatro conseguiram atingir o alvo e o porta-aviões Saint-lo foi afundado. Quando foi informado do acontecido o imperador formulou uma aprovação reservada, ambígua: “Seria indispensável chegar até aí? Enfim, é uma bela ação”. Seriam chamados shimpu, ou kamikaze, o vento dos deuses, como o tufão que se abateu sobre a frota mongol em 1281, salvando o Japão da invasão. Os mais graduados não tinham ilusões, mas era a ultima esperança de um país em vias de sofrer uma invasão e evitava demonstrar imobilidade ante a opinião do povo já no limite da resistência.</strong></span></span></span></div>
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<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>O voluntarismo foi expressivo, havia listas de espera. Essa idéia repercutiu como uma solução inaudita entre os militares e civis. Não era o clímax espiritual de uma iniciativa de sacrifício do individual em função do coletivo? Em vez de fanatismo a vontade de vencer ocupava o imaginário desses voluntários, uma correlação de forças que tinham condições de estabelecer com o inimigo que dispunha recursos ilimitáveis, mas não tinham a disposição o moral para o sacrifício supremo. Os pilotos sabiam que mais cedo ou mais tarde seriam abatidos pelos inimigos que possuíam melhores aeronaves e profusão de equipamento, então mais valia escolher uma morte mais rápida porém mais eficaz em termos de danos contra a frota do invasor. Esses homens não se prometiam nenhuma recompensa, nenhum paraíso, logo não se prometiam nem mesmo a vitória. Nada iludia para eles o fio da morte. A tradição marcial do Japão sempre tratou com desprezo as ilusões, diferente de outros sistemas de crença existentes. Assim o coração desses combatentes se forjava pela simples necessidade.</strong></span></span></span></div>
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<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Sobre tais princípios foram convocados os candidatos ao sacrifício. A batalha das Filipinas estava perdida, mas a instituição da morte voluntária tinha se tornado regular. A exemplo das forças aeronavais, o exército do ar organizou suas unidades especiais. Só eram escolhidos indivíduos da elite no começo, dissuadindo-se todos aqueles que não eram excelentes pilotos. O principio do voluntariado sempre foi respeitado. O comandante de uma base aérea reunia uns trinta alunos oficiais, discursava sobre a angústia da nação ameaçada, a necessidade do sacrifício, e dava um prazo até a noite seguinte para receber a resposta de um por um. Raros eram os que declinavam da honra recebida. O companheirismo criado no treinamento motivava a aceitação de um destino comum forjado na caserna. Como os antigos guerreiros hoplitas cada um servia ao lado do companheiro de armas e adquiria o fatalismo necessário de uma sorte comum. O sentimento de solidariedade e de emulação, tão forte aos vinte anos, reunia a vontade de todos num mesmo impulso. Iam então todos para o escritório do comandante, recebiam as felicitações, assinavam um engajamento e o treinamento começava, na medida em que os escassos recursos permitiam, pois o estrangulamento das capacidades militares japonesas já era visível, até mesmo o combustível de aviação sofria racionamento. Tudo faltava menos vidas humanas. Tinham cadastrados duas vezes mais voluntários que aviões disponíveis. Os pilotos de carreira, cada vez mais raros, eram reservados para as missões de cobertura, para os combates aéreos onde poderiam usar sua destreza, e os novatos para o mergulho em direção ao alvo. As recomendações eram para manterem a calma e sentirem-se responsáveis pelo uso eficaz do precioso avião que lhes foi confiado. Era preciso escolher a presa, e voar rente às ondas, ou se precipitar a pique sobre a embarcação, esquivando-se do fogo inimigo. Manter a mente desperta, o coração calmo, os olhos bem abertos, para atingir com eficiência o objetivo. Era preciso resistir à pressa, à ansiedade, ao impulso, ao desencorajamento, enfim levar seu suicídio a bom termo, sem nenhuma comoção, e de incorporar, morrendo, o autodomínio de um arqueiro zen à perfeição.</strong></span></span></span><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Estes jovens de vinte anos viram-se então diante da morte com algumas semanas, alguns meses de antecipação e preparo. Sua escolha lhes obrigavam a manter à altura do compromisso supremo. A maioria dos candidatos vinha das universidades, das disciplinas jurídicas e literárias, pois se consideravam os cientistas primordiais para o futuro do país para serem desperdiçados assim. Muitos de seus camaradas tinham já desaparecido. Uma noite recebiam a notícia de que no dia seguinte seria a ultima manhã das suas vidas. Escreviam suas ultimas cartas, um ou dois poemas, e dormiam sabe-se lá como. Ao nascer do sol, aprontava-se uma mesa em pleno campo de aterrissagem, a esquadrilha se reunia junto com o comandante da base para uma ultima taça de saque enquanto era retirada as camuflagens de galhos e folhas que cobriam as aeronaves. As fotos e filmes registraram seus rostos sorridentes nas cabines dos aviões, agitando uma saudação com a mão, com a testa cingida por uma faixa branca de algodão impresso um sol vermelho ao centro. Não pareciam estar seguindo para a morte certa. Nem eram as doutrinas nacionalistas que nessa altura da guerra motivavam seus atos, mas sim uma certeza da agonia de sua pátria que lhes davam forças para prosseguir. Após romperem as amarras da vida estavam livres para cumprir seu destino. Suas dúvidas estavam resumidas na capacidade de atingir com sucesso objetivo. Fechariam os olhos no momento do impacto? </strong></span></span></span><span style="color: #444444;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: #990000;"><strong>Teriam o sangue frio necessário para atingir seu alvo? </strong></span></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #990000;"><strong></strong></span></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmfCyxT_aYU6NV_rY2iC9h6HpUB2WSqe-fDzII579OIk049Lw59DRdnzi8K5uI_4JIIL7guC60e0XKNvo4ZkF1OdRyP1KBrGBRHVWktlIDla6bBvhjqbHg_cgzO7XETEN6xZyn_1Q0HZM/s1600/porta+avi%25C3%25B5es.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmfCyxT_aYU6NV_rY2iC9h6HpUB2WSqe-fDzII579OIk049Lw59DRdnzi8K5uI_4JIIL7guC60e0XKNvo4ZkF1OdRyP1KBrGBRHVWktlIDla6bBvhjqbHg_cgzO7XETEN6xZyn_1Q0HZM/s1600/porta+avi%25C3%25B5es.jpg" /></a></div>
<span style="color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 115%;"><span style="color: #990000;"><strong><br />
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 18px;"><strong>Suas ações foram temíveis. O inimigo num primeiro momento não sabia como reagir, o navio visado deveria tentar uma rota em ziguezague ou ajustar o alvo com os canhões antiaéreos? Com o tempo aprenderam a se defender, o efeito surpresa foi desgastado e as perdas de navios foram aos poucos minimizadas. Os tokkotai atingiam o alvo em menos de um caso por oito, não eram a arma cem por cento eficaz, mas seu baixo custo justificava pelos resultados, seu rendimento era superior que outros métodos ordinários em termos de estratégia de ataque. A batalha de Okinawa foi a mais encarniçada, estava em jogo o orgulho de uma nação já quase derrotada, trezentos navios foram atingidos, trinta e quatro afundaram. Não era mais o bastante para salvar o Império. Os pilotos experientes já na sua maioria tinham desaparecido. A instrução ficou ainda mais prejudicada pela falta de combustível de aviação. Usavam-se antigos aviões que não podiam sustentar um combate aéreo. A cota de combustível não compreendia a volta. Inventou-se um torpedo voador, de fabricação sumária, largado do avião como um planador, o piloto do engenho ia sentado sobre uma tonelada de explosivos, acendia três foguetes que o propulsavam em velocidade sobre o alvo escolhido. Essas unidades de elite foram batizadas solenemente de Jinrai oka, Flores de Cerejeira do Trovão dos Deuses. Em 21 de março de 1945 tentou-se utilizar a nova estratégia, mas nessa altura do conflito, o domínio aéreo dos norte americano era esmagador, os bombardeiros portáteis foram interceptados, abatidos. Durante outro ataque, a 12 de Abril, conseguiram afundar apenas um contratorpedeiro. Seus esforços minguavam mas não a criatividade dos inventores que focou-se na questão dos batalhões suicidas: botes leves carregados de explosivos, homens-rã, submarinos-torpedos. Nos testes nenhum deles demonstrou-se eficiente. Ritualmente, até o fim, cinco mil pilotos kamikazes na idade de uns vinte anos se sacrificaram em alguns meses. Ninguém mais imaginava deter o desembarque do inimigo, mas era necessário que o sacrifício persistisse para honrar a glória do Grande Japão agora em mortal agonia. O grande deus canibal incorporado na imagem do sol nascente, da mesma forma, como entre os Astecas exigia o sacrifício mortal dos guerreiros. O endocanibalismo ritualizado nessa forma de combate desesperado iria afirmar a vocação nipônica com esse sacrifício extremo. Como na lenda de Teseu e o Minotauro o Japão entregava seus jovens em holocausto ao inimigo. Eficazes ou não, dizia o almirante Onishi, esses ataques dão ao mundo e a nós mesmos o espetáculo do heroísmo e do orgulho, garantem, aconteça o que acontecer, a sobrevivência de nosso patrimônio espiritual. Assim como entre os ameríndios ocorria, o sacrifício do guerreiro é um fim em si, é vazio e vão, mas repercute no distante passado da humanidade, nesse processo sem sentido aparente que é a guerra dos homens e retorna à sua trilha primordial, sua verdadeira dimensão de evidente ritual antropofágico. As máscaras orgulhosas das marchas e ufanismos nesse caso caíram e despojaram o feio monstro da guerra de seus disfarces, discursos e flâmulas ondulantes. </strong></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk9aOA5iQYPIwpsnr-mZ_XAyaLx9MwezEHANz-GY_h9-QROAyzo5qVCMqw1szVQjJoW-GvmErjoBLGSa0wp_8z226AlR5rFWNVV238ZRY2sk0am5NDY7NoG_KojWm5scrUHmDUyzbIw5E/s1600/DSC02990.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk9aOA5iQYPIwpsnr-mZ_XAyaLx9MwezEHANz-GY_h9-QROAyzo5qVCMqw1szVQjJoW-GvmErjoBLGSa0wp_8z226AlR5rFWNVV238ZRY2sk0am5NDY7NoG_KojWm5scrUHmDUyzbIw5E/s400/DSC02990.JPG" height="300" ox="true" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 115%;"><strong><span style="color: #990000;"><span style="color: #444444; font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 115%;"><span style="color: #990000;">A última semana do Grande Japão começou com dois golpes terríveis: Hiroshima a 06 de Agosto e Nagasaki a 09 de Agosto. Para causar o efeito desejado perante o mundo , os Estados Unidos da América atacou seu inimigo com um novo armamento principalmente visando barrar as ambições expansionistas de Stálin. Essa terrível hecatombe no seu sentido mais amplo iria mudar para sempre o equilíbrio das forças no mundo todo e inaugurar um novo termo estratégico: “o terror atômico". Com seu ataque mortal contra alvos civis os EUA se tornaram o único país do mundo que utilizou tais armas de forma ofensiva contra pessoas desarmadas. O imperador Hiroíto, até então uma figura simbólica do poder no Japão tomou o rumo da situação e de forma inesperada para sua função intercedeu junto aos principais comandantes e usando de seu mandato divino pela primeira vez na história do Japão permitiu seus súditos escutarem a voz do mandatário através de uma transmissão radiofônica. Falou ao povo sobre a derrota iminente em um discurso memorável. Os novos ventos da Era Atômica sopravam sobre a humanidade</span>.</span> </span></strong></span><br />
<br />
<strong><span style="color: #990000; font-family: Calibri;">Bibliografia: Texto extraído e adaptado </span></strong><br />
<strong><span style="color: #990000; font-family: Calibri;">1) "A Morte Voluntária no Japão" - Maurice Pinguet - 1987</span></strong> </div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-3279045644292152252010-11-15T13:15:00.036-08:002015-04-21T14:37:17.260-07:00SS - A Solução Final<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBl9OygGar58Y0NsA5hX0WPE5AwWlOXgJTCmodJA9ohhxC9vQeQOhUD7uUf9fN5KWh5jF0GaeoXmU8Nt5CiMP0JhjtH9-5sd5ekLOw374xgdJH2IjTRtPBO5B33fVf-6mnxruGMDSC5uY/s1600/hitler004.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBl9OygGar58Y0NsA5hX0WPE5AwWlOXgJTCmodJA9ohhxC9vQeQOhUD7uUf9fN5KWh5jF0GaeoXmU8Nt5CiMP0JhjtH9-5sd5ekLOw374xgdJH2IjTRtPBO5B33fVf-6mnxruGMDSC5uY/s1600/hitler004.jpg" /></span></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“Quando comparo a sociedade alemã com as matilhas de lobos e os sentimentos, desejos e impulsos do individuo alemão com os do lobo ou cão, não o faço com a intenção de usar uma analogia vaga, mas sim para chamar a atenção sobre uma identidade real e notável... a necessidade psíquica que faz bravo o lobo em um ataque em massa é igual a que faz bravo o alemão em um ataque em massa; a necessidade psíquica que faz um cão submeter-se ao látego de seu dono beneficiando-se com isso, faz o soldado alemão submeter-se ao látego de seus oficiais, beneficiando-se com isso”. (Trotter, 1916 – PP 191-2, 203)</i></span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i><br />
</i></span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A afirmação da Reforma na Alemanha no séc. XVI com a institucionalização da fé protestante e o estabelecimento de uma rígida doutrina, constituiu uma Igreja Oficial, do Estado, baseada na fórmula <i>“cuius régio, eius religio”</i>, isto é, “a quem governa o país cabe impor a religião”, princípio que obriga todos os súditos a seguir o culto. Lutero argumentava que a fé diz respeito a vida interior, e que em relação às autoridades constituídas o homem deve obediência e submissão.</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br /></span></b>
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Nota-se que no final do século XVIII e início do século XIX, a terminologia "Kultur "aparece pela primeira vez na Alemanha, a qual não se encontrava ainda unificada e buscava a formação de um Estado-nação. Era nítida a necessidade de um resgate de sua identidade nacionalista, o que distinguiu sensivelmente o sentido semântico da palavra na antítese cultura/civilização presente na França. </span></b><b><span style="color: #990000; font-size: small;">Já em em 1774 na Alemanha, indo em sentido contrário aos princípios universalistas do iluminismo francês, surge Herder que defende a particularidade de cada cultura nacional. A consciência alemã passa a adquirir uma visão de superioridade, ligando cada vez mais a cultura ao nacionalismo, traduzida numa civilização que enfoca os progressos materiais, ligados ao desenvolvimento econômico e técnico.</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br /></span></b>
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O conceito de “Kultur” cunhado pelos alemães em busca de sua identidade nacional, a partir dos ideais filosóficos de Kant, endeusados por Nietszche, cantados por Wagner e codificados nos poemas de Goethe, em particular no seu Fausto, culminou no séc XX num frenesi de busca de raízes primevas oriundas da mais baixa concepção ideológica de uma classe burguesa permissiva e burocrática associada a uma nobreza decadente que sublimou suas frustrações na exaltação de mitos guerreiros ancestrais e resultaram na carnificina e no canibalismo ritual da “solução final” com a total complacência do mundo moderno.</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br /></span></b>
<b style="background-color: white;"><span style="color: #990000; font-size: small;">Pouco antes da eclosão da II Guerra Mundial, Carl Jung ficou fascinado com o súbito aparecimento de material arquetípico relacionado aos mitos teutões entre os nazistas, que notou possuir uma associação direta no inconsciente coletivo do povo alemão. Acreditava o sábio que o movimento nazista recorria aos atributos de Wotan, o deus teutônico da tempestade e da cólera. Citando o fenômeno “a volta dos reprimidos”, típico de pacientes psicóticos, teorizou Jung que Wotan voltara através do inconsciente coletivo dos nazistas porque eles haviam reprimido a própria espiritualidade pelo puritanismo imposto até então. Um compromisso transpessoal com a morte e a destruição substituiu a imagem de Deus no inconsciente alemão. Jung acreditava que a imagem de Deus era o único Outro Transpessoal psicologicamente adequado. Os nazistas sofreram a tendência da mitologização do seu ideal pangermânico e fizeram milhões de pessoas sofrerem com eles. O Estado nazista impôs sua ideologia da mesma forma que antes na Alemanha se impunha o culto puritano.</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br /></span></b>
<b style="background-color: white;"><span style="color: #990000; font-size: small;">A burguesia ascendente alemã, em larga medida puritana, via com desgosto os maneirismos de sua corte que buscava assemelhar-se aos nobres franceses da época. Buscavam no seu passado guerreiro pagão e nos valores e tradições uma identidade de sua cultura que nos séculos subsequentes iriam transformar em ideologia e motivar suas ações militaristas e expansionistas.</span></b>
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<div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">As guerras franco-prussianas na época de Napoleão e depois contra seus sucessores no séc. XIX determinaram um primeiro experimento do militarismo alemão em tentar instaurar um império continental, aspiração que foi atingir seu auge beligerante ainda enquanto monarquia nos primórdios do séc. XX na I Guerra Mundial (1914-1918). As lutas nas trincheiras em grande medida estavam influenciadas pelas idéias estratégicas do séc. XVIII, quando contingentes de infantaria e artilharia se defrontavam numa batalha decisiva para definir que exército sairia vitorioso do confronto, dentro dos exemplos táticos consagrados pelos especialistas e baseados na tradição milenar de choque frontal dos europeus, numa batalha onde as normas estavam estabelecidas de antemão entre os beligerantes pela tradição marcial. Ao invés de definir o vitorioso, a guerra de trincheiras, com avanços tecnológicos evidentes que iriam revolucionar a arte da matança nos anos vindouros, prolongou o impasse estratégico e instaurou a carnificina pelo seu alto poder de fogo, sem ficar claro quem havia de fato conseguido atingir o objetivo final da vitória.</span></b></div>
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O patriotismo alemão superexcitado pela guerra de 1870, lançou o anátema sobre a "raça semítica", julgada inferior à "raça germânica", como se a palavra "raça", aplicada a sub-variedades da raça branca, pudesse ser defensável do ponto de vista científico. Este novo alento do anti-semitismo na Europa, que, fazia pouco tempo, havia emancipado os judeus, coberto com a máscara patriótica, foi primeiramente propagado em Berlim, com a conivência de Bismarck, pelo pastor da corte Stoecker (1878); em Viena encontrou um representante enérgico em Lueger, morto em 1910, que se proclamava um socialista cristão que pretendia defender a classe dos pequenos comerciantes e trabalhadores contra a usura judaica. Da Alemanha o movimento difundiu-se para a França (até o ano de 1885), de onde, com o incentivo dos jesuítas e assuncionistas, triunfou sobre toda esperança de igualdade pelo espaço de dez anos. Na Argélia, onde a população local judaica havia recebido cidadania francesa em profusão pelo então ministro judeu Crémieux ( novembro de 1870) por um projeto executado ainda no tempo do império, ocorreram perseguições anti judaicas, foram saqueadas lojas, mulheres foram agredidas e até assassinatos ocorreram. Na França, o caso Dreyfus que tinha servido de propaganda do partido nacionalista anti-semita, abriram os olhos finalmente dos republicanos sobre o verdadeiro objetivo da questão, a tolerância, uma das principais bandeiras da revolução, se cingindo o antisemitismo como uma idéia nefasta contra a mesma. Mesmo com a reabilitação do capitão Dreyfus (1906), a campanha deflagrada pelos detratores dos judeus surtiu o efeito desejado, a ponto de nessa época um judeu para alcançar qualquer posição dentro da sociedade européia necessitasse muito mais talento e esforço que os demais cidadãos de outras religiôes, como testemunhou Salomon Reinach em sua obra: "História Geral das Religiões" (1910).</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br />
</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O militarismo e o sentimento de superioridade estava profundamente enraizados no pensamento alemão. Treitschke e Nietzsche, os mais importantes filósofos do pensamento intelectual germânico do séc. XIX endossaram em suas teorias, tudo o que o credo nazista pregava e que seria largamente utilizadas como doutrina pelas tropas de assalto de Hitler, na corporificação do "super homem", que ambos haviam dado uma existência literária. "A guerra não só é uma necessidade prática como também uma necessidade teórica, uma exigência lógica - escreveu Treitschke. O conceito do estado subentende o conceito de guerra, pois a essência do estado é o poder. Que a guerra deve ser banida no mundo é uma esperança não só absurda, como profundamente imoral. Isto implicaria na atrofia de muitas das formas essenciais e sublimes da alma humana. Um povo que se apegou à quimérica esperança da paz eterna acaba irremediavelmente em decadência no seu orgulhoso isolamento". Nietzsche mostrou sua aprovação a tais idéias numa exortação ainda mais direta: "Amareis a paz como um meio para uma nova guerra, e amareis mais a paz breve do que a prolongada. Aconselho-vos, não a trabalhar mas a lutar. Aconselho-vos, não a paz, mas a vitória. Dizeis que a boa causa santifica até mesmo a guerra? Eu vos digo: é a boa guerra que santifica toda a causa. A guerra e a coragem tem realizado mais que a caridade". Sua filosofia se assemelhava ao dos guerreiros das estepes de Gengis Khan que empilhavam crânios à passagem de suas hordas sem piedade. "Os homens fortes, os Senhores, recuperam a consciência pura de um animal de rapina; monstros repletos de alegria podem voltar de uma terrível sucessão de assassínios, incêndios premeditados, estupros e tortura, com a mesma alegria no coração, com o mesmo contentamento na alma, como se tivessem participado de uma algazarra estudantil. Quando um homem é capaz de comandar, quando é por natureza um "Senhor", quando é violento nos atos e gestos, que importância tem os tratados para ele? Para julgar adequadamente a moralidade, ela deve ser substituída por dois conceitos tomados da zoologia: a domação de um animal e a procriação de uma espécie". Assim pregava o ideologista travestido de filósofo. Essa é a essência do pensamento ariano primordial tão bem traduzida pelos seus emuladores doentios que é sufocada e reprimida, mas de tempos em tempos, sempre ressurge com outras vestimentas. Segundo os filósofos oficiais do regime o termo "cultura" volta outra vez ao seu contexto agrário primordial de "criação animal", para designar os anseios de pequena parcela da humanidade que se pretendiam eleitos ao panteão divino pelos próprios falsos conceitos de superioridade racial. </span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Foi só na II Guerra Mundial que os alemães “inovaram” suas estratégias de combate causando uma surpresa mortal aos demais exércitos do continente pelas táticas de guerra adotadas, copiadas dos antigos guerreiros nômades das estepes, com seus movimentos repentinos, avanços e recuos premeditados, alta mobilidade das tropas apoiadas por brigadas de blindados que substituíram a cavalaria montada e apoio aéreo de artilharia coordenados que tornavam suas ofensivas altamente eficientes e destrutivas. Uma velha estratégia dos guerreiros citas e mongóis com novas roupagens, o conceito de guerra total recriado, seria utilizado com sucesso pelos alemães, que subjugaram os maiores exércitos europeus então existentes, e após a surpresa inicial os países vencidos tiveram que também copiar essas táticas para poder fazer frente à máquina de guerra nazista. Estava criada a “Guerra Relâmpago”, a Blitzgrieg alemã. Como mandava a antiga tradição indo ariana a guerra total assumia sua verdadeira identidade de etnocídio e antropofagia que vivia antes disfarçada nos mandamentos das antigas táticas de guerra estratificadas pelos impérios europeus já decadentes.</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br />
</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Os alemães como os japoneses sempre tiveram em mente criar um grande projeto nacional de dominação dos outros povos para garantir o fornecimento ininterrupto das matérias primas e assim manter a expansão da exploração dos recursos naturais que suas nações empobrecidas careciam para manter seus parques industriais em funcionamento e suas classes trabalhadoras disciplinadas e ocupadas. Saindo de uma profunda crise econômica após a I Guerra, a Alemanha encontrou no nacional socialismo e na questão da identidade racial uma força motora para empreender o assalto da Europa. Seus lideres nacionais foram selecionados pela classe dominante, que detinha o dinheiro e poder, e esta elite nacional os elevaram até os picos mais altos do poder e da glória, perdendo o controle o criador da criatura.</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br />
</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O fator determinante que originou a tempestade que se abateu sobre o mundo e <b><span style="font-family: Calibri, sans-serif;">cobrou</span></b> um holocausto sangrento, muito maior que a morte dos seis milhões de judeus nos campos de extermínio, teve início nas famosas cervejarias da Baviera onde homens desencantados com os caminhos que seu país adotara após a I Guerra Mundial, sonhavam ainda com o desfile das armas e com o renascimento dos valores guerreiros dos povos teutões dos quais acreditavam descender.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Para atingir seus objetivos esses políticos saídos das tabernas necessitavam criar grupos paramilitares em que pudessem confiar. Em novembro de 1923, ano em que os nazistas causaram sua primeira aparição, nessa época a “Stosstrupp Hilter” possuía cinqüenta membros, e integrava uma subunidade especial das Sturmabteilungen (SA – tropas de assalto), um exército particular de dois mil indivíduos que Röhm, um ex-militar convocara para assegurar a tomada de poder do partido nazista.</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br /></span></b>
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O abortado “putsch” da cervejaria em Munique no dia 9 de Novembro de 1923 custou doze perdas fatais às Stosstrupp, e a prisão de seu líder, Hitler, durante certo tempo. Libertado em dezembro de 1924, Hitler reestruturou o partido e em abril do mesmo ano fundou uma nova “guarda de elite” logo rebatizada de Schutzstaffeln, ou como passou a ser mais conhecida como SS. Himmler, que desde sempre trabalhara para o partido, entre outras coisas como inspetor dos arsenais secretos, logo ingressou nas SS e recebeu o número de inscrição 168. De empasteladores de jornais que lhes faziam oposição, passaram a vendedores de anúncios e assinaturas do principal órgão oficial de divulgação do Partido ( Der Völkische Beobachter ).</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;"></span></b></div>
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em janeiro de 1929, quando Himmler seu fiel colaborador tinha vinte e nove anos, Hitler nomeou-o como Reichsführer SS. O novo e grandioso cargo de comando escondia o fato de que o quartel da SS em Munique controlava apenas trezentos homens, enquanto em Berlim existia outro comando SS ligado diretamente a Goebbels, e continuava sendo as SS uma subunidade das muito maiores SA de Röhm.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Apesar disso, estas unidades compunham uma elite, com seus distintos uniformes pretos tinham primazia sobre os camisas-parda de Röhm, e como uma guarda pretoriana só admitia a filiação de pessoas selecionadas. No jargão nazista “selecionado” representava alguém escolhido a dedo pelos altos valores políticos e pela “pureza racial” o dogma básico de seu credo discricionário. Não chegava a surpreender que seus alto-sacerdotes tivessem feito seu aprendizado criando animais de corte. Walther Darré, que pretendia transformar os agricultores alemães em “uma nova nobreza de sangue e terra”, fora criador de suínos. Himmler, seu mais profundo admirador e discípulo da idéia de superioridade racial, antes era criador de galinhas nos arredores de Munique até assumir seu comando nas SS.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Oriundo da pequena burguesia alemã, Himmler desde pequeno recebeu de seus pais uma educação conservadora como era de se esperar de um pai professor puritano e de uma mãe dona de casa. Aos vinte e quatro anos ainda era virgem e foi completar seus estudos no curso de agricultura de três anos na Universidade de Munique. No meio acadêmico ingressou numa associação de duelistas, onde praticava a esgrima e o tiro ao alvo junto com exercícios atléticos para o aperfeiçoamento físico, enquanto participava de serviços burocráticos para a comissão de estudantes e tomava lições de dança para exercitar o desembaraço social mantendo relações platônicas com o sexo oposto. Sua inadequação social e física nem mesmo no auge de sua carreira política seria vencida. Em 1928 casou-se com Margarete Concerzowo, sete anos mais velha do que ele e dona de uma pequena clínica em Berlim, onde residia já há um ano em função dos negócios do Partido. Sua formação de enfermeira levava-a a compartilhar os interesses de Heinrich pela homeopatia e cura por ervas. O casal se esforçava para manter sua pequena propriedade que havia comprado com recursos de Marga a dezesseis quilômetros de Munique onde criavam cinqüenta galinhas. Em 1929 nasceu Gudrun, sua primeira filha, condenando Marga a uma vida de viúva em sua fazenda, pois Himmler vivia cada vez mais ocupado pela política e pelos seus problemas emocionais.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">No mesmo ano, na esteira da crise de Wall Street, enquanto o valor dos títulos despencava, as ações políticas dos nazistas subiam numa taxa ainda mais rápida que o crescente desemprego na Alemanha. Nas eleições de 1930 de doze deputados no Reichstag passou para cento e sete indivíduos a representação nazista.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;"></span></b></div>
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em 1931 a filiação na SS chegou em pouco tempo a casa dos cinco algarismos, ano em que a “Ordem da Caveira”, assim denominada pela insígnia que encimava seus quepes pontiagudos, assumiu sua verdadeira identidade ideológica racista. O ideólogo do sangue-e-terra, Darré, fundou o Departamento de Raça e Colonização das SS (Rasse-und Siedlungd-Hauptamt, o abreviadamente RUSHA), que aliava a promoção de casamentos eugênicos com pesquisas sobre antigas raças arianas e povos que poderiam ser germanizados no futuro.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Uma das primeiras medidas adotadas pelo Departamento de Raça e Colonização foi a criação do código de casamento das SS, segundo o qual a aprovação do matrimonio de um membro da organização era oficializada na prova de ascendência ariana da noiva, retroativa a 1750, análise sobre seu caráter, sanidade mental, saúde física e fecundidade comprovada. O RUSHA detinha um registro de linhagem de todos os membros da SS, e todos eles receberam um Sippenbuch (Livro do Clã), contendo o código matrimonial, no qual deveriam ser registrados os dados estatísticos da esposa e filhos.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Por volta de abril de 1932, os efetivos das SS chegam a trinta mil, enquanto os camisas-pardas chegavam a dez vezes mais. Os novos contingentes das SA permaneciam ociosos, a camaradagem, as refeições e uniformes gratuitos ocupavam as classes mais baixas da população pobre do interior e da cidade que engrossavam as suas fileiras em busca de uma nova ordem. Já as elitistas SS abrigavam profissionais liberais, professores universitários, ex-oficiais do exército e até mesmo membros da nobreza, como o Príncipe Waldeck-Pyrmont e o Príncipe de Mencklenburg. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"> </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Reafirmando o principio da seletividade racial como dogma do espírito das SS, Himmler ordenou, em princípios de 1934, que fossem excluídas cinqüenta mil uniformizadas “violetas de março”. Esta limpeza de suas fileiras constituiu um breve aperitivo em comparação ao rito canibal de purificação realizada pelas SS na sociedade alemã em geral e após 1939 na maior parte da Europa “civilizada”.</span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Duas novas palavras foram cunhadas pelos nazistas nesta época que seriam conhecidas no mundo todo e tinham o sentido da “purificação” que eles pretendiam. KZ (sigla de Konzen-trationslager, ou campo de concentração) e Gestapo (sigla de Geheime Staatspolizei, ou policia secreta estatal).</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Quando tomaram o poder as prisões, maltratos e torturas passaram a ser a norma mortal do novo regime que firmava suas garras sobre a Alemanha. Milhares de opositores foram presos pela Gestapo e seus auxiliares que mantinham na policia, e as cadeias convencionais passaram a ser insuficientes para manter as multidões que foram então enviadas aos campos de concentração. Em 1933 sua organização era precária e a Gestapo ainda carecia da eficiência que teria anos mais tarde. Cada organização queria ter a prioridade de administrar tais campos gerando verdadeiros atritos entre as SA e SS. Campos clandestinos chamados “selvagens” eram comuns.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em março de 1933, Himmler tornou-se Presidente da Policia de Munique, tendo Heydrich, um atlético ex-oficial expulso do exército alemão e seu fiel braço direito, como assistente. Em junho foi criado o campo de concentração de Dachau, que seria o modelo de todos os outros infernos criados pelos nazistas na terra.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A rotina do campo, a cargo de homens das SS e das SA, consistia num militarismo pervertido que obrigava os prisioneiros a uma sádica instrução marcial. Os detentos eram obrigados a responder à chamada, fazer continência, ficar em posição de sentido, acusar presença, marchar em acelerado e suportar as mais vis formas de insultos dos guardas e oficiais. Por infringir os regulamentos podiam sofrer, de acordo com o código disciplinar, as seguintes penalidades: trabalho forçado, ordem unida punitiva, chamadas prolongadas, confisco de correspondência, redução das rações, prisão em solitária, prisão no escuro, encarceramento em pé em cela, vinte cinco açoites nas nádegas (cobertas ou nuas), suspensão pelos punhos em um mastro, transferência para um batalhão de castigo, e morte por fuzilamento ou enforcamento.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnl7rvDsTM-eHeVHHzNproIRuMa7n1w8AaaZ7hSzpxFNFPPO2SJlNuX7QQF7nM9-INYP4kItGu52B-Y1qHVozttuq_eh_WvUZ07bHZ0cbhFHdHAsNHBFp_JdD4mb_fKOeayzL4qn_f4gI/s1600/campo+de+concentra%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnl7rvDsTM-eHeVHHzNproIRuMa7n1w8AaaZ7hSzpxFNFPPO2SJlNuX7QQF7nM9-INYP4kItGu52B-Y1qHVozttuq_eh_WvUZ07bHZ0cbhFHdHAsNHBFp_JdD4mb_fKOeayzL4qn_f4gI/s400/campo+de+concentra%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" height="400" width="285" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;">Crianças nos KZ</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Coube o primeiro comando de Dachau a Theodor Eicke, que Himmler tirara pouco antes de um asilo de loucos em Würzburg, onde tinha sido internado numa camisa-de-força pela justiça como uma ameaça pública. Ele realizou notável carreira nas SS, sendo promovido em pouco mais de um ano do comando do primeiro KZ do Terceiro Reich para o controle de todo o sistema de campos de concentração que, no outono de 1934, incluía oito grandes instituições.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Os guardas de Dachau procediam das camadas mais baixas da sociedade bávara, camponeses embrutecidos e atrasados que consideravam integrar as SS uma honra e uma forma conveniente de evitar um trabalho honesto. Doutrinados pelos oficiais em suas idéias raciais odiosas e na medieval tradição provinciana do interior da Alemanha, esses guardas nutriam ódio especial contra os intelectuais e os judeus. Prisioneiros que tinham diplomas universitários, ou usavam óculos despertavam reações brutais dos guardas e sofriam todas as perversidades imagináveis. Os guardas eram também mantidos em estado de fadiga e stress contínuo, o que os mantinha em constante estado de raiva. O condicionamento de banalização da violência imposto entre os guardas, integrantes das unidades da Caveira, consistia de três semanas de exercícios militares exaustivos com uma semana de guarda no campo, onde eram obrigados a presenciar os açoitamentos e enforcamentos junto com os prisioneiros.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Para a opinião pública alemã as SS utilizaram a estratégia da difusão de boatos. Embora todos conhecessem sua existência, os campos eram assunto tabu, cercados de sigilo e medo. Mas como o sigilo absoluto também não servia aos interesses da política repressiva do regime, permitiu-se que um número mínimo de informações sobre o que na verdade acontecia por trás das cercas eletrificadas, holofotes e torres com metralhadoras, vazasse para o mundo externo. Assim o termo oficial “morto ao tentar escapar”, que ocorriam nas páginas internas dos jornais e nos comunicados oficiais às famílias das vitimas camuflava os acontecimentos das mortes premeditadas pelos carrascos, virando logo um termo popular para designar de forma mortalmente cínica as execuções universalmente compreendidas por todos os alemães.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A diversidade entre os prisioneiros dos campos era incentivada por Himmler e Heydrich, pois a tática romana “Divide et Impera” utilizada mostrou-se eficiente para manter a sua organização interna. Assim floresceu o “Estado escravo dentro do estado”. O organograma de poder dos KZ era dividido entre o poder disciplinar, repressivo, e o administrativo proveniente das SS, e assim era mantido o correto enquadramento dos internos e deportados proveniente da população de prisioneiros. No topo deste encontrava-se o Lagerälteste, o deão dos campos, escolhido pelas SS. Depois o Schreibstube, o secretariado, encarregado da administração interna do campo. No topo de cada bloco de habitação havia o Blockälteste, secundado pelo Stubendienste, serviço de caserna. Por fim vinham os Kapos, responsáveis perante o chefe SS de cada comando de trabalho. Antigos SA caídos em desgraça, criminosos de direito comum, ladrões, assassinos, proxenetas, prostitutas, delatores, homossexuais, testemunhas de jeová e por fim prisioneiros políticos, ciganos e judeus compunham essas populações ficando os últimos a mercê dos primeiros. Nos vários campos uma luta surda pelo poder opunha criminosos de direito comum (triângulo verde) e deportados políticos, especialmente comunistas e socialistas (triângulo vermelho), para a obtenção de tais postos de comando. A vitória dos últimos minimizava a violência em alguns graus contra as etnias perseguidas.</span></b></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Este poder atingia um caráter tão absoluto de vida ou morte sobre os internos de cabeças raspadas e uniformes de zebra que o poeta socialista Erich Mühsam, por exemplo, obediente- mente enforcou-se ao expirar o prazo máximo de três dias que lhe impusera o comandante de Sachsenhausen.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O fundador da Gestapo no entanto não foi Himmler, mas Hermann Göring, que na qualidade de Primeiro-Ministro da Prússia “cedeu” esquadrões SA e SS à polícia prussiana durante o reinado de terror que se seguiu ao incêndio do Reichstag em 27 de fevereiro de 1933. Himmler e Heydrich fundiram todas as forças de polícia política em um só corpo assumindo controle total do instrumento repressivo em abril de 1934, tornando-o mais eficiente como é mister entre o povo germânico.</span></b></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Após a liquidação das SA de Röhm pelas SS na “Noite dos Longos Punhais”, Himmler assumiu a direção de todo o aparelho de terror nazista. As SA formavam o pretenso “Exército Popular do Nazismo”, e seus oficiais imaginavam que sua força iria compor o novo exército alemão. Röhm imaginava absorver os cem mil efetivos do exército regular e criar uma nova força que estivesse livre das antigas tradições prussianas e da nobreza decadente. Seu excesso de ambição provocou a ira de seus companheiros de partido e o medo da burguesia dominante resultando na perseguição e fuzilamento de todos os seus lideres.</span></b></div>
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A “Noite dos Longos Punhais” completou a fase de crisálida das SS. Desse dia em diante, a personalidade coletiva da Ordem Negra permaneceu sempre a mesma a despeito da evolução de seus subgrupos e sua transformação em serviço de espionagem, policia política, sociedade de criação de gado humano, agência de trabalho escravo e corpo de janízaros. </span></b></div>
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;"> </span></b></div>
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Os alemães, e depois de 1939, os não alemães que passaram pelos porões da Gestapo conheceram a tortura sob todas as formas: açoites com chicotes de couro de boi; afogamentos e ressuscitação alternados em banheiras cheias de água fria; choques elétricos com fios presos aos pés, mãos, ouvidos, pênis e ânus; esmagamento dos testículos numa prensa especial; enforcamento com os punhos algemados por trás das costas; queimaduras com fósforo ou ferro de soldar. Um requinte especial consistia em torturar uma mulher colocada ao alcance do ouvido do prisioneiro e em informá-lo que era sua esposa, o que, de acordo com as circunstancias poderia realmente ser.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A primeira divisão de exército que tornou-se finalmente as Waffen SS foi formada e aceita por um relutante Reichswehr, agora rebatizado de Wehrmacht, como parte da política de alistamento, que entrou em vigor em março de 1935. Este núcleo do futuro exército das SS ganhou seus centros de treinamento, na forma de escolas de preparação de oficiais situadas em Bad Tölz e Brunswick, criadas por Paul Hauser, um oficial aposentado do exército, como Tenente-General, a patente mais alta a usar o uniforme preto.</span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em abril de 1935, Himmler e Heydrich incluíram um jornal como parte de suas aquisições para as SS, o Schwarze Korps (Guarda Preta) cujo estilo de magazine com figuras lascivas, pouco depois atraía grande massa de leitores. Sua linha editorial era de adulação ao Fuhrer e de insultos sistemáticos aos judeus, a base de informação do jornalismo nazista. O veículo incentivava também o crescimento populacional, desfechava ataques contra a riqueza e aos privilégios da minoria abastada e estabelecia diretrizes à “violência espontânea das massas”.</span></b></div>
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Com o objetivo de aumentar a taxa de nascimentos entre os arianos, o jornal exaltava a maternidade e incentivava o amor livre entre os iguais. Lançava campanha de serviços de fornecimento de fraldas e servia imagens sensuais sob a forma de fotografias de corpos bronzeados de sol entre ondulantes espigas de milho.</span></b></div>
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Atacavam a religião e a moral burguesa, contrárias à vida. Durante toda a campanha contra o catolicismo políticos dos Sociais Democratas, o Schwarze Korps publicava violentas denuncias de escândalos sexuais e financeiros nas instituições monásticas. Ao criticar empresários e empregadores sobre condições adversas de trabalho conseguiam vender o silencio do jornal e o financiamento dos seus anúncios através da chantagem implícita.</span></b></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O jornal fornecia um serviço gratuito de denúncias às multidões de linchadores amadores. Divulgava os nomes de cidadãos e endereços e até mesmo fotografias, em todo o país, dos inculpados de não contribuir com alguma obra de socorro de inverno, ou de quebra do boicote às loja de judeus ou recusa de fazer a saudação hitlerista.</span></b></div>
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A eugenia entre os integrantes das SS era assunto tratado pessoalmente por Himmler que era fascinado pelo assunto e pretendia manter a “pureza racial” de seus comandados, mesmo com o aumento em dois anos do contingente de 52 mil para 165 mil dos efetivos. As fichas das noivas dos SS era escrupulosamente analisadas uma a uma pelo comandante nazista. A imensa preocupação do Reichsführer com o mito ariano levou-o a criar uma “Ahnenerbe” (Herança Ancestral), uma instituição encarregada de escavações arqueológicas para investigar os remanescentes do passado germânico. A instituição era chefiada por um professor de arqueologia, com a patente honorária de capitão das SS e recursos doados por um “Círculo de Amizade do Reichsführer SS” entre grandes empresas nacionais. Até mesmo no Tibet foram enviados pesquisadores para encontrar o antigo elo indo-ariano dos povos germânicos.</span></b></div>
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Mantinha com seus comandados uma seita esotérica espiritualista que cultuava antigos personagens históricos germânicos, pelo menos um monarca que ele imaginava ser a sua reencarnação viva. Para equiparar-se aos antigos mandou reformar com grandes despesas o arruinado Castelo Wewelsburg, na Vesfália, e periodicamente realizava rituais com os doze mais graduados Obergruppenführer das SS em torno de uma mesa de carvalho assemelhada a famosa távola do rei Arthur em uma alta e abobadada sala de jantar. Por ordem de Himmler traziam um escudo de armas cada e durante sua estada ocupavam acomodações com mobiliário medieval dedicada a um herói alemão especifico. O sítio mais sagrado era um santuário subterrâneo. Uma peça quadrangular servia de base para cada urna de cremação dos Obergruppenführer formando um círculo em torno de um poço: por ocasião da morte de cada “cavaleiro”, seu brasão era queimado em cima de um pilar escavado na pedra, formando a fumaça, graças a um sistema de ventilação engenhoso, uma coluna vertical sobre o poço.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Rituais semelhantes eram incentivados e formavam a base da crença que se esperava fosse praticada pelos membros das SS. Seu sistema de crenças era baseado na adoração dos ancestrais e o culto à natureza, uma recriação dos antigos costumes teutões que atendia às necessidades espirituais da elite nazista. A característica mais destacada deste Novo Paganismo era a rejeição de todos os dogmas judaico-cristãos e negação dos princípios de bondade e humildade referidos pelo Cristo definidos como débeis pelos nazistas e típicos de povos escravos.</span></b></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O mistério da ressurreição foi substituído pelas antigas cerimônias de solstício dos ancestrais no culto à eterna renovação da raça, ao mito do herói, e o Natal cristão foi suplantado pelo Natal teutônico do culto à árvore da vida e da floresta sagrada. Dizia um manual das SS: <i>“No dia do solstício do inverno, o sol ergue-se de sua sepultura invernal. Este evento era celebrado como o maior dos festivais pelos nossos antepassados. Avançavam eles na noite conduzindo tochas para libertar o sol da servidão da morte invernosa e consideravam-no um jovem herói que vinha despertá-los e libertá-los do sono quase mortal...Na véspera do Natal, os principais ingredientes do cardápio noturno devem ser a carpa, o ganso assado e o javali – retirados respectivamente dos domínios da água, do ar e da terra. Ao fim da ceia, o pai usa o candelabro de Natal para acender as luzes da árvore, deixando apagadas três velas. Os demais membros da família e do clã são chamados. O pai acende as três velas restantes, dizendo: Esta vela queimará em memória de nossos ancestrais que estão hoje conosco. Esta vela queimará pelos meus falecidos camaradas durante a guerra e as épocas de luta, e esta queimará para recordar-nos de todos os nossos irmãos alemães, em todo o globo, que celebram hoje conosco o Natal!”</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">As festividades compreendiam o uso de utensílios de consagração ritual como pratos, coroas de flores e rodas. Os pratos de zinco, madeira ou pó de pedra tinham entalhados símbolos rúnicos em forma de árvore e eram utilizados para todas as finalidades, para colocar presentes no Natal, ovos coloridos na Páscoa, que correspondia ao equinócio da primavera, outra festividade pagã revitalizada, maçãs nas ações de graça durante a colheita e pão e sal nos casamentos. Coroas de ramos de figueira com guirlandas eram penduradas verticalmente como coroas do advento ou suspensas horizontalmente de mastros de madeira enfiados no cubo da roda de Natal (Simbolizando os seus seis raios simétricos a intersecção do horizonte com as diagonais formadas pelos pontos terminais da órbita solar nos solstícios de inverno e verão nas latitudes germânicas). </span></b></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Continuava o manual: <i>“Após a troca de presentes, a família escuta a irradiação de Natal a cargo do substituto do Führer. Em seguida, tendo em vista que o Natal constitui o maior festival do clã está se tornando costumeiro rever velhas fotografias de família, recontar velhas histórias familiares e trocar idéias sobre o sucesso da pesquisa, sempre mais profunda, das genealogias familiares”.</i></span></b></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O culto da morte também era prestigiado nos manuais das SS, mais uma vez olhando o passado pagão para ilustrar seus ritos de falecimento e pompas fúnebres, que graças a II Guerra tornaram-se corriqueiros entre os alemães:</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“Da mesma forma que a ressurreição invernal é parte da vida, o mesmo acontece com a morte outonal. Nascer e morrer fazem parte da vida. Uma vez que toda a vida para nós é sagrada, nascimento e morte são também inevitáveis – e daí estarem incluídos os ritos fúnebres ao ciclo anual de nossos festivais...O transporte ao cemitério exige uma carreta plana, puxada a cavalo, que permite uma visão desimpedida do caixão, envolvido na bandeira das SS e encimado pela adaga e pelo quepe pontiagudo do falecido. (A carreta devia ser adornada com galhos de figueira e em hipótese alguma os cavalos deviam ser cobertos com mantas pretas) Após os discursos à beira da sepultura, o comandante da unidade do falecido troca a adaga depositada na parte superior do caixão pelo seu parente mais próximo – simbolizando isto a aceitação por este ultimo da obrigação do seu falecido camarada de esforçar-se e de lutar. Ao ver baixado o caixão à sepultura, os membros das SS presentes formavam um círculo em torno da sepultura e – em posição de sentido – entoam o Treuelied (Hino da Lealdade) das SS”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Himmler se considerava uma reencarnação de um antigo rei ariano e suas hostes se assemelhavam a um Conselho de Sangue misturado com uma ordem monástica defensora da verdadeira fé. Suas idéias incluíam a formação dos jovens, preferencialmente com mais de dez anos de idade. Controlavam duas redes escolares de internos denominadas Instituições Nacionais Políticas Educacionais, para o treinamento de oficiais e funcionários do governo, e a Adolf Hitler Schulen, nas quais deviam ser educados a próxima geração de lideres do Partido e das SS, ambas entidades controladas parcialmente e totalmente pelas SS respectivamente.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A seleção de alunos ocorria aos dez anos de acordo com critérios de eugenia que incluíam exames médicos e aparência física para definir o tipo idealizado de ariano padrão. Eram excluídos os que não atendiam tais prerrogativas raciais, tais como os que usavam óculos, ou de aparência insuficientemente nórdica. Os pedidos de admissão eram feitos pela juventude hitlerista, independente do desejo dos pais, que analisava o “potencial de liderança” do futuro aluno em campos de seleção especiais que deviam freqüentar durante uma quinzena. Nestes locais os esportes tinham papel fundamental para a formação do candidato e ocupavam dois quintos dos horários. Os meios para avaliação dos estudantes colocavam testes e exames de conhecimento em segundo plano em detrimento do “potencial de liderança” do aluno. As atividades eram dirigidas à militarização, sendo as turmas chamadas de “pelotões” e fora das salas de aula eram comandados pelos sargentos da juventude hitlerista.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Politicos, altos funcionários do governo, ilustres cientistas e professores universitários eram agraciados com as honrarias das SS que eram disputadas pela Bildungebürgetum (a classe burguesa educada). Nada menos de 12.000 profissionais liberais ( a metade constituída de advogados e médicos) engrossaram as fileira da Ordem Negra. Suas origens que no início incluíam membros do campesinato, como Himmler que no inicio de suas atividades era um simples engenheiro agrícola, criador de galinhas, e também líder de um movimento da juventude camponesa. Para afirmar suas idéias de seleção forçada como as utilizadas entre animais de criação e assim depurar determinadas característica raciais que acreditavam superiores desenvolveram uma filosofia perversa que vinha ao encontro do pensamento de médicos organicistas, racistas e higienistas que auxiliaram para compor essa sociologia macabra. A corporação médica era a mais representativa no núcleo das instâncias do partido nazista. 45% dos médicos filiaram-se ao partido contra 22% do professorado. 7,3% dos médicos foram membros da SS enquanto que a Ordem Negra representava apenas 1% da população alemã. “O médico deve voltar ao ponto do qual partiram os médicos de outrora; deve tornar-se um sacerdote, deve tornar-se um sacerdote-médico”, proclamava o Dr. Wagner, führer dos médicos alemães em 1937. E Himmler afirmava: “temos necessidade de práticos dotados de um olhar de criadores” (de gado).</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Além disso, tantos nobres vestiam o uniforme da caveira que as listas de oficiais das SS mais pareciam um livro de ilustres nobiliárquicos. Embora um entre 134 alemães usasse o aristocrático prefixo Von, a proporção de sangue nobre entre os SS Obergruppenführer, cargo que correspondia a um general de quatro estrelas era de um em cinco, entre os SS Gruppenführer, que correspondia a patente de tenente-general, era de um em dez e entre os SS Brigaderführer, que correspondia a patente de major-general, era de um em sete.</span></b><br />
<b style="background-color: white;"><span style="color: #990000; font-size: small;"><br /></span></b>
<b style="background-color: white;"><span style="color: #990000; font-size: small;">Antes da anexação da Áustria, a mão de obra dos campos era utilizada principalmente na construção das instalações dos próprios campos e dos edifícios adjacentes que abrigavam e acomodavam as SS. Após o Anschluss Himmler percebeu o potencial de lucro que poderia conseguir com essa mão de obra cativa e decidiu utilizá-la. Nova fonte inesgotável de recursos financeiros e poder econômico que incluía o confisco de riquezas dos prisioneiros judeus que eram feitos abertamente ou de forma velada através de chantagem ou suborno para facilitação de fugas, foi acrescentado o recrutamento forçado da mão de obra dos campos em trabalhos de mineração, construção de estradas e outros tipos de obras civis, horticultura, artesanato, e posteriormente fabricação de armamentos.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggvLDbeOyqk2r9T20EmYFKYSSTb6KYKD0MlN7BLY0WYcJIfAr2uW_Bkh0ZHYJzy7GREIxf6zpVtiXv2ASd0AaDkNvm009Tfpwdi24LIzuOtmcS7UBkW0MNOXcQgpN1NlLegoZQIWYJ_8I/s1600/doctor10.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggvLDbeOyqk2r9T20EmYFKYSSTb6KYKD0MlN7BLY0WYcJIfAr2uW_Bkh0ZHYJzy7GREIxf6zpVtiXv2ASd0AaDkNvm009Tfpwdi24LIzuOtmcS7UBkW0MNOXcQgpN1NlLegoZQIWYJ_8I/s400/doctor10.jpg" height="400" width="344" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;">Camara de Gás</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Mesmo sendo a horticultura um tipo de trabalho inócuo ainda assim os guardas tinham pronta sua caixa de torpes sutilezas e torturas preparadas para os cativos. Os “horticultores” que empurravam pesados carrinhos de mão em condições de alimentação subumana poderiam ser surrados caso tropeçassem ou eram arrojados em poços de esterco líquido por qualquer pequena falta cometida. A designação para trabalho de mineração ou construção equivalia a uma sentença de morte em andamento. Os trabalhos de artesanato, especialmente aos que atendiam às necessidades do pessoal das SS nos campos, podiam resultar de privilégio para alguns prisioneiros isolados que detinham alguma aptidão especial.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O material e os recursos de mão de obra confiscados durante o biênio 1938-1939 ocasionaram uma mudança na escala e natureza dos KZ. Com o aprisionamento de austríacos, judeus e tchecos, que provocou um aumento instantâneo das populações confinadas nos campos, a rede foi expandida a quase cem novos centros de diferentes tamanhos por volta de meados de 1939. Além do campo modelo padrão de Dachau, que alojou durante a guerra um máximo de 25.000 a 60.000 cativos em suas instalações auxiliares, havia ainda Sachsenhausen-Oranienburg, com quinze campos de trabalho ancilares e 20.000-35.000 cativos, Buchenwald, com oitenta e 20.000-50.000 cativos, Flossenburg, com quinze e 30.000-40.000 cativos, o campo feminino (Frauslager) em Ravensbruck, com vinte e 30.000-40.000 cativas e o de Mauthausen, com quinze e 40.000-70.000 cativos.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A classificação informal de tarefas de acordo com sua periculosidade entre os organizados alemães tinha uma contrapartida oficial. A administração dos KZ classificava os campos de acordo com sua crescente severidade com uma escala tripla: I eram os campos “suaves”, II eram os “médios” e III os “duros”. Na concepção dos seus artífices Dachau representava a extremidade suave do espectro, enquanto a categoria III era atribuída a Maulthausen, o campo da morte na Alta Áustria, construído após o Anschluss para conter judeus vienenses. Entretanto eles ainda diferiam dos campos de extermínio racionalizados, instalados posteriormente na Polônia ocupada, onde a morte alcançava o padrão de processamento industrial.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Maulthausen que fora uma pedreira situada próxima da pitoresca região lacustre de Salzkammeergut nas imediações de Salzburg foi convertida num KZ o que exigiu o nivelamento de uma arborizada vertente de colina e a construção de imensos muros de granito. Dentro do círculo de megalitos a morte era provocada segundo ainda meios pré-industriais: os guardas tangiam correntes humanas de cativos sobre as altas bordas da pedreira, costume que abalou tanto os trabalhadores civis remanescentes no local que eles reclamaram à administração do campo do feio espetáculo de restos humanos salpicando a superfície da rocha.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Enquanto a carnificina seguia seu curso, sem uma voz sequer para levantar-se contra o genocídio de nenhuma nação “civilizada” do mundo, já que, as prisões de comunistas e socialistas, bem como, a de judeus e ciganos eram vistas por alguns governantes estrangeiros até mesmo com simpatia, os lideres das SS seguiam seus rituais que tudo tinham em comum com as seitas maçônicas que freqüentavam e os cultos esotéricos que praticavam secretamente entre seus pares agalonados. Certa vez, por exemplo, durante o julgamento do General Fritsch por um tribunal de honra militar, Himmler reuniu doze dignatários das SS numa sala lateral e mandou-os concentrar a mente para influenciar o general e através da força mental focalizada convencê-lo a que falasse a verdade.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Eram admiradores das ciências ocultas e tinham Madame Blavatsky e outros autores de ocultismo sua leitura de cabeceira preferencial de onde cunharam seus símbolos de propaganda para impressionar as massas incultas. As doutrinas esotéricas e o orientalismo causavam furor sobre esses homens que se acreditavam descendentes diretos dos antigos guerreiros arianos.</span></b><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000;"><strong>Acreditavam que Thule teria sido o centro mágico de uma civilização desaparecida. Muitos ocultistas alemães acreditavam que nem todos os segredos de Thule haviam perecido. Criaturas intermediárias entre o Homem e outros seres inteligentes do além colocariam à disposição dos Iniciados, ou seja, os membros da Sociedade Thule uma série de forças que podiam ser reunidas para tornar possível que a Alemanha dominasse o mundo. Seus líderes seriam homens que sabem tudo, obtendo sua força da própria fonte de energia e guiados pelos Grandiosos do Mundo Antigo. Era sobre esses mitos que a doutrina ariana de Eckardt e Rosenberg se fundamentava e que esses "profetas" instilaram na mente receptiva de Hitler. A Sociedade de Thule logo se tornaria um instrumento na transformação da própria natureza da realidade. Sob a influência de Karl Haushofer, o grupo assumiu sua verdadeira característica como uma sociedade de Iniciados em comunhão com o Invisível e se tornou o centro mágico do movimento nazista.</strong></span><br />
<span style="color: #990000;"><strong><br /></strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000;"><strong>Haushofer era membro do Pavilhão Luminoso, uma sociedade secreta budista no Japão, e da Sociedade Thule. Haushofer certamente veio a conhecer em 1905 a versão que René Guénon apresentou em seu livro, Le Roi du Monde, que imagina um passado místico da humanidade após o cataclismo de Gobi, os lordes e mestres desse grande centro de civilização, os Oniscientes, os filhos das Inteligências do Além, levaram sua vasta morada para o assentamento subterrâneo sob o Himalaia. Ali, no coração dessas cavernas, eles se dividiram em dois grupos, um que seguia o “Caminho da Mão Direita”, e outro que seguia o “Caminho da Mão Esquerda”. Os primeiros concentravam-se em Agartha, um local de meditação, uma cidade oculta de bondade, um templo de não-participação nos assuntos deste mundo. Os outros se dirigiram a Shamballah, uma cidade de violência e poder, cujas forças comandam os elementos e as massas da humanidade e apressam a chegada da raça humana no “momento decisivo do tempo”.</strong></span><br />
<span style="color: #990000;"><strong><br /></strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000;"><strong>Assim, foi mais como um iniciado da teocracia oriental que como um geopolítico que Haushofer supostamente proclamou a Hitler a necessidade de “retornar às origens” da raça humana na Ásia Central. Ele estava, portanto, defendendo a conquista nazista do Turquistão, Pamir, Gobi e Tibet para assegurar o acesso da Alemanha a esses centros ocultos de poder do Oriente.</strong></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpEgaglAJ0b5OdgcN3cUoG4bnS-mJux9T1TYd6RpM7ycnKWCWrrRdnm5Tn_6_7Pl87_OwTEnJ4Po5OmUY50rMvQyZxEeoycThqa8gn1bZ4cUpdfe2ce0epEQBuVPqY9GBnvhuj-S_7hWE/s1600/thule.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpEgaglAJ0b5OdgcN3cUoG4bnS-mJux9T1TYd6RpM7ycnKWCWrrRdnm5Tn_6_7Pl87_OwTEnJ4Po5OmUY50rMvQyZxEeoycThqa8gn1bZ4cUpdfe2ce0epEQBuVPqY9GBnvhuj-S_7hWE/s1600/thule.jpg" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;">Thule</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Sobre a suástica o símbolo principal que hipnotizava as massas nazistas podemos transcrever o que acreditava Blavatsky: <i>“A suástica é o símbolo mais sagrado e místico da Índia, a ‘Cruz Jaina’, como a chamam agora os Maçons; é também o mais filosófico e cientifico de todos; em resumo, é o símbolo da obra da criação ou da evolução. É o martelo do Operário no Livro dos Números (Caldeu) que arranca chispas do pedernal(Espaço), as quais se transformam em mundos”.</i></span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“É o martelo de Thor, a arma mágica forjada pelos anões contra os gigantes (Forças titânicas pré-cósmicas da Natureza)”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“As duas linhas que se cruzam indicam o Espírito e a Matéria enlaçados na obra da evolução, sempre em movimento. Seus braços assimilam o Céu e a Terra (solve e coagula). É um símbolo alquímico, cosmogônico, antropológico e mágico. Nascido dos conceitos místicos dos primeiros ários é o Alfa e o Omega da Força Criadora Universal, desenvolvendo-se do Espírito puro e terminando na matéria densa”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“Aplicado ao Microcosmo, o Homem mostra-o como um elo entre o Céu e a Terra, a mão direita levantada ao extremo de um braço horizontal, a esquerda assinalando a Terra. Na Tábua Esmeraldina de Hermes está como signo alquímico”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“E diz o comentário”:</i></span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“Os filhos de Mahat são os vivificadores da Planta Humana. São eles as águas que caem no árido solo da vida latente e a chispa que vivifica o animal humano. São os Senhores da Vida Espiritual Eterna. No princípio alguns só exalaram parte de sua essência nos Manushya (Homens), e alguns tomaram o homem como morada”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“Isto mostra que nem todos os homens foram encarnações dos Divinos Rebeldes, somente uns poucos dentre eles”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“O resto só teve o quinto princípio avivado pela chispa arrojada nele, o que significa a grande diferença entre a capacidade intelectual dos homens e raças”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“A esta rebelião da vida intelectual contra a mórbida inatividade do Espírito puro, devemos o que somos, homens conscientes de si mesmos e pensantes, com as possibilidades e atributos dos deuses em nós, tanto para o Bem como para o Mal. Portanto, os Rebeldes são os nossos Salvadores”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: small;"><span style="color: #990000; line-height: 115%;"></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: small;"><span style="color: #990000; line-height: 115%;">Existem similaridades culturais inegáveis entre os descendentes dos povos indo arianos em todos os quadrantes do mundo, com suas elites triunfalistas das guerras de exterminio, buscam no passado, como eleitos oriundos das classes dominantes</span></span></b><b style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #990000; line-height: 18px;"> em suas confrarias patronais</span></span></b><b style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #990000; line-height: 115%;">, onde cultuam arquétipos de heróis no sentido clássico mais estrito, personagens míticos que buscam resgatar o fogo dos deuses. Enquanto nos Estados Unidos da América muitos viam com simpatia as idéias sectárias dos nazistas, na Universidade de Yale por exemplo, uma organização nascida em 1832, como um ramo da maçonaria integrada pelas elites norte americanas denominada Skull and Bones (Crânio e tíbias) integrava a fina flor da sociedade branca. Ela fazia parte de um sistema conhecido como "A Irmandade da Morte", a Thule, confraria ocultista alemã, a mesma que teria também iniciado Adolf Hitler nos mistérios do satanismo e na Alemanha já usavam na sua simbologia, a suástica invertida de forma estilizada e corrompida. </span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR-Rz7LsJRu5GTn9SGxw5wejePn2QNqEUAnOzwzV4u667njvHSkBsgOAesgEJ0fRKdoCcPSb1YveDE_xawan4jByQCw7KJ98b_Tb5lE0n22ZwRPI_8_mEtLwbfcYgW1-g7rvm6bwEK7RY/s1600/Bones_logo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR-Rz7LsJRu5GTn9SGxw5wejePn2QNqEUAnOzwzV4u667njvHSkBsgOAesgEJ0fRKdoCcPSb1YveDE_xawan4jByQCw7KJ98b_Tb5lE0n22ZwRPI_8_mEtLwbfcYgW1-g7rvm6bwEK7RY/s320/Bones_logo.jpg" height="303" width="320" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;">Simbolo da Skull and Bones</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: small;"><span style="color: #990000; line-height: 115%;">A Skull and Bones teve e tem políticos famosos em seu quadros, bem como integrantes dos sistemas de informação e espionagem norte americano potencialmente em ação nos altos escalões do governo ainda hoje. Dizem que até os Bush - pai e filho - e outros empresários de ponta, como os Rockefellers fizeram parte de seus cultos satânicos, o que explicaria muitas das guerras deflagradas por aquele povo até recentemente. A Ordem da Caveira, da mesma forma, como haveria de ser chamada na Alemanha foi a espinha dorsal da criação das tropas de choque SS, cujo símbolo possui uma similaridade macabra com a imagem da seita de Yale e remonta sua origem ao canibalismo das antigas tribos teutônicas disfarçada de esoterismo.</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8KyHpfjj5hx0eRY5vGW8RDCIj1ddegjcLSFUlY44FcXyDPY0vXPwnSYR9VcVTH1sTl8_VVD2r8v_gcI0kfpW6lCHvM7D_qkuq_DbOKjpGGiN_u4Uku1w60F6s45CSsGnYVanESY8weOI/s1600/DSC02988.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8KyHpfjj5hx0eRY5vGW8RDCIj1ddegjcLSFUlY44FcXyDPY0vXPwnSYR9VcVTH1sTl8_VVD2r8v_gcI0kfpW6lCHvM7D_qkuq_DbOKjpGGiN_u4Uku1w60F6s45CSsGnYVanESY8weOI/s320/DSC02988.JPG" height="320" width="272" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">A Ordem da Caveira</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: small;"><span style="color: #990000; line-height: 115%;">Crânios humanos sempre foram cultuados entre as tribos sul americanas e nas estepes asiáticas. As vítimas dos banquetes antropofágicos tinham seus crânios arrancados e devidamente tratados para servirem aos rituais de apaziguamento dos espíritos mortos, pois eram tratados com atenção e respeito pelos seus captores. Eram encimados na frente das malocas como simbolo de prestigio dos guerreiros, ou como já vimos antes tranformados em canecas pelos guerreiros das estepes para beberem nos festins. Este retrocesso do puritanismo alemão em ideologia canibal demonstra que diferente do que pensavam os sábios da psicologia no início do séc. XX e como de fato passaram a perceber os mitos do passado primitivo da europa dita cristã possuíam no intimo de suas instituições uma raiz bem mais profunda de cunho absolutamente antropofágico que remonta ao culto da árvore sagrada dos povos indo europeus e a capa da civilização era uma tênue casca mal compreendida e interpretada. </span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Uma ideologia antropofágica nunca foi tão bem explicitada como nas palavras de Blavatsky que infelizmente despojadas da moral espiritual soam como uma liberação dos instintos mais baixos do ser humano travestidos nos mais altos princípios filosóficos e esotéricos que pontuaram e ainda pontuam os ideais das seitas das elites. A chama vivificadora é atributo de alguns não de todos e por tal magnitude e alta razão positivista é a justificativa para homens considerados “inferiores” serem transformados em escravos e carne morta sem direito sequer de dispor a própria vida. Era </span>este tipo de “Cultura” que impregnava a mente destes jovens garbosos em seus uniformes negros.</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Como divindades olímpicas, os homens das SS exsudavam vigor físico e mocidade. Heydrich representou o Reich em campeonatos internacionais de esgrima e cavaleiros das SS ganharam vários troféus de equitação na Alemanha. D’Alquem, editor do Schwarze Korps, não chegara ainda aos trinta anos quando a circulação de seu semanário, cuja edição inicial tinha sido de setenta mil exemplares, alcançou a marca dos 750 mil exemplares.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Nos quartéis das SS os armários dos soldados não dispunham de cadeados, a fim de instilar a camaradagem nos jovens recrutas, mas estes eram simultaneamente obrigados a denunciar qualquer desvio político ou comportamental de seus pares. Nos campos advertiam os soldados a evitar o uso de armas de fogo, pois cada bala custava ao Reich três pfennings, portanto segundo seu cruel raciocínio, mais que a vida dos cativos. Durante os exaustivos treinamentos das tropas, se um recruta deixava cair os cartuchos que estava colocando no carregador era obrigado a apanhá-los com os dentes; pelos menores erros cometidos eram forçados a fazer cinqüenta flexões de joelhos com os fuzis estendidos à altura dos braços, pretendiam com essas técnicas milenares de condicionamento forjar seus corpos e sua mente à condição de senhores da morte e da criação.</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Não pretendiam a admiração, nem a popularidade, mas sim o temor da população. Já em 1934 Himmler declarou com inusitada franqueza: “Sabemos que alguns alemães ficam doentes à vista do uniforme preto, mas não esperamos ser amados”.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Durante a “Noite dos Cristais” quando propriedades de judeus foram vandalizadas e incendiadas pelos nazistas e seus simpatizantes em novembro de 1938, multidões de observadores entre fascinadas e horrorizadas não puderam deixar de admirar-se com a extrema eficiência com que os dirigentes do massacre, homens das SS, impediam que a destruição das propriedades judaicas afetasse propriedades alemãs adjacentes.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Mas não só os alemães se surpreenderam com a máxima eficiência da máquina nazista e sua capacidade de previsão. As SS em abril de 1944 deram instruções aos poloneses que residiam num raio de mil e seiscentos metros do gueto de Varsóvia para deixar abertas as janelas a fim de evitar a quebra de vidraças enquanto as tropas de choque do Brigaderführer dinamitavam as últimas ruínas das moradias dos judeus.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Além da fleumática eficiência e espírito de previsão, a Ordem Negra dava grande importância à boa apresentação, tanto no sentido marcial quanto na elegância dos uniformes. Nenhuma cerimônia oficial estava completa sem uma guarda de honra das SS em capacetes de aço, lustrosas botas e uniformes agalonados pretos com insígnias e debruns brancos. Faziam parte em todas as atividades sociais nazistas com suas luvas brancas e quepes pontiagudos. Eram vistos com estrelas de cinema nos festivais patrocinados pelo Reich, que Hitler honrava com sua entusiástica presença ou os subalternos eram vistos prestando serviços como garçons junto aos nobres aristocratas nos encontros festivos.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Pretendiam, fiéis a uma profunda ambivalência e uma visão bucólica da sociedade, instalar seus membros como fazendeiros soldados (Wehr-bauern) na Europa Oriental e fomentavam um culto de simplicidade camponesa nas mobílias e construções que imaginavam despojadas, o que constratava firmemente com a vida cosmopolita de seus lideres.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A decoração da casa ideal, construída com vigas a vista no teto com detalhes em metal, deveria consistir de mobília rústica natural, cortinas, tecidas a mão de lã frísia, candelabros de ferro trabalhado, jarros de pó de pedra, utensílios de mesa de peltre, e um berço de madeira rusticamente entalhado, de preferência a mão pelo próprio chefe da família.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O crescimento demográfico era oficialmente chamado de Geburtenschlacht ( batalha de nascimentos). Himmler, como seu principal estrategista deplorava a baixa fertilidade no casamento e o tabu existente, tanto social como religioso, contra a maternidade de solteiras. A guerra proporcionou-lhe o campo ideal para praticar suas idéias graças ao Eindeutschung, ou germanização forçada dos eslavos de aparência nórdica, descendentes dos arianos que colonizaram aquelas paragens, através do rapto biológico. Mas, antes mesmo, suas tropas de choque haviam fornecido “assistentes de procriação” voluntários a mulheres solteiras que ansiavam ter filhos.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Nesse projeto eugênico de expansão populacional forçada e extermínio de etnias consideradas inferiores, casais estéreis, eslavas germanizadas, assistentes de procriação e mães solteiras foram, como num quebra-cabeça, acondicionados pela “Lebensborn”(Fonte da Vida), uma maternidade-centro de adoção fundada em 1936. Lá mães solteiras iriam realizar o supremo sacrifício de presentear a nação com um filho. Ao fim de certo período milhares de crianças da Lebensborn seriam entregues nas casas de casais nazistas sem filhos, e na guerra, afirmaram seus préstimos para cometer a espoliação genética da Europa Oriental junto às populações eslavas.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Quando de sua primeira viagem a Polônia ocupada Himmler já havia percebido a aparência nórdica de numerosas crianças eslavas. Crianças foram então seqüestradas, arrancadas de orfanatos e confiscadas de supostas famílias envolvidas com a Resistência e levadas para os lares da Lebensborn em toda a Europa ocupada, e após um período de adaptação, durante o qual os confusos pequenos aprendiam rudimentos do idioma alemão e eram privados de contatos com seus compatriotas, seguiam para o Reich, já com os nomes dos designados pais de criação.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Da mesma forma foi dada cidadania do Reich para poloneses descendentes de alemães. Duas agencias especiais das SS, o Escritório Volksdeutsche de Ligação e o Departamento de Raça e Colonização passaram um pente fino na Europa visando a seleção de espécimes humanos considerados aptos para a germanização. Além da orquestração dos seqüestros, as missões do Departamento de Raça e Colonização compreendiam que europeus orientais não tivessem intimidades com mulheres alemãs, o que poderia custar ao faltoso a escravização ou pena de morte, e a remoção dos eslavos das regiões destinadas à colonização dos “puros arianos”.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">As transferências forçadas de população promovidas pelas SS lembravam, de forma sombria, a Migração dos Povos no séc. IV. Como naquele período na Idade Média foi caracterizado esse movimento forçado de populações em grande medida por barbaridades e caos. Em 1942, alemães da antiga Iugoslávia chegaram às áreas da Polônia Oriental de onde o Volksdeutsche havia saído anos antes para ocupar Warthegau, na Polônia Ocidental, o que havia exigido a remoção de um milhão e meio de poloneses e judeus que foi realizada durante o ártico inverno de 1939-40, provocando milhares de baixas. Também da Romênia e Estados Bálticos vieram engrossar ao meio milhão de descendentes alemães para ocupar as zonas tampão e promover a colonização ariana na Polônia.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Os migrantes atendiam os caprichos dos seus governantes, abandonando as antigas residências e permanecendo em acomodações improvisadas em campos de transito, sem nunca serem consultados se queriam ou não mudar. Os “beneficiários” na verdade eram também vitimas das transferências e serviam ao grande plano de consolidar a presença germânica na Europa. </span></b></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Outro massacre macabro transcorria em silencio na sociedade alemã da época nos porões das instituições de saúde e visava, conforme a versão oficial, exclusivamente “purificar o reservatório de genes da raça alemã”. Em setembro de 1939, Hitler ordenou a “morte misericordiosa” dos doentes mentais e doentes incuráveis em todo o Reich. A Campanha da Eutanásia transcorreu de 1940 a 1944, sob fundamentos eugênicos e de economia de alimentos, acomodações e pessoal médico. O primeiro centro de extermínio entrou em funcionamento no fim do ano. Outros cinco, um deles situado na conhecida clínica psiquiátrica de Hadamar, começaram suas atividades em princípios de 1940. Como encarregado geral do programa foi nomeado Christian Wirth, antigo superintendente do Departamento de Investigações Criminais de Stuttgart.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Wirth ao iniciar suas funções preferiu liquidar suas vitimas com um tiro na nuca. Após algum tempo, visando aprimorar o processo, passou a gaseá-las em câmaras especialmente construídas, podendo ser considerado o inspirador dos métodos posteriormente utilizados de extermínios em massa naquilo que foi denominado “Solução Final da Questão Judaica”.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em todos os estabelecimentos destinados a aplicar a eutanásia existia um quarto hermeticamente fechado disfarçado de chuveiro que se ligava a um encanamento e a cilindros de monóxido de carbono, um gás inodoro e mortal. Os pacientes eram levados em grupos de dez ou quinze, previamente sedados com a ajuda de injeções de morfina, escopolamina ou soporíficos. Todos os centros possuíam crematórios. As famílias eram informadas dos falecimentos através de impressos que atribuíam a morte a um colapso cardíaco ou à pneumonia.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O aumento significativo das mortes que ultrapassava qualquer estatística padrão, as comunicações padronizadas e sob condições de sigilo mal disfarçado, as colunas de fumaça freqüentes eram visíveis em um raio de quilômetros. Em Hadamar as crianças da aldeia recebiam os “ônibus hospitalares” aos gritos de “Lá vem mais gente para ser gaseada”. Os acontecimentos começaram a inquietar o país. Entre os boatos que circulavam, um deles afirmava que até mesmo os soldados seriamente feridos estavam sendo submetidos à “morte misericordiosa” nos hospitais militares. </span></b></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em agosto de 1941, o bispo católico Galen denunciou tais crimes do púlpito de sua catedral em Münster, Vestfália. A partir da corajosa ação do prelado, o assassinato dos doentes cessou por completo após ter custado aproximadamente cem mil vidas. Não foi tomada nenhuma ação de represália contra o bispo, muito embora pouco depois a Gestapo tenha decapitado três párocos que haviam distribuído o sermão em forma de volantes. Assim faziam os nazistas para não chamar atenção executando pessoas sem projeção que desapareceram como outras tantas no turbilhão de assassinatos cometidos pela repressão feroz.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Durante a guerra as SS criaram seu próprio corpo de exército, as Waffen SS. Aos olhos dos alemães essas forças emergiram da guerra no Oeste como uma raça de modernos Siegfried. Impelidos pela fúria ideológica, de peito aberto, varreram os Países Baixos e a França com total desprezo pelas baixas. A primeira Cruz de Ferro da campanha foi concedida a um soldado da Leibstandarte, uma unidade cujas honrarias divisionárias de batalha incluíam as ocupações de Rotterdam e Boulogne.</span></b></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em outubro de 1940 foram admitidos nas forças da SS voluntários da Escandinávia, Países Baixos e França. Pretendiam assim recrutar “reservas de sangue valioso para a luta da raça nórdica” uma força européia anticomunista, antecipando em alguns anos a idéia de uma força pan européia para fazer frente ao comunismo, na época em franca expansão. A Rússia aproveitando o caos que reinava na Europa havia anexado estratégicamente pela força ou ameaças territórios finlandeses e romenos. </span></b></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"></span></b></div>
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Mesmo assim, as SS européias eram mais um símbolo do que uma força efetiva de combate, e ainda tinha problemas de pessoal. Para contornar as restrições impostas pelo exército regular no recrutamento de novos soldados, foi graças a Gottlob Berger, um ex-professor de ginástica na casa dos quarenta que após algumas peripécias militares tornara-se chefe do SS führungsamt (Departamento de Liderança).</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O atlético e romântico Berger, alpinista que gostava de filmar águias e abutres em vôo, tinha um genro que era líder do grupo minoritário alemão na Romênia. Foi o parentesco que lhe inspirou a sugestão de resolver em definitivo o problema de pessoal da Ordem Negra e das Waffen SS: o recrutamento massivo entre os milhões de Volksdeutsche, cuja residência fora do Reich tornava-os inelegíveis para alistamento na Wehrmacht.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O plano de Berger serviu como uma luva para resolver os problemas de recrutamento da Waffen SS, e veio em auxilio das ambições militares de Himmler, com a profunda vantagem ideológica de que a maioria dos alemães balcânicos nutria profundo ódio pelos vizinhos eslavos.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Essa questão ficou clara na violenta ação desses grupos militares como a Divisão Prinz Eugen, da Volksdeustsche que durante a campanha contra os partisans iugoslavos executou reféns civis e cometeu genocídios de comunidades inteiras de aldeias como Kosutica, em agosto de 1943.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb4vXAWFYsR3Fkp7_ZX6r71A1omGyIgfZYMaojlX9aZW-NyxLH21fvk7jW-5Nv1ISakvMclY31TpXJ1vbQfeYeUyiu1JDVQ3Fur-w7V_HaiyBRKXDrQK8fooFwmaHhR4tMZIhMuRJq0qY/s1600/croatas+ss.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb4vXAWFYsR3Fkp7_ZX6r71A1omGyIgfZYMaojlX9aZW-NyxLH21fvk7jW-5Nv1ISakvMclY31TpXJ1vbQfeYeUyiu1JDVQ3Fur-w7V_HaiyBRKXDrQK8fooFwmaHhR4tMZIhMuRJq0qY/s1600/croatas+ss.jpg" n4="true" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;">Croatas SS</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Não que os naturais da Alemanha agissem de forma muito diferente. No dia em que as unidades SS que seguiam na vanguarda, após os primeiros reveses de inverno na Rússia, encontraram os corpos de seis companheiros mutilados no pátio do quartel general da OGPU (Policia Secreta Soviética), o comandante da Leibenstandarte, Sepp Dietrich, ordenou o massacre de quatro mil prisioneiros de guerra russos, verdadeiro banho de sangue que durou três dias e três noites.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">As divisões das SS foram lançadas em algumas das mais cruciais batalhas da Frente Oriental. As estatísticas de baixas entre esses combatentes e sua propensão natural explicam por que as perdas das Waffen SS superavam todos os demais nos relatórios semanais do Oberkommando der Wehrmacht (Alto Comando das Forças Armadas) na proporção entre a Wehrmacht e as Waffen SS de dez para um.</span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Os combates no leste europeu cobraram muitas baixas desses fanáticos guerreiros políticos. No entanto haviam recompensas valiosas à espera das Waffen SS para os veteranos em batalha, assim atesta uma nota do Administrador Econômico Chefe das SS, Osvald Pohl, intitulada:“Diretrizes para a Distribuição de Relógios a Membros das Waffen SS: armazenados no campo de concentração de Oranienburg existem atualmente 24.000 relógios de algibeira, 5.000 canetas tinteiro, 4.000 relógios de pulso, 3.000 despertadores e 80 cronômetros. Esses presentes são, em nosso nome, oferecidos aos membros mais valorosos da divisão”.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOEmgJHQIwwrSOCQ91HCIT8jb_sPuhW-NsPFsjtrpxNU3kYN8kC8-BDn3H5HouhK2RLq12lQerkomWWnb0FSRC12l1bA13iThbWI8BxD3nd8UHM1TQhR9th1Hg-iiM6i62u1wWPZrggwA/s1600/ss+croatas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOEmgJHQIwwrSOCQ91HCIT8jb_sPuhW-NsPFsjtrpxNU3kYN8kC8-BDn3H5HouhK2RLq12lQerkomWWnb0FSRC12l1bA13iThbWI8BxD3nd8UHM1TQhR9th1Hg-iiM6i62u1wWPZrggwA/s1600/ss+croatas.jpg" n4="true" /></span></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O som da voz de Hitler escutado em rádios de campanha no meio do território inimigo e um relógio de ouro saqueado de algum judeu como incentivo indicam como pensavam as SS, que tinham sentimentos que iam da total devassidão ao espírito de total sacrifício fanático até a total falta de sentimento de compaixão ao próximo. Eram as tropas ideais para matar e destruir populações inteiras sem nenhum remorso.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O espírito das SS era a quintessência do racismo nazista, para orientar os soldados das SS no Leste, o departamento de Gottlob Berger publicou em 1941, um panfleto de instruções, intitulado “O Subumano”, onde os povos da antiga União Soviética eram chamados de “secundinas da humanidade, vivendo espiritualmente em nível mais baixo que os animais”.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A sua notoriedade maligna surgiu de repente em meio aos horrores da guerra e atingiu o ponto máximo na ação punitiva contra Lidice, uma aldeia nas proximidades de Praga. Heydrich, desde setembro de 1941 protetor da Boêmia e da Morávia, foi assassinado numa rua de Praga por patriotas tchecos, que se dizia serem naturais de Lidice. No dia 9 de junho de 1942, em represália ao atentado, a aldeia foi nivelada até o chão, fuzilados todos os habitantes masculinos com mais de quinze anos, enviadas as mulheres para os campos de concentração, e arrastadas as crianças para os centros Lebensborn, de onde os inapropriados para a germanização eram despachados para os KZs. Esta chacina foi amplamente divulgada nos meios de propaganda nazista com a finalidade de acabar com a vontade de resistir da Europa ocupada.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A vingança incluiu suspeitos políticos na Tchecoslováquia e entre os prisioneiros judeus em toda a parte, como se um banho de sangue apagasse o fato de que no auge do poder nazista, Heydrich, o segundo mais alto líder das SS havia caído pela bala de um patriota. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"> </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em outubro de 1938, Hitler já havia cunhado o conceito nazista de legalidade: “Todos os meios, mesmo que não estejam de conformidade com as leis e precedentes, são legais se servem a vontade do Führer”. O decreto Nachtund Nebel de 7 de dezembro de 1941 organizou a colaboração entre o exército, a Wermacht, e os SS. Os resistentes de todos os países dominados seriam enviados aos campos. A partir de 1942, o conjunto de KZs compreende vinte e dois campos principais e uma centena de campos anexos, além de pequenos campos provisórios. Eles fornecem à industria alemã, principalmente do esforço de guerra, mão de obra indispensável em troca de compensações pagas às SS, são milhares de escravos com prazo de validade: “até que a morte lhes suceda”.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">“Arbeit macht frei” (O trabalho liberta), a célebre máxima da entrada de Auschwitz já era conhecida há anos no frontão das usinas da I.G. Farben. Muitas outras empresas tiraram proveito dos KZs e de sua mão de obra escrava: Krupp, BMW, Wolkswagen, Siemens, Daimler Benz, entre as mais conhecidas. Os caminhões de gás carbônico para envenenamento por inalação, as câmaras de gás e os crematórios, o Zyklon B, todos foram produzidos graças a grande engenhosidade da indústria alemã. A Bayer contava com as pesquisas “médicas”. As fábricas alemãs do americano Ford e da General Motors forneceram à Wermacht veículos blindados e de transporte de tropas, e foi nos bancos suíços que o Reichsbank depositou os lingotes de ouro obtidos pela fundição dos dentes de suas vitimas. Um monstro multiforme da ganância, lucro, dever burocrata e violência inclemente apoderou-se dos valores e da cultura desfigurando e conspurcando cada individuo de uma nação pretensamente civilizada transformada em gens canibal.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF6cdSWZPgKK0JRxLvR8qLPuJRoI_Kh3QkvLgAH9hVaBEPUJDM1T8Am_EWO1bHqWi5KF8I3_RcHU9zy3NCEL1hsYqDn4AJnKBhr6gCXx0Dn_gPK8dTaKdI8Qa_4MbGahDtgcv5sq2Qkps/s1600/doctor16.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF6cdSWZPgKK0JRxLvR8qLPuJRoI_Kh3QkvLgAH9hVaBEPUJDM1T8Am_EWO1bHqWi5KF8I3_RcHU9zy3NCEL1hsYqDn4AJnKBhr6gCXx0Dn_gPK8dTaKdI8Qa_4MbGahDtgcv5sq2Qkps/s400/doctor16.jpg" height="400" width="240" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;">Experiências dos "Cientistas das SS"</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O ex-tesoureiro naval Pohl foi chefe econômico de Himmler no Departamento Central de Administração Econômica, desde a decisão do Reichsführer, em 1938, de fundar um império baseado na mão de obra dos campos de concentração. Sob a égide de Pohl, empresas de produção de armas, manufaturas de têxteis e artigos de couro, processamento de alimentos e destilação de bebidas não-alcoólicas haviam crescido por volta de meados da guerra e alcançavam um movimento anual de cinqüenta milhões de marcos.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A indústria de armamentos demonstrou a mais rápida taxa de crescimento entre todas as das SS. O seu diretor, Dr. Hans Kammler, um tecnocrata de imensa ambição, dirigiu também a construção das câmaras de gás, quartéis, hangares e fábricas subterrâneas. Construiu também as bases de lançamento e rampas das bombas voadoras e foguetes V2, como missões de alta prioridade para a qual requisitou em 1942, uma força de trabalho escravo de 175.000 prisioneiros de guerra e dos campos de concentração.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Nos últimos doze meses da guerra, o exército de trabalho escravo de Pohl chegava a 600.000 pessoas: 250.000 trabalhavam em fábricas de armas de propriedade privada como a Krupp, 170.000 em empresas estatais, 130.000 na agricultura e indústria de serviços e o restante em canteiros de obras.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span style="font-size: small;">Uma declaração preparada pelo Departamento de Contabilidade de Custos (WVHA) na época estimava o valor da antropofagia oficial sob a forma ordenada dos números:</span></b><b><span style="font-size: small;">“A contratação, por empréstimo, de prisioneiros dos campos de concentração a empresas industriais rende, em média, um retorno diário de 6 a 8 marcos, dos quais 70 pfennings devem ser deduzidos para alimentação e vestuário. Supondo-se uma esperança de vida de 9 meses dos prisioneiros dos campos, multiplicamos essa soma por 270 e obtemos um total de 1.431 marcos. Este lucro pode ser aumentado por utilização racional do cadáver, isto é, mediante uso das obturações de ouro, roupas, artigos de valor, etc..., mas, por outro lado, cada cadáver representa um prejuízo de dois marcos, que é o custo da cremação”.</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em teoria esse lucro pertencia ao Reich. Na prática, quase sempre serviram aos interesses dos favoritos do Reichsführer, como por exemplo o comandante de Buchenwald, o Oberführer Hermann Pister, que acumulou uma fabulosa fortuna fornecendo mão de obra dos KZ aos industriais do Ruhr. Negociava com Mannesmann, Krupp e os demais interessados, atuava como um colega de negócios e fazia parte de algumas de suas diretorias além de comandar com mão de ferro o campo.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Pister, contudo ficou aquém de seu predecessor, o Lagerkommandant Koch, de Buchenwald, que após arrabanhar milhares de judeus na Kristallnacht de novembro de 1938, desviara grande parte das riquezas confiscadas das vitimas do Reich para seus bolsos. A pretensa austeridade dos oficiais das SS era uma camuflagem tanto quanto sua aversão ao capitalismo. Na verdade a única aversão das SS era em relação ao trabalho honesto e apesar das declarações no sentido da retidão foram poucos os que não se fartaram com sua colheita sangrenta de almas. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"> </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Sem a efetiva participação de parcelas inteiras das mais altas classes e autoridades da sociedade civil européia que simpatizavam com os ideais pan-europeus propostos por Hitler nada disso teria sido possível. As SS recrutaram voluntários na Letonia, Ucrania, Croácia para atuar em seus corpos de tropas e policia. Acolheram em suas fileiras, voluntários estrangeiros, nas divisões Charlemagne, Flandre, Nordland, brigada Wallonia. Mas foi a colaboração das instituições dos países ocupados que lhes foram mais úteis. Foi a policia que recenseou os judeus residentes na França, efetuou as prisões em massa em Paris (16-17 de julho de 1942) e entregou aos nazistas para serem deportados para Dachau, incluindo resistentes gaullistas e comunistas que já estavam presos, e por excesso de zelo servil, crianças, por sugestão das próprias autoridades francesas.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Apesar das tentativas de insuflar grupos nacionais contra o governo central russo para estabelecer uma nova estratégia num conflito fadado ao fracasso, a ponto de Himmler criar a brigada russa Kaminsnki incluída aos efetivos das SS, Hitler manteve até o fim seu obstinado pensamento racista em relação ao povo eslavo. Na sua escala particular de subumanidade, o eslavismo ficava apenas um grau acima dos ciganos e judeus. O Führer permaneceria até o fim fiel à visão de eslavos como escravos, úteis apenas para servir aos seus senhores alemães, e desta forma desestimulou qualquer tentativa do seu Estado Maior de mudar sua estratégia segregacionista de dominação.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Entretanto o anti-semitismo ultrapassava ideologicamente a qualquer outra relação racial dos nazistas com outras etnias. A guerra até a morte aos judeus constituía o credo principal que ocupou as SS ao longo da ascensão e queda do III Reich.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Desde 1933 os judeus do Reich haviam sofrido perseguições, obrigando um número cada vez maior à emigração. Em discurso no Reichstag em 30 de janeiro de 1939, Hitler publicamente reconheceu suas intenções ao afirmar: “uma guerra futura presenciará a destruição da raça judaica na Europa”, mas nem a comunidade judaica nem o mundo adivinharam o real sentido da ameaça implícita nessas palavras.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Com o início da guerra as rotas de fuga para os judeus foram bloqueadas e a maioria dos países procurou esquivar-se de qualquer responsabilidade de acolher os fugitivos. A suspensão das comunicações para o exterior dos países ocupados pelos nazistas em sua zona de influencia facilitou, sem dúvida alguma, a implementação da “Solução Final”.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em setembro de 1939, as chefias da Gestapo, do SD e da Kriminalpolizei foram fundidas no Reichssicherheitshauptamt (RSHA ou Departamento Central de Segurança do Reich) que iria monopolizar o terror de Estado de um lado a outro do continente. Como primeiro chefe do RSHA, Heydrich nomeu o Untersturmführer Adolf Eichmann que, em janeiro de 1940, assumiu a chefia do Departamento Judaico,a notória subseção IV B, localizada em uma casa na elegante Kurfürstenstrasse de Berlim, com arquivos, teletipos e outros equipamentos a disposição para executar sua sinistra missão.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Na Polonia ocupada, entre 1940-1941, três milhões de judeus poloneses foram arrebanhados em uns poucos guetos em uma densidade populacional inimaginável. Em Varsóvia, Cracóvia, Lodz, Bialystock, as péssimas condições de vida naturalmente liquidou com meio milhão de moradores até a escalada final de Hitler na guerra, quando preparava seu ataque à Russia. Três meses antes do lançamento da Operação Barbarossa, o Führer em pessoa ordenou a Himmler na famigerada “Ordem do Comissário”, para que criasse as Einsatzgruppen (unidades de extermínio), que deviam buscar e promover a “liquidação inexorável de todos os agitadores bolcheviques, partisans, sabotadores e judeus encontrados atrás das fronteiras russas invadidas.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfECi32VufAC6RsWT4KdevbF_DfqdkSKjI8olcsZitWKZZ50-YbLY-Ggv0yetKZ4eOQuMWGm2TiMwCoSZGEaUXEswq_mZtfJ6CtWBQr5rbazG4UuclaHuvHn7qyRKUHG5XzNtXzM0kb3E/s1600/crian%25C3%25A7a+rendida.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfECi32VufAC6RsWT4KdevbF_DfqdkSKjI8olcsZitWKZZ50-YbLY-Ggv0yetKZ4eOQuMWGm2TiMwCoSZGEaUXEswq_mZtfJ6CtWBQr5rbazG4UuclaHuvHn7qyRKUHG5XzNtXzM0kb3E/s400/crian%25C3%25A7a+rendida.jpg" height="298" width="400" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;">Varsóvia</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Três mil comandos das Einsatz, unidades móveis de extermínio, seguiam no rastro da Wehrmacht e passaram em revista as comunidades judaicas em uma vasta área compreendida entre o Golfo da Finlândia e o Mar Negro. Os Estados Bálticos, a Rússia Branca e a Ucrânia possuíam densa colonização judaica. Os avanços relâmpagos dos exércitos alemães em 1941 engolfaram comunidades inteiras que desconheciam pela censura da guerra o destino de seus vizinhos judeus que já se encontravam sob o jugo mortal dos nazistas.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Assim a missão dos Einsatzgruppen se resumia a um simples problema de logística. Atrair as comunidades numa aldeia ou praça pública, transportá-los para um local discreto, cortado por uma profunda vala, com dimensões adequadas, estabelecer a formação das vitimas ante a mira das armas e sua execução. A melhor solução, racionalizada pelos assassinos, era a qual sucessivas filas eram executadas, camada após camada, bem alinhadas de corpos na vala que posteriormente era coberta com areia.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Antes de cada execução, as vitimas eram obrigadas a despirem-se e colocar as roupas, sapatos, objetos de valor e outras posses em pilhas separadas para posterior utilização refletindo sua racional noção de economia inerente à sua máquina de morte nazista.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em conjunto, os Einsatzgruppen assassinaram cerca de 1.300.000 judeus, numa proporção de 1 comando para cada 430 vitimas, entre caçadores e caçados, demonstrando a profunda eficiência e dedicação desses fanáticos racistas. Entre seus comandantes havia um verdadeiro espírito competitivo e buscavam aumentar seus placares de mortes para melhor impressionar os superiores do RSHA em Berlim.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Esses modernos Genghis Khans eram na maioria oficiais com alta formação acadêmica e não faziam o comum perfil de psicopatas ou seriais killers. Walter Stahlecker, líder do Einsatzgruppe A, que atingiu sua meta de “primeiro lugar” ao comunicar a limpeza étnica de todos os judeus da Estônia em tempo recorde, era originário de um alto posto administrativo. O Dr Stahlecker era uma espécie de intelectual envolvido com o serviço secreto, como também seu colega de posto Otto Ohlendorf, responsável pelo Einsatzgruppe D, na Ucrânia e Criméia. Da mesma forma, as patentes intermediárias eram formados em universidades e compunham a elite da sociedade alemã. O Standartenführer Paul Blopel, responsável pelo massacre de trinta mil judeus em Baby Yar, era um fracassado arquiteto alcoólatra, seu colega de farda Bieberstein era formado em teologia.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Ao serem confrontados por seus crimes em Nuremberg, foi perguntado por um juiz ao “pastor” se nunca havia passado por sua cabeça confortar espiritualmente suas vitimas e ele respondeu: “Eles eram bolchevistas. Não devemos lançar pérolas aos porcos. Se falo aos ateus sobre a palavra de Deus, corro o risco de torná-los irônicos. Essas coisas são sagradas demais para mim para pô-las em risco em situações como essas”. Blobel também acreditava cumprir uma missão sagrada, graças a imaginada superioridade cultural alemã e seu profundo subjetivismo filosófico externado na afirmação perante o tribunal desse carrasco: “A vida humana não era tão valiosa para eles, isto é, para os russos e judeus, como para nós. Os nossos homens que tomaram parte nessas execuções sofreram mais do que os que deviam ser fuzilados”.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A preocupação desses oficiais de baixa patente era com a moral de seus subordinados e pelo seu bem-estar segundo relatos de outros acusados nos terríveis crimes: “Pela manhã, eu levava meus homens para praticar esportes à beira do lago e, à noite, cantávamos em volta das fogueiras do acampamento”.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">A única questão discordante entre esses oficiais submetidos a julgamento dizia respeito a forma do extermínio. Alguns julgavam o fuzilamento “mais honroso” do que a execução a gás, enquanto outros, entre eles Bieberstein, expressavam preferência pelo segundo método que julgavam “mais agradável para ambas as partes interessadas”.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em janeiro de 1942 foi estabelecida uma conferencia entre os principais dignatários nazistas. Estavam presentes Heydrich, seu presidente, Eichmann com secretário e todos os chefes da RSHA e secretários de Estado de uma dezena de ministérios. Lá conceberam o plano-diretor para o extermínio dos judeus em todo o continente. Nos meses seguintes, quatro complexos de câmaras de gás: Belcez, Sobibor, Majdanek e Treblinka surgiram na região de Lublin, que era uma enorme área de recepção de judeus deportados controlada pelo Gruppenführer Odilo Globocnik. Ele tinha como seu principal auxiliar e organizador do campo de extermínio o mesmo Christian Wirth que chefiara a campanha de eutanásia. Sua ascenção meteórica tinha atraído a atenção e gerado inimizades entre seus pares, alguns presentes em Belcez no dia de agosto de 1942 quando ocorreu a seguinte cena:</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“Às 7:20 da manhã chegou procedente de Lemberg uma composição de 45 vagões, transportando mais de 6.000 pessoas. Entre elas, 1.450 já estavam mortas por ocasião da chegada. Por trás das pequenas janelas fechadas com arame farpado, crianças, jovens, homens e mulheres tremiam apavoradas até a morte. Ao parar o trem, 200 ucranianos designados para a tarefa abriram violentamente as portas e, tocando os judeus com chicotes de couro, esvaziaram os vagões. Instruções foram berradas de um alto-falante, ordenando-lhes que tirassem toda a roupa, membros artificiais e óculos. Usando pequenos pedaços de barbante entregues por um menino judeu, deviam amarrar os pares de sapato. Todos os artigos de valor e dinheiro deviam ser entregues num balcão, embora nenhum recibo tenha sido dado. As mulheres e moças deveriam cortar os cabelos na tenda do cabelereiro”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><i><br />
</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“A um canto postou-se um corpulento membro das SS, individuo de voz forte e untosa de padre: ‘Coisa alguma de horrível vai acontecer-lhes. Tudo o que vocês tem a fazer é respirar fundo. Isso fortalece os pulmões. A respiração é um meio de prevenir doenças infecciosas’. Os prisioneiros perguntavam a si mesmos o que lhes ia acontecer. ‘Os homens terão de trabalhar na construção de casas e estradas. As mulheres, porém, não serão obrigadas a fazê-lo: farão trabalho caseiro ou ajudarão na cozinha’. Para alguns, isto constituiu um pequeno raio de esperança, suficiente para levá-los, sem resistência, até as câmaras da morte. A maioria conhecia a verdade. O cheiro disse-lhes qual seria seu destino. Subiram um pequeno lance de degraus e entraram nas câmaras, a maioria seu uma palavra, empurrados pelos que vinham atrás”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><i><br />
</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“No interior, homens das SS espremiam-nos, uns contra os outros. ‘Encha-as bem’, ordenou Wirth, ‘700 ou 800 deles para cada 270 pés quadrados’. Em seguida as portas foram fechadas. Enquanto isso, esperava nu o resto do pessoal desembarcado”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><i><br />
</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“Um sargento das SS, motorista de um caminhão diesel, cujos gases de escapamento seriam usados, lutava para ligar o motor, que se recusava a pegar. Cinquenta, setenta minutos escoaram-se lentamente, mas o diesel não queria funcionar. Podia-se ouvir gente chorando dentro da câmara de gás. Furioso com a demora, Wirth chicoteou o ucraniano que ajudava o sargento”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><i><br />
</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"><i>“Passaram-se 2 horas e 49 minutos antes que o diesel pegasse. Ao fim de mais 32 minutos, estavam todos mortos. Alguns trabalhadores judeus no lado oposto abriram as portas de madeira. No lado de dentro, as pessoas estavam ainda eretas como pilares de basalto, já que não havia um centímetro de espaço onde pudessem cair ou mesmo inclinar-se. Os corpos foram lançados para fora, azulados, úmidos de suor e urina, pernas sujas de fezes e sangue menstrual. Umas duas dúzias de trabalhadores examinaram as bocas dos mortos, que abriram com ganchos de ferro. Outros inspecionaram ânus e órgãos genitais em busca de dinheiro, brilhantes, ouro, enquanto dentistas andavam em volta tirando a golpes de martelo dentes de ouro, pontes e coroas. Em meio a eles, via-se a figura do Hauptsturmführer Wirth, espojando-se no seu elemento”.</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Em função do longo tempo perdido para acionar o mecanismo mortal concebido por Wirth seus tempos de glória estavam contatos. Naquele momento os seus superiores chegaram a conclusão que o monóxido de carbono deveria ser substituído pelo ácido prússico, pela sua eficiência superior como gás asfixiante. O Zyklon B substituiu o antigo método em todos os campos jogando Wirth no ostracismo e colocando em seu lugar o Hauptsturmführer Karl Fritzsch, defensor da nova metodologia mortal.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Fritzsch era oficial do quadro da SS de Auschwitz, o campo denominado pelos nazistas de “anus mundi”, para definir como era desagradável prestar serviço naquela unidade. Diziam: “Aqui os ainda vivos invejavam os mortos: prisioneiros russos enlouquecidos pela fome despendiam a última gota de energia para subir nas carroças que, todas as tardes, levavam os cadáveres do dia para os braseiros”.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Auschwitz era o maior dos campos e possuía quatro crematórios, compreendendo quarenta e seis fornos que podiam abrigar a quinhentos cadáveres por hora, e ainda precisava suplementação de enormes fornalhas abertas de incineração. Em quinze milhas quadradas entre os rios Vístula e Sola, entre câmaras de gás e crematórios ainda mantinha um enorme complexo industrial de oficinas de armeiros, fábricas químicas, usinas de petróleo e borracha sintética, oficinas de reparo de vagões e locomotivas, pedreiras, e empreendimentos florestais e agrícolas, todos eles servidos por trabalho escravo. Entretanto seu maior produto era a morte com uma produção média anual de mais de um milhão durante seus três anos de existência.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Por ocasião do desembarque no campo os prisioneiros eram submetidos à seleção para envio imediato às câmaras de gás ou entregues aos trabalhos forçados. Durante os poucos meses que lhes restavam de vida eram levados à total degradação e desamparo. Só os artesões com alguma utilidade especial sobreviviam. O trauma profundo de serem lançados nesse inferno transformava-os da noite para o dia, de seres humanos para animais que respondiam aos reflexos básicos ao meio ambiente hostil. Transformados em indivíduos anônimos, reduzidos a um número tatuado no antebraço direito, podiam ser exterminados em qualquer momento por um dos Kapos ou um guarda SS por qualquer ninharia.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Todos os tipos de torturas os Gentlemen das SS inventaram para atormentar as pobres almas. Suas crenças, em particular o judaísmo eram ridicularizadas pelos oficiais SS que ordenavam suas sádicas expiações aos prisioneiros como se a dureza da vida nos campos não fosse suficiente para causar a morte de milhares. Foram poucas as manifestações de misericórdia, o auxilio foi comedido, uma mínima parcela de vitimas conseguiu escapar das mãos de seus algozes graças a uns poucos heróis anônimos. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"> </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">O biênio 1947-1948 assistiu ao julgamento dos oficiais do Einsatzgruppen em Nuremberg, bem como as denúncias contra a Administração Economica das SS e dos “Médicos da Morte”, acusados de experimentos nos KZ. A intensificação da Guerra Fria, o avanço do poderio soviético, o golpe comunista na Tcheco-Eslováquia, a Guerra da Coréia, incentivaram os EUA e as demais nações européias a relaxar as punições aos crimes de guerra cometidos pelos oficiais nazistas subalternos e disso resultou geral comutação de penas de morte e drásticas reduções de penas de prisão. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Oswald Pohl e Otto Ohlendorf comportaram-se de modo extraordinário no tribunal. Pohl, assassino de judeus comparou o julgamento ao famoso caso Dreyfus, no qual um oficial francês de origem judaica foi incriminado e injustamente acusado por um tribunal militar na França. Descreveu-se como bode expiatório de outros tantos SS com patentes superiores que ainda estavam em liberdade.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;"></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Ohlendorf foi ainda mais extravagante. Ao ser confrontado com a inclemente execução de ciganos cometida por seus comandados, alegou medidas de “contra espionagem” e citou o teatrólogo Schiller do séc. XVIII, sobre o papel dos espiões ciganos na Guerra dos Trinta Anos. Ao ser questionado por que a lista de resultados do Einsatzgruppe D, noventa mil vítimas, era muito inferior a média das demais unidades, replicou: “Considerei indigno de mim apresentar resultados que não correspondessem a verdade!”</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Muitos desses homens foram integrar cargos nas administrações governamentais da Alemanha Ocidental ou para a iniciativa privada, outros foram servir como agentes de espionagem para as potências do ocidente ou prestar consultoria a ditadores na América do Sul apoiados pelos Norte Americanos. Impedir o avanço do comunismo parecia mais importante que punir criminosos de guerra pelos seus crimes hediondos contra populações indefesas.</span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Na imprensa recentemente a notícia melancólica, uma pequena nota apareceu nos jornais do ocidente: "um relatório secreto sobre a perseguição de ex-nazistas pelas autoridades americanas após a Segunda Guerra Mundial afirma que a CIA recrutou nazistas para trabalhar na inteligência americana. O jornal New York Times afirmou, baseado em um relatório de 600 páginas, que em 1954 funcionários da CIA recrutaram Otto Von Bolschwing, um homem ligado ao criminoso nazista Adolph Eichmann.</span></b><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br /><i>
"Von Bolschwing, envolvido nos planos nazistas para 'libertar a Alemanha dos judeust' atuou na CIA durante vários anos, vivendo e trabalhando nos Estados Unidos, revelou o jornal".</i></span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><br /><i>
"O relatório traz uma série de memorandos internos nos quais funcionários da agência de inteligência dos EUA debatem sobre como Von Bolschwing deve agir se for interrogado sobre seu passado, e determinam que ele precisa negar qualquer vínculo com os nazistas ou alegar circunstâncias atenuantes. Após descobrir os vínculos de Bolschwing com o nazismo, o departamento de Justiça tentou expulsá-lo do país, em 1981, mas ele morreu no mesmo ano, aos 72, revelou o jornal".</i></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b>
<br />
<strong>Com seu suicídio e posterior cremação quando acossado pelas tropas soviéticas em seu bunker protegido em Berlim Hitler pretendia ingressar no panteão dos heróis arianos. O culto antropofágico que foi recriado pelos nazistas, e deveria ter sido sepultado definitivamente ao fim da II Guerra, permanece insepulto graças ao flagelo suicida de seu líder que de personagem da politica demente de uma Alemanha puritana transformou-se num mito para as mentes inferiores que sempre infestam as sociedades do mundo. A guerra fria só facilitou a incubação dormente. Seus ideais racistas infelizmente sobreviveram nem sempre nas sombras e até hoje são uma ameaça às liberdades e direitos humanos das populações e seus admiradores continuam atuando na surdina, espalhados pelo mundo, infiltrados nas redes de comunicação, se preparando para um novo evento que lhes proporcione o ambiente de cultura necessário como pode ser a crise econômica e a superpopulação para o ressurgimento de suas idéias de genocídio e sectarismo em algum país de origem indo ariana não muito longe. Devemos nos manter alertas. </strong></b><b><span style="font-size: small;"> </span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Os judeus denominaram Schoá (Extermínio) para designar as agruras que suas populações foram expostas pela aventura nazista. Ao fim da II Guerra Mundial quase 73 milhões de vitimas se contavam entre os países que estiveram envolvidos no conflito. Exocanibalismo exercitado pelos povos mais “civilizados” do planeta tinha gerado a maior hecatombe provocada pelo próprio ser humano. A guerra total demonstrou todo o seu potencial de carnificina e ao final do conflito era difícil distinguir entre “mocinhos” e “bandidos”. Inaugurava-se uma nova época onde até mesmo o átomo serviu para oferecer em holocausto seres humanos indefesos ao grande deus canibal. </span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK9zzG8oSSMWLdJlk_OL1aoDq0CZN6mrBm8MZpvu7X1PKhQq6coUh8yGKLaIC8wK262EhuKuTUa342FIqDWQx5tc9ZPWudr8BfPFPH5clB8K8sP7jBMkgIIQ1_iFZm-os22ExGp8bWkGo/s1600/vitoria+em+berlim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK9zzG8oSSMWLdJlk_OL1aoDq0CZN6mrBm8MZpvu7X1PKhQq6coUh8yGKLaIC8wK262EhuKuTUa342FIqDWQx5tc9ZPWudr8BfPFPH5clB8K8sP7jBMkgIIQ1_iFZm-os22ExGp8bWkGo/s400/vitoria+em+berlim.jpg" height="273" width="400" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;">URSS toma Berlim</span></td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><br />
</span><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">Bibliografia: </span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">1) "A História da SS" - Richard Grunberger - Ed. Record - 1970</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">2) "Schoá - Sepultos nas Nuvens" - Gérard Rabinovitch - Ed. Perspectiva - 2004</span></b><br />
<b><span style="color: #990000; font-size: small;">3) "Sintese da Doutrina Secreta" - Helena P. Blavatsky - Ed. Pensamento - 1999 </span></b></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4835706624399225934.post-34777626678215870272010-10-26T16:52:00.001-07:002014-09-21T19:20:59.342-07:00Da Guerra – Maquiavel, Clausewitz, Sun Tzu.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH4tVurEC6UqaarTVfgf3pFMwHqycJlXSQnQajVKldUEbJVntZX9mYeEwwHNA9rEwgMjFXu-gPnFztdp1Pmok9NX_MuKmxVXMpMhmlubIqlIpvpzReS5WSXlqJCYE6zt3ftcd6Hv_sVUA/s1600/350px-Terciosmarchando.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH4tVurEC6UqaarTVfgf3pFMwHqycJlXSQnQajVKldUEbJVntZX9mYeEwwHNA9rEwgMjFXu-gPnFztdp1Pmok9NX_MuKmxVXMpMhmlubIqlIpvpzReS5WSXlqJCYE6zt3ftcd6Hv_sVUA/s400/350px-Terciosmarchando.jpg" height="300" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>Maquiavel em seus diálogos sobre a “Arte da Guerra” redigido em 1520 colocou nas palavras de Fabrizio Colonna suas opiniões pessoais sobre como deveriam ser organizados os exércitos na Itália dividida em principados e sempre a mercê das potencias vizinhas. Fabrizio havia servido com honra ao rei de Espanha, uma potencia militar, onde havia combatido por muito tempo. A época de ouro de Roma estava sepultada há muito e só alguns registros do passado glorioso haviam sobrevivido pelas muitas invasões bárbaras que a península havia sofrido. O Renascimento evocava a nostalgia pelos “dias gloriosos” que os eruditos acreditavam ter existido no período Clássico, inclusive sobre a questão da organização marcial.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>As máximas foram enumeradas para reflexão dos príncipes e condottieris com o objetivo de criar-se uma força nacional capaz de enfrentar os inimigos que faziam dos principados italianos suas presas indefesas:</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>1°) Tudo o que serve para o inimigo prejudica; tudo o que prejudica, serve.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>2°) Aquele que se empenhar mais em observar os planos do inimigo e em treinar freqüentemente seu exército haverá de correr menos perigos e terá mais chances de esperar pela vitória.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>3°)Nunca se deve levar os soldados ao combate, a não ser após tê-los deixado repletos de confiança, após tê-los treinado muito bem e estar seguro de que não tem mais medo. </strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>Enfim, nunca entrar em combate, senão quando tiverem esperança de vencer.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>4°)É melhor triunfar sobre o inimigo pela fome do que pela espada. O êxito das armas depende muito mais da sorte do que da coragem.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>5°)As melhores decisões são aquelas que se consegue esconder ao inimigo até o momento de colocá-las em execução.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>6°)Uma das maiores vantagens na guerra é conhecer a ocasião e saber aproveitá-la.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>7°)A natureza faz poucos bravos; na maioria das vezes, são feitos pela educação e pelo exercício.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>8°)Vale mais na guerra a disciplina que a impetuosidade.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>9°)Quando o inimigo perde alguns de seus soldados que passam para o outro lado, é grande a conquista se permanecerem fiéis ao novo exército. Um desertor enfraquece muito mais um exército do que um morto, embora o apelativo de trânsfuga o torne tão suspeito a seus novos amigos quanto àqueles que ele deixou.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>10°)Quando se dispõe um exército em ordem de batalha, é melhor reservar reforços atrás da primeira linha do que espalhar seus soldados para ampliar o próprio front.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>11°)É difícil vencer aquele que conhece bem suas forças e aquelas do inimigo.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>12°)Na guerra, vale mais a coragem que a multidão, mas o que vale mais ainda são os postos vantajosos.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>13°)As coisas novas e imprevistas espantam um exército, mas, com o tempo e o costume, cessa de temê-las. Deve-se, portanto, quando se tem pela frente um inimigo novo, acostumar suas tropas por meio de rápidas escaramuças, antes de se empenhar numa ação total.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>14°)Perseguir em desordem um inimigo em fuga é querer trocar a vitória por uma derrota.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>15°)Um general que não faz grandes provisões de víveres será vencido sem entrar em combate.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>16°)Deve-se escolher o campo de batalha, de acordo com a maior confiança que se deposita na cavalaria ou na infantaria.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>17°)Como descobrir se há um espião no próprio acampamento? Basta mandar que cada soldado se recolha em seu alojamento.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>18°)Deve-se mudar subitamente as disposições, quando se perceber que o inimigo penetrou nas fileiras.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>19°)Deve-se perguntar a muitos sobre que estratagemas tomar, mas não se deve confiar senão a pouquíssimos amigos o plano escolhido.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>20°)Que durante a paz, o temor e o castigo seja o móvel do soldado; durante a guerra, a esperança e as recompensas.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>21°)Um bom general nunca arrisca uma batalha, se a necessidade não o forçar a isso ou se a oportunidade for muito boa.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>22°)Que o inimigo jamais venha a saber as disposições do dia do combate, mas qualquer que sejam, a primeira linha deverá sempre poder entrar na segunda e na terceira.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>23°)Durante o combate, se não quiser provocar a desordem no próprio exército, nunca se deve confiar a um batalhão outra função, a não ser aquela a que estava destinado antes.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>24°)Contra os acidentes imprevistos, o remédio é difícil; contra os acidentes previstos, é fácil.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>25°)Soldados, armas, dinheiro e pão, esse é o cerne da guerra. Desses quatro elementos, os dois primeiros são os mais necessários, porque com soldados e armas se encontra pão e dinheiro, enquanto que com pão e dinheiro não se encontra nem armas nem soldados.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>26°)O rico desarmado é a recompensa do soldado pobre.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>27°)Deve-se acostumar os soldados a menosprezar alimentos requintados e ricos trajes.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr66xUgGm1VOoy-91XNdpMAoNMDRa6BxGy1AB4Gg0ikr4MJqOWNKtaDK1nKwyimaj-k5toXYBnW8FItWnfEvjZfYQYMVspdz75pecifSvy-U9DnT-FKUYzvGehufMoQgL3FV5ZQqScQM4/s1600/350px-Tercio_piquiers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><strong><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr66xUgGm1VOoy-91XNdpMAoNMDRa6BxGy1AB4Gg0ikr4MJqOWNKtaDK1nKwyimaj-k5toXYBnW8FItWnfEvjZfYQYMVspdz75pecifSvy-U9DnT-FKUYzvGehufMoQgL3FV5ZQqScQM4/s400/350px-Tercio_piquiers.jpg" height="146" width="400" /></strong></a></div>
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>Neste período, entre os séc. XIV e XV, o sistema de Terços usado pelos espanhóis e os alabardeiros suíços eram as organizações militares mais afamadas pelas suas vitórias em combate graças às formações compactas de piquetes, bestas, escudos e com a evolução bélica, o uso de arcabuzes, armas de fogo portáteis que davam cobertura para os alabardeiros, tornando custoso o avanço da cavalaria contra uma muralha de lanças afiadas e setas ou balas destruidoras em cerrada artilharia. Esse novo método de combate a pé inspirado nas antigas legiões romanas revolucionou os combates no fim da Idade Média e decretou a decadência da carga de cavalaria pesada como tática eficiente de batalha. </strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>Os suíços formavam quadrados imbatíveis onde os cavalarianos eram simplesmente empalados nas longas lanças ou mortos pelos besteiros que tinham tempo para a recarga protegidos pelos piquetes. A superioridade tática dos terços espanhóis em relação aos suíços era baseada na sua capacidade de fazer manobras e revoluções, subdividindo-se em unidades menores até o momento do combate corpo a corpo. Aos poucos as bestas foram sendo substituídas por arcabuzes pelos espanhóis. Sua formação original era de 10 capitanias com 300 soldados cada, sendo 8 de piqueteiros e duas de arcabuzeiros.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzPj47k2fHdnN2psROTVEXTYPAYnBMeX_SCKDFvLWIcmMztZ9Y61OUeZ9IYFepR9Y_chwDRdZSy7Ge5chll9Kuf00PyoCn_xcZMqFy82IT0v5CYhyphenhyphenFKB0Cd-l86znJm8B3enhKgp2_t7k/s1600/350px-Desembarcoislasterceiras.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><strong><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzPj47k2fHdnN2psROTVEXTYPAYnBMeX_SCKDFvLWIcmMztZ9Y61OUeZ9IYFepR9Y_chwDRdZSy7Ge5chll9Kuf00PyoCn_xcZMqFy82IT0v5CYhyphenhyphenFKB0Cd-l86znJm8B3enhKgp2_t7k/s400/350px-Desembarcoislasterceiras.jpg" height="276" width="400" /></strong></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;"><strong>Desembarque nas Ilhas Terceiras</strong></span></td></tr>
</tbody></table>
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>Era esse tipo de força que Maquiavel imaginava organizar para defender o solo pátrio italiano contra as constantes invasões promovidas por franceses e alemães, povos que ele considerava “bárbaros”. Deplorava o uso de mercenários e forças auxiliares compostas por estrangeiros, largamente utilizadas pelos príncipes, pois eram pouco confiáveis e quando não estavam em campanha ou deixavam de receber o soldo passavam a representar um perigo adicional contra as cidades e os campos com saques e destruições incontroláveis. Ele imaginava a criação de um exército nacional que pudesse ser mantido, composto de cidadãos soldados, fórmula de recrutamento que foi utilizada no período Clássico por gregos e romanos e tinha vocação republicana.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>Os grandes quadrados de infantes e as manobras controladas ao som das bandas militares que marcavam as revoluções dos esquadrões evoluíram nos séculos subseqüentes para as divisões de infantaria de mosqueteiros e granadeiros em substituição aos longos piquetes. O mosquete no século XVII e XVIII era carregado pela boca e os esquadrões de atiradores formavam fileiras que atiravam em seqüência de tiro, isto é, enquanto uns atiravam uma saraivada mortal de chumbo, outros carregavam os mosquetes com balas e pólvora. O piquete foi substituído pela baioneta que no seus primórdios obliterava a boca do cano e impedia seu uso. A artilharia pesada tornou inúteis as couraças dos cavalarianos fazendo que os corpos de cavalaria fossem transformados em dragões, isto é, o arco curvo foi substituído pela pistola, o mosquete, e o sabre dando prioridade a mobilidade e rapidez de mudanças de direção para cavalarianos e montarias, como faziam os antigos mongóis, ora avançando, ora recuando conforme fosse mais conveniente e lutando desmontados se fosse necessário.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><strong><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheL-YGhsoCPWWoVdHuWxpX4VMTQDvtd5Ac9g8eR6igIwoJWyl1DO44ccSUY64NeqnN9Vke8xNln-l3wpqp8-3K16IMLI_DrvmRq3a5y_zYeyUueD7JSvbfS06udlMQdXO8UWNIbVk5pIg/s1600/Clausewitz.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></strong></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;"><strong>Clausewitz</strong></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheL-YGhsoCPWWoVdHuWxpX4VMTQDvtd5Ac9g8eR6igIwoJWyl1DO44ccSUY64NeqnN9Vke8xNln-l3wpqp8-3K16IMLI_DrvmRq3a5y_zYeyUueD7JSvbfS06udlMQdXO8UWNIbVk5pIg/s1600/Clausewitz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><strong></strong></a></div>
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>No séc. XIX as manobras dos esquadrões ainda eram realizadas em blocos compactos e a evolução bélica no campo da artilharia atingiu precisão sem limite, os antigos mosquetes passaram a usar cartuchos o que tornava mais rápido o municiamento e posteriormente surgiram as metralhadoras e rifles de repetição para terror dos povos autóctones em regiões distantes do mundo que ainda viviam na era do arco e flecha e do mosquete de pederneira e a guerra passou a ser tratada pelos estrategistas como uma extensão da política numa Europa imperialista e dominante. Clausewitz, um oficial prussiano iria concluir sua obra “Da Guerra” onde expõe suas opiniões sobre os conflitos de então onde grandes massas humanas se jogavam de forma ordenada em direção das balas e metralhas dos canhões inimigos. A tecnologia da morte havia avançado, mas as táticas de combate continuavam as mesmas tornando as batalhas cada vez mais sangrentas a ponto de ficar cada vez mais difícil estabelecer quem era o vencedor e quem era o vencido nas batalhas, entre os exércitos das gananciosas nações européias. Transcrevemos abaixo suas impressões sobre o campo:</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_Iw9aoHXbU-vHWWaLkxGVqKOMphVelDl_NCGWOftKMQfNfjsrfww_lBneQc1-P3e_ZTCxz4jsV6-ZRB8kIaWJ2VO5O9B7kzkgLhnrert29qum-9w0MFZEadC10ur6dqmhKS4GeLhMaWs/s1600/MARNE.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><strong><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_Iw9aoHXbU-vHWWaLkxGVqKOMphVelDl_NCGWOftKMQfNfjsrfww_lBneQc1-P3e_ZTCxz4jsV6-ZRB8kIaWJ2VO5O9B7kzkgLhnrert29qum-9w0MFZEadC10ur6dqmhKS4GeLhMaWs/s400/MARNE.jpg" height="216" width="400" /></strong></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;"><strong>Batalha do Marne</strong></span></td></tr>
</tbody></table>
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>“Do Perigo na Guerra”</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>“A idéia que formamos do perigo, antes de compreendermos seu verdadeiro significado, é mais atraente que repulsiva. Na euforia do entusiasmo avançar sem trégua sobre o inimigo – quem se recorda, então, de balas e homens caindo? Cego pela exaltação do momento lançar-se de encontro à morte fria, ignorando se a nós mesmos ou a um outro iremos mutilar, e tudo isso prestes a alcançar os dourados portões da vitória, próximo do rico fruto que o nosso desejo cobiça – poderá isso ser difícil? Não vai ser e, muito menos parecer difícil. Esses momentos, entretanto, não acontecem num único impulso; pelo contrário, assim como certos medicamentos tem que ser diluídos e transformados pela sua mistura com o tempo, tais momentos são raros”.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<strong></strong></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqwcuBkCX3THh0Mh6MZrBsdibyeRixqa5xMRFBdX4GFK76ZVw8Lm8QEkkKt8QJBOALK94sAPx6AMNM4kplXarR4MPWQhYvEQfYDlFKD5-4CvrYLjQptLuyMfu8_KDMPPz6Lg23g8El-vU/s1600/campo+de+batalha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><strong><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqwcuBkCX3THh0Mh6MZrBsdibyeRixqa5xMRFBdX4GFK76ZVw8Lm8QEkkKt8QJBOALK94sAPx6AMNM4kplXarR4MPWQhYvEQfYDlFKD5-4CvrYLjQptLuyMfu8_KDMPPz6Lg23g8El-vU/s400/campo+de+batalha.jpg" height="323" width="400" /></strong></a></div>
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>“Acompanhemos um jovem soldado ao campo de batalha. Conforme nos aproximamos, o ressoar dos canhões torna-se cada vez mais claro, logo sendo acompanhado pelo sibilar dos tiros, o que chama a atenção do inexperiente. As balas começam a golpear o solo próximo de nós, em frente a nós e na retaguarda. Corremos até à colina onde está o general e o seu estado maior. Aqui a constância que as bombas explodem e os dissabores causados pelas balas dos canhões – fazem com que a seriedade da vida se torne visível. Repentinamente, alguém que conhecemos cai – uma bomba explode em meio a multidão e causa movimentos involuntários. Começamos a perceber que já não estamos completamente a vontade e tranqüilos; até o mais valente está, pelo menos, um pouco confuso. Agora, um passo mais em frente na luta à nossa volta, que soa como uma cena de teatro, e chegamos junto do mais próximo general de divisão; aqui, uma bala atrás da outra, e o barulho das nossas próprias armas torna ainda maior a confusão. Do general de divisão, passamos ao brigadeiro, homem de reconhecida bravura, que se protege atrás de uma elevação de terreno, uma casa, uma árvore – sinal certo de crescente perigo. O fogo rápido da metralha esbraveja, sem controle, nos telhados das casas e nos campos, as balas de canhão assobiam sobre nossas cabeças, cortam o ar em todas as direções e logo há o constante sibilar das balas de mosquete. Mais um passo em frente, em direção às tropas, até essa corajosa infantaria que, há horas, se mantém firme sob o pesado fogo; aqui o ar está cheio com o silvo agudo das balas que anunciam sua chegada ao mesmo tempo que passam rente a orelha, a cabeça ou ao peito”.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVQw9CwnjKJ1Tzt81WtOrUiGgTkqXWJ3XyE_gbjjO0paOHFh5mHc-H_UA8hmjvjA5kZT74Y4ZcpbepS_OhfdlPJf1q7m2YXhJAoIQYaiPFhwb5DWHZeY4JOLfDwdHeR0O3HAH5Psw4JDI/s400/infantaria.jpg" height="193" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;">Avanço da Infantaria Prussiana</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVQw9CwnjKJ1Tzt81WtOrUiGgTkqXWJ3XyE_gbjjO0paOHFh5mHc-H_UA8hmjvjA5kZT74Y4ZcpbepS_OhfdlPJf1q7m2YXhJAoIQYaiPFhwb5DWHZeY4JOLfDwdHeR0O3HAH5Psw4JDI/s1600/infantaria.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><strong></strong></a></div>
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>“Para completar a visão dos feridos e dos mortos enche-nos de piedade e a compaixão faz com que nossos corações acelerem. O novato não consegue entender nenhuma dessas diversas formas de perigo, sem perceber que aqui a luz da razão não se move de maneira comum, que não é aqui retratada da mesma forma que na especulação teórica. Na verdade, um homem submetido, pela primeira vez a essas impressões precisará ser excepcional, para não perder o poder de tomar qualquer decisão instantânea. É verdade que muito rapidamente o hábito entorpece tais impressões. Depois de meia hora nessa situação, começamos a nos tornar quase indiferente a tudo o que acontece à nossa volta. Mas um temperamento normal nunca chega à total indiferença e à natural flexibilidade de espírito. Novamente sentimos que também aqui as qualidades comuns não são suficientes, pois se trata de algo que se torna tanto mais verdadeiro, quanto maior for a área de ação que deve ser coberta. Entretanto, muitas qualidades, como o estoicismo, a valentia natural, a grande ambição, ou a intimidade com o perigo, serão necessárias, se todos os resultados gerados nesse resistente meio não forem menores daquilo que, no alojamento do novato, parece não passar do nível vulgar”.</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>“O perigo, na guerra, está relacionado ao seu atrito, e é preciso uma correta idéia da sua influência, para que haja um verdadeiro entendimento” </strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>( Capítulo IV – Da Guerra – Clausewitz)</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI2__lFN4Ur6ni6ISrrPJo_ohmbQamN1q4P5K_A-zYuvgQ1esDevmpyp1amBLpCNakEj2j7Gc3qEUcZVjtzZ-zmYZcEcpERjgqQq7tnW8ANJKjkHpaSxYZHN2F6aG27NcQABQaWbHmphQ/s400/waterloo.jpg" height="400" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="367" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;">Bateria de Mosquetes Inglesa</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI2__lFN4Ur6ni6ISrrPJo_ohmbQamN1q4P5K_A-zYuvgQ1esDevmpyp1amBLpCNakEj2j7Gc3qEUcZVjtzZ-zmYZcEcpERjgqQq7tnW8ANJKjkHpaSxYZHN2F6aG27NcQABQaWbHmphQ/s1600/waterloo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><strong></strong></a></div>
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>Com essas palavras, comedidas até, o estrategista oficial tenta explicar ao leigo como funcionava essa máquina de moer carne, cada vez mais eficiente e mortal que os exércitos europeus aprimoraram durante gerações para contentar a ambição de seus soberanos.</strong></span><br />
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong><br />
</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>“Talvez a evolução superior dos arianos e dos semitas se deva à abundância de carne e leite em sua alimentação e, particularmente, pela benéfica influência desses alimentos no desenvolvimento das crianças. Com efeito, os índios 'pueblos' do Novo México, que se vêem reduzidos a uma alimentação quase exclusivamente vegetal, têm o cérebro menor que o dos índios da fase inferior da barbárie, que comem mais carne e mais peixe. Em todo caso, nessa fase desaparece, pouco a pouco, a antropofagia, que não sobrevive senão como um rito religioso, ou como sortilégio, o que dá quase no mesmo”. (Friedrich Engels)</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>Engels em função de sua educação vitoriana não consegue perceber seu equívoco. Imagina que pelo fato dos homens não comerem as carnes dos inimigos a antropofagia não mais existisse. Mas era justamente nas linhas de produção da mais valia e nas trincheiras das intermináveis guerras que ocorriam na Europa que o canibalismo se encontrava mais presente. Nem ele conseguia perceber o ritual sanguinário envolvido onde reis e sacerdotes com suas vestes põem em marcha suas procissões macabras de infantes em direção das metralhas e canhões de seus algozes num perpétuo sacrifício de sangue em nome da fé, da pátria, de dinastias imperiais, um holocausto de homens que acreditavam piamente no espírito das leis, nas crenças religiosas e em seus governantes. Se isso não é uma forma de antropofagia, o que mais poderia ser?</strong></span><br />
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong><br />
</strong></span><br />
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>Exemplo clássico do pensamento dominante entre os aristocratas europeus é o famoso telegrama de Ems a Bismarck em 1870. O ponto em debate era saber se Leopold de Hohenzollern deveria ser o sucessor do trono espanhol, candidatura apoiada por Bismarck e a que se opunham os franceses. O rei Guilherme da Prússia e o embaixador francês tinham passeado juntos no agradável jardim de Ems discutindo o problema, embora a essa altura Leopold já houvesse desistido da candidatura, alarmado pela confusão criada, e a ameaça de guerra parecia já ter sido evitada. Bismarck porém queria a guerra e quando Guilherme enviou um telegrama cifrado descrevendo a conversa inofensiva que houvera em Ems, Bismarck e seus pares no principio ficaram decepcionados pelo seu conteúdo sem significação beligerante. Num segundo momento o chanceler percebeu a oportunidade de poder utilizá-lo para "salvar" a situação. Cortando algumas palavras e frases, e a seguir publicando seu conteúdo adulterado que dava a entender uma discussão abrupta e o desafio truculento com uma consequente repreensão. As alterações foram divulgadas para as imprensas de ambos os lados, que clamaram por guerra. Iniciou dessa forma a Guerra Franco-Prussiana, requiém da animosidade entre franceses e alemães que iria atravessar o séc XIX, responsável pela morte de 141.000 homens. </strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<strong><br />
</strong></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #990000; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>É na raiz das civilizações semitas e arianas que a antropofagia dos poderosos se traveste de culto religioso e os morticínios vão ser sempre justificados por um Deus e sua fé. Milhões de pessoas foram, são e serão servidas no holocausto das religiões para justificar o roubo de riquezas e a ocupação de terras alheias. O inimigo sempre será o infiel, aquele que não segue o dogma estabelecido e possui o espaço vital necessário que pretende os interesses do crente. O infiel precisa ser deslocado, morto, intimidado em nome do bem supremo. Sempre foi assim e sempre assim será, até que uma profunda revolução interior ocorra no coração da humanidade que seja de fato espiritual no seu sentido mais amplo e transforme o indíviduo. Como já denunciava Swift nas Viagens de Gulliver, Liliput e Labatut ainda hoje guerreiam para impor a forma correta de descascar um ovo, por qual extremidade seria? </strong></span><br />
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong><br />
</strong></span><br />
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><strong>Sun Tzu -</strong></span></div>
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i><b>Quando o rei Chuang, de Ch'u, cercava a capital de Sung, em 594 a.C., a certa altura os mantimentos começaram a escassear, tendo o seu ministro da Guerra observado: "Se os mantimentos nos acabam antes de subjugarmos a cidade, teremos de voltar para casa".<br />
<br />
O rei mandou que Tzu-fan subisse a rampa encostada à muralha, da cidade para apreciar os sitiados.<br />
<br />
O príncipe de Sung enviou o seu ministro, Hua-Yuan, à muralha para o interceptar, tendo entre os dois ocorrido a seguinte troca de impressões:<br />
<br />
Tzu-fan: "Como vão as coisas por aí?"<br />
<br />
Hua-Yuan: "Estamos exaustos. Trocamos as crianças e comemo-las; partimo-lhes os ossos e os chupamos".<br />
<br />
Tzu-fan: "Céus! Estão mesmo apertados! No entanto, tinham me dito que nas cidades cercadas era costume amordaçar os cavalos, quando lhes davam de comer, e enviar somente os ainda gordos ao encontro do inimigo. Como poderá o senhor ser tão franco?".<br />
<br />
Hua-Yuan: "Consta-me que um homem superior sente compaixão quando vê outro sofrer e que o homem inferior se regozija com o sofrimento de outrem. Por isso fui franco".<br />
<br />
Tzu-fan: "Assim é. Oxalá prevaleçam. O nosso exército tem rações para apenas sete dias".<br />
<br />
Tzu-fan informou o rei Chuang da conversa, e este perguntou-lhe: "Como estão eles?"<br />
<br />
Tzu-fan: "Exaustos. Trocam as crianças, comem-nas e partem-lhes os ossos para os chuparem".<br />
<br />
Rei Chuang: "Céus! Estão mesmo apertados! Resta-nos vencê-los e regressarmos".<br />
<br />
Tzu-fan: "É impossível. Já lhes disse que o nosso exército só tem rações para apenas sete dias".<br />
<br />
Rei Chuang, zangado: "Mandei-te observá-los. Por que lhes disseste isso?".<br />
<br />
Tzu-fan: "Se um Estado tão pequeno como Sung ainda dispõe de um súdito incapaz de mentir, como poderá Ch'u não ter um também? Foi por isso que lhe falei a verdade".<br />
<br />
Rei Chuang: "Mesmo assim vamos vencê-los e regressar".<br />
<br />
Tzu-fan: "Fique Vossa Majestade aqui. Eu, se mo permitirdes, voltarei para casa".<br />
<br />
Rei Chuang: "Se fores para casa., deixando-me, com quem ficarei eu? Regressarei, como desejas".<br />
<br />
E assim fez, acompanhando-o o Exército.</b></i></span><br />
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2CBRL57IbD6-mbcY_5v-M9_52IBOW2d84SkgMy8VEKNVp-cBrLzgopIsJMm7CqLOy2n_cJZfK_NOR51FxIyCEpby4cLBT2TlDL2jqpVbSoXkCQLVZ4vYM9ZYv-Jdmn_3jD-M4x8aqyZk/s1600/sunt+tzu+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><strong><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2CBRL57IbD6-mbcY_5v-M9_52IBOW2d84SkgMy8VEKNVp-cBrLzgopIsJMm7CqLOy2n_cJZfK_NOR51FxIyCEpby4cLBT2TlDL2jqpVbSoXkCQLVZ4vYM9ZYv-Jdmn_3jD-M4x8aqyZk/s400/sunt+tzu+1.jpg" height="288" width="400" /></strong></a></div>
<strong><br />
</strong><br />
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Pouco se sabe do autor ou quando foram escritos os 13 capítulos da “Arte da Guerra”. Alguns pretendem que foi em 500 a. C., no reino de Wu, outros em 300 a. C. Em 100 a. C. Su-ma Ch’ien um dos comentadores da obra forneceu alguns detalhes sobre seu criador. O mestre Sun Tzu, cujo nome particular era Wu, nasceu no Estado de Ch’I. Sua “Arte da Guerra” logo chamou a atenção dos soberanos.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;">Lida hoje por militares, guerrilheiros e executivos em todo o mundo, suas máximas colocadas em prática foram responsáveis por pelo menos dois reveses importantes das potencias ocidentais no pós II Guerra, na Coréia e no Vietnã. Hoje mergulhados no conflito sem fim do Afeganistão, os EUA e seus aliados europeus com absoluta superioridade material não conseguem enfrentar alguns guerrilheiros mal armados que se não tiraram inspiração na obra do chinês, por intuição ou tradição cultural dos povos milenares que ali habitam, seguem as indicações da luta de atrito, de baixa intensidade sobre mobilidade de forças, adaptação sobre o terreno, uso de inteligência, contra potencias que pretendem com sua superioridade bélica uma </span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;">batalha definitiva ao estilo e ao gosto de Clausewitz que de fato nunca ocorre.</span></strong></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj18tNHUfcSWdwhMVRjo6g2WyETidcjBRzsIwu0j158LKo3vf2vdFYVprI0r0JvvGJmQc8nCStFVhY6ZwtpuOfhhiM-iNEERF9iGEk7llNWZKGRxGz6nNyojCe8ZSOmgO3xj3H0K_SM4VY/s1600/afeganistan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><strong><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj18tNHUfcSWdwhMVRjo6g2WyETidcjBRzsIwu0j158LKo3vf2vdFYVprI0r0JvvGJmQc8nCStFVhY6ZwtpuOfhhiM-iNEERF9iGEk7llNWZKGRxGz6nNyojCe8ZSOmgO3xj3H0K_SM4VY/s400/afeganistan.jpg" height="266" width="400" /></strong></a></div>
<strong><br />
</strong><br />
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Blindagem pesada de cavalaria motorizada contra moral de combate, mercenarismo contra voluntarismo, profissionalismo contra jihadismo tribalista, força subterrânea contra superioridade aérea. São essas as polarizações táticas que após 2500 anos ainda são discutidas pelos estrategistas e tornam a obra de Sun Tzu tão atual. Erros históricos continuam sendo cometidos. O uso de tropas auxiliares mal treinadas compostas em sua maioria por mercenários criminosos e viciados em drogas que não conseguem angariar a confiança das populações dominadas e que fingem controlar o terreno de forma burocrática, empresas de segurança que se assemelham aos antigos condottieres da Itália de Maquiavel, compostas de assassinos profissionais que fazem o “serviço sujo”, praticando atrocidades contra os civis para garantir as propriedades dos invasores. Assim tem sido a ocupação estrangeira no Afeganistão e Iraque. Antigos fantasmas que o mundo imaginava sepultados definitivamente no séc. XX esqueletos ressequidos que exalam indiferença e desumanidade característica do mercantilismo do séc. XIX e a velha política das canhoneiras são novamente sacadas de baús carcomidos, pelas ditas “modernas democracias ocidentais” e implementada pelos seus militares de carreira numa nova onda intervencionista. Carpideiras da mídia eletrônica evocam a “justa” vingança contra os atentados cometidos nas capitais do ocidente enquanto populações civis são mortas nas sombras em remotas áreas da Ásia com a conivência e beneplácito de todo o mundo dito “livre”. E a insurgência cresce cada vez mais.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQEMo_-0Ew2afPxuKjnBrlOMhAl6m4EbfgsAqoNUFB-MSB-ZWp4gMdbVi7tHMfd-xAgTyMNNnxZCyaVUoAS_p0ScuHXlAODakWlVy_nCyS3Yob592WjY0fKBs9KoFWilHUY12RIeJOnU8/s1600/taliban.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><strong><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQEMo_-0Ew2afPxuKjnBrlOMhAl6m4EbfgsAqoNUFB-MSB-ZWp4gMdbVi7tHMfd-xAgTyMNNnxZCyaVUoAS_p0ScuHXlAODakWlVy_nCyS3Yob592WjY0fKBs9KoFWilHUY12RIeJOnU8/s400/taliban.jpg" height="250" width="400" /></strong></a></div>
<strong><br />
</strong><br />
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Segundo Sun Tzu a “Arte da Guerra” é governada por cinco fatores: a Lei Moral; o Céu; a Terra; o Chefe; o Método e a disciplina.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>A Lei Moral (o Tao) faz com que o povo fique de completo acordo com seu governante, levando-o a segui-lo sem se importar com a vida, sem temer perigos.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>O Céu significa a noite e o dia, o frio e o calor, o tempo e as estações.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>A Terra compreende as distâncias, grandes e pequenas; perigo e segurança; campo aberto e desfiladeiros; as oportunidades de vida e morte.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>O Chefe representa as virtudes da sabedoria, sinceridade, benevolência, coragem e retidão.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Método e disciplina compreendem a disposição das divisões do exército, a hierarquia entre os oficiais, a manutenção das vias de acesso por onde os suprimentos devem chegar até às tropas e o controle com os gastos da campanha.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Esses cinco fatores são fundamentais para garantir a vitória ou condenar a derrota do general conforme a importância como são tratados.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Portanto para determinar as condições militares de qualquer conflito e estabelecer uma comparação entre os contendores deve-se perguntar:</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Qual dos dois soberanos está impregnado com a Lei Moral?</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Qual dos dois generais tem mais competência?</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Com quem estão as vantagens do Céu e da Terra?</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Em que lado a disciplina é mais rigorosamente aplicada?</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Os sábios conselhos de SunTzu estavam impregnados com os conhecimentos milenares do taoísmo. Nessa perspectiva o grande objetivo da guerra é a vitória e não campanhas extensas.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><strong><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvsjKmWwglV6gaaTNaU26AfvGkzKtIgT3660dVyOxYweIYr7lS9ekFMJvtBZCKf976lC2GLS47SJddNPvly5j5V_Yd6T6WR4C2FLgR4ktcr0RLCPR3cYzs1h4lPHuYHHjgXEmHtuWz-Y0/s320/sun-tzu_0.jpg" height="320" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="248" /></strong></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;"><strong>Sun Tzu</strong></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvsjKmWwglV6gaaTNaU26AfvGkzKtIgT3660dVyOxYweIYr7lS9ekFMJvtBZCKf976lC2GLS47SJddNPvly5j5V_Yd6T6WR4C2FLgR4ktcr0RLCPR3cYzs1h4lPHuYHHjgXEmHtuWz-Y0/s1600/sun-tzu_0.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><strong></strong></a></div>
<strong><br />
</strong><br />
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Lutar e vencer em todas as batalhas não é a glória suprema; a glória suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar. Na prática arte da guerra, a melhor coisa é tomar o país inimigo totalmente e intacto; danificar, destruir não é o melhor. Assim também é preferível capturar um exército inteiro em vez de destruí-lo; capturar um regimento, um destacamento ou uma companhia sem os aniquilar.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>A regra de ouro na guerra é esta: se suas forças estão na proporção de dez para um em relação ao inimigo, inste-o a render-se; se forem de cinco para um, ataque-o; se duas vezes mais numerosas, divida seu exército em dois: um para atacar o inimigo pela frente e outro pela retaguarda; se responder ao ataque de uma direção poderá ser esmagado em ambas as frentes.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Se estiver em igualdade de condições poderá apostar no enfrentamento; se ligeiramente inferior em número, deverá evitar o contato; se inferior em todos os aspectos deverá empreender a fuga. Embora uma força inferior possa oferecer uma resistência obstinada, essa acabará por ser capturada ou aniquilada pela força superior.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Oportunismo e flexibilidade são virtudes militares. Será vencedor quem souber quando lutar e quando não lutar.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Será vencedor quem souber como manobrar tanto as forças superiores quanto as inferiores.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Será vencedor aquele cujo exército estiver animado do mesmo espírito em todos os postos e posições.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Será vencedor quem, autopreparado, espera para surpreender o inimigo despreparado.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Será vencedor quem tiver capacidade militar e não sofrer a interferência do soberano, pois os atributos que favorecem um bom governo estorvam na condução da guerra e deixam intranqüilas as tropas.</strong></span></div>
<div style="color: #990000; line-height: 18pt; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><strong>Se conhecermos o inimigo e a nós mesmos, não precisamos temer o resultado de uma centena de combates. Se nos conhecemos, mas não ao inimigo, para cada vitória sofreremos uma derrota. Se não nos conhecemos nem ao inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas.</strong></span><br />
<strong><br />
</strong><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4uEcsrQ06PkEz_0PjqyEdjE-XUIohO-l2CKxsc720xDyONAhjWVjBd6_Sheb4z8IvOFfMjObQ1SCy5E1b5MRLzB_Ui-KHhdpseICJTv_WpioRWFSghOs-ZZzT47IlALd1wZPtYF9KKko/s1600/infantes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><strong><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4uEcsrQ06PkEz_0PjqyEdjE-XUIohO-l2CKxsc720xDyONAhjWVjBd6_Sheb4z8IvOFfMjObQ1SCy5E1b5MRLzB_Ui-KHhdpseICJTv_WpioRWFSghOs-ZZzT47IlALd1wZPtYF9KKko/s400/infantes.jpg" height="181" width="400" /></strong></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #990000;"><strong>Infantes</strong></span></td></tr>
</tbody></table>
<strong><br />
</strong></div>
</div>
Julio Klinghttp://www.blogger.com/profile/10728715858851288689noreply@blogger.com0